A solução do problema geral está na coordenação criativa que leva em consideração todos os dados coletados e analisados referentes aos componentes do problema. Assim, Munari (2002) indica que a criatividade mantém-se nos limites do problema.
Com base nos dados apresentados desenvolveu-se a coleção, derivada da idéia de associar os dois elementos representativos de identidade do Nordeste Brasileiro, o sertão e o mar, e desta forma transmitir sobre as superfícies têxteis, as flores da Caatinga, na época das chuvas no sertão. Período de eclosão da flora, com suas cores variadas. Para tal fim, utilizou-se como marco inspirador e título deste trabalho a frase icônica de Antonio Conselheiro “ O sertão vai virar mar”. Esta aqui interpretada não como um apelo preservacionista mas sim, como a tradução de uma transposição de dois elementos simbólicos onde o “sertão” é representado pelas flores da Caatinga e o “mar” pela praia onde serão usados os biquínis produzidos com as superfícies têxteis criadas.
5.4 ELABORAÇÃO DA ESTAMPA
Segundo Clau Cicala (2015), a criação dos elementos compositivos de uma estampa deve partir primariamente de um desenho manual, pois através do contato com os materiais de desenvolvimento do mesmo, existe o estímulo de uma ampla rede neural responsável pela criatividade e imaginação.
5.4.1 Criação de elementos
Baseada nas imagens do painel semântico, deu-se início à criação dos elementos que formaram a estampa. Cada flor foi pintada em aquarela (Figura 34).
Figura 34 - Criação de Elementos – Aquarela
Fonte: Elaborado pela Autora, 2019.
Estas também foram desenhadas digitalmente no software Adobe Ilustrator, apenas com linhas referenciando a xilogravura, afim de que o estilo reforçasse a idéia de Nordeste (Figura 35).
Figura 35 - Criação de Elementos – Digital
Para as flores em aquarela foram mantidas as cores originais de cada planta, com o objetivo de ser facilmente identificadas pelo público que usarão as estampas.
A flor do Cacto Amendoim foi pintada seguindo o ciclo de florescimento respeitando os momento de botão até a flor madura (Figura 36).
Figura 36 - Flor do Cacto Amendoim.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
A flor da Barriguda foi aquarelada juntamente com suas folhas com o objetivo de se reproduzir a beleza natural e forma peculiar da planta (Figura 37).
Figura 37 - Flor da Barriguda.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
A flor da Jitirana foi reproduzida em dois sentidos perfil e frontal, de forma que se possa vislumbrar toda sua estrutura singular (Figura 38).
Figura 38 - Flor da Jitirana.
Fonte: Elaborado pela Autora, 2019.
A Coroa de Cristo foi desmembrada em folhas, caule e flor aqueladas seguindo uma vista supero-inferior (Figura 39).
Figura 39 - Flor da Coroa de Cristo.
Fonte: Elaborado pela Autora, 2019.
A flor da Catigueira foi reproduzida seguindo uma vista infero-superior, com o objetivo de gerar fidedignidade de forma e volume (Figura 40).
Figura 40 - Flor da Catingueira.
O Mandacaru foi reproduzido no seu momento de floração no desbrochar da flor como forma de transmitir a sensação e emoção do florescimento da mesma (Figura 41).
Figura 41 - Flor do Mandacaru.
Fonte: Elaborado pela Autora, 2019.
No desenho digital, a escolha das cores baseou-se no estudo visual e cromático do solo da Caatinga que se altera durante o ano. Podendo apresentar diversas cores como é visto no quadro abaixo (Figura 42).
Figura 42 - Painel semântico solo da Caatinga.
5.4.2 Aplicação
As figuras que se seguem correspondem a aplicação do desenho digital em cada flor escolhida (Figuras 43 ao 48).
Figura 43 - Desenho digital - Flor do Cacto Amendoim.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Figura 44 - Desenho digital - Flor da Barriguda.
Figura 45- Desenho digital - Flor da Jitirana.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Figura 46 - Desenho digital - Flor da Coroa de Cristo.
Figura 47 - Desenho digital - Flor da Catingueira.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Figura 48 - Desenho digital - Flor do Mandacaru.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Para o fundo da estampa foi utilizado o mesmo estudo de cor baseado nas fotos do solo, mas desta vez aplicado de forma que gerasse contraste com os outros elementos (Figuras 49 a 54).
Figura 49 - Fundo da estampa- Flor do Cacto Amendoim.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Figura 50 -Fundo da estampa - Flor da Barriguda.
Figura 51 - Flor da Jitirana.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Figura 52 - Fundo da estampa - Flor da Coroa de Cristo.
Figura 53 - Fundo da estampa - Flor da Catingueira.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Figura 54 - Fundo da estampa - Flor do Mandacaru
5.4.3 Rapport
O rapport é o elemento de repetição de uma estampa que surge a partir de um módulo formando uma padronagem (CICALA, 2015).
A construção do rapport se deu através da junção de todos os elementos produzidos. Logo após foram elaboradas alternativas de rapport os quais foram replicados quatro vezes, assim possibilitando a escolha que mais se adequasse aos objetivos deste trabalho (Figuras 55 a 78).
Figura 55 - Alternativa 01 – Cacto Amendoim.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Figura 56 - Alternativa 02 – Cacto Amendoim.
Figura 57 - Alternativa 03 – Cacto Amendoim.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Figura 58 - Alternativa 04 – Cacto Amendoim.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Figura 59 - Alternativa 01 – Flor da Barriguda.
Figura 60 - Alternativa 02 – Flor da Barriguda.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Figura 61 - Alternativa 03 – Flor da Barriguda.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Figura 62 - Alternativa 04 – Flor da Barriguda.
Figura 63 - Alternativa 01 – Flor da Jitirana.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Figura 64 - Alternativa 02 – Flor da Jitirana.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Figura 65 - Alternativa 03 – Flor da Jitirana.
Figura 66 - Alternativa 04 – Flor da Jitirana.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Figura 67 - Alternativa 01 – Coroa de Cristo.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Figura 68 - Alternativa 02 – Coroa de Cristo.
Figura 69 - Alternativa 03 – Coroa de Cristo.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Figura 70 - Alternativa 04 – Coroa de Cristo.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Figura 71 - Alternativa 01 – Flor da Catingueira.
Figura 72 - Alternativa 02 – Flor da Catingueira.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Figura 73 - Alternativa 03 – Flor da Catingueira.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Figura 74 - Alternativa 04 – Flor da Catingueira.
Figura 75 - Alternativa 01 – Flor do Mandacaru.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Figura 76 - Alternativa 02 – Flor do Mandacaru.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Figura 77 - Alternativa 03 – Flor do Mandacaru.
Figura 78 - Alternativa 04 – Flor do Mandacaru.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Criado o rappor, o módulo 4 foi escolhido para todas as flores. Logo depois foram feitas várias alternativas cromáticas a fim de se escolher a que mais se adequava a proposta deste projeto (Figuras 79 a 84) .
Figura 79 - Alternativas Cromática – Flor do Cacto Amendoim.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Figura 80 - Alternativas Cromática – Flor da Barriguda.
Figura 81 - Alternativas Cromática – Flor da Jitirina.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Figura 82 - Alternativas Cromática – Coroa de Cristo.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Figura 83 - Alternativas Cromática – Flor da Catingueira.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Figura 84 - Alternativas Cromática – Flor do Mandacaru.
Os rapports escolhidos foram colocados na dimensão 20 X 20 cm (Apêndices 1,2,3,4,5,6), que foram replicados lado a lado, seguindo um sistema alinhado em linhas verticais e horizontais (Figuras 85 a 90).
Figura 85 - Rapport Escolhido – Flor do Cacto Amendoim.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Figura 86 - Rapport Escolhido – Flor da Barriguda.
Figura 87 - Rapport Escolhido – Flor da Jitirana.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Figura 88 - Rapport Escolhido – Flor da Coroa de Cristo.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Figura 89 - Rapport Escolhido – Flor da Catingueira.
Figura 90 - Rapport Escolhido – Flor do Mandacaru.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
5.5 MODELO
5.5.1 Biquíni
Para a escolha da forma onde seriam aplicadas as estampas, fora feito um estudo dos modelos utilizados pelo público alvo, no qual foram coletadas imagens de mulheres de diferentes idades que frequentam praia do banco de dados do
google e do instagram, gerando o painel que segue (Figura 91).
Figura 91 - Painel Semântico - trajes de banho.
Após analisar todos os modelos e a forma como cada um se comportava no corpo foram escolhidos dois conjuntos que podem combinar entre si gerando outros dois conjuntos, como demonstrado abaixo (Figura 92).
Figura 92 - Modelos de Biquínis.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
Trazendo como característica o fecho por amarração e sustentação feita por elástico na costura da peça.
5.6 VERIFICAÇÃO
Segundo Munari (2002), esta etapa é o momento de "testar" se o que criamos será o mais próximo possível do que desejamos que seja, se o que foi criado cumpre bem seu propósito.
Com esta finalidade, os rapports escolhidos foram aplicados através do
software Adobe Photoshop em mock-ups do modelos de biquínis pré-escolhidos
(Figuras 93 a 98).
O mock-up é a representação realista, em escala, do resultado final de um projeto de design. Este possibilita a visualização do protótipo desenvolvido. Ele precede a confecção do produto final de um projeto de design (CICALA, 2015).
Figura 93 - Verificação Estampa – Flor do Cacto Amendoim.
Fonte : Elaborado pela Autora, 2019.
Figura 94 - Verificação Estampa – Flor da Barriguda.
Fonte : Elaborado pela Autora, 2019.
Figura 95 - Verificação Estampa – Flor da Jitirana.
Figura 96 - Verificação Estampa – Flor Coroa de Cristo.
Fonte : Elaborado pela Autora, 2019.
Figura 97 - Verificação Estampa – Flor da Catingueira.
Fonte : Elaborado pela Autora, 2019.
Figura 98 - Verificação Estampa – Flor do Mandacaru.
5.6.1 Produto Final
Após a verificação com os mock-ups para cada estampa, as mesmas foram impressas digitalmente em lycra cirré, e foram confeccionados os biquínis.
A partir deste ponto os mesmos foram fotografados em Canidé do São Francisco, compondo um lookbook. Segundo Clau Cicala(2015), o lookbook se constitui em uma ferramenta de grande utilidade para os projetos de Design de Superfície têxtil direcionado a moda, pois permite a visualização da versatilidade de uma coleção.
Escolheu-se para tal finalidade duas modelos com biótipos diferentes com intuito de expressar a diversidade anatômica da brasileira e a possibilidade de utilização do produto por toda população feminina sem se prender a um padrão estético estigmatizado (Figuras 99 a 104).
Figura 99 – Produto Final – Flor do Cacto Amendoim.
Figura 100 – Produto Final – Flor da Barriguda.
Fonte : Elaborado pela Autora, 2019.
Figura 101 – Produto Final – Flor da Jitirana.
Fonte : Elaborado pela Autora, 2019.
Figura 102 – Produto Final – Flor Coroa de Cristo.
Figura 103 – Produto Final – Flor da Catingueira.
Fonte : Elaborado pela Autora, 2019.
Figura 104 – Produto Final – Flor do Mandacaru.
Fonte : Elaborado pela Autora, 2019.
Após a vizualização das peças através do lookbook, se deu a elaboração das fotos da coleção no local onde foi inspiração para o tema, Canidé do São Francisco (Figuras 105 a 200).
Figura 105 – Coleção – Flor do Cacto Amendoim.
Fonte : Elaborado pela Autora, 2019.
Figura 106 – Coleção – Flor da Barriguda.
Figura 107 – Coleção – Flor da Jitirana.
Fonte : Elaborado pela Autora, 2019.
Figura 108 – Coleção – Flor Coroa de Cristo.
Figura 109 – Coleção – Flor da Catingueira.
Fonte : Elaborado pela Autora, 2019.
Figura 110 – Coleção – Flor do Mandacaru.
Assim surge a coleção “O Sertão Vai vIrar Mar”,composta de seis conjuntos com dois sutiãs e duas calcinhas de biquínis de cada estampa, totalizando 24 peças, que pretende ser além de um projeto de Design de Superfície direcionado à moda praia, um trabalho de regste cultural e identidade regional utilizando os elementos simbólicos do Nordestino.
CAPÍTULO6
CONSIDERAÇÕESFINAIS
O presente trabalho desenvolveu-se no sentido de tentar resolver o problema que consistia em trazer algo novo na moda praia. Para tal finalidade, mergulhou no universo simbólico-representativo do Nordestino, especificamente nas flores da Caatinga, utilizadas como elemento na construção das estampas. Para tal fim, as flores escolhidas foram pintadas em aquarela com o objetivo de retratar fielmente sua gradação tonal, conferindo-lhe um caráter realista e expressando a percepção artística do pesquisador.
Acrescido a isso, elas também foram desenhadas digitalmente, somente com linhas, que remetem às matrizes da xilogravura, um estilo artístico que representa as ilustrações populares do Nordeste brasileiro e, portanto, sendo uma característica da identidade cultural e regional, criando assim os rapports, a partir dos quais se desenvolveram seis estampas. Os produtos finais foram primeiramente visualizados nos mock-ups para cada estampa criada. Após visualização dos mesmos, partiu-se para impressão digital das estampas em lycra cirré e confecção dos biquínis gerando produto final que procurou atingir todos os objetivos traçados no presente trabalho.
Finalmente conclui-se que o designer de superfície tem papel importante na formação sócio cultural e, através das suas criações, é possível associar cultura e mercardo consumidor quando se parte do eixo temático de identidade regional. Através deste projeto se traça um linha fecunda pela qual podem ser desenvolvidos outros trabalhos, principalmente com a temática Nordeste, haja vista ser cenário ainda pouco explorado.
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