• Nenhum resultado encontrado

67 criando um equilíbrio entre o espiritual, a mente e os aspectos físicos Na Índia, destaque para a tradição

ayurveda, de uma forma sucinta utilizando massagens e a nutrição como forma de incremento do bem- estar.

De realçar ainda a necessidade de criatividade no paradigma do turismo de bem-estar, um exemplo prático é o surgimento do exercício funcional e do ginásio ao ar livre. O exercício funcional é a substituição do exercício aeróbico e dos utensílios clássicos de ginásio por equipamentos modernos e originais, tais como o levantamento e empilhamento de fardos de feno, erguer cercas e serragem de madeira. Este fenómeno é uma forma original de dinamização do espaço natural e do turismo rural.

Alinhado a este conceito, existe o ginásio ao ar livre. Para o efeito é necessária a instalação de alguns equipamentos de exercício ao ar livre, muitas vezes envolvendo recursos naturais, procurando beneficiar dos declives rochosos ou árvores. Por exemplo, a Adidas anunciou recentemente planos para uma cadeia de academias, designadas "Adizones". Exemplos de ginástica ao ar livre: O Copperhood Inn and Spa no Estado de Nova Iorque; O Spa Turtle Cove no Monte Ida, em Arkansas; Spa Montanha Vermelha, em Utah; O Terme di Saturna, em Itália.

De salientar ainda alguns exemplos originais, podendo beneficiar do efeito marketing na atracção de turistas: no leste da Áustria, a Abadia Marienkron em Burgenland, oferece uma pausa de SPA, sendo que é uma comunidade de monjas cistercienses que está responsável pelo centro de bem-estar. De destacar ainda que freiras dominicanas estão igualmente a gerir um centro perto de Koblenz, na Alemanha, replicando dessa forma o exemplo anterior. Em ambos os casos, os clientes são sujeitos a um complemento entre ritmos físicos e espirituais.

4.3.3.Aposta na qualidade

No lado da oferta é fundamental a existência de padrões que garantam a qualidade e que permitam coadjuvar a procura na definição das suas preferências de consumo.

No caso específico da Suíça, a estratégia de desenvolvimento do turismo de bem-estar é sustentada através de uma parceria entre o Turismo da Suíça e a Associação Suíça de Hotéis, tendo esta última entidade definido especificações detalhadas para o sector do turismo de bem-estar, nomeadamente introdução de dois graus de qualidade. Esta evolução tem duas vantagens claras, por um lado maior clarificação para o consumidor ao nível da oferta de serviços, facilitando a escolha dos mesmos. Por outro lado, permite maior diferenciação entre produtos e fornecedores.

Todos os hotéis que integram a rede de hotéis de turismo de bem-estar devem atingir um padrão mínimo de 3 estrelas. Existem ainda duas categorias específicas de bem-estar (wellness):

- 68 -

W1: Hotéis Wellness. Os hotéis devem oferecer uma boa variedade de instalações de bem-estar, incluindo piscina, saunas, salas de tratamento e um programa gratuito de actividades interiores e exteriores;

W2: Hotéis Wellness Top. hotel de 4-5-star e que deve cumprir requisitos adicionais em termos de infra-estrutura e variedade dos serviços prestados. Um aspecto adicional relevante é o estilo;

Em 2008, havia 80 hotéis de bem-estar reconhecidos na Suíça ao abrigo desta norma, dos quais 60 por cento estavam na faixa superior (W2).

Em suma, o turismo de bem-estar assenta na ideia de “regresso ao básico”, ou seja ligação dos visitantes à natureza, recursos naturais, cultura local e produtos locais, por outro lado promovendo o acesso a uma vasta gama de serviços de promoção da saúde e bem-estar e garantido sempre uma elevado padrão de qualidade.

Em Portugal, uma instituição focada neste segmento é a: Longevity Wellness Resort (em Monchique no Algarve). Segundo a filosofia desta instituição, em parceria com a La Clinique de Paris, o envelhecimento humano resulta de um conjunto de factores que vão ocorrendo em simultâneo e que devem ser analisados e tratados a seu devido tempo. A abordagem múltipla do processo de envelhecimento estabelecida consubstancia-se numa abordagem médica integrada e num diagnóstico detalhado. Uma abordagem holística que considera cada indivíduo como um todo e procura restaurar o equilíbrio.

- 69 -

4.3.4.Termalismo

De salientar o recurso ao trabalho de Ramos (2005) com o suporte para elaboração deste capítulo.

Na Grécia antiga a água em geral sempre foi considerada um elemento de culto e com tradição ritual, sobretudo a água termal. Apesar de considerarem a água como elemento relevante no treino físico e higiene, era sobretudo o carácter do prazer, a noção de beleza, contemplação e elevação de um sentido narcisista de beleza e bem-estar. Foram edificados diversos centros que funcionavam como força motriz e de centralização de práticas espirituais, especial destaque para o santuário de Delfos (santuário de Castalia). Estes centros atraiam gregos de vários pontos do império, mas igualmente estrangeiros oriundos de Espanha ao mar Negro. O modelo colonial grego acaba por levar para a Península Ibéria e Itália o culto da água termal.

Próximo da baia de Nápoles, os Gregos fundaram a cidade de Cumes, tendo esse facto impulsionado o desenvolvimento da cidade termal de Baies (a principal cidade termal do mundo antigo).

A influência grega aliada às características dos Romanos, nomeadamente o espírito metódico e o gosto pela arte, criaram um novo elemento urbanístico em redor do culto da água, sendo então edificadas sumptuosas construções. O acesso a esses locais era extensível a larga franja da sociedade e visava atingir diversos objectivos: higiene, educação e lazer.

Com o colapso do império romano e a crescente preponderância da Igreja católica, existiu uma repulsa pelo culto da água, sobretudo por motivos “imorais de alguma concupiscência, interpretando-a como uma forma de hedonismo fortemente reprovável”. Mas a postura em relação às termas era dúbia, por um lado era alvo de promoção eclesiástica por se tratar de um bem natural, por outro lado existiu repulsa por razões de imoralidade.

O renascimento italiano, no século XV, foi um período de projecção das termas. Fluxos de turistas eruditos, provenientes de vários países europeus deslocavam-se a Itália, França e Espanha. O entusiasmo entre as elites europeias permitiu a criação de circuitos, “Tours”, entre as estações termais mais notáveis, com o intuito de serem comparados os resultados obtidos pelos diferentes tratamentos. Existiu ainda uma valorização das paisagens e dos hábitos locais das povoações circundantes às termas. Este interesse, além do factor central (as termas), resulta ainda num cuidado acrescido ao nível do ordenamento, impulsiona a construção de novos e imponentes edifícios e uma preocupação em acentuar o charme dos lugares, ao longo dos séculos XV e XVI.

Por seu turno, no século XVII existe um aumento considerável do número de estâncias termais, sobretudo o catapultar de locais de renome (Vichy, Dax e Aix-les-Bains em França, Spa na Bélgica, Baden-Baden e

- 70 -

Documentos relacionados