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1.3 Ceratocone

2.1.3 Corvis

O Corneal Visualization Scheimpflug Technology (Corvis ST) da Oculus Optikgerte GmbH, Wetzlar, Alemanha, é um dispositivo que avalia a resposta biomecânica da córnea usando uma câmera Scheimpflug de alta velocidade que tira 140 imagens 2D da córnea em escala de cinza em cerca de 32 milissegundos durante a deformação sob um jato de ar (HONG et al., 2013). O jato lançado é padrão em cada exame e tem pressão máxima de 25 kPa, o jato vai aumentando gradativamente e quando chega ao seu máximo, reduz gradativamente. A fonte de luz do aparelho é LED azul com ondas de 455 nm (AMBRÓSIO et al., 2013). A Figura 15 mostra imagens do aparelho Corvis ST.

Figura 15 – Aparelho Corvis ST.

Fonte: Adaptado de OCULUS Optikgeräte (2019).

O aparelho faz uma cobertura de 8,5mm horizontalmente da córnea, iniciando a gravação antes do lançamento do jato, registrando a córnea em seu estado normal; depois passando pela sua primeira aplanação; continuando seu movimento; chegando a sua concavidade máxima; e depois sem a influência do jato, voltando ao seu estado normal, passando pelo segundo momento de aplanação (AMBRÓSIO et al., 2013). A Figura 16 apresenta essa sequência das fases do exame.

O dispositivo registra as imagens do movimento da córnea e estima a pressão intraocular a partir dos primeiros dados de aplanação. O Corvis ST também mede vários parâmetros biomecânicos relacionados à Deformação da Resposta Corneana (DRC) (do inglês Deformation Corneal Response (DCR)) e ao Perfil Horizontal da Espessura Corneal (PHEC) (do inglês Horizontal Corneal Thickness Profile (HCTP)). Esses dados são limitados à seção horizontal central da córnea, que é diferente da tomografia e topografia que realizam medidas tridimensionais.

Figura 16 – Imagens geradas pelo Corvis, apresentando momentos marcos do exame.

Fonte: Ambrósio et al. (2013).

O próprio software do dispositivo mensura vários parâmetros relacionados à defor- mação e espessura da córnea com base nas imagens. Jedzierowska, Koprowski e Wróbel (2014) faz uma revisão dos equipamentos biomecânicos e inclui a lista dos parâmetros gerados pelos Corvis em 2014. Neste momento apenas os parâmetros iniciais existiam: DA (mm), Radius (mm), A1 length (mm), A2 length (mm), A1 velocity (m/s), A2 velocity (m/s), Peak distance (mm), A1 time (ms), A2 time (ms), HC time (ms) e Pachy (µm), como mostrado na Tabela 1. Vellara e Patel (2015) também faz uma revisão no ano seguinte que apresenta os mesmos parâmetros do Corvis. Utilizaremos os nomes dos parâmetros em inglês como padrão nesta tese.

Observa-se que no início apenas a amplitude de deformação era elencada como parâmetro. Há uma diferença entre amplitude de deformação e Amplitude de Deflexão (AD). A deformação mensura todo o movimento realizado pela córnea nas imagens, já a amplitude de deflexão mensura apenas o movimento da córnea. Para isso é necessário um tratamento para remoção do movimento do olho. Discutiremos em detalhes sobre essa diferença, com o foco do processamento de imagem necessário para realizar essa distinção, na subseção 2.2.4.

Tabela 1 – Parâmetros derivados do Corvis em 2014.

Parâmetro Descrição

DA (mm) Amplitude de deformação

Radius (mm) Raio de curvatura no momento da maior concavidade

A1 length (mm) Comprimento da córnea achatada na primeira aplanação

A2 length (mm) Comprimento da córnea aplainada na segunda aplanação

A1 velocity (m/s) Velocidade do ápice corneano na primeira aplanação

A2 velocity (m/s) Velocidade do ápice corneano na segunda aplanação

Peak distance (mm) Distância entre os dois ápices da córnea no momento da maior concavidade

A1 time (ms) Tempo desde o início até a primeira aplanação

A2 time (ms) Tempo de começar até o segunda aplanação

HC time (ms) Tempo desde o início até a mais alta concavidade da córnea ser atingida

Pachy (µm) Espessura corneal central (ECC)

Fonte: Parcialmente traduzida de Jedzierowska, Koprowski e Wróbel (2014)

exame, o momento da primeira e segunda aplanação e o momento de maior concavidade. Algumas informações em cada momento chave são calculadas como o tempo até a córnea alcançar a primeira aplanação, a velocidade ao chegar na primeira aplanação, o tamanho da primeira aplanação, entre outros. O Corvis também calcula uma informação da córnea parada/estática que é a paquimetria, o parâmetro Pachy.

Figura 17 – Explicação de alguns parâmetros do Corvis. (1) tamanho da primeira apla- nação; (2) raio na maior concavidade; (3) amplitude de deformação; e (4) tamanho da segunda aplanação.

Com o avanço dos estudos sobre biomecânica corneal vários novos parâmetros foram surgindo, isso será bem observado nos artigos relacionados a análise da repetibilidade dos parâmetros. Avaliar a repetibilidade e a reprodutibilidade dos parâmetros é fundamental, essas investigações irão verificar se há variação nas mensurações do mesmo olho em momentos ou equipamentos distintos. A repetibilidade avalia medições do mesmo paciente no mesmo aparelho em momentos diferentes. Já a reprodutibilidade avalia a mensuração do mesmo paciente em equipamentos diferentes (WERKEMA, 2013).

Vários trabalhos avaliam a repetibilidade e/ou a reprodutibilidade dos parâmetros (HON; LAM, 2013; ALI et al., 2014; LOPES et al., 2017; MIKI et al., 2017). O trabalho de Hon e Lam (2013) avalia a repetibilidade e reprodutibilidade, utilizando 2 equipamentos e duas avaliações de 37 pacientes, 10 parâmetros do Corvis incluindo a amplitude de deformação foram analisados. O trabalho de Ali et al. (2014) avalia 12 parâmetros e destaca a amplitude de deformação como muito reprodutível, realiza análise apenas a repetibilidade de 3 mensurações em 22 pacientes saudáveis. Lopes et al. (2017) avalia apenas parâmetros relacionados a deformação corneal, avaliando 9 parâmetros, também realiza ambas as análises repetibilidade e reprodutibilidade, com 3 equipamentos e 3 medições, de 32 olhos normais.

O trabalho de Miki et al. (2017) faz a análise apenas da repetibilidade de 35 parâmetros. Os parâmetros relacionados a amplitude de deformação ou amplitude de deflexão apresentam repetibilidade aceitável em todos os artigos. O trabalho de Kosker et al. (2018) avalia apenas repetibilidade da espessura corneal central (ECC) mensurada pelo Corvis, comparando com outros tomógrafos corneais, e conclui que a repetibilidade do Corvis para medição da ECC é boa e que comparando-a aos demais topógrafos pode ser considerada uma alternativa para a prática clínica.

Alguns trabalhos propõe novos parâmetros baseados nas imagens do Corvis (RO- BERTS et al., 2017). Então, como percebe-se no histórico de publicações, novos parâmetros vão sendo incluídos no software do aparelho. Iniciando com poucos parâmetros (11), como listados na Tabela 1. Atualmente o software calcula 38 parâmetros. A Tabela 2 apresenta a lista dos parâmetros atuais, que são os parâmetros disponíveis na versão do Corvis ST 1.3b1723.

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