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Primeiramente examinamos como que a adição da polpa de açaí às dietas (padrão e hipercolesterolemiante) afetava o ganho de peso final, ingestão alimentar, excreção fecal e peso dos órgãos dos animais. A tabela II mostra que no início do experimento os animais de todos os grupos experimentais apresentavam em média um peso inicial de 145g. Entretanto, o ganho de peso final foi 37% maior nos animais alimentados com a dieta hipercolesterolemiante (H + HA) comparados aos que receberam a dieta padrão (C + CA). Concomitantemente, a adição da polpa de açaí às dietas também proporcionou um aumento no ganho de peso final, tendo os animais dos grupos CA e HA um peso final 7% maior que os grupos C e H. A ingestão alimentar foi reduzida pela dieta hipercolesterolemiante. Além disso, uma interação entre dieta e açaí foi encontrada para este parâmetro, fazendo com que a média da ingestão alimentar do grupo CA (754,32 ± 56,54g) fosse similar a do grupo C (710,53 ± 46,56g) e a ingestão alimentar do grupo HA (596,27 ± 73,06g) menor que do grupo H (676,86 ± 42,77g) (Tabela II). Os animais que receberam a suplementação de açaí na dieta tiveram um aumento de 36% na excreção fecal comparados aos grupos C e H.

Animais que receberam a dieta hipercolesterolemiante (H + HA) apresentaram um aumento de aproximadamente 19% no peso da gordura abdominal em relação aos grupos C e CA. A tabela II também mostra que a adição de açaí às dietas aumentou em aproximadamente 50% tanto o peso da gordura abdominal quanto o peso relativo (peso da gordura abdominal / peso do animal) nos grupos CA e HA comparados aos grupos C e H. Uma interação entre dieta e açaí também foi observada para estes pesos da gordura abdominal, fazendo com que as médias dos pesos da gordura abdominal para o grupo CA fosse maior que os valores encontrados para o grupo C e que os pesos da gordura abdominal fossem similares entre os grupos H e HA (Tabela II).

Os pesos do baço, do coração e dos rins, bem como os pesos relativos do coração e dos rins não apresentaram diferenças estatísticas entre os quatro grupos experimentais. Entretanto, o resultado obtido para o peso relativo do baço mostrou que a suplementação das dietas com a polpa de açaí provocou uma redução de 11,4% no peso

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relativo deste órgão nos animais dos grupos CA e HA comparados aos grupos C e H (Tabela II). A dieta hipercolesterolemiante (H + HA) determinou um aumento de 72% no peso do fígado, bem como um aumento de 56% no peso relativo deste órgão. Entretanto, a adição da polpa de açaí às dietas (grupos CA e HA) promoveu uma redução de 10% no peso relativo deste órgão comparado aos grupos C e H (Tabela II).

Estes dados sugerem que o açaí promove um aumento no ganho de peso dos animais, não interferindo na ingestão alimentar quando adicionado à dieta padrão ou a reduzindo em animais hipercolesterolemiantes. Este aumento no peso corporal pode estar em parte, associado com a maior quantidade de gordura abdominal também apresentada pelos grupos CA e HA. A adição de açaí às dietas também proporcionou uma redução no peso relativo do fígado, que como esperado tinha sido aumentado pela dieta hipercolesterolemiante.

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Tabela II – Crescimento corporal, ingestão alimentar, excreção fecal e peso dos órgãos de ratos tratados com dieta padrão (C), padrão acrescida de açaí (CA), hipercolesterolemiante (H) e hipercolesterolemiante acrescida de açaí (HA).

Grupos Experimentais

C CA H HA Anova:

Valor P

Dieta Açaí Dieta x Açaí Peso inicial (g) 145,00 ± 5,61 144,63 ± 5,73 145,75 ± 9,13 145,13 ± 6,51 >0,05 >0,05 >0,05 Peso final (g) 177,88 ± 11,53 199,75 ± 9,44 202,63 ± 17,73 209,00 ± 12,96 <0,05 <0,05 >0,05 Ganho de peso final (g) 32,88 ± 11,63 55,13 ± 10,15 56,88 ± 11,90 63,88 ± 16,42 <0,05 <0,05 >0,05 Ingestão alimentar (g/42dias) 710,53 ± 46,56a,b 754,32 ± 56,54a 676,86 ± 42,77b 596,27 ± 73,06c <0,05 >0,05 <0,05 Excreção fecal (g/42dias) 15,19 ± 3,02 22,87 ± 2,17 17,75 ± 1,00 22,09 ± 3,69 >0,05 <0,05 >0,05 Gordura abdominal (g) 4,11 ± 0,65b 9,79 ± 1,78a 7,86 ± 2,29a 8,75 ± 2,15a <0,05 <0,05 <0,05 Peso relativo gordura abdominal (%p/p) 2,31 ± 0,33 b 4,90 ± 0,91a 3,87 ± 1,10a 4,17 ± 0,89a >0,05 <0,05 <0,05 Baço (g) 0,39 ± 0,06 0,41 ± 0,04 0,45 ± 0,09 0,39 ± 0,08 >0,05 >0,05 >0,05 Peso relativo baço

(%p/p) 0,22 ± 0,04 0,21 ± 0,01 0,22 ± 0,03 0,18 ± 0,03 >0,05 <0,05 >0,05 Coração (g) 0,59 ± 0,04 0,63 ± 0,05 0,65 ± 0,08 0,64 ± 0,05 >0,05 >0,05 >0,05 Peso relativo

coração (g) 0,33 ± 0,03 0,31 ± 0,03 0,32 ± 0,02 0,31 ± 0,02 >0,05 >0,05 >0,05 Rins (g) 1,15 ± 0,08 1,19 ± 0,08 1,24 ± 0,09 1,25 ± 0,22 >0,05 >0,05 >0,05 Peso relativo rins

(%p/p)

0,65 ± 0,04 0,59 ± 0,04 0,61 ± 0,06 0,60 ± 0,10 >0,05 >0,05 >0,05

Fígado (g) 5,63 ± 0,72 5,30 ± 0,47 9,55 ± 1,26 9,20 ± 1,26 <0,05 >0,05 >0,05 Peso relativo

fígado (%p/p) 3,16 ± 0,27 2,65 ± 0,16 4,70 ± 0,31 4,39 ± 0,44 <0,05 <0,05 >0,05

Os dados estão apresentados como média ± desvio padrão; n=8. Letras superescritas diferentes indicam diferença estatisticamente significativa na mesma linha (p<0,05). Peso relativo = (peso total do órgão) / (peso do animal).

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5.2 Perfil lipídico

Como o açaí possui diversos componentes com a capacidade de regular os níveis séricos de colesterol, avaliamos se a suplementação com a polpa deste fruto modificaria o perfil sérico de lipídeos em animais controles e hipercolesterolêmicos. Para isto mensuramos o colesterol total, colesterol não – HDL, colesterol HDL e triacilgliceróis. Como esperado animais alimentados com a dieta hipercolesterolemiante (H + HA) mostraram um aumento nos níveis de colesterol total e colesterol não –HDL e uma redução de aproximadamente 83% na concentração do colesterol HDL comparados aos grupos C + CA (Tabela III). Os elevados níveis no soro do colesterol total e não – HDL foram reduzidos pela adição da polpa de açaí às dietas experimentais. Além disso, uma interação entre dieta e açaí foi encontrada para os resultados de colesterol total e não – HDL. Não observamos diferença estatística para a média da concentração de colesterol total entre os grupos C (2,16 ± 0,21 mmol/L) e CA (2,06 ± 0,23 mmol/L), mas as diferenças foram significativas quando comparamos H e HA, o grupo HA (5,42 ± 0,98 mmol/L) apresentou o nível de colesterol total menor do que o grupo H (8,12 ± 2,32 mmol/L). Este mesmo perfil pode ser observado para a fração não – HDL do colesterol, ou seja, as médias dos grupos C (0,52 ± 0,25 mmol/L) e CA (0,29 ± 0,15 mmol/L) foram similares e a concentração de colesterol não – HDL no grupo H (7,84 ± 2,30 mmol/L) foi maior que no grupo HA (5,12 ± 0,97 mmol/L) (Tabela III).

Em relação à concentração sérica de triacilgliceróis os resultados encontrados mostraram que animais submetidos à dieta hipercolesterolemiante (H + HA) apresentaram uma redução de 52% comparados aos grupos C e CA. Também foi encontrada uma interação entre dieta e açaí para este metabólico sérico, fazendo com que a média de TG do grupo CA (0,64 ± 0,03 mmol/L) fosse menor que a do C (0,76 ± 0,09 mmol/L) e que a concentração de TG fosse similar entre os grupos H (0,31 ± 0,04 mmol/L) e HA (0,36 ± 0,06 mmol/L) (Tabela III).

Sugerimos que a polpa de açaí apresenta efeito em reduzir os níveis séricos de colesterol em animais hipercolesterolêmicos.

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Tabela III – Colesterol total, colesterol não - HDL, colesterol HDL e triacilgliceróis séricos de ratos tratados com dieta padrão (C), padrão acrescida de açaí (CA), hipercolesterolemiante (H) e hipercolesterolemiante acrescida de açaí (HA).

Grupos Experimentais

C CA H HA Anova:

Valor P

Dieta Açaí Dieta

x Açaí Colesterol total (mmol/L) 2,16 ± 0,21c 2,06 ± 0,23c 8,12 ± 2,32a 5,42 ± 0,98b <0,05 <0,05 <0,05 Colesterol não- HDL (mmol/L) 0,52 ± 0,25c 0,29 ± 0,15c 7,84 ± 2,30a 5,12 ± 0,97b <0,05 <0,05 <0,05 Colesterol HDL (mmol/L) 1,64 ± 0,33 1,78 ± 0,09 0,28 ± 0,04 0,30 ± 0,07 <0,05 >0,05 >0,05 Triacilgliceróis (mmol/L) 0,76 ± 0,09 a 0,64 ± 0,03b 0,31 ± 0,04c 0,36 ± 0,06c < 0,05 >0,05 <0,05 Os dados estão apresentados como média ± desvio padrão; n=8. Letras superescritas diferentes

indicam diferença estatisticamente significativa na mesma linha (p<0,05).

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