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CRESCIMENTO ECONÔMICO, SAÚDE E GASTO PÚBLICO: AS EVIDÊNCIAS

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 CRESCIMENTO ECONÔMICO, SAÚDE E GASTO PÚBLICO: AS EVIDÊNCIAS

O crescimento econômico é o propósito maior da teoria econômica desde os economistas clássicos até as formulações atuais. A primeira análise que procurou sistematizar inicialmente o que determinava o crescimento de uma nação, a dinâmica da economia e as implicações da interferência do Estado na atividade econômica tem origem nos escritos de Adam Smith, em sua obra As Riquezas das Nações (1786), posteriormente, têm-se outros autores que agregaram à percepção de como e porque crescemos, como Thomas Malthus e David Ricardo.

Com o passar do tempo, dadas as revoluções tecnológicas e avanços da economia mundial, observou-se um processo de identificação de certas regularidades que permeavam o crescimento econômico, regularidades estas observadas e elencadas por Kaldor, no que ficou conhecido como ‘fatos estilizados de Kaldor’. De acordo com Jones e Vollrath (2013, p. 5-17), tem-se:

1- Grande variação entre as rendas per capita das economias;

2- Variação das taxas de crescimento entre os países;

3- As taxas de crescimento não serão necessariamente constantes ao longo do tempo;

4- Não é imutável a posição relativa de um país na distribuição mundial da renda per capita;

5- A parcela da renda destinada ao capital e à mão-de-obra não é constante;

6- Crescimento do volume do comércio internacional e crescimento do produto não possui relação robusta;

7- Migração entre países e regiões dada a qualificação da mão-de-obra.

No espectro teórico neoclássico, os modelos de crescimento econômico têm por objetivo representar os elementos que constituem, ou tendem a constituir, os insumos que elevam a

produção e a capacidade produtiva. Contudo, era observado que parte do crescimento econômico não era explicado no modelo de Solow (1956) pelos fatores de capital físico e trabalho, o que ficou denominado de ‘resíduo de Solow’, parcela do crescimento econômico decorrente de um progresso tecnológico neutro.

O avanço das concepções teóricas e do ajustamento matemático nas modelagens e análises econômicas – a micro fundamentação da macroeconomia - dão origem à novas abordagens, que ao introduzirem o fato capital humano, que ao introduzirem o fato capital humano procuram explicar de forma coesa e robusta como ocorre o processo de crescimento econômico e explorar o resíduo de Solow, formulações estas que iniciam com o artigo elementar de Lucas (1988) e segue com as abordagens de Romer (1990) e Aghion e Howitt (1998) etc2.

Doravante, os modelos de crescimento econômico passaram a ser utilizados em tentativas de verificar os impactos dos mais diversos setores e fatores da economia sobre o crescimento – tal como a saúde, objeto de análise deste trabalho de pesquisa – projetando-se a frente das tratativas tradicionais que abordam exclusivamente parâmetros fiscais, (re)industrialização e temas subsequentes, como eram discutidos, por exemplo, na visão cepalina estruturalista (BIELSCHOWSKY, 2009); atualmente, o processo de crescimento/desenvolvimento econômico é compreendido como algo multifacetário, relacionando os mais diversos setores e englobando aspectos de capital físico e humano.

Robert Barro publicou em 1991 o artigo Economic Growth in a Cross Section of Countries, contribuição seminal para o a análise empírica do crescimento econômico, o qual será exaustivamente debatido neste trabalho. O autor objetiva identificar a contribuição de certos fatores, tais como distorção de mercado, consumo do governo e do capital humano sobre o crescimento econômico; capital humano tendo como proxy a educação.

Uma das principais implicações do modelos de Solow de crescimento econômico se situa na convergência condicional da renda3, isto é, a taxa de crescimento per capita de um país (ou do ente federativo em análise) tende a ser inversamente correlacionada com o nível de renda per capita, implicando que se os países possuem parâmetros estruturais – preferências e tecnologias – similares, os mais pobres tendem a crescer a taxas mais rápidas (BARRO,

2 Barro e Sala-i-Martin (2003) expõem nos capítulos 4 ao 6, com singular rigor metodológico, os modelos de crescimento econômico com introdução do fator capital humano na função de produção.

3 O fenômeno da convergência condicional da renda do modelo Solow é uma implicação de que a convergência só é “observada” após aplicado os controles que determinam o estado estacionário. (MANKIW; ROMER;

WEIL, 1992).

1991). Uma economia devastada por um desastre natural ou uma guerra, a qual tem seu estoque de capital desarranjado, tende a crescer mais rapidamente que as demais, para a recomposição das perdas; bem como, maiores taxas de investimento, implicando em uma maior estado de razão produto-tecnologia.

Barro (1991) ao analisar os resultados das regressões em que a variável dependente é a taxa de crescimento do PIB per capita, constata que níveis iniciais de PIB per capita elevados são negativamente correlacionados com as taxas de crescimento. Ao introduzir um termo quadrático do nível de renda inicial, percebe-se que a força em direção da convergência é atenuada à medida que o PIB per capita aumente, ou seja, a velocidade de convergência diminui. Verifica que instabilidade política e consumo do governo tem efeito negativo sobre o crescimento (este último será analisado em separado mais a frente); efeito positivo do investimento e da proxy de capital humano sobre o crescimento econômico.

Como será destacado em outros trabalhos aqui analisados, é observado por Barro uma diferenciação regional do crescimento, ou seja, impactos diferentes dada a região em que a economia está situada. Preliminarmente, ao buscar verificar o efeito da economia pertencer à África ou a América Latina, Barro identifica efeitos adversos sobre o crescimento, os quais, segundo o autor, não são resultados de comportamentos inexplicados da taxa de investimento ou fertilidade, o que pode sugerir a captação de efeitos específicos das regiões.

A grande contribuição deste artigo de Barro para a análise empírica do crescimento econômico, levou à uma expansão de estudos nesta temática, buscando compreender, além dos fatores clássicos (i.e. capital físico e trabalho), a contribuição do capital humano para a capacidade produtiva da economia, trabalhos subsequentes como, mais notoriamente, Mankiw, Romer e Weil (1992) e Barro e Lee (1994) buscaram explorar essa temática. De modo especial, Barro e Lee, ao passarem a introduzir nos modelos novas formas de interpretação do que é capital humano e as canais de impacto no crescimento.

É fundamental abordar o trabalho de Mankiw, Romer e Weil (1992)4, dado que foi a primeira construção a introduzir capital humano à lá Becker no modelo de Solow. Os autores argumentam que a não inclusão da variável de capital humano pode causar viés de estimação nos indicadores de poupança e crescimento populacional, superestimando-os. Os autores interpretam e incluem o capital humano no modelo sob a forma de educação, mensurando através da porcentagem da população em idade de trabalho que está no ensino secundário. Os

4 Identificado o modelo apenas como MRW a partir de agora.

resultados mostraram que a inclusão do capital humano reduz os elevados coeficientes de poupança e crescimento populacional, quando esta é omitida do modelo, além de apresentar significância e impacto sobre o crescimento.

A questão da saúde é algo que se institui na sociedade, o bem-estar do indivíduo como fator que irá contribuir para sua produtividade e decisões que venha a tomar. Trabalhos produzidos no último quarto de século enfatizaram a importância de se compreender a questão do capital humano como algo além da educação, uma categoria analítica complexa o suficiente para se expressar por apenas uma via. Assim, inúmeros trabalhos realizaram uma análise sobre importância de uma estrutura de bem-estar e como esta pode impactar o crescimento econômico no crescimento econômico.

Barro e Lee (1994) procuram sistematizar no artigo as vias do crescimento econômico e como o conhecimento sobre os diferentes caminhos do crescimento pode fazer com que mudanças possam ser recomendadas nas políticas públicas para induzir melhor performance de crescimento. No artigo os autores estruturam os resultados em termos de cinco determinantes para o crescimento: o efeito de convergência condicional; o efeito positivo de uma maior taxa de investimento em proporção do PIB sobre o crescimento econômico; o efeito negativo do consumo do governo; o efeito negativo de distorções de mercado induzidas pelo governo; o efeito negativo da instabilidade política sobre o crescimento.

É necessário salientar que os achados empíricos de Barro e Lee (1994) em certa medida reforçam os achados de Barro (1991), de modo especial o consumo do governo. A questão do gasto público recebe particular atenção, dado que em ambos os trabalhos os autores ressaltam que consumo do governo tem uma correlação negativa com crescimento e investimento, sob argumento de que consumo do governo não tem efeito direto sobre a produtividade privada, mas influencia negativamente através efeitos de distorção impostos ou programas de gasto do governo, contudo, ressaltam que setores específicos possuem mais características de investimentos do que consumo, em particular pela possibilidade destes gastos afetarem a produtividade do setor privado.

Ao adentrar na questão regional, os autores verificam que países da África Subsaariana e latino-americanos possuem taxa de crescimento econômico per capita abaixo da média, 1,2%

e 1%, respectivamente; enquanto países do leste asiático possuíam uma taxa de crescimento 3,2% acima da média. De modo geral, Barro e Lee identificam efeito negativo dos impostos, consumo do governo, liberdades civis e, de forma a surpreender, grau de escolaridade

feminina5. Impactou positivamente o grau de escolaridade masculino, liberdade política, investimento e expectativa de vida.

A partir da Teoria do Ciclo de Vida (ANDO; MODIGLIANI, 1963), depreende-se que indivíduos com maior expectativa de vida possuem propensão maior a poupar e, como posto por Aghion, Howitt e Murtin (2011), esta poupança retorna para a acumulação de capital, afetando o crescimento econômico o que resulta em maior investimento em educação, com retornos em um crescimento mais sustentado. Para Barro e Lee (1994) a expectativa de vida pode ser uma proxy que capte outras características que refletem a o desempenho da sociedade, assim, os autores expõem que uma maior expectativa de vida pode induzir a melhores hábitos de trabalhos e a um maior nível de conhecimento (i.e. educação).

O impacto da saúde sobre o crescimento não se restringe somente à expectativa de vida, a qual pode ser considerada como consequência de indicadores preliminares, tal como nutrição infantil, saneamento, pobreza etc. Bhargava e outros (2001) argumenta da possibilidade de se observar que os países em desenvolvimento ficam estagnados em um loop de pobreza, isto é, segundo o autor, uma combinação entre a ausência de recursos naturais e altas taxas de fertilidade, que resulta na dificuldade de investimento na educação e saúde da criança o que estagna o crescimento do país.

Barro e Lee (1994) e Barro (1996) abordam essa questão da fertilidade expondo que o efeito negativo da renda sobre a fertilidade que os autores encontraram no trabalho empírico pode representar o “valor parental”, isto é, o custo crescente de se ter uma criança. Contudo, para localidades de mais baixa renda eles ressaltam a predominância do Efeito Malthusiano, isto é, aumento de renda implica em maior taxa de fertilidade.

Strauss (1998) por sua vez, ressalta que a altura do indivíduo pode representar ganhos maiores de salário, isto porque pode refletir os investimentos feitos na saúde do trabalhador em sua infância, assim, a capacidade laboral do indivíduo na fase adulta é produto direto da qualidade de sua saúde quando criança, de modo que, uma formação adversa na fase inicial irá se refletir em uma perda da capacidade física de trabalho o que afeta sua produtividade (KNOWLES;

OWEN, 1997; SPURR, 1993 apud BHARGAVA et al., 2001). Os impactos da saúde sobre o crescimento podem ser verificados também através de intervenções públicas objetivas e inovações científica, isto é, redução ou erradicação de doenças endêmicas, como mostra

5 Para os autores, o coeficiente negativo pode representar o gap entre o grau de escolaridade masculino e feminino. A variável poderia estar de certa forma captando o atraso educacional nas relações de gênero.

Curiosamente, o mesmo resultado é encontrado em Barro (1996).

Beakley (2003) e criação e difusão de novas drogas e tecnologias na área de saúde, como é abordado por Acemoglu e Johnson (2007).

Destarte, o crescimento econômico aqui será compreendido tal como posto por Bhargava, Jamison, Lau e Murray (2001), isto é, como um processo dependente do nível de habilidades adquiridas pela população e da formação de capital e aqui se estende tal entendimento, arrolando que ambas são fortemente influenciadas pelo estado de bem-estar do indivíduo, isto é, seu estado de saúde. A partir dos trabalhos seminais de Barro (1991), Mankiw, Romer e Weil (1992) e Barro e Lee (1994), inúmeros outros passaram a utilizar o enquadramento teórico destes para incluir a saúde como fator de capital humano determinante para o crescimento econômico. A seguir, alguns destes trabalhos empíricos serão expostos, uma análise do objetivo, da variável proxy de saúde e dos resultados obtidos.

Knowles e Owen (1995) são bastante objetivos no artigo introduzir o efeito da saúde na renda per capita como capital humano, através do modelo MRW de crescimento empírico, no que denominaram de uma extensão do modelo original, para o período de 1960-1985. Como proxy da saúde, utilizam o nível de expectativa de vida, segundo os autores, o indicador diretamente mais relevante para produção. Os resultados indicam que a proxy de saúde é positiva e significante sobre o crescimento econômico, contudo, a proxy de educação perde significância nas equações em que a saúde está inclusa. Os resultados para países menos desenvolvidos são semelhantes aos encontrados para toda a mostra.

Barro (1996)6 analisa um painel de cem países para o período de 1960-1990 através da estimação por meio de variáveis instrumentais, tendo como proxy da saúde o log da expectativa de vida ao nascer. Os resultados obtidos indicaram a prevalência da convergência condicional da renda, segundo Barro, a uma taxa de 2,5% a.a., um efeito significante e positivo da expectativa de vida sobre o crescimento, de tal forma que, como exposto pelo autor, aumento na expectativa de 50 para 70 anos, tem impacto no crescimento de 1,4% a.a., reforçando evidências de profunda relação entre saúde e crescimento econômico.

Adicionalmente, Barro verifica um efeito negativo da expectativa sobre o crescimento.

Knowles e Owen (1997) objetivam no artigo dar uma nova interpretação para a introdução e efeito do capital humano sobre o crescimento econômico nos modelos neoclássicos.

Diferentemente das abordagens citadas anteriormente e as que irão se seguir, os autores incluem o capital humano – na forma de saúde e educação – como fator presente na

6 O texto original do artigo data de 1996 tipificado como ‘manuscrito não publicado’. Publicado em 2013 pelo Annals of Economics and Finance.

tecnologia Harrod-Neutra. Os resultados são baseados em uma cross-section de setenta e sete países, para o período de 1960-1985, tendo como proxy de saúde a expectativa de vida. Os resultados empíricos indicaram que a elasticidade da “saúde-Harrod-Neutra” é positiva e significante, reforçando a ideia de que melhoras no status de saúde reflete na produtividade e força de trabalho. Ressalta que a amostra que continha apenas os países menos desenvolvidos obteve resultado similar à amostra completa.

Bhargava e outros (2001) se propuseram a modelar os efeitos da saúde sobre o crescimento econômico no período de 1965 a 1990. Utilizaram dados referentes a séries do PIB, taxa de fertilidade total, expectativa de vida, taxa de sobrevivência adulta (ASR – Adult survival rates), variáveis geográficas e abertura econômica. Os resultados mostraram que a porcentagem da área geográfica de um país nos trópicos é negativamente correlacionada com o crescimento, assim como o log da taxa total de fertilidade, em contrapartida, a ASR possui impacto positivo em níveis menores de PIB e quase zero em níveis maiores, com resultados estatisticamente significantes.

McDonald e Roberts (2001) Donald e Roberts argumentam que a omissão da variável de saúde nos modelos produz um viés de especificação, tendo a saúde impacto significante sobre taxas de crescimento econômico. Uma análise de painel com setenta e sete países para o período 1960-89, utilizando como proxies do nível do capital de saúde utilizaram a mortalidade infantil e a expectativa de vida ao nascer. Ao passar para os resultados os autores expõem que tanto para expectativa de vida ao nascer quanto para a mortalidade infantil, o sinal dos coeficientes é o esperado (positivo e negativo, respectivamente) e significante. Por fim, os autores concluem que educação sozinha é uma proxy inadequada para capital humano como fator determinante do crescimento e verifica que a saúde é mais importante em rendas mais baixas.

Mayer (2001) objetivou analisar a relação entre saúde e renda no longo prazo para dezoito países latino-americanos durante o período de 1950-1990. Segundo o autor, esta dilatação temporal permite uma análise de longo prazo, trabalhando com dados quinquenais para o período. O autor trabalha com um grupo de variáveis que ele considera “explicativas básicas do crescimento econômico”, incluída nesta categoria a fertilidade e, à parte, inclui no modelo a probabilidade de sobrevivência de diferentes grupos de idade e gênero. Os resultados indicaram que melhoras na saúde masculina e feminina contribuem positivamente para o crescimento e que conforme o tempo de análise aumenta, os coeficientes de idades adultas se tornam maiores e significantes, especialmente os indicadores masculinos.

Bleakley (2003) traz uma análise diferente para a abordagem melhorias no status de saúde sobre a renda per capita, o qual procurou verificar este efeito através da erradicação da malária e doenças parasitárias (i.e. lombrigas intestinais) na América do Sul e verificando também seus efeitos sobre a acumulação de capital, na forma analítica de educação. O autor observa que áreas com altos níveis de infecção a priori se verifica grandes ganhos em frequência escolar e incrementos substanciais de renda, em comparação a áreas com baixa incidência das doenças.

Bloom, Canning e Sevilla (2004) incluíram a saúde em uma função de produção agregada com intuito de mensurar seu efeito sobre o crescimento econômico. Estimou-se os efeitos do capital físico, trabalho, capital humano, localização geográfica e governança sobre o crescimento econômico para o período de 1960 a 1990 em análise a nível de país. O capital humano foi repartido em três dimensões: educação, experiencia profissional e saúde. O resultado principal indicou que saúde tem efeito positivo e significativo sobre o crescimento econômico, se verificando o impacto de que um aumento da expectativa de vida em um ano contribui com um aumento de 4% do produto.

Acemoglu e Johnson (2007) buscaram investigar o efeito das condições de saúde sobre o crescimento econômico no contexto dos efeitos da transição epidemiológica internacional, um período de descoberta e difusão de novas drogas para tratamento de doenças endêmicas.

Realizaram esta análise para o período de 1940-2000, sustentando como proxy de saúde o log da expectativa de vida ao nascer. Os resultados da estimação de ordinary least square (OLS) indicam um impacto positivo da expectativa de vida sobre o PIB, contudo, ao se analisar seu impacto sobre o PIB per capita e o PIB por população em idade de trabalho, verifica-se um efeito negativo da expectativa de vida, resultados similares na estimação em dois estágios (2SLS). Para os autores, este resultado, que vai na contramão da maioria dos resultados empíricos, reflete que o aumento total do PIB – oriundo da melhora nos status de saúde – é insuficiente para compensar o aumento populacional, que tende a ter efeito negativo sobre o crescimento.

Aghion, Howitt Murtin (2011) buscaram mensurar os efeitos da saúde sobre o crescimento à luz da teoria do crescimento endógeno, para o período de 1960 a 2000 a nível de país. No trabalho, os autores combinam duas abordagens de estimação empírica: A abordagem de Lucas e a abordagem Phelps. Os resultados obtidos utilizando a abordagem Nelson-Phelps indicaram que as variáveis de mortalidade tanto a média observada no período quanto a mortalidade inicial em 1960 são negativamente correlacionadas com a renda, com resultados

estatisticamente significantes. Os resultados pela abordagem de Lucas foram estatisticamente não-significantes.

Gomes e Soave (2020) buscaram identificar quais variáveis são determinantes robustos do crescimento nos estados brasileiros, em uma análise para o período de 1992 a 2016.

Utilizando variáveis que pudessem captar efeitos econômicos, políticos, socias, geográficos etc. puderam verificar quais destes indicadores poderiam ser considerados robustos e endógenos ao crescimento econômico. Os resultados apontam que melhorias nos indicadores de saúde podem elevar o crescimento no médio prazo, similar resultado tem o incremento dos orçamento público em saúde. Assim, dentre as desagregações dos gastos dos estados, o gasto em saúde pública é o único que se apresenta relevante para o crescimento.

Utilizando variáveis que pudessem captar efeitos econômicos, políticos, socias, geográficos etc. puderam verificar quais destes indicadores poderiam ser considerados robustos e endógenos ao crescimento econômico. Os resultados apontam que melhorias nos indicadores de saúde podem elevar o crescimento no médio prazo, similar resultado tem o incremento dos orçamento público em saúde. Assim, dentre as desagregações dos gastos dos estados, o gasto em saúde pública é o único que se apresenta relevante para o crescimento.

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