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Contrapontos entre a Avaliação Interna e os Resultados da avaliação discente do

CAPÍTULO 3 DO PAIUB AO SINAES: A IMPLEMENTAÇÃO DA AVALIAÇÃO

4.4 Contrapontos entre a Avaliação Interna e os Resultados da avaliação discente do

Resolvemos relacionar os dados anteriormente analisados da autoavaliação (2008) com os dados divulgados no relatório do ENADE (BRASIL, 2007), com base no

questionário do estudante do ENADE que aconteceu no ano anterior à autoavaliação,

em 2007.

Analisamos no item anterior, durante os relatos da autoavaliação do Curso de Biomedicina, que, ao tratar da prática docente, os alunos mostraram opiniões

divergentes em suas respostas. De acordo com os resultados do ENADE, os participantes do exame avaliaram o item domínio do professor para ministrar as aulas da seguinte maneira.

Fonte: (BRASIL, 2007).

De acordo com os gráficos, a barra preta representa os alunos concluintes, e os alunos ingressantes são representados pela barra de cor cinza. Percebemos que mais de 80% dos conluintes consideraram que a maior parte dos professores do Curso de Biomedicina possuem domínio para ministrar as disciplinas. Menos de 20% dos concluintes e 50% dos ingressantes consideram que apenas a metade dos professores tem domínio. Os outros 50% dos ingressantes acreditam que menos da metade dos seus professores tem domínio ao ministrar as disciplinas. Percebemos, durante os relatos da autoavaliação promovida pela CPA-UFRN e já citados neste capítulo, que os alunos (em seus diferentes períodos) também dividiram suas opniões acerca dessa temática. Para eles, seus professores possuem domínio do conteúdo que ministram, trabalham excelente didática, sabem contextualizar suas aulas e fazer uso de exemplos práticos. Por outro lado, outros alunos que participaram da mesma avaliação

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Não, nenhum deles Sim, mas menos da metade deles Sim, mas apenas metade deles Sim, a maior parte deles

Sim, todos

Gráfico 1 Domínio dos professores para ministrar as disciplinas no Curso de Biomedicina na UFRN (2007).

consideraram seus professores com pouco domínio da disciplina uma vez que não trabalham o conteúdo por inteiro, não divulgam a bibliografia das disciplinas, não se preocupam em trabalhar a didática, não sabem contextualizar as questões tampouco conduzir uma discussão em sala de aula.

Ainda sobre a autoavaliação promovida pela CPA, vimos que a seguinte questão estava relacionada ao currículo do curso e sua relação integrada com as disciplinas. No gráfico a seguir, vemos como os alunos participantes do ENADE avaliaram o currículo do seu curso.

Fonte: BRASIL, Relatório de Curso ENADE, 2007.

De acordo com o gráfico, 100% dos alunos (concluintes e ingressantes) afirmam que o currículo do curso não apresenta nenhuma integração entre as disciplinas. Os alunos reclamam da falta de aulas práticas, imprescindíveis no currículo do curso. Para Fernades (2009, p.30-37), os currículos, hoje, nos lançam desafios, tais como:

Quer na diversidade e na profundidade de conhecimentos exigidos, quer na complexidade das tarefas propostas aos alunos, quer ainda na preocupação explícita com a integração, a relação e a mobilização de

0% 20% 40% 60% 80% 100%

É bem integrado e há clara vinculação entre as disciplinas É relativamente integrado, já que as disciplinas se vinculam

ape as por lo os de áreas de o he i e to… É pouco integrado, já que poucas disciplinas se interligam

Não apresenta integração alguma entre as disciplinas Não sei dizer

conhecimentos e aprendizagens que, tanto quanto possível, devem ser desenvolvidas em contextos com real significado para os alunos.

Um currículo seguindo esse modelo irá favorecer o desenvolvimento do caráter formativo uma vez que a avaliação passa a ter uma visão mais sistemática englobando a didática do professor, seus projetos, currículos, ensino, materiais e outros. No entanto, temos visto que o Curso de Biomedicina tem encontrado dificuldades, por parte dos professores, em conhecer o currículo do seu próprio curso e relacionar a disciplina que ministra com as outras do seu curso.

No item anterior deste capítulo, foi visto também que os alunos do Curso de Biomedicina não estavam satisfeitos com a pouca disponibilidade dos professores para orientação extraclasse. É necessário que haja um acompanhamento sistemático dos professores, de preferência, extraclasse, já que o valor formativo no trabalho docente envolve a pesquisa e a orientação. Entretanto, julgamos importante mencionar a excessiva intensificação do trabalho docente relacionada ao critério quantitativo- produtivista e que, por sua vez, acaba regendo suas relações com os alunos. Esse conceito vem sendo utilizado de forma recorrente em estudos que tentam explicar a sobrecarga de trabalho dos professores, sempre medida por critérios quantitativos em que as expressões produtividade e gestão racionalizada reinam como solução para a falta de recursos e para a busca de efetividade do trabalho docente.

O gráfico a seguir trata da mesma questão, ou seja, a disponibilidade desses professores para a orientação extraclasse.

Fonte: (BRASIL, 2007).

A intensificação do trabalho do professor afeta, diretamente, o ensino da graduação. As outras funções de um professor universitário, além de fazer o aluno aprender, contribuem para: buscar apoio em suas pesquisas para obter recursos financeiros e sustentar seus laboratórios; ficar atento aos prazos e editais, participar de encontros e congressos para apresentar trabalhos; publicar suas pesquisas em livros e revistas; estar na sala de aula; orientar os alunos e participar das reuniões do departamento e do seu centro.

Com base nos temas abordados no ENADE - temas relacionados às condições dos recursos físicos da instituição - podemos observar o seguinte:

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Nenhum tem disponibilidade Menos da metade tem disponibilidade

Cerca da metade tem disponibilidade A maioria tem disponibilidade

Todos têm disponibilidade

Gráfico 3 Disponibilidade dos professores do curso, na instituição, para orientação extraclasse no Curso de Biomedicina na UFRN (2007).

Fonte: (BRASIL, 2007).

Sobre as condições das instalações físicas do Curso, mais de 70% dos alunos concluintes participantes do ENADE avaliam como arejadas, bem iluminadas e com mobiliário satisfatório, embora pequenas em relação ao número de estudantes. Os outros 30% dividiram as opiniões entre salas amplas e arejadas com mobiliário bem adequado e com salas mal arejadas, mal iluminadas, com mobiliário inadequado e pequena. Já os alunos ingressantes, 50% da amostra acredita que as salas são bem iluminadas e com boa mobília, mas são mal ventiladas e pequenas em relação ao número dos estudantes, a outra metada considera as salas de aula também pequenas em relação ao número de estudantes e mal ventiladas, mas, diferente da outra metade, acredita que as salas sejam também mal iluminadas e com mobiliário razoável. Na autoavaliação, promovida pela CPA, os alunos ressaltaram, apenas, os pontos negativos da estrutura física da instituição bem como a falta de materiais para a pesquisa nos laboratórios e nas bibliotecas setoriais e da instituição.

Sabemos que, para se alcançar uma educação de caráter formativo, é necessário que o aluno seja, também, questionador e pesquisador. Para que ele possa pesquisar é importante a presença de um material didático rico e adequado

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Mal arejadas, mal iluminadas, com mobiliário inadequando e pequenas em relação ao número de

estudantes

Mal ventiladas, mal iluminadas, pequenas em relação ao número de estudantes e com mobiliário

razaovelmente

Bem iluminadas e com mobiliário satisfatório, embora sejam mal ventiladas e pequenas em relação

ao número de estudantes Arejadas, bem iluminadas e com mobiliário satisfatório, embora pequenas em Relação ao número

de estudantes

Amplas, arejadas, bem iluminadas e com mobiliário adequado

possibilitando-lhe fazer consultas e leitura. Assim, bibliotecas, laboratórios e locais de experimentação constituem espaços de práticas estimulantes para favorecer a melhoria do ensino de um curso ou instituição.

No que diz respeito ao curso, além das informações já analisadas com as informações colhidas na autoavaliação, o ENADE trouxe mais informações com o

questionário do estudante. Nele, verifica-se que o Curso de Biomedicina ofereceu

para (28,6%) dos concluintes planos de ensinos com objetivos, procedimentos de ensino e de avaliação, conteúdos e bibliografia da disciplina. A maioria dos alunos (50%) dos ingressantes e (57,1%) dos concluintes acham que a maior parte dos planos das disciplinas continham todos esses aspectos. Os outros (50%) dos alunos ingressantes não responderam à questão. Metade dos alunos ingressantes analisou que as técnicas de ensino utilizadas pelos docentes foram predominantemente aulas expositivas e (28,6%) dos concluintes também tiveram a mesma opinião. Os outros (50%) dos ingressantes e (71,4%) dos concluintes avaliam as aulas dos professores como expositivas, mas com a participação dos alunos. Não foi citado aqui nenhuma técnica por meio de aulas práticas ou trabalhos em grupos por parte dos professores do curso. Metade dos alunos ingressantes afirma que não lhes foi solicitado o desenvolvimento de atividades de pesquisa como estratégia de aprendizagem. Os outros (50%) dos ingressantes dizem que sim, mas que em apenas metade das disciplinas. Essa mesma afirmativa é feita por apenas (14,3%) dos concluintes, (28,6) deles acham que em menos da metade das disciplinas isso aconteceu, (42,9%) dizem que, na maior parte das disciplinas, foram solicitadas atividades de pesquisa e (14,3%) dos concluintes acham que em todas as disciplinas essas atividades foram trabalhadas. Sobre o instrumento de avaliação, a maioria dos professores do curso, (100%) dos alunos participantes afirmaram que os docentes fazem uso, predominantemente, de provas escritas discursivas.

Analisando a contribuição do curso e o seu nível de exigência, os alunos dividiram suas opiniões; (50%) dos ingressantes e (42,9%) dos concluintes acreditam que o curso deveria exigir muito mais deles. O restante acredita que o curso exigiu deles na medida certa. Para eles, a principal contribuição do curso foi a aquisição de formação profissional (85,7%) dos concluintes, para os alunos ingressantes dividiram

suas opiniões entre (50%) para melhores perspectivas de ganhos materiais e (50%) para obtenção de diploma em nível superior. As competências que os alunos acham que o curso os ajudou a desenvolver se deram da seguinte forma: para os ingressantes, a utilização de procedimentos técnicos para a prática da profissão é o foco maior das disciplinas e o que menos contribui nas disciplinas é a utilização de recursos de informática necessários para o exercício profissional. Já para os concluintes, a utilização de recursos de informática necessários para o exercício profissional e a assimilação crítica de novos conceitos científicos e de novas tecnologias foram as contribuições maiores do curso acerca de suas competências desenvolvidas. A atuação ética, com responsabilidade social e a atuação em equipes multi, pluri e interdisciplinares foram, para eles, a menor contribuição oferecida pelas disciplinas.

Anteriormente, procuramos fazer uma relação entre os resultados da avaliação interna com os resultados da avaliação discente no ENADE. No entanto, percebemos que as questões abordadas no ENADE são bem mais amplas. Elas são 105 questões de múltipla escolha em que os alunos não tem a oportunidade de descrever ou comentar sobre alguns fatos. Já a metodologia da autoavaliação promovida pela UFRN oferece aos estudantes como também ao professor a oportunidade para refletir acerca dos seus conceitos (em relação aos docentes, currículo e instalações físicas) construídos durante sua vida acadêmica até o momento. Com o ENADE, o questionário é algo impessoal, o aluno faz individualmente sem discutir com o grupo interessado, ou seja, os outros discentes. Isso pode nos trazer dúvidas se essas reflexões acerca do curso condizem com as características verdadeiras, ou se o aluno participante está, apenas, respondendo às questões sem uma reflexão mais crítica sobre elas.

Ainda no questionário do estudante, os alunos são orientados a avaliar o papel de sua instituição sobre a contribuição que ela tem dado, para que, ao longo do seu curso de graduação, eles possam refletir sobre a realidade brasileira. Os temas explorados pelo ENADE foram relacionados ao analfabetismo, às desigualdades econômicas e sociais, ao desemprego, à habitação, à discriminação por cor, gênero e minorias, à diversidade e especificidades regionais, à segurança e criminalidade e à exploração do trabalho infantil. Desses temas, os alunos ingressantes observaram que

a universidade tem atribuído mais ênfase à diversidade e a especificidades regionais, mas não de forma ampla; para eles, a contribuição é parcial. Já os alunos concluintes acreditam que, além da diversidade regional, a universidade também contribui, parcialmente, nas reflexões sobre o desemprego, discriminação por cor ou gênero, habitação, segurança e exploração do trabalho infantil. Mas nenhum dos discentes acredita que essa contribuição seja feita de modo amplo pela instituição.

Dentro da concepção de avaliação do SINAES, existe uma estreita relação entre avaliação e formação o que requer uma análise dessa base no processo avaliativo dos cursos. A formação acadêmica, assim, é compreendida como uma atividade estruturada que permite a apreensão da qualidade do curso no contexto da realidade institucional, no sentido de formar cidadãos conscientes e profissionais responsáveis e capazes de realizar transformações sociais (BRASIL, 2006). Logo, deve ser levado em conta o contexto social e histórico, apontando que o autoconhecimento é fundamental para que a universidade cumpra seu papel na construção do conhecimento. De acordo com Belloni (2000), “[...] a auto-avaliação é um processo sistemático e institucional que tem dois objetivos básicos: o auto-conhecimento e a tomada de decisões” (BELLONI, 2000, p.52).

Na UFRN, os resultados divulgados com o ENADE começaram a ser analisados pela comissão de avaliação institucional a partir desse segundo ciclo e passaram a gerar discussões e subsídios fundamentais para ajustar os projetos pedagógicos dos cursos e os investimentos em qualificação docente e da infraestrutura. De acordo com esse pressuposto, a professora (ENTREVISTADA 1, 2009), afirma:

Se a gente forma o cidadão [o nosso projeto politico pedagógico diz isso: formar o cidadão crítico e reflexivo] todos os projetos dizem isso: que ele tenham uma contextualização, que ele seja um profissional para atuar depois, transformando a sociedade. E se ele (profissional) está saindo sem essa visão de sociedade, que quando chega na prova de conhecimentos gerais ele não está correspondendo. Então, se essa avaliação não está dando esse retorno para a gente é porque nós não estamos refletindo sobre isso, questionando e buscando esse diagnóstico. Então, nós precisamos ir até ai.

Ao refletir sobre a relação entre o ENADE e a avaliação interna, a entrevistada exemplifica a sua importância da seguinte maneira:

No ENADE nós temos 25 % da prova como conhecimentos gerais e 75% são especificos, nesses 25% do geral, o que está acontecendo é que os ingressantes estão saindo melhor do que os concluintes. Dai a gente pode fazer referência disso é que quem é o ingressante? É aquele que vem do vestibular, que estuda tudo e faz bons textos para a redação quando ele chega no curso, o curso está dando muito conteudismo, os específicos não estão sendo contextualizados. Ele não está fazendo relações com a disciplina e políticas públicas, com cidadania, com o ambiente, questões gerais que o ENADE trata desde a poesia às políticas públicas. Então esse aluno, nos específicos, está saindo pior que os ingressantes. Isso já contribui para a nossa avaliação, a avaliação da docência tem que sair do ciclo. Vamos agora para a qualidade do curso, para qualidade da formação. A gente tem que avaliar isso, o professor e o aluno vai nos dar essa contribuição, para ver se a gente entra nessa mesma linha que a politica nacional através do ENADE e eu acho que é mais certo (ENTREVISTADA 1, entrevista, jun. 2009).

Com a participação dos estudantes nessa fase da avaliação, é possível, por meio das informações coletadas com o ENADE, que a UFRN seja capaz de responder, de forma mais eficiente, às necessidades de aperfeiçoamento do processo de formação dos jovens brasileiros. Há um entendimento dos membros da CPA que a Universidade está percebendo que, analisar esses dados colhidos no ENADE, é de grande importância para se conhecer melhor, seus alunos e docentes.

A UFRN tem, assim, buscado relacionar, a partir do final do segundo ciclo de avaliações do ENADE, os dados obtidos pela avaliação interna (autoavaliação e avaliação da docência) com o ENADE e, assim, observar o que se aproxima e o que é convergente nas opiniões. Para a coordenadora entrevistada,

[...] Por incrível que pareça tiveram muitas convergências. Uma questão do questionário do ENADE traz o seguinte: “Professor entrega o programa do curso com objetivos, conteúdos e procedimentos de avaliação e bibliografia?” Para eles, só vale se os alunos responderem à alternativa (A). Nós ficamos preocupados porque aqui nós achávamos que bastava o SIGAA e o aluno acessava, mas pela política deles, o

professor tem que entregar. E já estamos discutimos isso (ENTREVISTADA 2, entrevista, dez. 2009).

Não sabemos, ao certo, se a CPA buscando relacionar a avaliação interna com a avaliação discente oriunda do ENADE tem a intenção de, com isso, reproduzir dentro da instituição o mesmo tipo de autoavaliação promovida pelo ENADE ou de usá-la como mais uma ferramenta capaz de promover um processo educativo voltado para a melhoria de sua qualidade valorizando uma avaliação formativa.

Como sabemos, uma avaliação formativa terá, certamente, maior relevância social ao se incorporar atitudes que construam, criticamente, as práticas científicas. Por meio da análise de um curso da UFRN, vemos a concepção classificatória do ENADE preocupada muito mais com o produto e acreditamos que, para se melhor compreender o produto, é necessário se conhecer o processo pelo qual o curso, seus alunos e docentes têm passado. Os dados foram divulgados, mas muito pouco trabalhados pelos representantes, coordenadores, docentes e alunos do curso. É possível perceber, a partir das três formas de avaliação realizada no curso de biomedicina, que algumas questões estão repetidas em todas as três avaliações (ACG, interna e ENADE); os alunos, professores e avaliadores externos avaliaram de modo comum a deficiência dos laboratórios e acervos da biblioteca, também avaliaram o pouco tempo extraclasse que os professores têm destinado às orientações acadêmicas, trabalhos de final de curso e os estágios. Diferente foi o ponto de vista desses participantes sobre a participação discente no curso como um todo. Para os alunos concluintes, há participação em quase todos os projetos desenvolvidos por professores ou alunos da pós-graduação; já os alunos ingressantes afirmam não terem tido oportunidade para participar. A coordenadorda do curso observa uma ausência muito forte na participação dos alunos durante as plenárias do Curso; por outro lado, a avaliação externa classificou, simplesmente, a participação discente como muito boa em seu relatório. A biblioteca para os docentes e alunos (no questionário do ENADE e na avaliação interna) foi apontada como precária uma vez que no acervo os livros estão bastante velhos e ultrapassados. Por meio da avaliação externa, a biblioteca foi avaliada como satisfatória para o curso.

Assim, como a ideia original do SINAES trazia um conceito de globalidade e de sistema, não podemos deixar que essa ideia seja esquecida. Urge que coloquemos em prática, com base nos dados colhidos, estudos, análises, reflexões e juízo de valor.

CONSIDERAÇÕES

Nas sociedades contemporâneas, as mudanças provocadas pelo processo de globalização aliadas ao neoliberalismo têm provocado transformações em escala local e mundial na organização das diferentes nações, levando os Estados Nacionais a se reorganizarem na perspectiva do Estado Mínimo. Com a implantação dessa tese, foi necessário repensar o papel e a função dos estados-nacionais. Assim, tanto nos países centrais quanto na América Latina houve uma verdadeira inversão das concepções até então prevalecentes a respeito do papel do Estado. As funções do Estado foram redimensionadas, haja vista que, de Estado ampliado e executor de funções, passa a assumir a função de avaliador das políticas implementadas mantendo centralizado o poder enquanto descentraliza as responsabilidades.

Logo, o processo de reforma do Estado o transforma de agente de promoção de bem-estar-social para um Estado que garanta a competitividade dos países no ambiente das novas exigências do mercado globalizado. Esse novo papel desempenhado pelo estado conta, ainda, com os organismos internacionais que se encarregam de disseminar diretrizes para as suas áreas de atuação. No Brasil, essas ideias começaram a ser implantadas a partir da década de 1990 e a sua sistematização demandou uma reforma do Estado e do aparelho estatal com repercussões em todo o campo das políticas sociais.

No campo da educação, a literatura estudada apontou para a adoção de políticas educacionais com características voltadas para um novo modelo de gestão articulada com o idéario neoliberal e com as diretrizes dos organismos internacionais. Nelas, podemos perceber a redefinição dos parâmetros de financiamento; a focalização no ensino fundamental em detrimento dos demais níveis de educação; a massificação e privatização do ensino superior; a diversificação e diferenciação de cursos e instituições de ensino superior; e a implantação de sistemas de avaliação.

A centralidade que a avaliação tem assumido, no atual modelo econômico capitalista neoliberal, tem mostrado que ela é vista como estratégica para o desenvolvimento de uma gestão eficiente e eficaz. Assim, os modelos de avaliação