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Este modelo de GC permite o compartilhamento de informações e experiências em prol da segurança do paciente. Espera-se que após sua implementação haja aprendizagem organizacional e mudança de comportamento no que se refere à adesão de notificações de incidentes. Com o aumento do volume no registro de notificações, as informações geradas a partir delas podem ajudar no mapeamento do processo de trabalho da equipe multidisciplinar e na gestão de riscos em segurança do paciente.

O objetivo em se analisar as notificações é fazer com que danos sejam evitados durante a assistência, outra contribuição importante deste modelo de gestão do conhecimento é que ele pode mostrar para a equipe multiprofissional que se pode aprender com falhas e erros. Estima- se que os sistemas de notificação não ocorrem como devem porque as instituições de saúde evitam recolher e divulgar informações sobre erros na assistência devido

à cultura corporativa. Neste sentido, caso as orientações da proposta do modelo de gestão do conhecimento sejam seguidas, pode ser que no longo prazo haja inovação organizacional.

Apesar da particularidade de cada incidente de segurança do paciente, é possível que existam padrões em fontes de risco que podem ser observados por meio das notificações. Quando erros comuns são identificados, medidas preventivas podem ser generalizadas. Através da reflexão crítica sobre as informações encontradas nas notificações, a padronização desse conhecimento gerado em forma de documentos é um dos benefícios indiretos desse modelo. A partir do aumento no volume de notificações, esse modelo de gestão do conhecimento pode tornar possível o estudo de danos mais comuns na assistência à saúde, a compreensão da origem de suas causas e principalmente a definição de propostas específicas de solução para o problema.

É evidente a preocupação dos órgãos competentes no que tange o desenvolvimento de propostas simples e de baixo custo que estimulem os profissionais de saúde, os pacientes e os cuidadores a colaborar com a identificação dos incidentes de segurança do paciente, esse modelo pode ajudar o NSP a atender essas expectativas.

Tendo em vista que não devemos esperar passivamente que determinações governamentais sejam desenvolvidas em âmbito nacional no que se refere a práticas profissionais mais seguras durante a assistência, todos são responsáveis pela promoção da segurança do paciente. Neste sentido, devemos monitorar as notificações e delinear ações de prevenção de riscos antes que medidas legais sejam determinadas.

É sabido que o acesso à informação pode gerar conhecimento, mas a interatividade entre as pessoas é fundamental para que as informações sejam transformadas em conhecimento com significado e este repercuta em ação acertada. Para que o processo de conversão do conhecimento postulado por Nonaka e Takeuchi (1997) seja bem sucedido é importante que haja promoção de boas práticas de notificação por meio de seminários e treinamentos. Essa assertiva é contemplada em um dos elementos do modelo proposto. Os mecanismos de registro de notificações devem ser melhorados. Caso haja um sistema informatizado para este fim, a instituição poderá se beneficiar com o suporte tecnológico do sistema, caso não haja esse recurso, como é o caso do ambulatório onde o estudo de caso ocorreu, uma planilha em Excel deve ser elaborada para sistematização dos registros.

O NSP pode compartilhar as informações geradas a partir da implementação do modelo de gestão do conhecimento com a área de qualidade do hospital, essa área pode corroborar com a busca sinérgica de soluções em prol da segurança do paciente.

Após a implementação do modelo, espera-se ainda que as quatro etapas do processo de conversão do conhecimento aconteçam da seguinte forma:

 Socialização [tácito / tácito] - Deverá ocorrer mediante padrões de comportamento manifestado pelos próprios profissionais ao trocarem experiências na rotina de trabalho e na revisão do procedimento de notificar os incidentes de segurança do paciente. Nas reuniões periódicas e palestras instrutivas deve haver estímulo de narrativas e relatos de experiências para fomento do aprendizado.

 Externalização – [tácito – explícito] - Ocorrerá através da formalização do conteúdo que deve ser transmitido. O material elaborado deve ser disponibilizado para consulta e suporte para novos treinamentos. A sequência do procedimento de notificação deve ser documentada em prol do aprendizado e da auditoria.

 Combinação – [explícito – explícito] – Os documentos sobre notificação de incidentes de segurança do paciente publicados pelo MS, pela OMS e pela ANVISA devem ser combinados com o conhecimento dos profissionais de saúde acerca do assunto, eles podem ser adaptados às necessidades do setor. Novos documentos devem ser gerados a partir dessa interação para futuras consultas.

 Internalização – [explícito – tácito] – Ao aplicarem o novo comportamento, no que tange a notificação de incidentes de segurança do paciente, em suas rotinas de trabalho, esse procedimento será incorporado na rotina de trabalho, e consequentemente será enraizado na ação e no longo prazo, repercutirá em mudança de modelos mentais e cultura corporativa.

A realidade dos hospitais públicos brasileiros ainda não permite que as notificações de incidentes de segurança do paciente sejam registradas em sistemas informatizados, pois não há computadores em quantidade suficiente para este fim. Seria importante que, em um futuro próximo, a ANVISA investisse no desenvolvimento de um aplicativo para Smartphone no qual as notificações fossem facilmente registradas e não precisassem passar pelo filtro e pela burocracia da instituição, este aplicativo deveria preservar a identidade do sujeito.

Para popularizar o relato voluntário os cidadãos poderiam ser orientados, através de veículos de comunicação em massa, sobre os incidentes de segurança do paciente, sobre as notificações e sobre como as notificações podem ser efetuadas eletronicamente.