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2. ANVISA: CARACTERÍSTICAS DA ENTIDADE E GESTÃO PÚBLICA

2.2 FORMALIZAÇÃO DOS COMPROMISSOS DE GESTÃO NA ANVISA

2.2.2 Contrato de Gestão (CG)

A Lei 9.782/99 define que o Contrato de Gestão é o instrumento de avaliação da atuação administrativa da Anvisa e de seu desempenho, estabelecendo os parâmetros para a administração interna da autarquia, bem como os indicadores que permitam quantificar

objetivamente a sua avaliação periódica. Desde a sua criação, a Anvisa celebrou apenas um Contrato de Gestão com seu ministério supervisor, o MS, que foi publicado no DOU nº. 174 de 10-09-199913, primeiro contrato na área social. Esse contrato vigorou até o ano de 2006, com atualizações promovidas por meio de cinco Termos Aditivos (TA). Tal documento previa validade por três anos, com possibilidade de renovação por períodos sucessivos de mais três anos, desde que houvesse interesse de ambas as partes. O conteúdo do contrato passou por modificações ao longo desses sete anos de existência da Agência, sendo as mais freqüentes as relativas a valores e rubricas orçamentárias e ao pactuado no Plano Anual de Ação e Metas14. Referido Plano é composto por metas e indicadores a serem cumpridos em um determinado prazo e com um orçamento fixado.

Um dos requisitos importantes do Contrato – para permitir transparência à gestão – é o seu acompanhamento, feito por meio do Plano Anual de Ação e Metas e cujo resultado é publicado em relatório de avaliação do desempenho - semestral e anual. Tal mecanismo de acompanhamento, instituído por meio da Portaria Conjunta MS/Anvisa nº174/2000, criou a Comissão de Acompanhamento e Avaliação de responsabilidade do MS. Esta Comissão tinha como competência aprovar total ou parcialmente os relatórios de avaliação do desempenho, que deveriam conter o grau de cumprimento das metas. A Portaria Conjunta previa, ainda, que a Comissão seria composta por um representante da Secretaria Executiva do MS, um representante da Secretaria de Políticas de Saúde do MS, um representante do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e deveria ser presidida pelo representante da Secretaria Executiva do MS. No entanto, essa Comissão não chegou a ser instituída de fato. A avaliação dos relatórios da Anvisa até o ano de 2002 foi realizada por um técnico da Secretaria Executiva do MS e, em 2005, a avaliação foi feita com base na análise de outro técnico, que deu um parecer geral sobre o relatório, sem considerar o baixo cumprimento das metas.

Em 2000, a Anvisa pactuou o primeiro Termo Aditivo com o MS, que propôs alteração do Plano Anual de Ação e Metas para o ano de 2001, mantendo a decisão de continuar a

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Disponível no: http://www.anvisa.gov.br/

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O primeiro Plano Anual de Ação e Metas, parte integrante do Contrato de Gestão original, era composto basicamente por metas e indicadores de estruturação da Agência, que deveriam ser cumpridos de setembro/1999 a dezembro/2000. Disponível no site oficial da Anvisa.

consolidação dos processos de trabalho da Agência. No ano de 2001, a Anvisa pactuou o Segundo Termo Aditivo, para vigorar no ano de 2002, estabelecendo 20 metas no Plano Anual de Ação e Metas. As metas foram agrupadas em quatro perspectivas, mantendo-se o perfil das mesmas de 2001, ou seja, foi retirada a perspectiva de Gestão Financeira e de Custos, considerada somente para o ano de 2001. Manteve porem, como foco para as metas e indicadores, a redução dos tempos de análise dos processos de concessão de registro.

Em setembro de 2002, ocorre a assinatura do Terceiro Termo Aditivo ao Contrato de Gestão, que prorrogou o prazo de vigência do CG para até setembro de 2005, mantendo as 20 metas anteriores agrupadas nas mesmas quatro perspectivas, com validade para os anos de 2003 e 2004. No ano de 2003, com o novo governo, o MS passa por uma reestruturação e é criada a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), que assume a supervisão da gestão da Anvisa.

Durante o ano de 2004, com a discussão que acontecia no âmbito do governo federal sobre a autonomia das agências reguladoras, bem como a simultânea tramitação de projeto de lei (PL) no Congresso (PL 3337, que propunha grandes mudanças na forma de funcionamento das agências), a Anvisa realizou discussões internas com o objetivo de se antecipar às mudanças que se anunciavam. Assim, foi estabelecido um grupo de trabalho formado por representantes da Anvisa e do MS, que elaborou análise do conteúdo do PL em consonância com sua lei de criação e realizou um diagnóstico do contrato em vigor, em especial do Plano Anual de Ação e Metas. Após esses estudos, o grupo elaborou uma minuta de um novo contrato e nova proposta de metas e indicadores. Foram adotados os critérios preconizados

pela Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade, que disponibiliza a sua utilização também para as organizações que estejam modelando seu sistema de gestão ou realizando uma auto-avaliação, e não somente para as que são candidatas ao Prêmio Nacional de

Qualidade (PNQ) (Anvisa, 2005, p. 66).

O novo conjunto de indicadores e metas foi também resultado de amadurecimento da equipe de acompanhamento do contrato de gestão, que tentava estabelecer um conjunto de metas e indicadores que melhor representasse a realidade da Agência no momento e também permitisse demonstrar para a sociedade o cumprimento de sua missão.

Em função das mudanças no cenário político ao longo de 2004, o PL perdeu força política e as agências mantiveram intocáveis suas características de criação. A Anvisa, em uma avaliação com a SVS, entende por bem manter o instrumento pactuado, que tinha validade até dezembro de 2005, e resolve pactuar um novo Termo Aditivo (Quarto TA) com mudanças no Plano Anual de Ação e Metas e pequenas mudanças em relação ao orçamento e às obrigações das partes, em específico para sua atualização.

Em 2005, um novo conjunto de metas e indicadores é acompanhado pelo NAEST, para validar sua aplicabilidade, além de medir o desempenho da Instituição. Como resultado desse trabalho, a equipe propõe ajustes no Plano e nas cláusulas do Contrato, inclusive, a prorrogação de sua validade para até dezembro de 2006. Dentre os ajustes propostos no Contrato, ressalta-se o desmembramento da Comissão de Acompanhamento e Avaliação em duas comissões: uma de Acompanhamento – de responsabilidade da Anvisa – e outra de Avaliação – de responsabilidade do MS. Tal modificação fundamenta-se no fato de que o MS, mesmo tendo obrigatoriedade de avaliar o desempenho da Agência, somente o fez até o ano de 2002, para o relatório semestral. Outra modificação que merece destaque foi a inclusão de obrigatoriedade para o MS realizar a avaliação do desempenho da Anvisa em um prazo definido. Essas mudanças também foram motivadas por recomendações do Controle Interno, que sistematicamente cobram o retorno do MS sobre os relatórios de acompanhamento do Contrato, emitidos pela Anvisa.

O desempenho da Agência, retratado mediante os relatórios de avaliação, é acompanhado também pelo Conselho Consultivo da Anvisa, em dois momentos anuais. Entretanto, é necessário considerar que o desempenho da Instituição está diretamente vinculado a um processo negociado, não impositivo, entre os integrantes do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária - SNVS.

Legalmente, o cumprimento do programa de trabalho e o parecer favorável quanto à avaliação de desempenho, pelo MS, são condicionantes para a continuidade da contratualização, assim como eventual repactuação, parcial ou total, formalizada mediante termo aditivo e, justificativa das partes envolvidas. Entretanto, de fato não é isso que ocorre, como pretendemos demonstrar no capítulo 4 deste estudo.

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