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2.5. Contextualização Histórica das Instituições Pesquisadas

2.5.4. As Concessionárias de Energia Elétrica

2.5.4.3. CPFL Energia S/A

A CPFL Energia S/A tem suas origens na Companhia Paulista de Força e Luz - CPFL Paulista, constituída em 16 de novembro de 1912 como resultado da fusão de quatro pequenas empresas de energia que atuavam no interior paulista. Em 1931, transferiu seus escritórios da cidade de São Paulo para Campinas.

Depois de 15 anos sob controle privado nacional, em 1927 a CPFL Paulista foi incorporada pelo grupo norte americano American Foreign Power Co. – AMFORP, permanecendo sob seu controle até 1964, quando passou a ser controlada pela Eletrobrás, grupo estatal vinculado à União Federal.

Com a crise de 1929, a CPFL freou suas aquisições no início dos anos 1930, não expandindo mais sua área de atuação pelo interior paulista, que contava com as empresas: Companhia Campineira de Tração, Luz e Força, Companhia Central de Eletricidade de Icém, Companhia Força e Luz de Brotas, Companhia Douradense de Eletricidade, Companhia Força e Luz de Avanhandava e várias outras.

Entretanto, a grande ousadia da empresa, na verdade, diz respeito ao início dos estudos para a construção da usina hidrelétrica Marechal Mascarenhas de Moraes, na época uma das maiores do mundo. Em abril de 1957 foram oficialmente inaugurados seus dois primeiros geradores, com capacidade de 40.000 kW cada um, aumentando em 65% a capacidade geradora da CPFL.

Nos anos 1950, ficou marcante, porém, a carência de recursos para o setor elétrico. A redução de investimentos no setor acarretou, entre outras coisas, o lento crescimento da capacidade instalada e da oferta do produto. O desenvolvimento industrial no pós-guerra também contribuiu decisivamente para aumentar a deficiência no setor elétrico, que já era evidente, inclusive com racionamentos institucionalizados.

Nessa época e no início dos anos 1960, surgiram no Brasil algumas manifestações nacionalistas, contrárias aos interesses norte americanos. Um debate nacionalista acabou eclodindo em todo o País e as empresas pertencentes ao grupo AMFORP foram nacionalizadas.

Em 1975, o controle acionário da CPFL Paulista foi transferido para a Companhia Energética de São Paulo – CESP, empresa controlada pelo Estado de São Paulo. Em novembro de 1997, no processo de privatização, passou para o atual grupo controlador, com a aquisição do controle acionário, pelo valor de R$ 3,014 bilhões. O consórcio VBC (Votorantim, Bradesco e Camargo Corrêa), a 521 Participações S/A e a Bonaire (empresa formada por fundos de pensão) apostaram no potencial da CPFL e iniciaram uma nova fase na empresa.

A partir de então, a CPFL Paulista iniciou uma trajetória de expansão empresarial delineada por seus controladores, que culminou, em agosto de 2002, com a conclusão do processo de

reestruturação, levando ao atual status societário da CPFL Energia (nova denominação de Draft II Participações S.A.), como holding de controle.

Em setembro de 2004, o Grupo CPFL Energia realizou sua primeira oferta pública na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e na Bolsa de Nova Iorque (NYSE). Em 2008, constituiu a CPFL Bioenergia, com especialização em negócios a partir da biomassa, promovendo e incentivando a geração de energia limpa; e em 2009, após ser uma das vencedoras do primeiro leilão de energia eólica no Brasil, a CPFL Energia ampliou seu portfólio de investimentos em energia renovável (CPFL, 2007).

A CPFL Energia controla empresas e empreendimentos privados nas áreas de geração, distribuição e comercialização de energia elétrica. Além disso, é uma das maiores companhias privadas do setor elétrico brasileiro, atuante nos mercados livre e regulado (Tabela 2-11).

Tabela 2-11 Empreendimentos CPFL nas Áreas de Distribuição, Geração e Comercialização

CPFL Distribuição CPFL Geração CPFL Comercialização

13% de participação no mercado nacional 40 usinas em operação e 1 em construção 11% de participação no mercado nacional

Atuação nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e Minas

Gerais

Empreendimentos em São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Goiás,

Tocantins, Rio Grande do Norte, Paraíba e Minas Gerais

Atuação em todo o Brasil

18 milhões de consumidores e 569 municípios atendidos

8 Usinas Hidrelétricas (UHEs) e 33 Pequenas Centrais Hidrelétricas

(PCHs)

10.243 GWh em vendas de energia em 2009 (mercado livre) 57.821 GWh em vendas na área de

concessão em 2009 (mercado cativo)

Potência Instalada de 1.672 MW, 831 MWmédios de Energia Assegurada Fonte: CPFL (2012a)

O resultado mais expressivo de toda a história da empresa, que reflete o desempenho do grupo CPFL nos segmentos de geração, comercialização e distribuição de energia elétrica em um mercado de 5,9 milhões de clientes (CPFL, 2012a) ocorreu em 2006, registrando lucro líquido de R$ 1,4 bilhão, 37,5% superior ao obtido em 2005, quando a empresa fechou aquele exercício com R$ 1,0 bilhão de lucro líquido. A receita líquida cresceu 15,2%, batendo na casa dos R$ 8,9

bilhões em 2006. A geração de caixa da companhia medida pelo EBITDA36 registrou R$ 2,79 bilhões em 2006, apontando um crescimento de 28,6% em relação ao ano anterior.

No que se refere à P&D, o grupo investe anualmente cerca de R$ 20 milhões em projetos que visam a introdução de novos produtos no mercado, com foco na inovação tecnológica. Para a CPFL, o programa é uma oportunidade de avanço tecnológico para o setor elétrico, melhoria contínua de seus processos e produtos, capacitação e especialização para seus colaboradores e comunidade, qualidade crescente dos serviços prestados aos seus clientes e participação em ações de responsabilidade social (CPFL, 2012b).

36 EBTIDA é a palavra formada pelas iniciais da expressão em inglês Earnings Before Interest Rates, Taxes, Depreciation and Armotization. Em português seria Lucro Antes dos Juros, Imposto de Renda, Depreciação e Amortização. É um indicador que aponta o quanto a companhia gera de recursos apenas com a sua atividade, sem levar em consideração os efeitos financeiros e tributários. Surgiu no mercado norte-americano na década de 70 e, atualmente, é considerado o melhor indicador para avaliar o fluxo de caixa das empresas (WOLFFENBÜTTEL, 2013).