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RECICLUS

2.1.4 Cooperativas e associações de catadores

Dados do Diagnóstico do Manejo de Resíduos Sólidos Urba-nos publicado em 2019 indicam que as regiões Sudeste e Sul concentram o maior quantitativo de associações e coopera-tivas de catadores, enquanto a região Norte lidera com nú-mero de associados por cooperativa ou associação. Conforme apresentado na Tabela 3, a média de associados reduziu nos últimos anos avaliados.

Tabela 3 - Quantidade de associações e cooperativas de catadores e quantidade de catadores por macrorregião.

MACRORREGIÃO QUANTIDADE DE ASSOCIADOS (CA007)

QUANTIDADE DE COOPERATIVAS/

ASSOCIAÇÕES DE CATADORES (CA 006)

NÚMERO MÉDIO DE ASSOCIADOS POR COOPERATIVA/

ASSOCIAÇÃO

CENTRO-OESTE 2.951 131 22,5

NORDESTE 4.667 193 24,2

NORTE 1.661 53 31,3

SUL 12.181 499 20,2

SUDESTE 10.067 604 20,2

TOTAL 2019 31.527 1.480 21,3

TOTAL 2018 27.063 1.232 22,0

TOTAL 2017 28.880 1.153 25,0

Fonte: Adaptado de Diagnóstico do Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - 20197

7 https://www.gov.br/mdr/pt-br/assuntos/saneamento/snis/diagnosticos-anteriores-do-snis/residuos-solidos-1/2019

No entanto, os valores diferem de outros estudos recentes. De acordo com dados da Associação Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (ANCAT)8, o Brasil possui uma média de 37 catadores por organização, a maior média está no Cen-tro-Oeste, com 50 colaboradores e a menor média foi identi-ficada na região Nordeste, com média de 27 colaboradores.

Estes levantamentos são específicos para a atuação na gestão de materiais recicláveis como plástico, papel, metal e vidro. A atuação na gestão de REEE requer especificidades como área dedicada, capacitação mínima dos colaboradores e procedi-mento para carga e descarga dos equipaprocedi-mentos pós-consumo.

Ainda não há levantamentos exaustivos sobre o número de cooperativas que atuam com o segmento de REEE no Brasil.

Identificar o quantitativo de associados possibilita a realiza-ção de estudos prospectivos a respeito da eficiência de pro-cessos de coleta, classificação e triagem de materiais. No en-tanto, poucas associações e cooperativas atuam na gestão de REEE no Brasil.

Foram identificadas no levantamento deste diagnóstico mais de 40 cooperativas de catadores atuando especificamente na gestão de REEE no país. Parte dessas cooperativas atuam a partir de iniciativas de capacitação desenvolvidas por centros de pesquisa ou universidades, com o intuito de proporcio-nar informações relacionadas ao impacto social, ambiental e econômico da atividade. Dentre as iniciativas de capacitação, pode-se mencionar a série de capacitações realizadas pelo La-boratório de Sustentabilidade (LASSU/USP) e o Projeto LA-WEEEDA (UFRJ e UNESP).

O Instituto GEA, que atuou em cooperação com o LASSU/

USP na capacitação de associações e cooperativas para a ges-tão de REEE, realizou vários projetos (Eco Eletro I e II e Pro-jeto Descarte Legal I e II) em que capacitou cooperativas de catadores de 11 capitais brasileiras para que estas pudessem atender à população, recebendo resíduos eletrônicos e desti-nando-os de maneira ambientalmente adequada. E foi a prin-cipal referência na indicação de cooperativas elencadas para o diagnóstico. Algumas questões relevantes sobre a atuação das cooperativas, segundo a atuação do Instituto GEA, são apresentadas a seguir.

Um dos pontos mais críticos diz respeito ao desestímulo geral ao desenvolvimento de cooperativas. Ele é alimentado pela lacuna de ações governamentais, pela concorrência de empresas e pela atuação incipiente de universidades e centros de pesquisa.

As empresas que atuam no setor, por sua vez, percebem as associações e cooperativas como concorrentes e, em alguns casos, desleais por não possuírem o mesmo grau de compro-metimento e adequação legal. Os instrumentos normativos, por sua vez, permitem a atuação das associações e coopera-tivas sem, no entanto, consolidar rotas de incentivo ou paga-mento pelos serviços ambientais prestados.

O processo de segregação de materiais recicláveis pode ser realizado de forma eficiente por técnicas manuais não meca-nizadas. No entanto, ainda não se encontram bem difundidos os requisitos de segurança para a atuação dos catadores asso-ciados ou cooperados e, por isso, restringir a atuação desses

parte das esferas governamentais. Assim, os cooperados e as-sociados atuam prioritariamente com o transporte, triagem e estocagem dos REEE.

De acordo com o Instituto GEA, em média, as cooperativas re-cebem R$ 0,20 por quilo de material vendido. Isto porque a cooperativa fica com o que o mercado não quer. Para exempli-ficar a importância da parceria com o governo, uma articulação feita entre a Prefeitura de São José do Rio Preto com a Coope-rativa local para coleta dos REEE garantiu, além do armazena-mento, a separação fina dos componentes. Como resultado, o material passou a ser vendido, em média, a R$ 15,00 o quilo.

Foram entrevistadas 10 das 40 cooperativas identificadas.

As Cooperativas Coocares (PE), a Cooper Rio Oeste (RJ) e a Coopernova Cotia Recicla (SP) ressaltaram a importância da capacitação. Antes de serem qualificadas pelo Instituto GEA as cooperativas desmontavam os REEE, mesmo sem equi-pamento de proteção individual (EPI). Todas mudaram seus procedimentos após as capacitações, inclusive entendendo a importância de não desmontarem determinados tipos de REEE. O mesmo pensamento da representante da Cooper Ecológica (RJ), que afirmou ter outra abordagem sobre REEE após ter sido capacitada pelo CETEM. A seguir são pontuados os principais aspectos da gestão de REEE no Brasil a partir da percepção dos entrevistados.

• As cooperativas e a Associação entrevistadas não apresentam alta rotatividade de cooperados/associados. Ao contrário, a maioria dos cooperados ou associados atua desde o estabeleci-mento da organização.

• Todas questionam a ausência de normas e informações sobre como fazer a separação e caracterização, quais os riscos ineren-tes ao gerenciamento dos REEE e procedimentos seguros para o manuseio e desmontagem, por exemplo.

• As cooperativas que somente trabalham com REEE fazem men-ção à falta de visão de gestão das cooperativas, a necessidade de profissionalizar o catador – quanto maior a capacitação, mais distante do ferro velho (organizações ilegais) e a necessidade de parcerias confiáveis.

• Todas as cooperativas mistas (aquelas que processam REEE e ou-tros materiais) vinculam a coleta à educação ambiental. Especial-mente em campanhas e na coleta à pessoa física. Duas das coope-rativas entrevistadas possuem museus e educadores ambientais.

• Todas reclamam do tempo para armazenar um volume signi-ficativo de REEE e atribuem em grande parte à falta de parce-ria com as Prefeituras. E ainda apontam que empresas surgem como concorrentes desiguais.

• Também afirmam que os componentes que trariam mais recur-sos para a cooperativa são extraídos pelos fornecedores antes de receberem o material. Especialmente quando vem de gran-des geradores, mesmo órgãos públicos, restando às cooperati-vas o material de baixo valor agregado “que ninguém quer”.

• Não há uma cultura de sensibilização para a gestão dos REEE, a exemplo do que já ocorre com a coleta seletiva. Falta publici-dade, faltam campanhas, falta divulgação e entendimento do público sobre a destinação correta do material.

• Indicação de pouco ou nenhum apoio governamental para que as cooperativas atuarem nos sistemas de logística reversa. Por exemplo, não há isenção fiscal para as cooperativas (recolhem 20% de INSS e os cooperados pagam imposto de renda).

• A extinção do Dec. 7.405 de 2010, que instituía o Programa Pró Catador e Inclusão social e econômica do catador na PNRS, co-locou as cooperativas em um ambiente de competição desigual em relação à atuação das empresas. As empresas possuem mais recursos e até citam práticas desleais, como o uso da atuação de associações e cooperativas para finalidade de recepção e trans-bordo de material com isenção de tributos.

A Tabela 4 apresenta as características das cooperativas en-trevistadas. À exceção da Coopama (RJ), que possui 123 coo-perados, a média de colaboradores é 19,6 por unidade. As áreas ocupadas pelas cooperativas e associações de catadores entrevistadas variam entre 200 e 2.000 m2.

Tabela 4 - Cooperativas e associação de catadores atuando na resíduos eletroeletrônicos entrevistadas.

COOPERATIVA CNPJ CONTATO ENDEREÇO ENDEREÇO

ELETRÔNICO DATA

CRIAÇÃO

COLABO-# RADORES 1. PRORECIFE/PE 08.188.106/0001-72 Roberta de

S. Pessoa Cardoso

R. Antônio Cardoso da Fonte, 483 – Imbiribeira, Recife/PE. CEP:

51170-620 prorecife@yahoo.com.br 25/07/2006 22

RAZÃO SOCIAL: Cooperativa de Trabalho de

Catadores Profissionais do Recife - PRORECIFE (81)

98571-3503 https://www.facebook.

com/prorecife/ TAMANHO: estimado em 800 m2 2. COOPERECOLÓGICA/RJ 21.313.909/0001-70 Clarisse

Aramian

Rua Tocantins, S/N, lote 01 quadra 42 - Jardim Gramacho - Duque de Caxias/

RJ – CEP: 25055-390

coopecologicagramacho

@gmail.com 29/10/2014 33

RAZÃO SOCIAL: Cooperativa de Trabalho dos Catadores De Material Reciclável Da Baixada

Fluminense Ltda

(21) 970342139 / (21)

3580-8282

https://www.

cooperecologica.com.br/

TAMANHO: 1.500 m2 – 50 m2 (específico

REEE) 3. CÉU AZUL / E-LIXO 10.607.231/0001-11 Luiz Claudio

Pinho Rua Isidro Rocha, 70, Vigário Geral,

Rio de Janeiro/RJ – CEP: 21241-180 23/01/2009 18

RAZÃO SOCIAL: Cooperativa de Trabalho dos

Catadores de Lixo CEU AZUL (21)

98390-0666 https://www.e-lixo-rj.

com.br/

TAMANHO: 600 m2 (somente atuam com

REEE) 4. COOPAMA/RJ 06.698.644/0001-81 Luiz Carlos

Fernades

Rua Miguel Ângelo, 385, Maria da Graça - Rio de Janeiro/RJ – CEP:

20785-901 luicoop@gmail.com 01/07/2004 123

RAZÃO SOCIAL: Cooperativa Popular Amigos do

Meio Ambiente LTDA (21)

99727-6102

https://www.recicloteca.

org.br/cooperativa/

coopama-conheca-uma-cooperativa-carioca/

TAMANHO: > 1.400 m2 e 800 m2 para REEE 5. COOMUBI/RJ 10.364.302/0001-00 Cybele Av. Coelho da Rocha, 2500 - Rio de

Janeiro/RJ – CEP: 26572-481 21/07/2008 16

RAZÃO SOCIAL: Cooperativa de Trabalho Popular

de Reciclagem e Serviços Mulheres da Baixada LTDA (21)

96896-4168 TAMANHO: 470 m2 não

específico REEE

COOPERATIVA CNPJ CONTATO ENDEREÇO ENDEREÇO ELETRÔNICO DATA CRIAÇÃO

FUNCIO-# NÁRIOS COOPERTEC/6.

RS

17.681.134/

0001-18 Rogerio

Vieira

Rua Piauí 292, Bairro Niterói,

Canoas/RS – CEP:

92130-240

coopertecreciclagem@gmail.com 28/02/2013 13

RAZÃO SOCIAL: Cooperativa de Trabalho de Reciclagem Tecnológica –

COOPERTEC

(51)

98416-9301 https://www.coopertecrs.com.br/inicio TAMANHO: 200 m2

+ 100 m2 área de manobra