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Contribuição dos parâmetros fisico-químicos, vs espécies vegetais, na variação

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.3 Comparação dos parâmetros físico-químicos entre os méis monoflorais e

4.3.2. Contribuição dos parâmetros fisico-químicos, vs espécies vegetais, na variação

O objetivo da Análise de Componentes Principais (ACP) aqui utilizada foi encontrar os fatores fisico-químicos que fortemente condicionaram a formação dos agrupamentos no dendrograma anterior e os grupos taxonómicos associados, visto que o dendrograma, segundo Vicini & Souza (2005), não faz a identificação das variáveis dependentes e independentes, isto é, não indica com clareza as medidas das variáveis do tipo causa e efeito.

A ACP foi realizada com as 10 amostras e 15 variáveis fisico-químicas que, de acordo com a bibliografia, são aquelas que estão diretamente ligadas à origem floral.

Também se fez outra ACP com 22 variáveis palinológicas, correspondentes aos grupos botânicos envolvidos na formação das amostras destes méis.

Para as variáveis fisico-químicas, a combinação dos eixos 1 e 3 (v. Figura 21) foi a que melhor mostrou as medidas da similaridade dos grupos conjugada com uma melhor correlação com o dendrograma da Figura 20. Estes eixos explicam melhor o agrupamento do dendrograma da figura 20 enquanto os eixos 1 e 2 da componente melissopalinológica (v. Figura 22), são os que melhor explicam as espécies botânicas associadas aos agrupamentos.

Os primeiros três eixos (v. Tabela XV) das variáveis físico-químicas representam 77,4% da variação total. O primeiro componente explica 37,5 % de variação total e tem uma alta carga positiva para as variáveis (parâmetros físicoquímicos) condutividade elétrica, fenóis totais, poder redutor, índice diastásico e maltulose que se contrastam com a carga negativa para o DPPH, frutose+glucose, glucose e a frutose (v. figura 21). O segundo componente explica 24,7 de variação total enquanto o terceiro explica 15,2% cujos valores das variáveis podem ser vistos na tabela do anexo II.

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Figura 21 – ACP dos dados físico-químicos vs amostras de mel. Mi- Miro, MB-Mata de Buçaco, Te- Telhado, Su-Sula, Bo-Botão, Es-Espinheira, Ca-Carreira, Lu-Luso, Cv-Carvalho e LSP-Lameira de São pedro. C – cor, ID – índice diastásico, CE – condutividade elétrica, P – prolina, F – frutose, G – Glucose, T. – turanose, Ml – maltulose, M – maltose, Tr – trealose, F+G – Frutose mais glucose, F/G – razão frutose glucose, FT – fenois totais, D– capacidade bloqueadora de radicais livres de DPPH, Pr – poder redutor.

Figura 22 – ACP dos dados melissopalinológicos vs amostras de mel. Mi- Miro, MB-Mata de Buçaco, Te- Telhado, Su-Sula, Bo-Botão, Es-Espinheira, Ca-Carreira, Lu-Luso, Cv-Carvalho e LSP-Lameira de São Pedro.Eg – Eucalyptus globulus, S - Sedum spp., E – Echium spp., Er – Erica spp., Ra – Ramnus alaternus, G - Genista spp., Am – Acacia melanoxylon, Pt – Pterospartum tridentatum, Tr – Trifolium repens, TC – Tipo Cytisus, Aesculus hippocastanum, A 19 – Tipo A 19, Ru – Rubus ulmifolius, Malus spp, P – Prunus spp, Cm – Crataegus monogyna, Hh – Hedera spp. , Oc – Oenanthe crocata, Rr – Tipo Raphanus

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Tabela XV– Resultados da ACP realizada com 16 variáveis físico-químicas e 10 amostras de mel. Valores próprios, percentagem da variância explicada por cada eixo e percentagem de variância comulativa explicada para os três eixos.

Na componente melissopalinológica, os três eixos representam 72,6% da variação total. O primeiro componente explica 35,5% de variação total e tem uma carga positiva alta para as variáveis (espécies) Genista sp., Pterospartum tridentatum e Tipo Cytisus, respetivamente, que contrastam com a carga fortemente negativa para as espécies Rubus ulmifolius, Aesculus hipocastanum, Lithrum spp., e Oenanthe crocata. Como o pólen de eucalipto dominou em todas as amostras, a sua contribuição para a dissimilaridade nas mesmas não se fez sentir neste eixo. O segundo componente explica 21,8% da variação total e tem uma carga positiva alta para as espécies Rhamnus alaternus, tipo A19 e Malus spp., que contrasta com a carga fortemente negativa para as espécies Eucalyptus globulus e Sedum spp. O terceiro componente explica apenas 15,3%. (v. Tabela XVI). Os valores das variáveis, e as suas contribuições em cada eixo, podem ser vistos na tabela do anexo III.

Tabela XVI – Resultados da ACP realizada com 22 tipos polínicos e 10 amostras de mel. Valores próprios, percentagem da variância explicada por cada eixo e percentagem de variância comulativa explicada para os três eixos. Eixos Valores próprios % da variância Explicada % comulativa var. Explicada 1 7,5 35,5 35,5 2 4,5 21,7 57,3 3 3,2 15,3 72,5

Comparando o gráfico da ACP realizada com os dados físico-químicos (v. Figura 21) com o dendograma da Figura 20, precebe-se que o grupo multifloral composto pelas amostras de méis de Carvalho, Lameira de São Pedro, Carreira e Luso, apresentaram

Eixos Valores próprios % da variância Explicada % comulativa var. explicada 1 5,9 37,5 37,5 2 3,9 24,7 62,2 3 2,4 15,2 77,4

81 maior similaridades devido ao maior peso dado pela condutividade elétrica, fenois totais, poder redutor, maltulose, índice diastásico e pH, em contraste com com os teores baixos de DPPH (que se traduz na maior capacidade bloqueadora de radicais livres), frutose, frutose+glucose e Glucose, alcançados em comum por estas amostras de mel. Os valores destes parâmetrso podem ser vistos na Tabela do anexo IV.

Em relação ao grupo monofloral composto por amostras de méis da Mata do Buçaco, Botão, Miro, Sula e Espinheira, os eixos 1 e 3 da ACP, justificam esta similaridade devido ao maior peso de DPPH (que se traduz na menor capacidade bloqueadora de radicias livres), teores de frutose+glucose, frutose e glucose. Neste grupo, a amostra de Miro, devido ao elevado valor da razão entre Frutose/Glucose, comparativamente aos restantes elementos do grupo, mostra-se um pouco deslocada. A amostra de Telhado acaba tendo afinidade com este grupo monofloral devido a valores similares de DPPH e frutose+glucose que as restantes amostras multiflorais não tiveram. Os valores destes parâmetros podem ser vistos na Tabela IV do anexo três.

Em relação à componente melissopalinológica, (v. Figura 22), verificamos que o grupo de amostras monoflorais de eucalipto, com representação polínica acima dos 70%, surge de facto agrupada nesta ACP. Contudo, a amostra de Telhado, que surge no dendrograma junto com estas amostras, já surge nesta ACP afastada, por ser multifloral. A sua similaridade com o grupo monofloral que se verifica no dendograma, poderá estar relacionada com a partilha com as amostras monoflorais de alguns tipos polínicos. Por exemplo, a amostra de Telhado, comparativamente à de Miro, apresenta 4,4 vs 8,2% de néctar de Raphanus raphanistrum, 5,9 vs 6,5% de Tipo Cytisus, 1,8 vs 2,2% de Pterospartum tridentatum e 1,8 vs 1,2% de Genista sp, respetivamente. O eixo 1 da ACP (v. Figura 22) que detêm 35,5% de variança total, explica esta afinidade.

No grupo multifloral, para além de terem menor percentagem de Eucalyptus relativamente às amostras monoflorais (v. Figura 22), mostram uma predominância de póllen de Erica spp., com cerca de 15,9% de néctar na amostra de mel de Carvalho, 5,1% em Lameira de são Pedro, 4,9% em Carreira e 4,2 em Luso. Ainda neste grupo, as amostras de Carreira, Luso e Lameira de São Pedro, partilharam juntos 1,5, 1,8 e 1,1% de néctar de Aesculus hippocastanum e 4,7, 4,4 e 9,9% de Rubus ulmifolius. Carreira e Lameira de São Pedro partilharam, em especial, 1,4 e 2,4% de Lythrum sp. e 2,2 e 3,4% de Oenanthe crocata.

82 Correlacionando as variáveis fisico-química e as palinológicas, chega-se à conclusão que (i) elevados valores de condutividade elétrica, fenois totais, poder redutor, maltulose, índice diastásico e pH e teores baixos de DPPH, frutose, frutose+glucose e Glucose, registados nas amostras de multiflorais de Carvalho, Lameira de São Pedro, Carreira e Luso, parecem resultar da presença de grupos botânicos tais como o eucalipto (embora em menor percentagem do que nas amostras monoflorais), juntamente com Erica spp., Aesculus hippocastanum, Rubus ulmifolius, Lythrum sp. e Oenanthe crocata. (ii) elevados niveis de DPPH, teores de frutose+glucose, frutose e glucose, registados nas amostras monoflorais de Mata do Buçaco, Botão, Miro, Sula e Espinheira terão resultado, essencialmente, da elevada percentagem de néctar de eucalipto.

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