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Crianças e Jovens com Projetos Vida para a Adoção

No documento Às crianças e jovens (páginas 91-94)

CAPÍTULO V PROJETOS DE VIDA

5.2. Crianças e Jovens com Projeto de Vida

5.2.2. Crianças e Jovens com Projetos Vida para a Adoção

A definição de um projeto de vida de adoção para uma criança ou jovem que se encontra em situação de acolhimento constitui um passo importante para garantir o seu direito a ter uma família.

Do ponto de vista de uma criança ou jovem que se encontra em situação de acolhimento, um projeto de vida de adoção passa por diferentes etapas, até que se conclua:

• Numa primeira fase, uma criança ou jovem tem o seu projeto de vida definido, após concluída a apreciação técnica sobre a sua situação familiar e individual e determinada a reunião dos pressupostos da situação de adotabilidade;

• Finalmente, o projeto de vida de adoção concretiza-se com a saída da criança ou jovem da situação de acolhimento para uma família adotante.

Gráfico 51: Crianças e jovens, por fases, relativamente a futura adoção (N.º) N= 1.412 crianças e jovens

No ano de 2013, o universo de crianças e jovens para quem adoção se afigura como a possibilidade de saída do sistema de acolhimento totaliza 1.412. Destas, 532 (38% deste universo) têm a adoção definida como projeto de vida; para 491 (35%) crianças e jovens foi decretada uma medida de confiança com vista a futura adoção

(confiança a pessoa selecionada ou a Instituição com vista à adoção – alínea g) do

artigo 35º da LPCJP – Lei nº 147/99, de 1 de setembro na redação introduzida pela Lei nº 31/2003, de 22 de agosto, ou confiança judicial com vista a futura adoção, prevista no artigo 1978º do Código Civil na redação introduzida pela Lei nº 31/2003, de 22 de agosto); e para 389 (28% deste universo) o acolhimento terminou no ano em apreço, uma vez que foram integradas em famílias adotivas.

Caraterização das crianças e jovens com projeto de vida de adoção

Verifica-se neste grupo de 532 crianças e jovens uma ligeira predominância das crianças do sexo feminino (51,7%). Maioritariamente têm até 3 anos de idade (42,3%), encontrando-se, em mais de metade das situações (64,3%), acolhidas em centros de acolhimento temporário.

Entre as 532 crianças e jovens com projeto de adoção, 26 apresentam problemas de comportamento (sobretudo as que têm mais de 6 anos de idade), ainda que ligeiros; 39 destas crianças têm problemas no âmbito da saúde mental ou deficiência mental; e 11 apresentam deficiência física. De referir que quase 70% destas crianças não apresentam nenhuma destas caraterísticas.

De mencionar ainda que 63,9% das crianças e jovens com projeto de vida de adoção encontra-se acolhida há menos de 2 anos, dado que é compatível com a faixa etária para quem este projeto é maioritariamente definido. No entanto, 10% destas crianças estão acolhidas há mais de 4 anos.

Caraterização das crianças e jovens com medida de adotabilidade

São 491 as crianças para quem, em 2013, foi decretada uma medida de confiança com vista a futura adoção, na sequência da definição da adoção como o seu projeto de vida.

Mais de metade (52%) das crianças ou jovens a quem foi decretada uma medida de adotabilidade encontra-se acolhida há menos de 2 anos. Verifica-se uma ligeira predominância do sexo masculino neste grupo (59,5%), sendo que se encontram acolhidas maioritariamente em centros de acolhimento temporário e lares de infância e juventude. Não existe distinção significativa por género entre estas crianças. Em termos de idade, cerca de metade destas crianças têm até 9 anos de idade. E cerca de 65% destas crianças com medida de adotabilidade não apresentam características particulares em termos de saúde, deficiência ou problemas de comportamento.

Face ao total de 532 crianças para quem foi definido o projeto de vida de adoção, conclui-se que 41 destas crianças permaneceram sem medida de adotabilidade definida, etapa sem a qual não é possível que o projeto adotivo se concretize. Sem questionar a obrigação de se cumprirem todos os procedimentos legais e técnicos tendentes à execução de uma medida de adotabilidade, esta constatação suscita a necessidade de refletir sobre a adequação da manutenção teórica de um projeto de vida quando se verifica que a sua exequibilidade não será possível no tempo útil da criança, tendo em conta que um período de vários meses ou alguns anos poderá corresponder a um período muito considerável do total das vidas destas crianças. Caraterização das crianças e jovens que saíram do acolhimento por integração em família adotiva

As 389 crianças que em 2013 viram o seu projeto de vida de adoção concretizado, tendo saído do sistema de acolhimento, distribuem-se por género de forma quase idêntica (51% são raparigas), sendo que mais de metade (quase 66%) tem até 5 anos de idade. Perto de 90% destas crianças encontrava-se acolhida em Centros de

sendo que 80% destas crianças não apresentavam características particulares em termos de saúde, deficiência ou problemas de comportamento.

De referir, no entanto, que 27% das crianças que tinham a adoção definida como projeto de vida em 2013 não o viram ainda concretizado.

A principal razão por que tal não aconteceu reside na ausência de coincidência entre as caraterísticas das crianças em situação de adotabilidade e as caraterísticas pretendidas pelos candidatos a pais adotivos (maioritariamente bebés, preferencialmente sem problemas de saúde ou de desenvolvimento). Esta frequente ausência de encontro entre as necessidades das crianças em situação de adotabilidade e as disponibilidades dos futuros pais adotivos tem como consequência a morosidade na concretização do projeto de adoção.

Diversas medidas têm sido introduzidas no sentido de fazer aproximar as pretensões dos candidatos à adoção à realidade das crianças a adotar. Destaca-se, de forma inequívoca, o Plano de Formação para a Adoção, que expõe, desde o primeiro momento, as caraterísticas e necessidades das crianças a adotar, ajudando os candidatos à adoção a reavaliarem as suas pretensões e disponibilizando-lhes ferramentas para lidarem com os desafios que a parentalidade adotiva lhes irá oferecer. De referir ainda outras estratégias de promoção da adoção de crianças cujas caraterísticas se distanciam das pretendidas pelos candidatos à adoção, que passam pela apresentação das situações reais aos candidatos (salvaguardando naturalmente a identidade das crianças em causa). Com frequência, após este contato com a realidade, os candidatos à adoção reavaliam as suas potencialidades e competências parentais e acabam por aderir ao projeto de adotarem uma criança com caraterísticas distintas daquelas que haviam identificado inicialmente.

5.2.3. Crianças e jovens com Projeto de Vida para a integração em outras

No documento Às crianças e jovens (páginas 91-94)

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