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Análises Químicas

No documento Maria Cândida de Oliveira Bello Corrêa (páginas 90-97)

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.2 Caracterização das Lamas de Forma Segregada

4.2.3 Caracterização da Lama R E3

4.2.3.1 Análises Químicas

20 40 60 80 100 120

0 100 200 300 400 500 600 700 800

Diâmetro médio das partículas

FIGURA 41 - Distribuição

% Acumulado

Sem ultassom Ultrassom com 30 seg. Ultrassom com 60 seg.

Ultrassom com 120 seg. Ultrassom com 180 seg.

FIGURA 42 – Distribuição do diâmetro das partículas em percentual acumulado, na lama RE2

Os valores obtidos para os diâmetros das partículas presentes na lama RE2, em todos os experimentos, encontram-se no ANEXO C.

4.2.3 Caracterização da Lama RE3 - Lama do efluente contínuo da decapagem de aços inoxidáveisl e aço silicioso

4.2.3.1 Análises Química

Realizaram-se analise químicas para a identificação do percentual dos elementos Al, C, Ca, Fe(metálico), Fe(total) K, Mg, Mn, Na, Ni, P, Pb, S, Si, Ti e Zn na amostra bruta, amostra do extrato lixiviado e na amostra do extrato solubilizado, procedeu-se de acordo com metodologias específicas e normatizadas descritas no item 3.2.3.

4.2.3.1.1 Concentrações de elementos inorgânicos

Realizou-se a análise no laboratório da UFMG e laboratório de pesquisa da empresa. Os resultados obtidos referem-se ao elemento na forma simples. Para a forma combinada (óxidos), calculou-se o valor da concentração através da estequiometria da molécula resultante, sendo expressos na unidade de porcentagem (P/P). A concentração dos elementos metálicos e não-metálicos presentes na lama RE3 constituem a TABELA 31.

Os elementos Fe, Ca e S apresentaram-se em maiores percentuais de concentração na lama RE3 e, em menores proporções, C, Cr, Ni, Fem e Mg, sendo sua concentração representativa para propriedades da lama RE3.

A elevada concentração do ferro (Fe) é consequência da dissolução da camada de óxidos e possível ataque dos aços. A concentração do enxofre tem como principal fonte o H2SO4 usado como agente decapante. A concentração do cálcio é predominantemente oriunda do hidróxido de cálcio Ca(OH)2 adicionado ao processo como agente de neutralização do pH dos efluentes e agente para precipitar íons metálicos solúvel.

TABELA 31

Composição química da lama RE3

Elemento

Teor (% P/P)

*

Teor (% P/P)

**

Médias (%P/P)

Conversão no composto

Teor (% P/P)

Al ND 0,210 0,210 Al2O3 0,794

C 1,250 1,280 1,265

Ca 14,740 9,460 12,100 CaSO4

CaO

26,000 9,910

Cr 0,183 2,940 1,565 Cr2 O3 2,720

Fe m ND 1,520 1,520

Fe total 22,500 23,400 22,950 Fe2O3 32,170

K ND 0,033 0,033 K2O 0,017

Mg 1,160 2,020 1,590 MgO 1,920

Mn 0,098 0,320 0,209 MnO2 0,155

Na ND 0,260 0,260 Na2O 0,0129

Ni 0,532 1,740 1,136 NiO2 0,822

P 0,048 0,103 0,0755 P2O5 0,110

Pb ND 0,010 0,010 PbO2 0,003

S 6,120 1,460 3,790 SO4 18,340

Si 0,093 0,120 0,1065 SiO2 0,199

Ti ND 0,020 0,020

Zn 0,003 0,007 0,005 ZnO 0,004

FONTE - * Laboratório da UFMG, ** Laboratório de pesquisa da empresa ND – concentração não determinada

A representação gráfica dos elementos constituintes da lama RE3 e sua respectiva concentração percentual encontram-se na FIGURA 43

Al C Ca

Cr Fe metálico Fe total

K Mg

Mn Na Ni

P Pb S

Si Ti Zn 0

5 10 15 20 25

Elemento químico

Concentração (%)

FIGURA 43– Elementos metálicos e não-metálicos identificados na lama RE3

Valor de pH

A lama RE3 apresentou em contato com água, na fase sobrenadante, um valor de pH=10,1. Nesse valor de pH tem-se uma precipitação dos íons metálicos presentes no efluente E1, E2 e E3 .

4.2.3.1.2 Perda por Calcinação - PPC

Determinou-se uma perda por calcinação (PPC) de 24,18% na lama Composição química da lama RE3, através de seu aquecimento até 900ºC. Essa perda de massa corresponde à massa de material volátil e a água presente em diferentes formas de hidratação.

4.2.3.1.3 Lixiviação e Solubilização

Os parâmetros necessários para o cumprimento da norma de procedimento que identificam os elementos no extrato lixiviado (NBR 10005/87) e no extrato solubilizado (NBR 10006/87) estão fundamentados nos itens 2.2 e 3.2.3.1.2 deste trabalho. Os valores dos parâmetros utilizados no teste de lixiviação encontram-se no TABELA 32

TABELA 32

Valor de parâmetros no procedimento de lixiviação da lama RE3

* VMP – valor máximo permitido, HAc – ácido acético

Os procedimentos das normas da ABNT foram rigorosamente obedecidos.

Pesquisou-se a concentração de todos os elementos poluentes identificados nas listagens no7, no8 e no9, especificadamente, e os resultados encontrados para as concentrações e o limite máximo normalizado pela NBR 10004/87 encontram-se,

Parâmetros Valor Referência

(VMP*)

Massa da amostra (g) 50 100

pH inicial 9,04 __

pH final 5,49 5 ± 2

Volume de HAc ** 5N (mL) 20 200

Tempo total (h) 24 24

de forma sintetizada, na TABELA 33.Os elementos que não apresentam valor de concentração na TABELA 33, justifica-se pela não exigência da norma específica de procedimento.

A classificação da lama RE3, quanto aos riscos ambientais e a saúde publica, baseia-se no resultado da concentração do poluente que ultrapassa ao limite normalizado pela NBR-10004/87. Na TABELA 34 evidenciam-se os elementos que apresentam grau de periculosidade relacionado ao tipo de amostra da lama RE3.

TABELA 33

Concentrações de elementos no extrato solubilizado, no extrato lixiviado e amostra bruta da lama RE3

base: NBR 10004/87

Elementos

Extrato Solubilizado

(mg/L)

VMP (mg/L)

Extrato Lixiviado (mg/L)

VMP (mg/L)

Amostra bruta

(mg/kg) VMP (mg/L)

Alumínio <0,1 0,200 ** - *** -

Arsênio < 0,05 0,050 < 0,5 5,0 < 5 1000,0

Bário 0,8 1,000 1,8 100,0 *** -

Berílio * - ** - < 2 100,0

Cádmio < 0,005 0,005 < 0,02 0,5 <0,5 -

Chumbo <0,05 0,050 < 0,05 5,0 8 1000,0

Cobre < 0,02 1,000 ** - 10 -

Cromo total <0,02 0,050 < 0,02 5,0 2290 -

Cromo hexav. * - ** - < 1 100,0

Manganês 0,02 0,100 ** - *** -

Mercúrio < 0,001 0,001 < 0,001 0,1 < 0,1 100,0

Prata < 0,01 0,050 < 0,01 5,0 *** -

Selênio < 0,01 0,010 < 0,5 1,0 < 1 100,0

Sódio 88,0 200,0 ** - *** -

Zinco < 0,02 5,0 ** - 12 -

Níquel * - ** - 263 -

Ferro < 0,1 0,3 ** - *** -

Vanádio * - ** - 6 1000,0

Radicais

Extrato Solubilizado (mg/L)

VMP (mg/L)

Extrato Lixiviado (mg/L)

VMP (mg/L)

Amostra bruta (mg/kg)

VMP (mg/L)

Cianetos 0,081 0,100 ** - 0,5 1000,0

Cloretos 360 250,0 ** - *** -

Dureza

(mg CaCO3 / L)

2052 500,0 ** - *** -

Fenóis < 0,001 0,001 ** - 1,0 10,0

Fluoretos 3,0 1,500 6,1 150,0 *** -

Nitratos 795 10,0 ** - *** -

(mg N/ L) Sulfatos (mg SO4 / L)

1245 400,0 ** - *** -

Surfactantes (tensoativo)

1,0 0,200 ** - *** -

* Elementos que não constam da Listagem no7 do ANEXO G, ** Elementos que não constam da Listagem no8 do ANEXO H, *** Elementos que não constam da Listagem no9 do ANEXO I

Extrato Solubilizado – concentração do poluente na amostra lixiviada do RE3

VMP - valor máximo permitido pela NBR 1004/87

TABELA 34

Elementos encontrados na lama RE3 com grau de periculosidade

base: ABNT Amostra

(Norma de procedimento)

Concentração do elemento ( *VMP)

Extrato Solubilizado (NBR-10006/87)

Cloretos 360 mg/L - (VMP 250 mg/L), Dureza 2052 mg/L - (VMP 500 mg/L), Fluoretos 3 mg/L - (VMP 1,5 mg/L), Nitratos 795 mg/L - (VMP 10 mg/L), Sulfatos 1490 mg/L - (VMP 400 mg/L) Sulfactantes 1mg/L - (VMP 0,2 mg/L).

Extrato Lixiviado e Massa Bruta

Ausência de poluente com concentração acima do VMP

* VMP – valor máximo permitido

A lama RE3 não possui propriedade tóxica, nenhum dos elementos apresentou concentração superior ao valor da Listagem no7 (base W.H.O.- Guidelines for drinking water quality- vol.1 – Recommendations – Genebra - 1984) e após o teste de lixiviação não apresentou nenhuma substância que constasse da Listagem No. 4 - ANEXO D. Classifica-se como não-perigoso diante do resultado da análise na amostra bruta, em que nenhum poluente apresentou valor de concentração superior ao constante da Listagem no9 (base Ministério do Meio Ambiente – França).

Na análise da amostra do extrato solubilizado, o resultado obtido para a concentração dos elementos ao ser comparado com os valores constante na Listagem no8 - Anexo H (base W.H.O e completados com a Portaria No.56 Bsb, do Ministério da Saúde – Padrão Brasileiro de Potabilidade de Água), identifica-se os contaminantes: cloreto (Cl-1), dureza (Ca), fluoretos (F-1), nitratos (NO3-1

), sulfatos

Parâmetro Amostra bruta (%) VMP (%)

Óleos e Graxas 0,61 5

(SO4-2

) e fluoretos (F-1) em valores superiores ao limite exigido na norma. A alta solubilidade em água desses poluentes define a classificação da lama RE3 em resíduo classe II – não-inerte (base W.H.O e completados com a Portaria no.56 Bsb, do Ministério da Saúde – Padrão Brasileiro de Potabilidade de Água).

Ao compararmos a concentração do elemento solubilizado com o limite máximo permissível para lançamento em coleções de águas, tendo como padrão de referência a legislação Federal (Resolução do CONAMA no20 de 18/06/86 e a legislação Estadual (Deliberação Normativa do COPAM no10 de 16/12/86), os poluentes sulfatos, cianetos, nitratos e fluoretos ultrapassam o limite máximo permissível. Na TABELA 35 relaciona-se o valor de concentração máxima permissível em água de rio pela legislação e o valor obtido no extrato solubilizado da lama RE3.

TABELA 35

Concentração de elementos na lama RE3 e o valor máximo permitido para o lançamento em água de rios

Elemento (Extrato solubilidade (mg/L)

VMP - COPAM (mg/L)

Al < 0,1 0,100

Cd < 0,005 0,001

CN-1 0,081 0,010

Pb < 0,05 0,030

Cl-1 360 250,0

Cu < 0,02 0,020

Fenol < 0,001 0,001

Fe < 0,1 0,300

F-1 3,0 1,400

Mn 0,02 0,100

Hg < 0,001 0,0002

NO3

-1 795 10,000

SO4

-2 1.245 250,000

Zn < 0,02 0,180

VMP - Valor máximo permissível para água do rio

Torna-se indispensável a lama RE3 uma disposição final adequada, existe grande possibilidade de causar impactos ambientais, contaminando água do rio.

Classificado como resíduo Classe II, o destino final para a lama RE3 deve atender a deliberação Normativa no7, de 29/09/81, do COPAM (critério para controle da poluição do solo). Seu armazenamento, condição necessária para ser transportado e/ou aguardar o destino final, deve atender às condições básicas de segurança (NB 1264). Recomenda-se que seja acondicionado em tambores ou caçambas fechadas e identificado como resíduo não inerte. Para sua disposição final, sugere-se o encaminhamento ao aterro industrial, ou reciclado ou incinerado.

No documento Maria Cândida de Oliveira Bello Corrêa (páginas 90-97)

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