Contribuições teóricas e implicações gerenciais dos resultados

Com base neste estudo, pode-se sugerir algumas implicações gerenciais relativas ao relacionamento SCM e a adoção de perspectivas Lean, Ágile e Leagile. Entre as quais destaca- se:

a) Aspectos do relacionamento SCM podem representar fontes de restrições da flexibilidade de um membro ou de um canal SCM;

b) Fatores impulsionadores de demanda, podem ser diferentes em cada país, pois envolvem aspectos econômicos, sociais e culturais, influenciando de forma diferente até mesmo multinacional globais;

c) Aspectos antecedentes do relacionamento SCM como prioridade competitiva, direcionadores e projetos de cada unidade de análise demostram particularidades e a identidade de cada membro, permitindo assim, melhor entendimento de práticas que levam a perspectivas no sentido a montante ou a jusante;

d) Um membro flexível pode não representar um fornecimento flexível, já que fornecimento flexível depende da capacidade de reação de todos os membros do canal, e não apenas de alguns;

e) Pilares Leagile são apenas direcionadores da perspectiva, contudo, sua implementação total nem sempre é possível pois depende de características relacionadas ao tipo de mercado, tipo de produtos, tipo de produção ou mesmo estratégias e direcionamentos organizacionais. Estes pilares apenas direcionam desenvolvimento, com o objetivo de se obter o máximo de flexibilidade ao menor custo aceitável pelo mercado.

f) Incidentes críticos do relacionamento como robustez da produção, redução do lead time

do SCM e produção, prioridades competitivas, reconfiguração fabril, customização do produto

e postergação da customização foram identificados neste estudo do setor automotivo e pode representar outros segmentos, talvez com diferentes intensidades e assim, são objetos de estudos deste tema;

g) A identificação dos elementos críticos para adoção do Leagile, no sentido de identificar o comportamento de cada membro em relação a perspectiva, bem como suas dificuldades e necessidades para integração contribui para organizações que desejam adotar a perspectiva ou mesmo alcançar níveis mais elevados de flexibilidade;

h) Pontos de desacoplamentos podem trazer melhorias e aumentar a flexibilidade de membros posicionados no sentido a montante, considerando tanto quanto possível a postergação da customização em cada membro, e trazendo assim, importante flexibilidade ao canal SCM.

i) A proposta de esquema de análise pode ser utilizada como ferramenta atuando no sentido de facilitar a implementação da perspectiva integrada Leagile em empresas do setor automotivo ou mesmo, em fábricas de outros setores da economia.

Algumas implicações teóricas relativas ao relacionamento SCM e a adoção de perspectivas Lean, Ágile e Leagile puderam ser comprovadas. Dentre as quais pode-se destacar: a) Perspectivas Lean precedem de fato as perspectivas Ágile, pois geram robustez e segurança ao processo, contudo, somente o Lean não garante a flexibilidade necessária ao canal e pode onerar demasiadamente custos de produtos customizados;

b) A aplicação do Lean somente dá conta parcialmente da produtividade das fábricas automotivas, pois não explicam de maneira plena as diferenças de características dos produtos, bem como seu tamanho, complexidade ou fabricação, nem sua variedade e diferenças de processos. Há condições necessárias para que o Lean possa ser implementado de fato, conforme levantado pela teoria e de fato evidenciado neste estudo pela prática.

c) A questão da flexibilidade e agilidade do Lean, é definida pela teoria como um desafio, quanto a capacidade de se ajustar. Este ponto deixa evidenciado a necessidade pela busca de ferramentas que possam proporcionar agilidade ao processo, onde o Ágile pode contribuir, utilizado e aplicado na prática em indústrias do setor automotivo, ainda que em estágios iniciais, mas com contribuições substanciais e importantes a este dinâmico setor da economia mundial. d) Os elementos e atributos Leagile puderem ser identificados de forma individual e ainda de forma agrupada, considerando-se o canal, podendo-se agregar tais dados a literatura; e) A identificação dos elementos críticos para adoção do Leagile contribuem ainda para a literatura de forma a definir fatores de integração;

f) A nova abordagem sobre pontos de desacoplamento na perspectiva Leagile, no que diz respeito a sua identificação e possibilidades de deslocamento em indústrias de manufatura, contribui para a literatura e traz à tona o tema para novos estudados sobre o assunto, haja vista a sua importância para a perspectiva Leagile e consequentemente para a flexibilidade de canal

SCM.

Estes aspectos trazem para discussão, teorias vastamente estudadas como as relativas ao

SCM, relacionamento, conflitos de canal, colaboração do SCM, integração do SCM, ou mesmo

perspectivas Lean, perspectivas Ágile e até mesmo perspectivas Leagile. Contudo, mais do que isso, traz contribuição gerencial, onde aspectos organizacionais, obtidos por meio do estudo de

práticas gerenciais atuais de grandes organizações do setor automotivo puderam ser identificadas, analisadas, mapeadas e assim, soluções puderam ser propostas para se obter melhorias e desenvolvimentos para empresas que estão diariamente trabalhando em possíveis soluções, a fim de conter ao máximo, custos extras de correntes de gargalos ou restrições de abastecimento de sua cadeia de suprimentos, afetando assim, seus negócios e sua competitividade no mercado.

Aspectos destacados nesta pesquisa podem ser utilizados e aprendidos por organizações que buscam por soluções integradas, especialmente em canais onde a flexibilidade pode representar vantagem competitiva, e que isso pode representar a evolução do Lean, no sentido a jusante, sem deixar de lado o sentido a montante do canal.

Este estudo buscou iniciar um trabalho de exploração das perspectivas Lean e Ágile combinadas por meio do Leagile e aplicadas a SCM automotiva por meio de estudo exploratório de caso de uma parte do SCM, que apresenta atualmente no âmbito gerencial dificuldades e grandes desafios. Assim, este trabalho contribui tanto para a teoria de canais de distribuição e cadeia de suprimentos, quanto para os gestores das indústrias automotivas, visto que existem poucos estudos e pouco conhecimento gerencial sobre o tema em questão no mercado automotivo e brasileiro.