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2 CONCEITOS DE GLOBALIZAÇÃO, COOPERAÇÃO

2.2 Cooperação Acadêmica Internacional

Uma instituição de Ensino Superior que se propõe a internacionalizar-se precisa ter uma estratégia clara a respeito dos seus instrumentos de cooperação acadêmica internacional devendo fazer parte de sua missão. Devido a importância do tema e pela relação tão próxima com Internacionalização do Ensino Superior entende-se ser necessário trazer alguns conceitos sobre cooperação acadêmica Internacional.

Consultando a base de nossa língua portuguesa, o dicionário Aurélio (Ferreira, 1988), traz os seguintes significados para as três palavras:

Cooperar: operar ou obrar simultaneamente, trabalhar em comum, colaborar, ajudar, auxiliar;

Acadêmico: relativo a academia, estabelecimento de Ensino Superior de ciência ou arte, faculdade, escola;

Internacional: que se realiza entre nações, relativo às ações entre nações, que se espalha por diversas nações.

Portanto, de forma simplificada, pode-se conceituar Cooperação Acadêmica Internacional como um trabalho colaborativo conjunto, realizado através de um estabelecimento de ensino envolvendo duas ou mais nações.

Jesús Sebastian (2004) definiu a Cooperação Acadêmica Internacional, como um conjunto de atividades realizadas entre instituições universitárias de diferentes países, que através de múltiplas modalidades, implica uma associação e colaboração em temas de política e gestão institucional.

Em outras palavras, as múltiplas modalidades podem ser entendidas como atividades de formação e pesquisa que estejam vinculadas ao fortalecimento mútuo das instituições com perspectivas a projeção institucional das mesmas além da melhoria da qualidade da docência; o aumento da mobilidade estudantil e a transferência do conhecimento científico tecnológico.

Praticamente na mesma linha de conceituação Zarur (2008), entende que cooperação acadêmica internacional, refere ao conjunto de ações cooperativas com instituições de outros países para o benefício mútuo, com a finalidade de ampliar as possibilidades de aumentar o conhecimento e o desenvolvimento. Nestas ações colaborativas preveem-se as possibilidades de acordos para programas de intercâmbio de mobilidade que aumentem o sentimento de integração à região e enriqueçam a formação dos estudantes, docentes e pesquisadores.

Para a pesquisadora brasileira neste tema, a professora Luciane Stalivieri (2004), o conceito de cooperação tem como um de seus primeiros pressupostos a ideia de alteridade, o respeito de um estado pela existência de outros estados, cujos objetivos podem e devem ser traçados por eles próprios, destacando que:

[...] a ação internacional pressupõe a inter-relação entre nações e, consequentemente, pressupõe o conhecimento, ou pelo menos a aceitação da existência do outro, intensificando a consciência de diversidade dos indivíduos e a sua visibilidade (STALIVIERI, 2004, p. 25).

Para Senhoras (2006) citando Sebastián (2002), existe uma revalorização da cooperação internacional através da generalização de instrumentos flexíveis de cooperação, como as redes e as alianças estratégicas entre universidades, que amplificam os benefícios da cooperação ao incrementar as possibilidades de interação e as modalidades de colaboração. Assim ações de cooperação internacional entre as instituições de Ensino Superior devem se basear na complementaridade de capacidades para a realização de atividades conjuntas e na associação para o beneficio mutuo através do fortalecimento institucional e da internacionalização da pesquisa e do ensino.

Há, contudo, uma gama de possibilidades para a cooperação internacional, que pode assumir formas distintas. De modalidades sutis até formas mais tradicionais de cooperação científica e tecnológica. Para exemplificar buscamos Georghiou (1998) que destaca a existência de duas modalidades de cooperação internacional: a) Cooperação Informal, e b) Cooperação Formal.

Quadro 3

Modalidades de Cooperação Acadêmica Internacional

Cooperação Formal Faz uso de documentos legais, protocolos, convênios e acordos. Envolve um comprometimento mais formal entre os pesquisadores/instituições participantes. Esses acordos se dão na esfera das instituições e governos.

Cooperação Informal Ocorre no âmbito de projetos específicos, através dos pesquisadores. Os compromissos se estabelecem em nível pessoal ou institucional, é muito comum na cooperação acadêmica.

Fonte: Senhoras (2006), baseado em Georghiou (1998)

Para exemplificar, um modelo de cooperação formal é o processo de Bologna, onde instituições de Ensino Superior europeias tem trabalhado em conjunto em ações que preveem o reconhecimento de estudos, estrutura para a transferência de

créditos, habilitações e diplomas em Educação Superior que vem contribuindo em larga medida para a mobilidade acadêmica internacional.

Outro exemplo de cooperação acadêmica, são as redes internacionais de Universidades, que foi mencionada na Conferência Mundial de Educação Superior realizada em Paris, em 2009, reafirmando a importância da cooperação internacional solidária como via para melhorar a qualidade das IES e como forma de reduzir a lacuna no tocante ao desenvolvimento de países mediante a transferência de conhecimentos, destacando o importante papel das redes internacionais de universidades e suas iniciativas conjuntas de pesquisa e os intercâmbios de alunos e docentes, para alcançar tais objetivos.

Em seu livro “Estratégias de Internacionalização das Universidades Brasileiras (2004)”, Luciane Stallivieri, discorre sobre sete modalidades de cooperação acadêmica internacional as quais citamos abaixo:

1. Programas de Mobilidade (alunos, professores e gestores), 2. Redes de Cooperação Internacional,

3. Acordos de colaboração,

4. Gestão da cooperação acadêmica internacional, 5. Alocação de recursos para cooperação internacional, 6. Fluxo de informações da cooperação internacional, 7. Avaliação e perspectivas da cooperação internacional,

Assim para que ocorra a internacionalização da IES, exige-se a existência de ações de cooperação internacional, pois são elas que contribuem para o desenvolvimento e para a qualificação do setor da educação superior, deve ser parte da estratégia da IES e para que ocorra o processo de cooperação acadêmica internacional são necessárias algumas condições fundamentais, conforme relaciona Stallivieri (2004, p. 25):

 [...] primeiramente, reconhecer a existência de atores, protagonistas da cooperação;

 em segundo lugar, os participantes devem estar envolvidos e comprometidos com as formas de cooperação, levando em conta a disponibilidade de seus recursos humanos e financeiros;

 os objetivos da cooperação devem estar claramente definidos e coerentes com as estratégias de execução;

 os projetos devem estar inseridos nos planos estratégicos de desenvolvimento das entidades ou das instituições, otimizando os benefícios e aprimorando os níveis de desenvolvimento dos parceiros;  o programa de atividades deve ser concretamente estabelecido

respeitando cronogramas e orçamentos previamente definidos;

 e, por último, o estabelecimento de mecanismos deve estar direcionado para o desenvolvimento e para a avaliação das ações de cooperação.