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CONTRAPOSIÇÃO DO CRITÉRIO MATERIAL DAS CONTRIBUIÇÕES

ARTIGO 195 “A”, CF E A LEI N. 8.212/91

É importante trazer a contraposição do critério material das contribuições previdenciárias, a partir de exemplos, indicando na regra matriz de incidência das contribuições previdenciárias, considerando a previsão delas no artigo 195, I, “a” da Constituição Federal e no artigo 22, I, da Lei 8.212/91.

Antecedente:

Critério Material: pagar, dever ou creditar a qualquer título, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, verbas destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa.

Critério Temporal: durante o mês ou, para alguns, na data do pagamento ou quando o mesmo seria devido.

Critério Espacial: extraterritorial Consequente:

Critério quantitativo: a) base de cálculo: art. 28 que define a base de cálculo; b) alíquota: 20% (vinte por cento) sobre a base de cálculo

Critério pessoal: a) sujeito passivo: empresa; b) sujeito ativo: INSS/ Fazenda Nacional e/ou Receita Federal do Brasil

A Lei 8.212/91 tenta albergar todos os rendimentos e valores recebidos pelo trabalhador como salário-contribuição, base de cálculo, ou seja, como critério material para incidência da contribuição previdenciária. Ao delimitar esse campo de incidência tributária entendo que ela extrapola os limites constitucionais.

Em outras palavras, no artigo 28, a Lei Ordinária n.º 8.212/91 estabelece como salário-contribuição, critério material, para incidência da norma tributária de incidência, (i) para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; (ii) para o empregado doméstico: a remuneração registrada na Carteira de Trabalho e Previdência Social, observadas as normas a serem estabelecidas em regulamento para comprovação do vínculo empregatício e do valor da remuneração; (iii) para o contribuinte individual: a remuneração auferida em uma ou mais empresas ou pelo exercício de sua atividade por conta própria, durante o mês, observado o limite máximo a que se refere o § 5o; (IV) - para o segurado facultativo: o valor por ele declarado, observado o limite máximo a que se refere o § 5o.

E, ainda, dispõe taxativamente, em seus parágrafos §1º ao 8º, a incidência tributária sobre a admissão, a dispensa, o afastamento ou a falta do empregado ocorrer no curso do mês, o salário-de-contribuição será proporcional ao número de dias de trabalho efetivo, na forma estabelecida em regulamento, bem como, que o salário-maternidade é considerado salário-de-contribuição, incluindo também o décimo-terceiro salário considerado gratificação natalina para integrar o salário-de-contribuição, exceto para o cálculo de benefício, na forma estabelecida em regulamento.

Por outro lado, no § 9º do artigo 28 da Lei 8.212/91, existe expressamente hipóteses que não integram o salário-de-contribuição, quais sejam: a) os benefícios da previdência social, nos termos e limites legais, salvo o salário- maternidade; b) as ajudas de custo e o adicional mensal recebido pelo aeronauta; c) a parcela "in natura" recebida de acordo com os programas de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social; d) as importâncias recebidas a título de férias indenizadas e respectivo adicional constitucional,

inclusive o valor correspondente à dobra da remuneração de férias; de que trata o art. 137 da Consolidação das Leis do Trabalho-CLT.

Além dessa, são excluídas da base de cálculo das contribuições previdenciárias, os valores relativos à indenização por tempo de serviço, anterior a 5 de outubro de 1988, do empregado não optante pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço-FGTS; os valores recebidos a título da indenização de que trata o art. 479 da CLT; os valores recebidos a título da indenização de que trata o art. 14 da Lei nº 5.889, de 8 de junho de 1973; bem como os valores recebidos a título de incentivo à demissão; aqueles valores recebidos a título de abono de férias na forma dos artigos 143 e 144 da CLT; ainda aqueles recebidos a título de ganhos eventuais e os abonos expressamente desvinculados do salário; recebidos a título de licença-prêmio indenizada; os valores recebidos a título da indenização de que trata o art. 9º da Lei nº 7.238, de 29 de outubro de 1984.

A legislação também exclui da incidência, ou seja, exclui do critério material a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica. Vale dizer que essas exclusões consideram os valores recebidos a titulo de abono do Programa de Integração Social-PIS e do Programa de Assistência ao Servidor Público-PASEP; transporte, alimentação e habitação fornecidos pela empresa ao empregado contratado para trabalhar em localidade distante da de sua residência, em canteiro de obras ou local que, por força da atividade, exija deslocamento e estada, observadas as normas de proteção estabelecidas pelo Ministério do Trabalho; a importância paga ao empregado a título de complementação ao valor do auxílio-doença, desde que este direito seja extensivo à totalidade dos empregados da empresa; entre outros o ressarcimento de despesas pelo uso de veículo do empregado e o reembolso creche pago em conformidade com a legislação trabalhista, observado o limite máximo de seis anos de idade, quando devidamente comprovadas as despesas realizadas; o valor relativo a plano educacional que vise ao ensino fundamental e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo.

É também excluído da base de cálculo das contribuições previdenciárias os valores relativos a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo, bem como a bolsa de estudo, que vise à educação básica de empregados e seus dependentes e, desde que vinculada às atividades desenvolvidas pela empresa, à educação profissional e tecnológica de empregados, nos termos da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996.

A legislação ordinária ainda exclui do critério material das contribuições previdenciárias, em seu artigo 28, § 9º, “f”, os valores pagos a título de vale- transporte. Entretanto, estabelece que fica excluído do salário-contribuição desde que seja feito, na forma da legislação própria, o que implica em dizer desde que feito em papel e não em dinheiro. Em outras palavras, se o vale-transporte for pago em dinheiro deve compor o critério material.

Assim, repita-se, no artigo 28, I, da Lei n.º 8.212/91 prevê que, para o empregado e o trabalhador que o salário de contribuição é a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa.

O salário de contribuição é a base de cálculo da contribuição.

Paulo de Barros Carvalho120 ensina que "A base de cálculo é a grandeza presente no elemento quantitativo da relação jurídica tributária, cumprindo papel mensurador e determinativo do valor que deve ser prestado a título de tributo".

Com efeito, a base de cálculo está prevista na Lei de Custeio, em consonância ao princípio da legalidade, bem como o art. 195, inc. I, alínea "a" da Constituição Federal, que autoriza à União editar norma geral e abstrata que preveja no consequente da regra matriz de incidência tributária, no seu critério quantitativo quaisquer valores decorrentes da folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício.

Importa destacar que no artigo 28, § 9º da Lei de Custeio, existem, ainda, hipóteses de isenção de contribuição previdenciária. A Constituição Federal, no artigo 150, § 6º, determina que a norma outorgante de isenções deverá ser veiculada por lei específica, federal, estadual ou municipal, que discipline exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no artigo 155, § 2º, XII, g (prevê necessidade de lei complementar para a concessão de isenções e outros benefícios com relação ao ICMS).

Note-se que o requisito constitucional está atendido eis que a Lei nº 8.212/91, que prevê a redução no âmbito da base de cálculo no § 9º do art. 28, cuida especificamente da contribuição social previdenciária.

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