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2. PERFURAÇÃO DE POÇOS DE PETRÓLEO

2.3. TESTES EM POÇOS

3.2.4. Criar o dicionário da EAP

Com o objetivo de orientar a equipe em relação aos diferentes itens das EAP, desenvolve-se seu dicionário. Abaixo apresenta-se exemplo:

3.2.4.1. Análise das pressões de poro e de fratura

A definição das pressões in situ é de grande relevância para o planejamento da perfuração, da completação e da posterior produção dos poços de petróleo. Esses dados foram de certa forma negligenciados no passado, mas ganharam importância da indústria ao se perceber seu impacto nos projetos. Hoje há novas técnicas que buscam agregar esses valores aos diversos bancos de dados (AADNOY et al., 2014).

Poços com pressões de formação normais não costumam gerar grandes desafios a seu planejamento. Pressões anormais já podem causar problemas em diversas áreas, como: design de tubos de perfuração e de revestimento, seleção das profundidades do revestimento e da cimentação e confecção da lama. Além disso, ainda podem ocorrer kicks e blowouts, perda de circulação e prisão da coluna por diferencial de pressão (LAKE, 2006).

Tabela 3.1: EAP de projeto de perfuração

EAP # Descrição

Perfuração

1. Análise de pressões de poro e de fratura 1.1. Estudo Preliminar

1.2. Controle com Testes

2. Profundidade e seleção do revestimento 2.1. Estudo Preliminar 2.2. Fornecedores 2.3. Operações 3. Cimentação 3.1. Estudo Preliminar 3.2. Fornecedores 3.3. Operações 4. Geometria do poço Lama 5. Brocas 5.1. Estudo Preliminar 5.2. Fornecedores 6. Fluido de Perfuração 6.1. Estudo Preliminar

6.2. Manutenção da Janela de Operação 7. Coluna de Perfuração

7.1. Estudo Preliminar 7.2. Fornecedores 8. Testes e Perfis 9. Sonda de Perfuração

A dificuldade em se obter os importantes parâmetros para as tensões in situ reside na relação entre as disciplinas de Geologia e Engenharia. A primeira costuma trabalhar com grandes escalas e pequena certeza; a segunda, com menores escalas e maiores certezas. Para a Engenharia, necessita-se precisão para assegurar a segurança de todas as operações (AADNOY, 2011).

As informações das tensões são obtidas por meios diretos e indiretos, podendo assim haver medições mais ou menos precisas. Essa obtenção varia de acordo com os dados disponíveis, buscando-se a otimização do processo. Como resultado, obtêm-se a janela de operação do poço, que possibilita trabalhar em direção à estabilidade da perfuração, da completação e ainda de operações posteriores como o fraturamento hidráulico (AADNOY, 2011).

Durante o planejamento, não há dados disponíveis acerca da perfuração; dessa forma, apenas outros poços na mesma área ou a sísmica podem fornecer informações. As pressões de poro e fratura são assim estimadas a partir dos perfis (sônico e densidade) de poços de correlação e ainda dos dados sísmicos. Quando se começa a perfurar, novos dados são obtidos e servem para o ajuste das estimativas. (KUMAR et al., 2006). A partir desse estudo, obtém-se a curva da janela de operação do poço. A Figura 3.2 ilustra uma curva desse tipo.

3.2.4.2. Profundidade e seleção do revestimento

As condições geológicas, a política interna da companhia e a regulamentação governamental devem ser levadas em conta no momento da seleção das profundidades em que os revestimentos serão assentados e revestidos. Os diferentes tipos de revestimento devem ser assentados de forma a manter a estabilidade do poço para as operações posteriores de perfuração e/ou completação, a minimizar problemas na perfuração e a otimizar a produção (LAKE, 2006).

A definição da janela de operação permite ter a ideia de onde se assentarão as sapatas dos revestimentos. As predições de pressões de poro e fratura indicam os valores máximos e mínimos para o fluido de perfuração em cada fase do poço. Dessa forma, o revestimento será assentado assim que o fluido atingir o máximo de peso de

forma a não fraturar a formação superior. O revestimento protegerá a parte superior e permitirá que o peso do fluido seja aumentado para se prosseguir na perfuração (ANDERSON et al., 1973).

Figura 3.2: Janela de operação

Fonte: Lake (2006).

A escolha dos tipos de revestimento a serem utilizados deve ser feita através de cálculo das tensões a que será submetida a coluna, ainda levando em conta critérios e fatores de segurança API (American Petroleum Institute). Hoje existem programas que modelam a seleção de maneira mais precisa. A coluna é normalmente composta por: condutor (primeiro revestimento), revestimento de superfície, revestimento intermediário e revestimento de produção. (BOWERS, 1955; NASCIMENTO, 2010). A Tabela 3.2 ilustra o resultado de uma análise simplificada para o revestimento de um poço.

Tabela 3.2: Seleção da coluna de revestimento

Intervalo de Profundidade (ft) Número de pés Peso e Grau

0 – 5000 5000 26 lb, J-55, LT&C 5000 – 6750 1750 23 lb, N-80, ST&C 6750 – 9550 2800 26 lb, N-80, ST&C 9550 – 10000 450 29 lb, N-80, ST&C Fonte: Bowers (1955). 3.2.4.3. Cimentação

O cimento Portland é o comumente utilizados nas operações em poços de petróleo. A seleção de sua classe e dos aditivos a serem utilizados leva em conta a profundidade e as condições locais. Após a cimentação, o local efetivamente cimentado é localizado através de pesquisa de temperatura no poço; a reação exotérmica de hidratação libera calor e aumenta a temperatura a seu redor. Assim, verifica-se, com o uso dos perfis acústicos, a qualidade da cimentação, podendo ainda haver operação secundária de correção (BOURGOYNE et al., 1986).

A seleção deve ser registrada no plano e ajustada a novos dados eventualmente obtidos ao longo da perfuração. Ao final, as informações acerca da operação real também devem ser mantidas. A Figura 3.3 representa um relatório simplificado de registro das especificações de cimentação.

3.2.4.4. Geometria do poço

Os tamanhos de broca e de revestimento definem se o poço será capaz de ser completado e produzir economicamente. A seleção desses parâmetros pode definir o sucesso ou a falha de engenharia ou de economicidade. Esse processo é feito com auxílio de programas que levam em conta a capacidade do poço de conduzir os fluidos até a superfície, assim como os problemas potenciais ao se atingir a zona de interesse. Poços muito estreitos dificultam a produção devido à alta perda de energia por fricção,

mas condições geológicas podem exigir a descida de mais revestimentos, reduzindo diâmetro. Dessa forma, cuidadoso planejamento deve ser utilizado (LAKE, 2006).

Figura 3.3: Relatório simplificado de cimentação

Fonte: Moscrip (1951).

3.2.4.5. Programa de brocas

A seleção dos tipos de brocas é desenvolvida a partir de dados de poços de correlação e pode ser feita em qualquer instante do planejamento, adaptando-se apenas à geometria desejada (LAKE, 2006). Essa ocorre ainda por tentativa e erro, observam-se os sucessos em poços próximos, levando em conta a classificação IADC, e utilizam-se as mesmas brocas. Entre a performances de contratantes e de tipos, para efeito de comparação, mede-se um parâmetro financeiro: o custo por metro (BOURGOYNE, 1986).

3.2.4.6. Lama de perfuração

A lama de perfuração é selecionada levando em conta: (1) os tipos de formação a serem perfuradas, (2) as temperaturas, permeabilidades, tensões e pressões de poro, (3) o método de avaliação da formação, (4) a qualidade da água disponível e (5) considerações ecológicas. Entretanto, a composição é ajustada basicamente por tentativa e erro durante o processo. Por isso, um especialista em fluidos de perfuração é mantido a todo tempo na função de ajuste (BOURGOYNE, 1986).

A Tabela 3.3 exemplifica a definição dos tipos de lamas a serem usados em um poço e a Figura 3.4 mostra uma composição comum de lama base água.

Tabela 3.3: Exemplo de fluidos utilizados

Fonte: Nascimento (2010).

Figura 3.4: Exemplo de composição: lama base água

3.2.4.7. Coluna de perfuração

A coluna de perfuração também possui padrões standard API, mas cálculos devem ser feitos levando em conta as tensões a que será submetida devido ao fluido e à profundidade. A quantidade de comandos, tubos mais densos que aplicam peso à broca, é calculada levando em conta as linhas neutras de flambagem e de tração. Os tubos pesados e os tubos de perfuração ficam submetidos a esforços de tração, compressão e torção e possuem propriedades tabeladas.

3.2.4.8. Testes e perfis

Definem-se os testes e perfis que serão corridos no poço, assim como os momentos em que ocorrerão. Testes comuns durante a perfuração são o LOT (Leak-off

Test) após a descida dos revestimentos, os perfis a poço aberto e a poço revestido e os

testes de formação na fase final.

3.2.4.9. Plataforma de perfuração

A seleção das plataformas de perfuração leva em conta principalmente o local do projeto e o custo envolvido. Pode acontecer de mais de uma sonda ser utilizada para diferentes fases do projeto, o que será definido por uma análise estratégica das combinações que mais se adequam ao poço (FERREIRA FILHO, 2016).

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