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Na perspectiva de Moore e Kearsley (2011), a complexidade das atividades administrativas varia de acordo com os de sistemas de EAD, que podem ser divididos em dois modelos. O primeiro é o da instituição de finalidade única, totalmente dedicada à educação a distância. Nela todo o corpo docente e os colaboradores se dedicam exclusivamente à EAD. Como exemplo disso é possível apontar as universidades abertas. O segundo modelo, que na visão dos autores aparenta ter maior aceitação, é a instituição de finalidade dupla, onde se agrega a educação a distância juntamente com o já tradicional ensino presencial, com o corpo docente atuando nas duas modalidades. Nesse segundo modelo, o que ocorre de maneira frequente é a criação de uma unidade de apoio exclusiva para as atividades de educação a distância.

Segundo Moore e Kearsley (2011), para os coordenadores, uma das principais responsabilidades é o planejamento estratégico do curso. Essa tarefa envolve desde a definição das metas prioritárias, e projeções futuras, até a avaliação contínua das práticas dos discentes e docentes.

Moore e Kearsley (2011) ainda colocam que é importante o acompanhamento dos desenvolvimentos tecnológicos, por parte dos coordenadores, de modo que as novas tecnologias possam vir a ser inseridas no intuito de trazer uma maior eficiência, tanto para as práticas pedagógicas, como para os procedimentos administrativos.

Conforme Eliasquevici e Prado Junior (2008), as dificuldades ligadas à decisão e à execução das tarefas dos coordenadores dentro de um curso à distância tornam-se claras quando se vislumbram as complexidades advindas do alto número de colaboradores, com características distintas, envolvidos. Para ser ter melhor noção da quantidade de profissionais necessários a um curso a distância, Moore e Kearsley (2011) apresentem os seguintes atores:

a) especialistas nas diversas disciplinas, geralmente os acadêmicos da instituição de ensino;

b) profissionais para criar a instrução;

c) instrutores para ensinar nos cursos criados; d) especialistas em apoio aos alunos;

e) especialistas em tecnologia e técnicos que instalam e fazem a manutenção dos sistemas de comunicação;

f) administradores, tais como diretores de programas, gerentes de cursos e coordenadores de polos;

g) auxiliares que processam matrículas, notas de avaliação ou materiais; e, h) dirigentes, tais como reitores, presidentes e outros executivos.

Para que sejam criadas as condições necessárias para a realização de um curso com qualidade, deve-se tanto planejar e organizar adequadamente todo o sistema de funcionamento, como também coordenar e controlar todos os fatores envolvidos no fluxo das atividades dos cursos (MILL et al., 2010). Antes de tudo, contudo, é importante estar realmente atento para o fato de que a modalidade de educação a distância é bem mais dinâmica do que a educação presencial, pois há maior fragmentação do trabalho e saberes necessários para execução das tarefas, o que exige atenção especial por parte dos coordenadores para que aconteçam articulações adequadas entre os vários atores inseridos no curso (MILL et al., 2010).

Dentro dessa situação bastante dinâmica proporcionada pela EAD, com dispersão dos colaboradores, Moore e Kearsley (2011) apontam a necessidade de um sistema de monitoramento e avaliação eficaz. Para isso, segundo os autores, há a necessidade de uma rede de indicadores que disponibilize dados sobre o desempenho do discente e do docente, de modo frequente e rotineiro, com os dados sendo transferidos para um centro de controle onde possam ser avaliados.

No do âmbito da Universidade Aberta do Brasil, o coordenador de curso se caracteriza por ser um:

[...] professor ou pesquisador designado/indicado pelas IPES vinculadas ao Sistema UAB, que atuará nas atividades de coordenação de curso implantado no âmbito do Sistema UAB e no desenvolvimento de projetos de pesquisa relacionados aos cursos, desde que comprove a experiência de, no mínimo, três anos de magistério superior [...] (ou) Aquele que não comprovar essa experiência, mas que tenha formação mínima em nível superior e experiência de 1 (um) ano no magistério superior, ou a vinculação a programa de pós-graduação de mestrado ou doutorado (CD/FNDE, 2009, p. 07).

Junto ao coordenador de curso, há também o coordenador de tutoria, que é aquele que se relaciona e se responsabiliza diretamente pelos professores-tutores. Para Berti e Vermaas (2012, p. 06), é papel dos coordenadores de tutoria assistir os professores-tutores “nos mais diversos trabalhos relacionados com o curso, sugerir mudanças de acordo com a postura do tutor para tratar de determinado assunto, ditar regras a serem cumpridas e apoiar os tutores em seu trabalho”.

Na perspectiva de Garbin et al. (2010), cabe ao coordenador de tutoria articular as informações sobre o desempenho dos professores-tutores e repassá-las para a coordenação de curso. O objetivo por trás disso é contribuir para que as atividades de ensino sejam realizadas em conformidade com o projeto pedagógico do curso e para que haja, de modo concomitante, integração entre professores-titulares, professores-tutores e os próprios coordenadores.

A legislação da UAB descreve o coordenador de tutores como o:

[...] professor ou pesquisador designado/indicado pelas IPES vinculadas ao Sistema UAB, que atuará nas atividades de coordenação de tutores dos cursos implantados no âmbito do Sistema UAB e no desenvolvimento de projetos de pesquisa relacionados aos cursos, desde que comprove a experiência de, no mínimo, três anos de magistério superior [...] (ou) Aquele que não comprovar essa experiência, mas que tenha formação mínima em nível superior e experiência de 1 (um) ano no magistério superior, ou a vinculação a programa de pós-graduação (CD/FNDE, 2009, p. 08).

Diante do exposto pela literatura, pode-se verificar que é um tanto quanto dificultoso para os coordenadores exercerem mecanismos de controle sobre os outros atores inseridos em um curso de EAD, principalmente sobre os professores. Sendo assim, mesmo com a definição de metas e objetivos, aplicá-los não é simples. Aparentemente, isso acontece, em parte, por causa de uma lógica mais dinâmica e complexa dos aspectos de um curso a distância, como também, principalmente, porque os professores ainda continuam a manter, nas grades das IPES, um alto grau de autonomia sobre as suas atividades.