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VESTUÁRIO DE CRICIÚMA E DAS ENTIDADES LIGADAS AO SETOR

2 AS POLÍTICAS INDUSTRIAIS DOS GOVERNOS LULA E DILMA (003-016) E AS MES E EPPS

2.1 POLÍTICAS INDUSTRIAIS NO GOVERNO LULA (2003-2010) Segundo Mattei e Magalhães (2011), o início do Governo Lula é

2.1.1 A criação da Lei Complementar nº 123/

De acordo com Oliveira (2016), a Lei Complementar nº 123/2006 foi resultado de três anos de lutas de mais de oitenta mil lideranças empresariais e políticas no Brasil, diante de uma inquietação nacional consolidada a partir do ano de 2003, quando fora observado um grande índice de mortalidade dos pequenos negócios. Segundo o autor, mais de seis mil empresários brasileiros passaram a traçar um levantamento sobre a mortalidade dos pequenos negócios, contemplando que um dos fatores fundamentais que motivaram o desaparecimento das micro e

pequenas empresas no início do século XXI foi a complexidade burocrática governamental, bem como o grande peso da carga tributária brasileira.

Segundo Neitzke et al. (2011), diante de fatores externos como as imposições do mercado, mudanças no cenário econômico, cumprimento de legislações, cultura e fatores internos como a experiência de gestão, número de funcionários, recursos físicos e financeiros, tudo isso, conforme apontado pelos autores, fora potencializado pela grande burocracia envolvida na gestão dos negócios financeiros, diante de uma grande omissão do Estado em amparar as micro e pequenas empresas como um todo.

Para Braga et al. (2009), essa legislação teve como intuito principal oferecer um tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, sobretudo diante do recolhimento unificado dos tributos e das contribuições. Ainda segundo os autores mencionados, a criação da Lei Complementar nº 123/2006 adveio de uma ação ordenada que envolveu várias entidades da Sociedade Civil, buscando a instituição de um novo estatuto para os pequenos negócios, o que incluía um regime especial unificado de arrecadação de tributos e contribuições, estímulo ao crédito e acesso facilitado à justiça.

Oliveira (2016) destaca que a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa – sancionada em 2006 durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva – surgiu dentro de um contexto no qual os empreendedores tentavam acompanhar o célere desenvolvimento tecnológico e a globalização dos mercados, mas suas oportunidades de crescimento e investimento esbarravam em determinações legais. A lei, de tal forma, previu uma série de determinações com o intuito de facilitar a atuação das micro e pequenas empresas dentro do cenário que abarca os aspectos burocráticos, as dificuldades de obtenção de crédito e a carga tributária brasileira, tornando-se o principal instrumento legal a ser conhecido pelo micro e pequeno empresário.

Certamente, o principal mecanismo instituído com o advento da Lei Complementar nº 123/2006 fora o Simples Nacional, o qual, com base no artigo 12 da referida lei, é contemplado como um Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte. O artigo 13 da legislação contempla que o Simples Nacional implica no recolhimento mensal, mediante documento único de arrecadação, dos impostos e contribuições previstos nos incisos I a VIII do artigo em questão:

I - Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica - IRPJ; II - Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI, observado o disposto no inciso XII do § 1o deste artigo; III - Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL; IV - Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - COFINS, observado o disposto no inciso XII do § 1o deste artigo; V - Contribuição para o PIS/Pasep, observado o disposto no inciso XII do § 1o deste artigo; VI - Contribuição Patronal Previdenciária - CPP para a Seguridade Social, a cargo da pessoa jurídica, de que trata o art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, exceto no caso da microempresa e da empresa de pequeno porte que se dedique às atividades de prestação de serviços referidas no § 5º-C do art. 18 desta Lei Complementar; VII - Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS; VIII - Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS (BRASIL, 2006).

De acordo com Camargo (2017), a Lei Complementar nº 123/2006 sofreu alterações, sobretudo no âmbito do Simples Nacional, ainda que conte com mais permanências do que mudanças. Para o autor, as alterações recentes ocorridas nesse modelo contemplam, sobretudo, as tabelas, as regras para exportações e as mudanças no tocante das atividades admitidas com novas bases de cálculos, dentre outras alterações necessárias para que a legislação acompanhe as modificações percebidas no cenário atual. Basicamente, as novas alterações que passaram a vigorar no Simples Nacional a partir do dia 1º de janeiro de 2017 foram introduzidas pela Lei Complementar nº 155/2016.

Os estudos de Gimenes (2016) apontaram que um importante elemento alterado no Simples Nacional em 2018 se deu no âmbito do teto do regime tributário unificado, o qual até então era delimitado pelo valor de R$ 3.600.000,00, que correspondia a uma base de cálculo do ICMS e do ISS. Entretanto, tais tributos agora serão calculados de modo alheio à tabela do Simples Nacional, permitindo que os candidatos ao regime realizem as simulações necessárias antes de optar pelo regime tributário.

Para efeito de ICMS e ISS, o limite foi mantido em R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais), entretanto, o

faturamento máximo que correspondia a esse valor passou para R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais), sendo esse o novo limite estabelecido para o faturamento das empresas. Ferreira (2017) leciona que as alterações na tabela e nas faixas para apuração dos tributos para o ano de 2018 promovem que os benefícios referentes ao ISS concedidos na esfera tributária municipal não poderão ter resultado percentual inferior à alíquota de 2%, salvo em determinadas áreas de atividade relacionadas à construção civil e ao transporte coletivo municipal de passageiros.

Já Trindade (2017) buscou analisar as novas alíquotas do Simples Nacional referentes às alterações promovidas pelos legisladores, contemplando que a alíquota doravante é progressiva, não sendo definida pela faixa, mas sim pelo faturamento da empresa. Para o autor, essa mudança é extremamente benéfica e pode ser verificada, visto que a alíquota é advinda da folha de pagamento e da receita bruta da empresa, privilegiando as empresas que empregam mais com folha de pagamentos e receita bruta superior a 28%, de modo que organizações enquadradas nesse quesito podem se beneficiar do regime tributário do Simples Nacional. Ora, o legislador se ocupou de trazer benefícios mais contundentes e mais adequados para a realidade das MEs e EPPs como um todo.

Ainda segundo Ferreira (2017), o Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS) também sofre alterações com um novo formato que discrimina a partilha dos tributos e os entes federativos aos quais serão pagos os impostos pela empresa participante do Simples Nacional, de modo que os empresários e investidores podem ter uma melhor noção do destino final dos tributos pagos. O autor ainda aponta que a partir de 2018 a Receita Bruta Acumulada nos últimos 12 meses é multiplicada pela alíquota nominal em uma fórmula que contempla as parcelas a serem deduzidas com o intuito de fundamentar a base de cálculo do Simples Nacional para as MEs e EPPs.

O autor aponta que as novas tabelas do Simples são de fundamental análise para a compreensão das mudanças promovidas pelo legislador no regime tributário unificado. Essas novas tabelas contemplam a tributação progressiva, de modo que as empresas recolhem tributos a partir de suas faixas de faturamento mais altas apenas dos valores que excedem as faixas anteriores. De tal forma, as empresas enquadradas no Simples Nacional no ano de 2017 que tiveram um faturamento dentre as faixas de valores contempladas pelas novas tabelas do Simples serão incluídas no regime no ano de 2018, desde que cumpram as determinações expressas em lei.

No tocante às novas tabelas do Simples Nacional, Camargo (2017) aponta que as faixas de faturamento foram reduzidas de maneira significativa (de vinte faixas para apenas seis), resultando em cálculo que corresponde à receita anual total multiplicada pela alíquota, com desconto do valor apontado e dividindo o montante final pela receita anual bruta total. Desse modo, naturalmente, a alíquota simples sobre a receita bruta mensal não é mais aplicável para o Simples a partir do presente ano, de modo que a alíquota é variável com base no faturamento bruto acumulado no período de doze meses e em desconto fixo, possibilitando que seja reduzida a carga tributária para umas empresas e aumentada para outras, de acordo com os resultados totais alcançados pelas micro e pequenas empresas.

Esses foram os principais resultados alcançados pelo presente estudo. Conforme apontado, não foram diagnosticadas mudanças nocivas para as micro e pequenas empresas que optam pelo Simples Nacional. O que houve foi justamente a concessão de mudanças benéficas para o Simples a partir do presente ano, possibilitando a entrada de novas empresas nesse sentido e tornando a tributação das empresas enquadradas nesse regime mais eficiente aos parâmetros tributários da atualidade.

De tal modo, é indispensável que as empresas verifiquem as novas regras do Simples Nacional de 2018, visto que o processo se tornou muito mais inclusivo a partir do referido ano, resultando em possibilidades para que empresas que antes não poderiam usufruir de tal regime passem a fazê-lo. Empresas que até 2017 não poderiam optar pelo Simples Nacional, assim, acabam sendo beneficiadas pelas novas regras, desde que atendam aos quesitos impostos pelo legislador nesse sentido.

2.2 POLÍTICAS INDUSTRIAIS NO GOVERNO DILMA (2011-2016)