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2. Sistemas hidráulicos para aplicação móbil

2.3 Limitação e controle de energia

2.3.1 Controle de vazão

Segundo WU (2003), essencialmente existem dois caminhos em que o controle de vazão pode ser realizado, variando-se a vazão na bomba ou alterando-se a abertura de um orifício de passagem de fluido, por uma válvula proporcional.

No primeiro caso, a alteração da vazão é realizada pela variação da inclinação do prato no interior da bomba de deslocamento variável ou pela variação da velocidade angular da bomba. Este tipo de controle é bastante eficiente, pois as perdas de energia através de um orifício de controle são evitadas. Em contrapartida, conforme von LINSINGEN (2003), um sistema com bomba de deslocamento variável possui custo inicial maior comparado com o controle resistivo, em conseqüência da complexidade construtiva das bombas, além de sua resposta à ação de controle ser mais lenta. Assim, esse tipo de controle é mais interes- sante para uso em sistemas de potência elevada.

A segunda forma, considerada controle de vazão do tipo resistivo, resulta em uma queda de pressão através do orifício de controle que se traduz em uma inerente perda de energia. Em regime permanente, o comportamento em vazão é descrito pela equação da vazão em orifício ( 2.19 ), a qual se originou da equação de Bernoulli (MERRITT, 1967; SHAMES, 1973).

(

P c

)

V

CdA

p

p

q

=

ρ

2

0 ( 2.19 )

De acordo com a equação ( 2.19 ) é possível perceber que, mantendo-se a diferença de pressão constante, entre as pressões de suprimento (pP) e de carga (

p

c), a vazão será função apenas do valor da área do orifício (

A

0). Deste modo, através de qualquer mecanis-

mo de ajuste da área do orifício, é possível fazer o controle de vazão, desde que o (

p

) não varie.

2.3.1.1 Válvula de controle de vazão de duas vias

Segundo von LINSINGEN (2003), com o objetivo de controlar a queda de pressão no orifício de ajuste de vazão, utiliza-se uma válvula compensadora de pressão, também de- nominada balança de pressão, montada em série a jusante ou a montante da válvula reduto- ra de vazão. Na Figura 2.11, a válvula compensadora de pressão (4V1), que aparece mon- tada antes da válvula redutora de vazão (4V2), tem a função de alterar a queda de pressão através da mesma em função das pressões de pilotagem nas vias a e b. Assim, para qual- quer valor de diferença de pressão total (

p

Pc

=

p

P

p

c) existente entre a pressão de su- primento (pP) e a pressão de carga (

p

c), a diferença de pressão na válvula redutora de vazão (4V2) (

p

ic

=

p

i

p

c) será aproximadamente constante, mesmo que com valores de abertura do orifício de controle de vazão diferentes.

Figura 2.11 – Válvula direcional com válvula de controle de vazão de duas vias. Segundo von LINSINGEN (2003), o gráfico da Figura 2.12 ilustra de maneira qualita- tiva o comportamento da válvula controladora de vazão para três ajustes distintos. O com- portamento para uma determinada abertura da válvula é válido também para qualquer outro valor de abertura, ou seja, para qualquer nível de vazão ajustada dentro de seus limites construtivos. Na fase (A) do gráfico, a vazão não pode ser controlada, pois a diferença de pressão entre a pressão intermediária (

p

i) e a pressão de carga (

p

c) é menor do que a pressão equivalente a pré-carga da mola. A linha de pressão intermediária (

p

i) está locali-

zada entre a válvula compensadora de pressão e a válvula redutora de vazão (Figura 2.11), portanto, é a mesma pressão que pilota o lado (b) da válvula compensadora de pressão.

À medida que a vazão aumenta, para uma dada abertura da válvula redutora de va- zão, ocorre um afastamento entre os valores de

p

i e

p

c até um ponto em que esta diferen- ça (

p

0

=

p

i

p

c) promove uma força equivalente a força de pré-carga da mola. A partir daí o compensador entra em equilíbrio instável, ou seja, qualquer redução na pressão

p

c pro- voca um desequilíbrio de forças no compensador, movimentado no sentido de reduzir a área do orifício. Desta forma, a pressão intermediária é reduzida até que um novo equilíbrio seja atingido, garantindo assim que a diferença de pressões na válvula redutora de vazão se mantenha constante.

Figura 2.12 – Curvas qualitativas para diferentes aberturas da válvula de controle de vazão (von LINSINGEN, 2003).

2.3.1.2 Válvula de controle de vazão de três vias

Conforme von LINSINGEN (2003), a válvula de controle de vazão de três vias se ca- racteriza por possuir a válvula compensadora de pressão montada em paralelo com a válvu- la redutora de vazão. Deste modo, o excedente de vazão é desviado para o reservatório. Com relação à Figura 2.13, a válvula controladora de vazão caracteriza-se por possuir uma válvula compensadora de pressão de três vias. Desta forma, a terceira via da válvula com- pensadora de pressão de três vias (2V1), permite que o excedente seja utilizado por outras válvulas direcionais montadas a jusante desta. É importante salientar que a configuração da

Figura 2.13 prioriza o escoamento do fluido para a válvula direcional (2V4), e permite o es- coamento do fluido para outras válvulas somente se houver excedente.

Quanto ao controle de vazão, a válvula controladora de vazão de três vias apresenta um comportamento semelhante à válvula controladora de duas vias. Ou seja, ocorre uma fase em que não é possível controlar a vazão, uma vez que a perda de carga na válvula redutora de vazão (2V2) é insuficiente para permitir um desequilíbrio de forças que seja i- gual ou maior a força de pré-carga da mola (von LINSINGEN, 2003). Assim, quando este desequilíbrio ocorre, o carretel da válvula compensadora desloca até uma nova posição de equilíbrio, e consequentemente controla a diferença de pressão na válvula redutora de va- zão no sentido de mantê-la constante. Pode-se observar este comportamento na fase (B) do gráfico da Figura 2.12.

CAPÍTULO 3

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