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Flávia Amaral17

Rute F. Meneses18

Resumo

Os primeiros meses de vida do bebé são momentos repletos de aprendizagem e de crescimento. A comunicação é desenvolvida desde cedo, mesmo antes que as crianças adquiriram capacidades linguísticas; assim, muitas recorrem à utilização de gestos para conseguirem comunicar.

Neste contexto, pretende-se sistematizar os benefícios que a implementação do Programa Baby Signs poderá trazer para as crianças e seus cuidadores. Assim, realizou-se uma revisão sistemática da literatura sobre este Programa, com base no PRISMA Statement, recorrendo à B-on, RCAAP e PubMed, considerando o período até dia 9 de Abril de 2018, sendo identificados 5 artigos.

As evidências, patentes na literatura e referidas por quem trabalha com o Programa, têm mostrado que os gestos funcionam não apenas como elemento de transição para as palavras, mas também como facilitador no processo de produção da fala. Os gestos parecem fomentar o desenvolvimento da linguagem oral e não impedi-lo, desenvolvendo-se em paralelo: inicialmente a criança comunica só com gestos, em seguida utiliza ambos simultaneamente, e por fim deixa de usar os gestos e emprega somente as palavras.

Em conclusão, apesar do reduzido número de estudos seleccionados, os dados apoiam os benefícios do Programa para os envolvidos.

Palavras-chave: Desenvolvimento da criança, linguagem, gestos, Programa Baby Signs®,

revisão sistemática.

17 FCHS-Universidade Fernando Pessoa

91 ISBN: 978-972-8182-18-2 Edições ISPGAYA

O desenvolvimento da criança é um processo de continuidade e mudanças em diferentes domínios, nomeadamente em três grandes áreas: cognitiva, física e emocional (Souza & Veríssimo, 2015; Zago, Pinto, Leite, Santos & Morais, 2017). O desenvolvimento da linguagem infantil é estimulado pelas redes de interacções estabelecidas entre crianças e adultos desde os primeiros anos de vida, quando a base da comunicação é formada pelo sorriso, choro, além de alguns recursos vocais e gestuais (Oliveira, Braz-Aquino & Salomão, 2016).

O Programa Baby Signs foi desenvolvido por Linda Acredolo e Susan Goodwyn com o objectivo de facilitar a comunicação dos bebés, i.e., disponibiliza-se um conjunto de gestos às crianças que elas facilmente conseguem utilizar para expressar as suas necessidades, pensamentos e emoções até adquirirem as palavras (Goodwyn, Acredolo, & Brown, 2000).

Da investigação, com cerca três décadas, destaca-se um estudo com mais de 140 famílias, divididas em dois grupos: um em que o uso da linguagem gestual foi implementado, outro sem a sua implementação (Acredolo & Goodwyn, 2000). As crianças (sem deficiência auditiva) foram avaliadas aos 11, 15, 19, 24, 30 e 36 meses e aos 8 anos. Os grupos eram equivalentes, no início do estudo, respeitando os seguintes critérios: sexo e ordem de nascimento da criança, a sua tendência para vocalizar ou verbalizar palavras e os níveis de educação e rendimento dos pais (Goodwyn et al., 2000). Os resultados mostraram que aquelas que usavam gestos falavam mais cedo e formavam frases significativamente mais longas. Os bebés de 24 meses que usaram gestos estavam em média a falar mais como bebés de 27 ou 28 meses, representando uma vantagem de mais de três meses sobre os que não usaram gestos (Acredolo & Goodwyn, 2000). Além disso, os bebés que usaram gestos estavam a formar frases significativamente mais longas. Os bebés de trinta e seis meses a usar gestos estavam em média a falar como bebés de 47 meses, colocando-os com uma vantagem de quase um ano em relação aos seus parceiros de idade. Aos 8 anos, as crianças que haviam usado gestos obtiveram, em média, mais 12 pontos de QI na WISC-III do que as restantes (Acredolo & Goodwyn, 2000; Goodwyn et al., 2000).

De acordo com Acredolo e Goodwyn (2000), o Programa ajuda as crianças a desenvolver a linguagem e as capacidades cognitivas, havendo registos de benefícios sociais e emocionais importantes. Apesar de terem desenvolvido várias investigações, estas

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acabaram por não ser verdadeiramente conclusivas, devido às suas limitações: amostra reduzida, inexistência de grupo de controlo e conclusões satisfatórias (Goodwyn et al., 2000).

Assim, considerou-se pertinente realizar uma revisão sistemática da literatura relativa à eficácia do Programa Baby Signs®.

Método

A pergunta de pesquisa deve conter três ou quatro elementos (Bettany-Saltikov, 2012), pelo que, usando o método PICO, se delineou: Quais os benefícios da implementação do Programa Baby Signs® para bebés e cuidadores?

A dificuldade em localizar estudos empíricos condicionou muito a pesquisa, levando à alteração dos parâmetros iniciais, para aumentar a precisão dos resultados. Os critérios de inclusão foram: estudos primários com texto disponível na íntegra e revistos por especialistas publicados até 9/4/2018, em Português, Espanhol ou Inglês, relatando benefícios e alterações no desenvolvimento de bebés até dois anos, com desenvolvimento típico e saudáveis, devido ao Programa Baby Signs® ou sinais. Recorreu-se à B-on, RCAAP e PubMed. Para passar a aceder apenas a informação relevante, usou-se “Baby Signs”, com aspas.

Resultados

Identificaram-se 14 artigos, todos indexados na B-on, sendo incluídos na síntese final 3 (cf. Fig. 1), longitudinais, cuja síntese é apresentada na Tabela 1. Foram identificados 2 estudos teóricos: uma revisão sistemática e um comentário a esta (ambos excluídos).

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Figura 1: Fluxograma

Estudos identificados a partir da base de dado “B-ON”, “RCAAP” e “PubMed” usando-se a palavras-chave “Baby

Signs” (n=14):

Artigos após serem removidos os duplicados (n= 6)

Artigos com texto completo para a aplicação de critérios de elegibilidade (n=5)

Artigos excluídos (n=1):

Participantes com neuropatia auditiva

Artigos Empíricos incluídos na síntese final (n= 3)

Id enti fic aç ão T ria ge m Ele gibi li da de In clusão

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Tabela 1. Síntese dos Artigos (N=3) Autor(es), ano,

País da publicação Objectivo(s) principais

Variáveis & Material 1. Mueller &

Sepulveda, 2013, EUA

Estudar o impacto que o Baby Signs® tem ao nível do stress parental

Ansiedade (stress) e Vínculo entre pais e filhos; Observação 2. Puccini &

Liszkowski, 2012, UK

Expor as crianças a estímulos diferentes, Gesto (G), Gesto+Palavra (G+P) e Palavra (P), analisando a capacidade que têm para aprender novos mecanismo, com o intuito de perceber se o Baby Signs® oferece benefícios no desenvolvimento da linguagem

Linguagem e Gestos; Observação

3. Namy, 2015, EUA

Analisar qual a evidência sobre a aprendizagem das crianças através de vídeos educacionais ou programas de televisão

Gestos, Linguagem e Relação pais-criança e Relatos dos pais – registo em diário; Observação

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Tabela 1. Síntese dos Artigos (N=3; Cont.)

Participantes Procedimento Principais resultados

1. N=11 crianças, de 9 famílias (6 meses a 2 anos); os pais frequentavam um Workshop sobre Baby Signs® ; Critérios de inclusão das crianças: ser de família bilingue.

Workshop: na Universidade; 5 sessões, uma por mês, com temas específicos. O processo foi explicado aos pais, com instruções sobre como aplicar os sinais, incentivando-os a introduzir os gestos naturalmente no dia-a-dia, sem forçar. A cada mês foi apresentado e introduzido um novo conjunto de sinais, podendo os pais colocar dúvidas e partilhar a evolução dos filhos

Não foi comprovado o aumento do stress nos pais que usam o Baby Signs®, pelo contrário: após estarem esclarecidos sobre o programa, o que é típico acontecer e em que altura, acabaram por identificar benefícios: melhor comunicação, vínculo afectivo mais fortalecido, frustrações reduzidas. Os investigadores tiveram um papel fundamental no apoio prestado aos pais.

2. N=60 bebés de 15 meses seleccionados através de um banco de dados (30 meninos e 30 meninas); 3 grupos iniciais, com 20 bebés cada e uma tarefa: Gesto, Gesto+Palavra ou Palavra; devido aos critérios de selecção, foram excluídas crianças dos grupos

Os bebés assistiram a filmes ao colo dos cuidadores. Os estímulos foram apresentados numa televisão e o comportamento foi filmado. Cada vez que a actriz expunha um objecto, fazia um gesto e dizia uma palavra arbitrária em simultâneo, que fazia parte de um conjunto pré-definido e os gestos deveriam ser adaptados à idade.

Fase de treino: 1º a actriz mostrava individualmente o objecto, dizendo a P+G 4 vezes por 40’, repetia o mesmo para outro objecto; 2º havia 2 objectos, um de cada lado, e a actriz mostrava 1 objecto, dizia a P+G 4 vezes durante 35’ e pousava-o no local oposto. Depois repetia o processo para o outro objecto. Fase de teste (imediatamente após): a actriz colocava a questão alvo: “Onde está o ?” No grupo P, a pergunta tinha o nome do objecto; no P+G, a questão era colocada com o gesto em simultâneo com a palavra; no G, a questão era feita apenas com o gesto. Houve uma pausa, para as crianças localizarem o alvo. Repete-se o processo para outro objecto.

Apenas as crianças na condição Palavra assimilaram novos conhecimentos; as na Palavra+Gesto e Gesto registaram valores pouco significativos e muito equiparados. Nas 3 condições houve melhores qualificações na fase de treino, i.e., com um único objecto e demonstração. Quando o objecto era apresentado de forma multimodal simultânea, os gestos não facilitavam a aprendizagem: os gestos diêticos necessários para estabelecer a referência conjunta afastavam a atenção visual, mas não a auditiva. O aumento precoce da exposição a gestos multimodais influencia a atenção dos bebés e seu processamento em associações complexas de enunciados multimodais.

3. N=92 bebés, com 15 meses, que aprenderam gestos; 3 grupos: um aprendia sozinho os gestos através do visionamento de vídeos; outro através de livros (no canto superior havia uma imagem de adulto a reproduzir o gesto presente na página); no terceiro, um adulto recebera um conjunto de materiais impressos, fotografias iguais, as mesmas imagens dos vídeos, com a imagem do objecto com o seu nome e com o adulto a exemplificar o gesto, e

Os pais foram convidados a expor os bebés a 15-20 min de visionamento dos gestos 4 dias por semana durante 3 semanas. Na última não puderam expô-los às imagens. Os pais foram aconselhados a não reproduzirem os sinais fora dos momentos de aprendizagem; sempre que a criança reproduzia o sinal correctamente, tal deveria ser reconhecido e registado no diário. Houve 4 semanas de investigação, e uma 5ª visita ao fim de uma semana sem que as crianças estivessem expostas aos gestos. Os pais foram semanalmente ao laboratório, para avaliação das crianças e análise dos registos (desenvolvimento do bebé). Todos os grupos foram expostos aos mesmos sinais: um conjunto de 18 gestos/palavras

As crianças podem aprender através da observação de vídeos educativos, embora se tenha verificado aprendizagem nos 3 grupos. O grupo que manifestou índice de maior conhecimento foi o que trabalhou com um adulto, que forneceu as imagens e instruções. Após as 2ª e 3ª semanas de exposição aos gestos, observou-se reprodução de sinais, i.e., evidência de aprendizagem

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instruções verbais, descrevendo como executar o sinal e o investigador demonstrou os sinais aos pais na visita inicial ao laboratório. O 4º grupo, de controlo, não foi exposto a nenhum gesto. Abandonaram o estudo 7 crianças.

Tabela 1. Síntese dos Artigos (N=3; Cont.) Observações

1. Existe pouca evidência empírica do uso do Baby Signs®, estando a maioria dos benefícios apenas estão apresentados nos estudos de Goodwyn e Acredolo. Logo, é necessário realizar estudos complementares, principalmente sobre frustrações e vínculo pais-filho

2. Um dos motivos pelo qual a tarefa pode ter fracassado na condição gestual prende-se com a incapacidade das crianças dividirem a atenção visual entre objecto e gesto. O mapeamento seria mais fácil para bebés mais velhos (26 meses). As crianças não ignoraram completamente o gesto, caso isso acontecesse elas deveriam ter um desempenho igualmente bom nas restantes condições onde a palavra estava presente, e tiveram pior desempenho quando a palavra estava associada ao gesto. A natureza dos sinais revelou-se importante: gestos icónicos facilitam a aprendizagem. Os resultados não são esclarecedores sobre a promoção do desenvolvimento da linguagem através do ensino de sinais

3. Todos os pais assinaram o consentimento informado referindo que não é recomendado que crianças menores de dois anos assistam a vídeos/televisão. Contudo, a aprendizagem pode ser influenciada por factores como cores apelativas, sendo a duração da exposição um factor que pode ter influência nos resultados. Foi evidente que a exposição a vídeos educativos é fonte de aprendizagem para o Baby Signs®

A análise da Tabela 1 revela que, dos artigos empíricos (N=3), todos foram elaborados por dois autores, tendo sido publicados entre 2012 e 2015; 2 oriundos dos Estados Unidos da América e o terceiro do Reino Unido.

O que se refere ao objectivo principal dos estudos, um pretendeu estudar a influência que o Baby Signs® tem ao nível do stress parental, outro analisar a capacidade que as crianças têm para aprender novos mecanismos, com o intuito de perceber se o Programa

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oferece benefícios no desenvolvimento da linguagem, e por fim, o terceiro pretendeu analisar a evidência sobre a aprendizagem que as crianças podem ter através do visionamento de vídeos educativos ou programas de televisão. Todos os estudos são longitudinais.

Quanto aos participantes. É de destacar um intervalo de idades entre os 6 meses e os 2 anos, com maior prevalência dos 15 meses. As amostras apresentam grande disparidade em termos de discussão, uma vez que o menor grupo é constituído por 11 crianças e o maior por 92, incluindo crianças de ambos os sexos. Por fim é importante referir que o período de estudo é variável, sendo o mais longo de 5 meses. Ressalta-se um elemento importante: em todos os artigos os critérios de inclusão estão bem delimitados.

As variáveis dos estudos são stress parental, vínculo entre a criança e os pais, linguagem, gestos e relação pais-criança. No que se refere ao material utilizado, todos recorreram à observação sendo também utilizado o diário e a gravação em vídeo.

No que se refere ao procedimento todos ocorreram com a intervenção dos pais cuidadores, sendo apresentados três métodos diferentes, contudo dois deles acabam por convergir uma vez que em ambos, a aprendizagem dos gestos, ocorre pela observação de vídeos. No restante artigo, os pais aprenderam os gestos e representaram-nos para os filhos, fornecendo feedback sobre a aprendizagem da criança.

Relativamente aos principais resultados estes revelam benefícios nas crianças que aprenderam Baby Signs®, contudo um dos artigos refere que as diferenças não são assim tão relevantes, sendo maior a aprendizagem quando a criança aprende os gestos através da interacção com os pais/cuidadores. É, todavia, de referir a percepção de benefícios por parte dos pais.

Por fim, a última coluna expõe algumas observações que mereceram destaque ao longo da análise dos artigos. Deste modo, é possível encontrar informação diferente em todos. Do primeiro artigo destaca-se a informação alusiva à pouca evidência empírica que existe sobre os benefícios do Programa. No segundo artigo, a idade precoce dos bebés é apresentada como uma limitação para o sucesso da tarefa. No último artigo, os autores realçam o facto de não ser recomendado que crianças com menos de dois anos estejam a assistir a filmes e a ver televisão, contudo, acabam por concluir que a exposição de vídeos educativos é uma fonte de aprendizagem.

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Como foi referido anteriormente, elaborou-se uma outra tabela referente à síntese dos dados extraídos dos artigos teóricos. Deste modo, de seguida será apresentada a Tabela 2 referente a 2 artigos: uma revisão da literatura e um comentário a esta revisão.

Tab 2: Síntese de Dados Extraídos dos Artigos Teóricos (N=2) Autor(es), ano,

País da publicação Objectivo(s) principais do estudo Tipo de estudo 1.Fitzpatrick,

Thibert,

Grandpierre, & Johnston,

2014, Canada

Resumir e avaliar a eficácia do Baby Signs® em crianças ouvintes.

Revisão

sistemática da literatura com meta – análise.

2.Howard, &

Doherty-Sneddon, 2014, Inglaterra

Analisar a revisão sistemática supracitada, para perceber os benefícios nas crianças que aprendem Baby Signs® comparativamente com os filhos de pais surdos.

Comentário à revisão sistemática da supracitada

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Tab 2: Síntese de Dados Extraídos dos Artigos Teóricos (Cont.)

Procedimento Principais resultados Observações

1.Análise de oito bases de dados; Estudos datados entre Janeiro de 1900 e Fevereiro de 2013. Com critérios de inclusão e exclusão bem delimitados. Crianças com desenvolvimento típico, audição normal e expostas ao Baby Signs® até à primeira infância, critérios de inclusão;

Ser filho de pais surdos critério de exclusão;

Foram sistematizados dados relativos à linguagem, cognições e relação pais- criança.

Dos 1902 artigos iniciais, após triados e aplicados os critérios de inclusão restaram 10. Destes 2 são referentes à linguagem, 1 abordou o funcionamento cognitivo e os restantes incluíram informação sobre a interacção, a qualidade de vida e a responsabilidade dos pais.

A relação entre o Baby Signs® e o desenvolvimento da comunicação na criança permanece incerta, uma vez que apenas um dos dez artigos o confirma.

Relativamente ao desenvolvimento cognitivo, só um artigo o refere; embora os resultados sejam benéficos, os autores não puderam chegar a nenhuma conclusão. Após a análise dos artigos referentes a interacção pais- criança, não se verificou que o Baby Signs® tenha registado benefício.

Os autores apontam como grande limitação a existência de poucos estudos sobre o tema, ou seja, existe uma pobre contribuição científica. Sublinha todos os critérios de inclusão muito pormenorizados.

Os relatórios mais abrangentes são os de Goodwyn e Acredolo, fundadoras do Baby Signs®.

Em suma, embora não haja fortes evidências dos benefícios do Baby Signs®, também não há relatos de efeitos adversos no desenvolvimento típico.

2,Foram comparados os estudos de Tomasello, desenvolvidos com surdos e filhos de surdos, com os resultados da revisão sobre o Baby Signs®.

Os estudos de Tomasello demonstram que pais surdos optam por não introduzir sinais aos filhos, mas recorrem sim ao apontar, sendo este um sinal presente em crianças mais velhas.

As evidências sobre os benefícios do Baby Signs® ao nível do QI, do desenvolvimento da linguagem sócio- emocional ainda são escassas.

Afirmam que o Baby Signs® pode desempenhar um óptimo papel como estratégia de manutenção.

Existe uma grande dificuldade em obter-se uma amostra razoável de estudos para análise e comparação.

Mais estudos são necessários para permitir uma análise crítica mais completa e detalhada do programa.

Existe ainda muita controvérsia em relação aos benefícios do Baby Signs®.

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O primeiro artigo é da autoria de 4 autores e o segundo é de 2; ambos foram publicados em 2014, sendo o Canadá e o segundo de Inglaterra.

O objectivo principal do primeiro estudo é resumir e avaliar a eficácia do Baby Signs® em crianças ouvintes, enquanto o segundo pretende fazer uma comparação dos benefícios entre estas e as crianças filhas de pais surdos. Assim quanto ao tipo de estudo, o primeiro é uma revisão sistemática da literatura com meta-análise, sendo segundo um comentário a esta.

Em relação ao procedimento, no primeiro estudo para sistematizar dados sobre linguagem, cognições e relação pais-criança, foram analisados os artigos indexados em 8 bases de dados, publicados entre Janeiro de 1900 e Fevereiro de 2013, que cumpriam os critérios de inclusão: ficar a crianças com desenvolvimento típico, audição normal e expostas ao Programa na 1ª infância, o critério de exclusão era ser filhos de pais surdos. No segundo artigo foram comparados estudos desenvolvidos com surdos seus filhos. (e o anterior).

Quanto aos principais resultados, a revisão mostrou que os benefícios do Programa permanecem incertos: só um dos 10 artigos analisados confirma benefícios em relação à comunicação; apenas um artigo sugeriu benefícios em termos cognitivos; em relação à interacção pais-criança, nenhum artigo registou benefício. O comentário vai no mesmo sentido acrescentando que o Baby Signs® pode desempenhar um óptimo papel como estratégia de manutenção.

Por fim, as observações contêm informação que converge, permitindo mais uma vez, sublinhar a escassez de informação sobre o tema e a necessidade de mais estudos. É também referido que embora não haja evidências robustas sobre benefícios também não há evidências de efeitos adversos no desenvolvimento da criança relacionados com a implementação do Programa Baby Signs®.

Discussão e Conclusões

Com a estratégia utilizada, foi apenas possível incluir na revisão sistemática 3 artigos empíricos e 2 artigos teóricos, o que sugere que se trata de um tema ainda pouco explorado. Assim, é de referir o site do Programa (Baby Signs®, s/ d.), página validada e registada em Português, onde se podem encontrar diversos testemunhos, entre outros recursos interessantes.

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Os resultados indicam que o Programa Baby Signs® pode ser uma ferramenta útil para o desenvolvimento da criança, promovendo melhor comunicação, vínculo afectivo mais fortalecido e redução das frustrações (Mueller & Sepulveda, 2013), o que vai ao encontro dos estudos das criadoras do Programa. Por outro lado, os autores supracitados enfatizam os reduzidos dados empíricos e a necessidade de investigação complementar.

Relativamente aos pais, inicialmente, trata-se de um processo algo complicado, pois têm de aprender os gestos, mas com o tempo comunicar através deles torna-se natural, com