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5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.6 Correlações das anomalias magnéticas com anomalias morfoestruturais

Na Figura 26, o mapa de realce da ISA-GHT é apresentado sobre o relevo sombreado do terreno para visualização dos locais de correspondência entre morfoestruturas superficiais e estruturas magnéticas em profundidade existentes na área de estudo.

Para facilitar a visualização também foram isolados valores positivos máximos do mapa de ISA-GHT, que representam as estruturas magnéticas, estes resultados são apresentados na Figura 27. As principais áreas de correlações com a morfologia do terreno estão destacadas em vermelho. Nota-se, na maioria dos casos, que quando há certa correspondência entre as feições, as estruturas magnéticas ficam posicionadas à sudeste das estruturas do MDE.

Estes lineamentos magnéticos tiveram sua correlação com o terreno apontada no item 5.3.2. Nas Figura 21(C) e (F) também é possível notar como a profundidade afeta esta correlação, ou seja, é possível inferir quais estruturas superficiais tem maior continuidade em profundidade.

Figura 27. Principais correspondências entre os lineamentos magnéticos, indicados em azul, extraídos dos valores máximos da ISA-GHT (continuação para cima de 100m) e morfoestruturas do relevo (iluminante de direção norte e a elevação de 45º) indicadas por elipses em vermelho.

Neste trabalho informações acerca de anomalias morfoestruturais superficiais, interpretadas principalmente na forma de lineamentos, são obtidas a partir de informações extraídas ou interpretadas MDE. Este é uma representação digital daquilo que observamos na superfície da paisagem, com as devidas limitações da resolução espacial. A coerência destas informações pode facilmente ser verificada através da observação do terreno in loco ou a partir de imagens áreas, hoje com distribuição relativamente acessível ao público. No entanto, o conhecimento das geometrias dos corpos geológicos em subsuperfície ainda apresenta grandes incertezas, haja vista que a verificação direta demandaria alto investimento em sondagens.

Nesse contexto, tenta-se fazer uma inferência das geometrias dos corpos em profundidade a partir de dados magnéticos. Para este propósito as soluções de Euler podem representar o contato entre corpos localizados em profundidade. Logo sua distribuição, embora discreta, pode

fornecer informações sobre geometria de corpos causadores de anomalias magnéticas, em profundidade.

A superfície obtida a partir da interpolação por curvatura mínima das soluções de Euler é um tipo de dado semelhante ao MDE, no sentido em que ambos representam digitalmente superfícies. Por este motivo a comparação entre estes dois poderia ser aplicada para verificar correlação entre relevo e profundidade. Uma correlação positiva pode ser entendida com um evidência de relação de causa e consequência entre anomalias observadas no relevo com outras existentes em profundidade, ou seja, uma correlação genética. O que seria uma indicação de continuidade entre as duas feições.

A interpolação por curvatura mínima das soluções de Euler foi realizada em toda área estudo os resultados são limitados aos locais com nuvens de soluções, por isso não há continuidade em toda área. Para melhor visualizar o aspecto destas superfícies, foi selecionada uma área teste de anomalia destacada, representada por um agrupamento de soluções e com evidências geológicas que sustentem a existência desse tipo de anomalia. A região escolhida está indicada na Figura 28.

O filtro de continuação ascendente (CA) pode, em condições específicas simular a observação de anomalias em diferentes profundidades. Assim, como teste, foi possível aplicar este filtro em dados nos quais seriam executadas as deconvoluções de Euler para se verificar se estes resultados ajudariam a revelar o comportamento desta anomalia em profundidades distintas.

Para isso utilizou-se este filtro de CA no campo magnético anômalo antes de se proceder com as deconvoluções de Euler. O filtro de continuação ascendente (CA) foi aplicado na área utilizando diferentes valores de altitudes espaçados de 100 metros cada, listados a seguir: (i) primeira continuação ascendente - elevação de 100 metros, CA = 100 m; (ii) CA = 200 m e (iii) CA = 300 m. Valores maiores que estes foram também experimentados, mas resultaram em suavização intensa dos dados e poucas soluções, portando foram descartados.

Uma vez calculadas as deconvoluções de Euler nos dados originais e nos dados filtrados com diferentes valores de CA foram isoladas apenas as soluções que correspondem a área teste, esta seleção é feita na planilha de dados que contém as posições das soluções. Foram geradas superfícies de mínima curvatura separadas para cada um dos diferentes valores de CA. Também foi gerado um produto final unificando os dados destes 4 valores diferentes de CA. Os resultados são exibidos na Figura 29.

Foi possível observar que, além das lacunas produzidas pela redução no número de soluções resultante da continuação para cima, houve também variação dos limites verticais destas superfícies: a Figura 29A, original, mostra limites entre 20 e 180 metros; a Figura 29B entre 130 e 400 metros; a Figura 29C entre 150 e 470 metros; e a Figura 29D, que representa a soma de todas as anteriores, extrapola a superfície do terreno, indo de -66 até 490 metros. Para facilitar a visualização, as Figura 29A e D foram colocadas em perspectiva, quando é possível observar como os limites verticais variam pelo da continuação ascendente.

No entanto, não foi possível notar geometrias semelhantes em feições observáveis no relevo que fossem correlacionáveis com as produzidas pelas interpolações de curvatura mínima produzidas por esta anomalia isolada (Figura 30).

Figura 28. Em destaque no retângulo preto, área teste escolhida para interpolação das soluções de Euler utilizando curvatura mínima. No mapa são exibidas Soluções de Euler (IE= 1, tolerância de 5% e Janela de 20x20) sobre mapa do ISA-GHT de continuação ascendente de 100m.

Figura 29. Superfícies de curvatura mínima geradas a partir das soluções de Euler obtidas para diferentes valores de continuação para cima: (A) dado original sem continuação para cima; (b) continuação ascendente (CA) de 200 m; (C) CA de 300m; (D) soma das soluções obtidas dos dados originais com os dados das CAs de 100, 200 e 300 metros. As figuras inferiores correspondem à representações em perspectiva tridimensional dos quadros (A) e (D.)

No restante da área de estudo também foi difícil notar correlações evidentes entre relevo e estas superfícies produzidas. Na Figura 30 as anomalias estão projetadas sobre relevo sombreado. A projeção tridimensional destas superfícies (Figura 30) permite a observação por diferentes ângulos. No entanto, não foi possível notar correlações evidentes destas superfícies com as feições morfoestruturais do relevo.

A interpolação das soluções de Euler por curvatura mínima forneceu um método alternativo para se avaliar a distribuição de fontes magnéticas. As superfícies geradas facilitam a

visualização do que seria um agrupamento de pontos, através de uma análise ponderada da sua distribuição. Isso facilita o entendimento da disposição espacial destas soluções. Ademais, com este produto, espera-se obter uma representação digital aproximada da superfície do corpo que produziu a anomalia magnética.

Estas superfícies geradas podem ser utilizadas para uma avaliação mais quantitativa de correlação espacial com elementos do relevo, desde que sejam definidos critérios adequados para tanto.

Figura 30. Superfície da curvatura mínima disposta sobre o relevo sombreado em 3 vistas distintas: no topo esquerdo em Nadir, (P1) perspectiva para NE (P2) perspectiva para NW. As superfícies apresentam exagero vertical de 2x. No canto direito superior somente relevo sombreado para efeito de comparação.

5.7 Inversão 3D a partir de dados magnéticos

A Figura 31 exibe o modelo 3D de susceptibilidade magnética da área-teste, produzido pela técnica de inversão utilizando os valores do campo magnético anômalo. O modelo gerado possui altos de susceptibilidade magnética com posição coerente com as soluções de Euler apresentadas no item anterior. Também há coerência entre a disposição espacial desta anomalia e a observada pelos métodos de realce apresentados no item 5.2.1 (Figura 18), similarmente ao observado por Aisengart (2013), que em outra área de estudo verificou coerência dos produtos de inversão com mapas amplitude do sinal analítico.

Na comparação com o modelo 3D gerado com as soluções de Euler (Figura 29), é possível observar que em ambos os casos há um plano na anomalia que mergulha para Sudeste. É preciso notar que o modelo de inversão gerado pelo Geosoft VOXI abrange todo o corpo que possui susceptibilidade elevada. Já no modelo de Euler só é possível observar um plano, uma vez que ele reflete a distribuição espacial das soluções que, a princípio, se posicionam no topo do contato da superfície onde se localiza a anomalia magnética.

Os dois métodos aplicados aos dados aerogeofísicos apresentaram correspondência entre si. Entretanto, não foi possível observar correspondências entre as anomalias de susceptibilidade com as anomalias de relevo. Isso reforça a noção de que há lacunas de correlação entre feições superficiais e suas possíveis equivalentes em profundidade, e vice-versa.

Alguns autores aplicaram esta técnica de inversão em outras áreas e obtiveram resultados coerentes com a geologia do local. Barbosa e Pereira (2013) encontraram correlação das anomalias de susceptibilidade com geologia local e estruturas regionais, principalmente corpos de rochas ígneas e meta sedimentares. Aisengart (2013) encontrou coerência entre as anomalias suscpetibilidade e as ocorrências minerais conhecidas, mesmo em áreas de baixa latitude. Estes autores adicionalmente utilizaram o modelo Magnetization Vector Inversion (Ellis et al., 2012) e constataram que o resultado foi coerente com modelo de susceptibilidade, fornecendo dados complementares importantes para a delineação de fontes magnéticas.

Os resultados apresentados por estes autores reforçam que os produtos de inversão podem ser utilizados como ferramentas para interpretação geológica. Neste trabalho, os resultados obtidos nas áreas testadas pela inversão magnética ajudam confirmar a falta de correlação de anomalias magnéticas as com feições morfoestruturais observadas em superfície.

Figura 31. Modelo 3D de susceptibilidade magnética produzido por inversão dos dados magnéticos: (A) localização da área teste no retângulo em preto, (B) No topo MDE com projeções das soluções de Euler em preto, no meio campo anômalo magnético utilizado na inversão e em baixo voxels de susceptibilidade obtidos, (C) exibição apenas dos maiores valores de susceptibilidade, (D) com corte plano horizontal na profundidade de -50 metros e projeção das soluções de Euler em preto, (E) corte na profundidade de -500 metros e (F) em corte plano vertical N-S

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