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2.3 GESTÃO DE RISCO EM BARRAGENS

2.3.2 Controle de risco

Zuffo (2010) define controle de risco como processo de implementação e reforço das ações a serem feitas a fim de controlar os riscos e periódica reavaliação da eficácia dessas ações ou medidas.

Melo (2014) afirma que o controle de risco corresponde à etapa final para gerenciamento de risco, contemplando ações de decisão, mitigação, prevenção, detecção, planos de emergência, revisão e comunicação de riscos. Como pode se observar na Figura 2.8:

Figura 2.8 - Atividades fundamentais da gestão de risco

Fonte: Adaptado Melo (2014).

Conforme a CNPGB (2005) o controle de risco busca atingir o risco aceitável ou o risco tolerável, que possuem diferentes definições. O risco aceitável compreende àquele considerado pela sociedade afetada como suficientemente baixo e adequadamente controlado a ponto não ser necessário reduzi-lo, e o segundo, apesar de inferior ao limite de tolerabilidade, ser considerado ainda susceptível de redução, a todo o tempo, desde que tal redução seja possível.

2.3.2.1 Gestão de risco no Brasil

Até o ano de 2010 o Brasil não possuía uma legislação de segurança de barragens. Somente em 2010 entrou em vigor a Lei 12.334 que estabelece a Política Nacional de Segurança de Barragens – PNSB destinadas à acumulação de água para quaisquer usos, à disposição final ou temporária de rejeitos e à acumulação de resíduos industriais, cria o Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens – SINISB.

Até então, a atividades de controle e fiscalização eram restritas a alguns estados. Para Menescal (2009), isso se explica devido ao fato da maior importância as grandes barragens, que dificilmente apresentavam problemas devidos ao empenho em realizar bons projetos e manutenção. A falta de dados sobre acidentes envolvendo estes empreendimentos também favorecia essa condição.

Com a criação da Companhia de Gestão de Recursos Hídricos – COGERH (Lei nº 12.217 de 18/11/93), o estado do Ceará foi um dos primeiros estados a implantar um sistema de gestão de segurança de barragens do país. Essa

Análise de Riscos (estimativa do risco) Apreciação de Riscos (comparação do risco com critérios de aceitabilidad e) - Mitigação - Prevenção - Detecção - Plano de emergência - Revisão Gestão de Riscos

Avaliação de Riscos Controle de Riscos

Decisã

necessidade surgiu devido a grande quantidade de barragens para acumulação de água. Um dos instrumentos utilizados foi a elaboração de um Manual de Segurança de Barragens que preconizava as diretrizes de risco no estado.

No estado de Minas Gerais, que possui uma grande quantidade de barragens de rejeitos industriais e minerais, e um histórico envolvendo acidentes de grande magnitude, iniciou um debate de gestão de segurança que levou a criação das Deliberações Normativas pelo Conselho de Política Ambiental – COPAM nº 62/2002 e 87/2005 que constituem um marco na legislação ambiental estadual. Em seguida, em 2007 realizou-se o primeiro inventário com a situação das barragens quanto à estabilidade (FEAM, 2015).

No âmbito nacional, o Manual de Segurança e Inspeção de Barragens (2002) foi o primeiro instrumento elaborado com o propósito de estabelecer parâmetros e dar suporte aos proprietários com práticas que visavam segurança compatível com seu papel social.

A Lei n° 12.334/2010 aplica-se as barragens que apresentem pelo menos uma das seguintes características:

 Altura do maciço, contada do ponto mais baixo da fundação à crista, maior ou igual a 15 m (quinze metros);

 Capacidade total do reservatório maior ou igual a 3.000.000 m³ (três milhões de metros cúbicos);

 Reservatório que contenha resíduos perigosos conforme normas técnicas aplicáveis;

 Categoria de dano potencial associado, médio ou alto, em termos econômicos, sociais, ambientais ou de perda de vidas humanas

Para Vianna (2015), ainda que esta regulamentação seja recente, ela representa um marco para o setor.

A Lei 12.334 definiu que os agentes fiscalizadores tem a responsabilidade de classificarem a as barragens, por categoria de risco, dano potencial associado e volume, seja para geração hidrelétrica, acumulação de água, disposição de rejeitos minerais ou industriais.

Logo, esses órgãos, especialistas em suas respectivas áreas de atuação, têm a responsabilidade por regulamentações complementares. No caso das barragens de hidrelétricas, essa atribuição cabe à Agência Nacional de Energia

Elétrica – ANEEL (MELO, 2014). Em barragens de rejeitos minerais fica a cargo do Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM.

Em reservatórios de acumulação para irrigação, recreação ou abastecimento ficou sob responsabilidade da Agência Nacional de Águas - ANA realizar a fiscalização em rios federais. Em rios que não ultrapassam os limites territoriais de um estado, cabe ao órgão estadual realizar esta ação.

A ANA também é responsável pela implantação do SNISB, além de captar os dados de todas as barragens correspondentes aos órgãos fiscalizadores nacionais e estaduais para elaboração do Relatório de Segurança de Barragens e conduzir, anualmente, ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH.

Quanto à responsabilidade por atender os critérios de segurança da barragem, fica a cargo do empreendedor, que pode ser gestor privado ou publico.

A Lei estabelece como obrigação do empreendedor:

 Elaborar o Plano de Segurança da Barragem e o Plano de Ação de Emergência;

 Realizar as Inspeções de Segurança Regular e Especial nas barragens;

 Realizar a Revisão Periódica de Segurança de Barragem.

Além de encaminhar as informações obtidas às autoridades competentes e aos organismos de Defesa Civil (ARAÚJO, 2014)

Há de certa forma, uma expectativa quanto à funcionalidade desta Lei, vindo sanar os anseios da sociedade quanto à gestão de risco de barragens em todo o território brasileiro. Devido ao acidente envolvendo as barragens de acúmulo de rejeitos do Fundão em Mariana – MG percebe-se que há um apelo da sociedade quanto à implantação dos instrumentos prescritos na Lei nº 12.334/2010.

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