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RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO LUIS FELIPE SALOMÃO (Relator): 1. Cuida-se, na origem, de agravo de instrumento inter-posto por Ipiranga Aços Especiais S.A, ré em ação de protesto contra alienação de bens, ajuizada por Nydia Maria Masini, em face de decisão que deferiu o pedido da autora para que fosse determinada a averbação do protesto nas matrículas n. 56751 e 58715, correspondentes ao imóvel localizado na Rua Gonçalves Dias, 91, São Paulo⁄SP (fl. 248).

O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo deu parcial provimento ao recurso, restando o acórdão assim ementado:

PROTESTO CONTRA ALIENAÇÃO DE BENS – PRESENTES OS PRESSUPOSTOS LEGAIS PARA O DEFERIMENTO DA MEDIDA AVERBAÇÃO DO PROTESTO NO REGISTRO IMOBILIÁRIO POSSIBILIDADE AGRAVO PROVIDO, EM PARTE, APENAS PARA SE EXCLUIR A PROIBIÇÃO DE VENDER OU ALIENAR IMÓVEL. (fl. 318)

Inconformado, o réu interpôs recurso especial (fls 332⁄347), fundado nas alíneas “a” e “c” do permissivo consti-tucional, alegando, em síntese:

I. violação aos arts. 167, II, da Lei 6.015⁄73, 869 e 870 do CPC, pois o protesto contra alienação de bens não é passível de averbação do registro imobiliário diante da ausência de previsão legal expressa autorizadora;

II. existência de dissídio jurisprudencial. Contrarrazões às fls. 384⁄397.

Admitido o recurso especial pelo Tribunal de origem (fls. 399⁄402), subiram os autos a esta Corte.

É o relatório. VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO LUIS FELIPE SALOMÃO (Relator): 2. Cuida a presente controvérsia em saber se é possível a averbação de protesto judicial contra alienação de bens na matrícula do imóvel perante o Registro Imobiliário.

Essa Corte pacificou o entendimento quanto a matéria no julgamento do EREsp nº 440.837⁄RS, relator p/ acórdão o Ministro Barros Monteiro, DJ de 28.05.2007, que uniformizou a jurisprudência no sentido de se permitir a averbação dentro dos limites do poder geral de cautela do juiz.

O acórdão foi assim ementado:

PROTESTO CONTRA ALIENAÇÃO DE BENS. AVERBAÇÃO NO REGISTRO IMÓVEIS. ADMISSIBILIDADE. PODER

GERAL DE  CAUTELA DO JUIZ.

- A averbação, no Cartório de Registro de Imóveis, de protesto contra alienação de bem, está dentro do poder geral de cautela do juiz (art. 798, CPC) e se justifica pela necessidade de dar conhecimento do protesto a terceiros, prevenindo litígios e prejuízos para eventuais adquirentes (REsp n. 146.942-SP).

Embargos de divergência conhecidos e rejeitados. (EREsp 440837⁄RS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, Rel. p⁄ Acórdão Ministro BARROS MONTEIRO, CORTE ESPECIAL, julgado em 16⁄08⁄2006, DJ 28⁄05⁄2007 p. 260)

O art. 870 do CPC permite, em dadas circunstâncias, a publicação de editais, cuja finalidade é exatamente dar ciên-cia do protesto a terceiros, mas que, conforme demonstra a prática, nem sempre alcança tal objetivo, podendo acarretar ao comprador prejuízos com a desconstituição do ato.

Tem-se, pois, que o meio realmente eficaz de propiciar o conhecimento a terceiros é a averbação no registro de imóveis, motivo pelo qual tal procedimento atende à finalidade da lei.

A averbação é inserida no poder geral de cautela do juiz (art. 798, CPC), justificando-se pela necessidade de dar conhecimento do protesto a terceiros, prevenindo litígios e prejuízos a eventuais adquirentes.

Nesse sentido, cito, ainda, diversos julgados:

RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. PROTESTO CONTRA ALIENAÇÃO DE BENS. MEDIDA DEFERIDA. PUBLICAÇÃO DE EDITAL E AVERBAÇÃO NO REGISTRO DE IMÓVEIS. POSSIBILIDADE. INEXISTÊNCIA DE RESTRIÇÃO NEGOCIAL EM RELAÇÃO AO BEM IMÓVEL. PODER GERAL DE CAUTELA DO JUIZ.

1. O protesto contra a alienação de bens visa resguar-dar direitos e prevenir responsabilidade, mas não impe-de a realização impe-de negócios jurídicos.

2. A averbação, no Cartório de Registro de Imóveis, de protesto contra alienação de bem, está dentro do poder geral de cautela do juiz (art. 798 do CPC) e se justifica pela necessidade de dar conhecimento do protesto a terceiros, prevenindo litígios e prejuízos para eventuais adquirentes (Corte Especial, EREsp n. 440.837⁄RS). 3. Recurso ordinário desprovido.

(RMS 28290⁄RN, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, QUARTA TURMA, julgado em 05⁄05⁄2009, DJe 18⁄05⁄2009)

servindo, desse modo, como advertência a pretendentes à aquisição dos imóveis do possível devedor, resguardan-do, portanto, os interesses de eventuais adquirentes e do próprio credor. Precedente da Corte Especial.

Recurso especial não conhecido.

(REsp 695095⁄PR, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 26⁄10⁄2006, DJ 20⁄11⁄2006 p. 302)

CIVIL. PROTESTO JUDICIAL. AVERBAÇÃO NO REGISTRO DE IMÓVEIS. POSSIBILIDADE. PODER GERAL DE CAUTELA.

1 – A averbação no cartório de registro de imóveis, de protesto judicial, contra alienação de bens, insere-se no poder geral de cautela do juiz, justificando-se pela necessidade de levar a terceiros o conhecimento do ato, prevenindo litígios e prejuízos de eventuais adquirentes. 2 – Recurso improvido.

(RMS 14184⁄RS, Rel. Ministro FERNANDO GONÇALVES, QUARTA TURMA, julgado em 03⁄04⁄2003, DJ 28⁄04⁄2003 p. 202)

PROTESTO CONTRA ALIENAÇÃO DE BENS. AVERBAÇÃO NO REGISTRO IMOBILIÁRIO. ADMISSIBILIDADE. PODER GERAL DE CAUTELA DO JUIZ.

- “A averbação, no Cartório de Registro de Imóveis, de protesto contra alienação de bem, está dentro do poder geral de cautela do juiz (art. 798, CPC) e se justifica pela necessidade de dar conhecimento do protesto a terceiros, prevenindo litígios e prejuízos para eventuais adquirentes. (Resp nº 146.942-SP).

Recurso especial conhecido, ao qual se nega provimen-to.

(REsp 440837⁄RS, Rel. Ministro BARROS MONTEIRO, QUARTA TURMA, julgado em 03⁄10⁄2002, DJ 16⁄12⁄2002 p. 345)

3. No tocante ao dissídio jurisprudencial, verifica-se que o recorrente não realizou devidamente o necessário cotejo analítico das decisões, com indicação das circunstâncias

julgado em 18⁄11⁄2008, Dje 01⁄12⁄2008; REsp 972.849⁄RN, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, QUARTA TURMA, julgado em 28⁄10⁄2008, DJe 10⁄11⁄2008).

4. Ante o exposto, nego provimento ao recurso especial. CERTIDÃO DE JULGAMENTO

QUARTA TURMA

Número Registro: 2003⁄0038408-8 / REsp 536538/SP PAUTA: 18⁄05⁄2010 JULGADO: 18⁄05⁄2010

Relator: Exmo. Sr. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO Presidente da Sessão: Exmo. Sr. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA

Subprocurador-Geral da República: Exmo. Sr. Dr. ANTÔNIO CARLOS PESSOA LINS

Secretária: Bela. TERESA HELENA DA ROCHA BASEVI AUTUAÇÃO

RECORRENTE: IPIRANGA AÇOS ESPECIAIS S⁄A ADVOGADO: HELSON DE CASTRO E OUTRO(S) RECORRIDO: NYDIA MARIA MASINI

ADVOGADO: RODRIGO MARCILIO E OUTRO(S)

ASSUNTO: DIREITO CIVIL – Coisas – Propriedade – Alienação Judicial

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia QUARTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

A Turma, por unanimidade, negou provimento ao recur-so especial, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.

Os Srs. Ministros Raul Araújo Filho, Honildo Amaral de Mello Castro (Desembargador convocado do TJ⁄AP), Aldir Passarinho Junior e João Otávio de Noronha votaram com o Sr. Ministro Relator.

Brasília, 18 de maio de 2010.

TERESA HELENA DA ROCHA BASEVI, Secretária (DJ: 26.05.2010)

A

Quinta Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios julgou a Apelação Cível nº 2004.01.1.077967-6 na qual se pretendeu anular o direito de imissão na posse daquele que arrematou o imóvel em hasta pública, com posterior registro da carta de arrematação, tornando-se seu legítimo proprietário. A decisão pelo não provimento do recurso foi unânime.

O argumento dos apelantes consistiu, em suma, na ale-gação de que possuíam contrato de compra e venda firmado com o executado dez anos antes da decretação da penhora, sendo esse título hábil para a anulação da arrematação. Alegaram também que a hipoteca que recaía sobre o imóvel havia caducado, pois o prazo dela era de dois anos e não foi renovado. Os arrematantes, por sua vez, comprovaram a arrematação do imóvel em questão e providenciaram o registro da respectiva carta.

Rejeitadas as alegações preliminares, a Turma entendeu que uma vez não registrado o contrato de compra e venda no Registro de Imóveis, ele gera apenas vínculo obrigacional entre as partes. Além disso, ressaltou que a formalização em Tabelião de Notas do negócio pactuado entre as partes não surte efeitos sobre os direitos reais. Afirmou, portanto, que a transferência da propriedade imobiliária somente se opera com o registro do título no Registro Imobiliário competen-te, amparando-se na redação dos artigos 1.227 e 1.245 do Código Civil, citando trecho da obra de Maria Helena Diniz, cujo teor reproduzimos:

“Neste sentido, alerta a insigne doutrinadora Maria Helena Diniz (in 'Código Civil Anotado', 9ª ed., Saraiva, 2003, p. 803) acerca da essenciali-dade do registro de imóveis:

Objetivo do registro de imóveis. O registro de imóveis tem por finalidade a obtenção da aqui-sição da propriedade inter vivos, pois o

contra-to, a título oneroso ou gratuicontra-to, apenas produz efeitos pessoais ou obrigacionais. Assim sendo somente a intervenção estatal, realizada pelo oficial do Cartório Imobiliário, conferirá direitos reais, a partir da data em que se fizer o assenta-mento do imóvel, transferindo a propriedade do alienante para o adquirente.”

Além disso, entendeu a Quinta Turma Cível do TJDFT que a pretensa nulidade de arrematação deve ser requerida em ação própria (anulatória).

Confira a íntegra do acórdão. (Fabio Elizeu/ Daniela Lopes)

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS

Órgão: Quinta Turma Cível Classe: APC – Apelação Cível Nº processo: 2004.01.1.077967-6

Apelantes: Valmir Martins de Brito e outra Apelada: Izabel Maria de Jesus

Relator Des.: FERNANDO HABIBE Revisor Des.: ROMEU GONZAGA NEIVA EMENTA

AÇÃO DE IMISSÃO NA POSSE. IMÓVEL ARREMATADO EM HASTA PÚBLICA. CONTRATO DE COMPRA E VENDA NÃO REGISTRADA. NULIDADE DA ARREMATAÇÃO. AÇÃO PRÓPRIA.

1. O contrato de compra e venda, não registrado no Cartório de Registro de Imóveis, é insuficiente para elidir o direito de imissão de posse daquele que arrematou o imóvel em hasta pública e cuidou de registrar a carta de arremata-ção no Cartório competente, demonstrando ser o seu legíti-mo proprietário.

2. Pretensa nulidade de arrematação há que ser

requeri-TJDFT reafirma importância do

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