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O cooperativismo no Tocantins coincide com o cooperativismo do estado de Goiás, porém conquista os anais da história com a criação do estado em 1988. Desde o norte goiano já existiam algumas cooperativas em operação, que a partir da criação da Organização das Cooperativas do estado do Tocantins, passaram a compor a esta organização.

Desde a criação do estado do Tocantins (1988), apenas em 2012, foi criada a Lei nº 2.594, de 11 de junho de 2012, que instituiu a Política Estadual de Apoio ao Cooperativismo (PEAC), com a finalidade de promover o desenvolvimento social, econômico e cultural do setor cooperativo em nível estadual. A lei também estimula pesquisadores, parceiros e empreendedores sociais a elaborarem estudos, pesquisas e publicação de material didático de apoio, de modo a despertar a produção intelectual e acadêmica em torno da temática (TOCANTINS, 2012).

Com a PEAC foi criado o Fundo de Apoio ao Cooperativismo (FACOOP-TO) e o Conselho Estadual do Cooperativismo (CECOOP), sendo este órgão de natureza colegiada, normativa, consultiva e deliberativa, ambos os instrumentos de implementação da PEAC.

Antes mesmo da PEAC, os órgãos de governo atuavam por meio as Secretarias de estado de forma pontual em determinados segmentos do ramo cooperativista, a exemplo da Secretaria da Agricultura do estado do Tocantins (SEAGRO) que em 1998 iniciou Programa

Bacia Leiteira (SILVA; PETARLY, 2015) e em 1999 lançou um projeto de constituição de cooperativas de crédito rural (SEAGRO, 2013).

Sobre as políticas públicas alhures, Programa Bacia Leiteira e Projeto de Criação de Cooperativas de Crédito Rural no estado do Tocantins, Silva e Petarly (2015) analisaram ambas as políticas em relação à elaboração, implantação, avaliação e impacto concluindo que o Programa Bacia Leiteira não conseguiu atingir resultados em relação ao fomento do cooperativismo, visto que o programa não está mais vigente, chamando atenção especial pela falta de efetividade e de impacto esperado.

Em relação ao Projeto de Criação de Cooperativas de Crédito Rural de 1999, apontam Silva e Petarly (2015) que o projeto também enfrentou sérios problemas na sua implantação e dificuldade no desenvolvimento do projeto apresentando baixa efetividade, ou seja, na análise da eficácia, efetividade, eficiência e impacto é próxima da política anterior apesar de atingir melhores resultados, visto que do total de 6 cooperativas de crédito implantadas, 3 conseguiram permanecer na ativa.

Apesar dos resultados tímidos das políticas públicas implementadas no estado do Tocantins nos anos de 1998 e 1999, o cooperativismo não perdeu sua importância na promoção do desenvolvimento regional e local, destacando-se também na produção agrícola estando na colocação de 15o dentre os estados produtores (IBGE, s/d).

Para Braúna (2016), o cooperativismo promove o desenvolvimento no estado do Tocantins. O autor destaca algumas vantagens: fortalecimento da agricultura, fortalecimento dos microempreendedores através do crédito, fortalecimento do sistema de saúde, melhoria no sistema de gestão das cooperativas, promoção da democracia, circulação de recursos financeiros na comunidade, geração de emprego e/ou renda, promoção da educação, benefícios sociais na comunidade, melhoria do bem-estar social e acessibilidade de informações.

Para as cooperativas com aptidão agrícola de destaque, a exemplo da Cooperativa Agropecuária Tocantinense (COAPA) que se consolida como referência no estado tanto em termos de produtividade, na organização dos produtores e qualificação da gestão. E ainda, no que se refere à agricultura familiar, a Cooperativa dos Agricultores Familiares do Bico do Papagaio (COAF-Bico) se consolida na intermediação da comercialização dos produtos agrícolas.

Para o autor, o cooperativismo propicia o fortalecimento da agricultura em proporções quantitativas e qualitativas. A chegada das cooperativas de crédito ao estado do Tocantins possibilitou o acesso ao crédito de forma mais democrática, especialmente aos

microempreendedores tocantinenses que puderam obter crédito à juros mais baixos, sendo um incentivo para a consolidação dos microempresários (BRAÚNA, 2016).

Ressalta-se que o cooperativismo também está presente no sistema de saúde, de suma importância aos cidadãos que pretendem viver com qualidade, promovendo “a expansão e o melhoramento do sistema de saúde no estado do Tocantins” a exemplo das Unimed’s (BRAÚNA, 2016, p.122).

A alta competitividade no mercado tem influenciado no aprimoramento do sistema de gestão das cooperativas para que não percam espaço no mercado em vista das empresas mercantis, portanto, as cooperativas têm buscado se qualificar e aprimorar a gestão em níveis estratégicos, táticos ou operacional (BRAÚNA, 2016).

Ainda segundo Braúna (2016, p.123) relata que

na literatura referente ao cooperativismo, é notória a capacidade das cooperativas em promover a democracia. A sua própria arquitetura favorece isso, a exemplo dos seus princípios, pois além da gestão democrática já existente, todos os outros passam pela decisão democrática para que sejam aplicados.

Desta forma, as cooperativas se estabelecem como um espaço democrático favorecendo sua responsabilidade pelo desenvolvimento.

Ao promover o desenvolvimento, as cooperativas são veículos de mobilização de recursos nas comunidades onde estão localizadas haja vista o empenho na promoção de ações que fomentam a produção de bens e serviços e consequentemente beneficia a circulação de recursos na própria comunidade.

E dentre os aspectos do desenvolvimento local, a atividade cooperativa também promove a geração de emprego e renda, pois através do sistema de cooperativa o cidadão tem condições de se inserir na compra, venda, uso e fornecimento de bens e serviços se beneficiando de melhores condições de trabalho e renda, gerando oportunidades e qualidade de vida no meio.

Os benefícios em cadeia não param, dentre os princípios cooperativista também está a promoção da educação que engloba a formação e informação dos cooperados e suas famílias nos mais variados níveis de educação, básico, médio, superior, profissionalizante, pós- graduação, enfim, educação para crescimento profissional, mas também para a formação de cidadãos (CANÇADO, 2007). Além da educação, outros benefícios sociais são objeto de promoção pelas cooperativas, quais sejam, promoção do lazer, cultura, esporte e arte.

Para Braúna (2016, p. 126) “isso são os frutos do crescimento econômico das cooperativas transformados em benefícios sociais”.

Desta forma, na medida em que as cooperativas proporcionam melhores condições de trabalho, renda e demais benefícios sociais à comunidade local esta irá consequentemente melhorar o bem-estar e os índices do IDH (índice de desenvolvimento humano), que é a medida resumida do progresso em longo prazo da renda, educação e saúde de uma localidade. Este índice, segundo estudos empíricos, em municípios onde existe cooperativa(s), o IDH é superior daqueles onde não possuem (BRAÚNA, 2016).

Segundo dados da SESCOOP sobre o panorama do cooperativismo no estado do Tocantins o ano de 2015 fechou com um total de 45 cooperativas distribuídas nos ramos elencados no Quadro 9, a seguir:

Quadro 9 – Ramos de cooperativas no Tocantins

RAMOS DE COOPERATIVAS ANO DE 2015

Agropecuário 14 Consumo 0 Crédito 03 Educacional 04 Especial 0 Habitacional 0 Infraestrutura 0 Mineral 03 Produção 01 Saúde 07 Trabalho 06 Transporte 07 Turismo e Lazer 0 TOTAL 45 Fonte: SESCOOP (2018, s/p).

Pode-se vislumbrar que o sistema cooperativista presta relevância contribuição para as comunidades, tanto em nível local quanto regional e em diferentes dimensões, impactando o desenvolvimento sustentável nas diversas ordens anteriormente elencadas.