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3. CONTEXTUALIZAÇÃO DOS PROJETOS: EMPRESA, PROBLEMAS E

3.5. Melhoria da eficiência dos processos de produção

3.5.2. Controlo de carga de trabalho

Cada setor do processo produtivo tem diferentes tarefas que, por sua vez, têm associados tempos que variam conforme o colaborador que a executa. Para além disso, o que faz variar o tempo de execução de um processo é o número de pessoas disponíveis, ou seja, a capacidade. Os fatores que podem influenciar a produção são muitos e provocam uma variabilidade difícil de controlar. Para além disso, a variação de carga de trabalho de cada

41 secção é, também, um fator que pode determinar a capacidade do mesmo. Neste aspeto, deve ser salientado que o tempo não é infinito, assim como a capacidade de produção.

Assim, tem de haver um equilíbrio relativamente a todas as partes interessadas dentro da empresa. É fundamental conseguir produzir tudo aquilo que é planeado para satisfazer a carteira de encomendas; a grande questão é que há variação da procura, e esta nem sempre está ajustada ao que realmente é preciso produzir e ao tempo que há para o fazer. Vários pontos cruciais se interligam, intrínsecos a esta parte, porque existe um cruzamento de interesses que pode causar conflitos.

Os administradores pretendem ter a melhor carteira de encomendas possível; o Serviço ao Cliente quer que as encomendas estejam prontas, consoante os dias em que as distribuições estão disponíveis; os Gestores de Produção desejam ter tempo para que as encomendas sejam concessionadas; o Planeamento é obrigado a que seja tudo produzido no tempo definido; o Aprovisionamento precisa de tempo para subcontratar material. Perante todo este conjunto de interesses e pretensões, surge uma questão pertinente: como se pode planear a produção para corresponder a todos estes interesses e de maneira a que seja exequível? Antes de tudo, é preciso olhar para o mais importante neste processo: a produção. É aqui que o foco deve estar, porque é onde o valor está, dado ser aqui que a empresa transforma a matéria-prima em produtos acabados. Por esta razão, é a capacidade de produção que deve ser controlada, para que seja viável planear a produção com a certeza de que é possível satisfazer a carteira de encomendas.

3.5.2.1. IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA

O problema detetado está situado naquilo que não é controlado: a variabilidade e o tempo. Como mencionado anteriormente, existem muitas partes a puxar para si, de modo a que as suas tarefas sejam feitas da melhor forma, mas isto pode implicar o incumprimento de outros. A questão centra-se sobretudo no tempo, onde está implicada a capacidade de produção na área fabril, e para onde saem ordens de produção que se baseiam em capacidades infinitas. Também se pode associar a capacidade ao número de colaboradores; no entanto, este aspeto é facilmente controlado.

A essência do problema centra-se nos três M’s – definidos durante o segundo capítulo – que alertam sobre as variantes da carga de trabalho, ou seja, um planeamento de produção por base de capacidades infinitas vai ter uma variabilidade de carga de trabalho diária incontrolável e irracional. Por outras palavras, pode-se encontrar situações de desperdício de capacidades (MUDA) – em dias que a carga de trabalho fica muito aquém do tempo disponível; casos de variação na distribuição da capacidade (MURA) – semanas onde existe uma discrepância enorme entre cargas de trabalho diárias; ou ocorrer o excesso de carga (MURI) – a carga de trabalho ultrapassa a capacidade disponível. Contudo, como o planeamento é semanal, pode acontecer que, no final, as cargas se equilibrem, mas isso não é controlável nem totalmente fidedigno, pois não há essa certeza.

Em todo o caso, não havendo a possibilidade de se balancear as cargas de trabalho diárias, o planeamento é feito consoante a carteira de clientes e as cargas do dia pelas exigências do cliente ou disponibilidade dos distribuidores, sendo feitos ajustes, consoante a receção de subsidiários e a produção.

Como não há noção da capacidade, tal pode gerar problemas, como a falta de tempo para cumprir o estabelecido, que por sua vez, pode gerar atrasos de um ou mais dias. Este facto pode impossibilitar ainda mais o cumprimento do Plano de Expedição N-1, pode levar a que os colaboradores tenham de fazer horas extras, ou mesmo que se tenha de adiar prazos de entregas – o que não deixa os clientes satisfeitos.

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3.5.2.2. CRIAÇÃO DE OBJETIVOS

Como se pode entender, é necessário colmatar este problema. Mas como se consegue controlar a capacidade dos processos? A reposta a esta questão passa pelo foco evidenciado anteriormente: através do tempo. Se a capacidade está associada ao tempo, se houver o controlo dos tempos das atividades, será realizado um melhor controlo da capacidade de execução dessas mesmas atividades.

A nível de sistema, os artigos têm um código que está ligado a vários módulos com informação do produto. Algumas dessas informações são respeitantes à lista de matérias e gamas operatórias: a primeira identifica todas as componentes que constituem o artigo; a segunda identifica os dados referentes à operação de produção da componente. É nas gamas operatórias que estão presentes os tempos dessa tarefa. O objetivo irá passar por atualizar esses tempos e as gamas operatórias. Atualmente, estes tempos não são fidedignos e há gamas que não estão corretas.

O objetivo pioneiro deste projeto vai ser a atualização do VSM da linha de armários no sistema. Optou-se por esta gama de produtos, pelo simples facto de que é um processo estudado e melhorado através do Projeto Lean, o que traz uma maior confiança na medição de tempos, para além de que será mais um passo, para que a produção deste produto fique mais controlada e próxima do ideal. Feita a recolha e introdução dos tempos no sistema, o controlo poderá ser feito através de módulos, desenvolvidos no sistema informático.