• Nenhum resultado encontrado

Capítulo 2 – Controlo da Qualidade Interno

2.2 Controlo da Qualidade

Segundo a norma ISO/IEC 17025, um laboratório de análises químicas deve ter procedimentos de controlo da qualidade para monitorizar a validade dos testes e calibrações realizadas. Neste sentido, o controlo da qualidade efetuado deve demonstrar que o método analítico consegue fornecer medições de confiança.

No geral, diferentes estratégias podem ser adotadas no controlo da qualidade interno. Cabe ao laboratório decidir quais pretende aplicar na rotina de trabalho, considerando os custos, benefícios e disponibilidade antes do desenvolvimento do método (Olivares & Lopes, 2012; Thompson & Wood 1995). Os tipos de controlos geralmente aplicados são:

➢ Brancos;

➢ Materiais de Referência Certificados (MRC);

Amostras Fortificadas (Spike);

Padrões de Controlo da Qualidade (QC’s);

Padrão Interno.

2.2.1 Brancos

Diferentes tipos de brancos são utilizados para verificar possíveis contaminações, provenientes dos materiais ou reagentes de laboratório, da preparação das amostras, das condições ambientais ou de outras causas. Estes controlos da qualidade, preparados unicamente com os reagentes utilizados nas amostras a analisar, permitem determinar a concentração que corresponde efetivamente ao analito e a que provém de contaminações (CITAC/EURACHEM, 2014). Cada tipo de branco desempenha uma função específica, salientando-se dois deles, o branco instrumental e branco de digestão.

Capítulo 2 – Controlo da Qualidade Interno Branco Instrumental: acompanha todo o processo de determinação dos analitos no ICP-MS. É uma solução preparada apenas com os reagentes utilizados nas amostras de teste. Verificam a pureza dos reagentes e outras causas de contaminação.

Branco de digestão: não contém, teoricamente, nenhum analito presente. Os reagentes utilizados são os mesmos que acompanham todo o procedimento analítico. A diferença deste branco está na sua preparação, pois é sujeito à digestão em microondas juntamente com as amostras analíticas. Verificam contaminações provenientes do método.

Estes, para além de serem excelentes monitores no controlo da qualidade, são também utilizados na estimação do limite de deteção (LOD) e de quantificação (LOQ).

2.2.2 Materiais de Referência Certificados

Os materiais de referência certificados (MRC) são materiais comprados pelo laboratório e prontos a serem utilizados no controlo da exatidão e precisão do método analítico. São matrizes acompanhadas de um certificado que foram preparadas sob condições específicas e que contêm os analitos em concentrações conhecidas com uma incerteza associada. São consideradas ferramentas úteis na obtenção de rastreabilidade em medições analíticas, na calibração de equipamentos e métodos, na monitorização do desempenho do laboratório, na validação de métodos e na comparação entre eles. Contudo, a utilização de um MRC não garante necessariamente a veracidade dos resultados (Taverniers et. al, 2004).

O MRC utilizado no controlo da qualidade deve conter a mesma matriz e a mesma concentração dos analitos das amostras de teste. Mas, nem sempre um MRC está disponível para tal. Nestes casos, podem ser utilizados MRC’s com matrizes semelhantes. No entanto, a sua utilização é limitada, muitas vezes, pelo facto de serem materiais particularmente dispendiosos (Thompson & Wood 1995)

2.2.3 Amostras Fortificadas (Spike)

As amostras Spike são soluções, da mesma matriz das amostras analíticas, ou brancos, às quais o analito de interesse foi adicionado deliberadamente em concentração conhecida. Estas amostras são fortificadas previamente à digestão e são submetidas a todo o procedimento analítico. A incerteza na concentração atribuída é limitada apenas pelo possível erro na determinação do analito antes da sua fortificação. Contudo, este método adiciona o analito de tal forma que não estará intimamente ligado à matriz da amostra como seria se estivesse presente naturalmente (Harvey, 2000).

O Spike não tem de ser restrito ao analito de interesse. Pode incluir outros elementos ou quantidades variáveis de uma determinada interferência por forma a avaliar o efeito da adição

Capítulo 2 – Controlo da Qualidade Interno

(2.1) As amostras Spike são avaliadas de acordo com a sua percentagem de recuperação no final do procedimento analítico, calculada através da equação 2.1.

%Rec. =valor medido − valor real (𝑆𝑝𝑖𝑘𝑒)valor real (𝑆𝑝𝑖𝑘𝑒)

2.2.4 Padrões de Controlo da Qualidade (QC’s)

Os padrões de controlo da qualidade, vulgarmente denominados por QC’s, são soluções preparadas com padrões multielementares. Estes padrões multielementares são comprados pelo laboratório e contêm na sua composição vários elementos químicos de concentração conhecida, ambos mencionados na embalagem. Devem ser independentes dos utilizados na calibração – de outras marcas ou lotes – para que os resultados das análises dos QC’s, ao fim de determinado tempo de estabilização, se mantenham constantes.

Os QC’s são utilizados para estimar a variação da resposta instrumental e monitorizar a qualidade das análises. Permitem verificar a validade da calibração inicial de forma regular através da verificação periódica da calibração do instrumento. Normalmente, são lidos pelo equipamento no início e no fim de cada análise e entre um número estabelecido de leituras de amostras. Se os critérios de aceitação para os QC’s não forem cumpridos, deve ser feita nova calibração e as amostras novamente analisadas (Millour et. al, 2010; Barwick et. al, 1999).

2.2.5 Padrão Interno

O padrão interno é uma substância que não se encontra presente nas amostras com propriedades físico-químicas tão semelhantes quanto possível às das soluções a analisar. É utilizado em laboratório com o intuito de eliminar os efeitos de matriz. Eliminando este erro sistemático, melhora-se a exatidão e precisão dos resultados. O padrão interno é adicionado às amostras, padrões de calibração e brancos, na mesma concentração.

Este padrão permite obter informação relativamente às alterações de sensibilidade do instrumento em diferentes regiões de massa. As variações na resposta instrumental devido a efeitos de matriz são controladas pela monitorização da recuperação destes padrões. Quando é afetado pelas matrizes, é possível excluir o elemento da sequência analítica (Diretiva 2002/657/EC; RELACRE, 1996; Millour et. al, 2010).

O padrão interno também pode ser adicionado em linha através da aplicação do sistema em “T”. A implementação deste sistema permite minimizar o efeito da matriz e as diferenças entre o volume retirado pelo equipamento para as diferentes amostras, assim como, monitorizar o efeito da temperatura da sala nos resultados obtidos (RELACRE, 1996).

Capítulo 2 – Controlo da Qualidade Interno

Documentos relacionados