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3. Aprender e ensinar com as TIC

3.1 Contributos do Programa Nacional de Português para o Ensino

No seguimento de uma nova realidade e contextos sociais, em que a educação encontra na tecnologia o seu maior apoio, os documentos oficiais do Ministério da Educação e Ciência têm fomentado e sugerido a aplicação das tecnologias de informação e comunicação (TIC) no processo de ensino-aprendizagem, como facilitador quer da aquisição de competências nos alunos, quer da capacidade de ensinar do professor.

Em Março de 2009 foi publicado o documento oficial Programas de Português

do Ensino Básico, em que se procede à revisão dos programas que até então tinham

vigorado. Comparativamente ao documento oficial anterior, de 2001, este documento salienta de forma evidente a importância das tecnologias na operacionalização do ensino.

“O ensino do Português desenrola-se hoje num cenário que apresenta diferenças substanciais, relativamente ao início dos anos 90do século passado. Exemplo flagrante disso: a projeção, no processo de aprendizagem do idioma, das ferramentas e das linguagens facultadas pelas chamadas tecnologias da informação e comunicação, associadas a procedimentos de escrita e de leitura de textos eletrónicos e à disseminação da Internet e das comunicações em rede” (Reis et al, 2009:5).

A investigação traçada neste texto foi desenvolvida na área do Português, no 2º ciclo do ensino básico. Assim, importa referir que segundo os Programas de Português

do Ensino Básico, 2009

“ […] a aprendizagem do Português define-se como uma componente fundamental da formação escolar. Para além disso (e mesmo antes disso) a

aprendizagem da língua condiciona e favorece a relação da criança e do jovem com o mundo, bem como a progressiva afirmação de procedimentos cognitivos, de competências comunicativas e de atitudes afetivas e valorativas que são determinantes para a referida relação com o mundo e com aqueles que o povoam”(Idem, 2009:12).

Nesse documento é reiterada a importância de na aula de Português se usar suportes e linguagens variadas, numa referência à utilização das tecnologias de informação e comunicação e o aproveitamento das respetivas potencialidades comunicativas e pedagógicas, proferindo, assim, a necessidade de literacias como capacidade de «leitura» de diferentes textos, em diferentes suportes, com vista à construção de conhecimento.

“ Convém ter em conta a existência de novos cenários, linguagens e suportes para o acesso à informação exige o domínio de literacias múltiplas, nomeadamente, a literacia informacional (associada às tecnologias de informação e comunicação) e a literatura visual (leitura de imagens). Este facto torna imprescindível, desde cedo, a convivência com diferentes suportes e diferentes linguagens” (Idem, 2009:63).

A propósito das literacias múltiplas, Tavares & Barbeiro referem que

“Assim, podemos falar de literacias como capacidade de «leitura» de diferentes textos, em diferentes suportes, com vista à construção de conhecimento; dito de outro modo, como a «leitura» multimodal de textos multimodais [...]. Se as literacias, compreendida desta forma abrangente, podem e devem ser desenvolvidas em diferentes espaços, a Escola continua o lugar privilegiado para o seu desenvolvimento. Apesar da aparente facilidade com que a cedemos à informação, a tarefa do professor é , hoje, muito mais complexa do que no tempo em que devia alfabetizar todos os alunos. Com efeito, o tratamento da informação multimodal, apresentada de forma simultânea e não só sequencial (como no livro ou na sala de aula), exige o tratamento da complexidade e implica flexibilidade do leitor ”( 2011:29).

Na área curricular de Português, as competências específicas dividem-se nos seguintes domínios: oral (compreensão e expressão oral), leitura, escrita e conhecimento explícito da língua. Um olhar atento ao que no programa se estabelece acerca dessas competências, leva-nos facilmente a reconhecer a necessidade de um trabalho organizado e sistemático, envolvendo múltiplas literacias e o uso efetivo das tecnologias de informação e comunicação. Para que a aula de Português possa constituir um espaço

de aprendizagem significativa, no respeitante ao domínio do oral o Programa de

Português do Ensino Básico, 2009, recomenda que

“O português oral, na sala de aula, seja entendido […] como um domínio rigorosamente programado de conteúdos. São evidentes as vantagens em utilizar os recursos das TIC, para trazer para dentro da aula uma grande variedade de discursos e de textos orais e multimodais.” (Idem, 2009:109).

Já no respeitante à escrita recomenda que

“ O professor de Português crie momentos específicos de trabalho de oficina de escrita ou de laboratório de língua, com recurso aos meios informáticos e a materiais de apoio diversificados: ficheiros, formulários, dicionários, prontuários, gramáticas [...]” (Idem).

Ainda em referência a este domínio, o programa apresenta vários descritores de desempenho que visam o uso das tecnologias. Por exemplo, para a escrita em termos pessoais e criativos define os seguintes: ” intervir em rede, utilizando dispositivos tecnológicos adequados”, “cooperar em espaços de partilha da escrita relacionados com os seus interesses e necessidades” e “participar em projetos de escrita colaborativa, em grupo ou em rede alargada”, reportando nas notas sugestões de atividades que visem o “Respeito pelas regras de comportamento na Internet: em Plataformas, conversas (chat), blogues, fóruns de discussão e atividades desenvolvidas em oficina de escrita, com recurso eventual a Plataformas na Internet” (2009: 90), onde sejam ativados mecanismos que permitam a divulgação destes escritos.

De acordo com o documento, na aula de Português, 2º ciclo, as TIC devem ser utilizadas como ferramentas de apoio ao trabalho nas competências específicas. Assim, importa dar ao aluno oportunidades para

“Utilizar criticamente a Internet na busca e no tratamento de informação multimodal, em função de diferentes objetivos de estudo; Utilizar programas informáticos tendo em vista uma apresentação cuidada de trabalhos; Utilizar programas de processamento e edição de texto para as tarefas de revisão da escrita; Trocar e partilhar informação por via eletrónica, respeitando regras de comportamento no uso da Internet; Ser crítico, relativamente ao uso das TIC no acesso à informação, na resolução de problemas ou na produção de trabalho criativo (Idem, 2009: 109).

A implementação do uso das tecnologias é ainda reforçada no documento de 2009 quando é feita referência à biblioteca escolar, como espaço dinamizador de atividades que envolvem toda a escola,

“ Outra área onde se espera que a biblioteca – como a escola em geral – desempenhe um papel relevante é a da implementação do uso das TIC, tendo em vista a criação de hábitos de pesquisa e o desenvolvimento de competências que permitam a todos aceder à informação em diferentes suportes e linguagens. No que respeita ao acesso à Internet, os alunos terão de aprender, desde cedo, regras básicas de segurança e de comportamento ético, principalmente no que diz respeito às questões de autoria da informação.” (Idem, 2009:67)

Perante o exposto, torna-se evidente que os documentos oficiais do Ministério da Educação e da Ciência no respeitante aos programas curriculares de Português fomentam e propõem o apoio das tecnologias de informação e comunicação na construção de aprendizagens.

3.2 Potencialidades do processador de texto, no processo de

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