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CRIED (Centro Ricerche/ Istituto Europeo di Design-Milano/IT)

2 FUNDAMENTOS DA BIOMIMÉTICA E SUA INTERFACE COM O DESIGN

2.2 Metodologias em Biomimética

2.2.3 MÉTODOS DE PESQUISA BIOMIMÉTICA

2.2.3.1 CRIED (Centro Ricerche/ Istituto Europeo di Design-Milano/IT)

O laboratório de Biônica do CRIED nasceu em 1985, com o Centro de Pesquisas de Estruturas Naturais de Milão e o curso de especialização de Design e Biônica. Tendo como responsáveis, os professores Carmelo Di Bartolo, na época diretor do Instituto, e Carlo Bombardelli, coordenador do departamento de Desenho Industrial. O curso reuniu grandes nomes do design, tais como Gui Bonsiepe, Aldo Montú e Tomás Maldonado, como professores. O laboratório desenvolveu parceria com diversas empresas, dentre elas, Sony, FIAT, Dupont, General Eletric Plastic, etc. Hoje, apesar de não ter mais um curso como outrora, totalmente voltado para pesquisa biônica, as metodologias desenvolvidas se transformaram em métodos que são abordados dentro dos diversos cursos ofertados pelo IED, visto que estas pesquisas tiveram grande importância para disseminar as técnicas de estudo das estruturais naturais vinculadas à projetos de Design, tornando seus estudos e métodos precursores do discurso biônico voltado para o design.

A seguir, se verificam os 5 métodos mais significativos que encontraram um melhor equilíbrio no relacionamento entre a biônica, o design e a produção, proposto por Bombardelli e discutidos por Songel (1991), Arruda (1993), Ramos (1993), Lozano (1994) e Forniés (2012).

• Método 1: A partir da análise do objeto natural são extraídos os princípios naturais promissores do ponto de vista da técnica, para serem

aplicados na resolução de problemas de projeto. Porém, ao analisar este objeto, não se sabe com antecedência, quais os problemas de projeto que podem ser resolvidos a partir dessa análise. Em conseqüência, este procedimento não é indicado para resolver um problema projetual específico, já que não se tem controle dos resultados.

Por outro lado, também não existem garantias que os princípios de solução contidos no objeto natural sob análise, são aplicáveis na resolução de problemas em um objeto qualquer, dessa forma esse procedimento pode ser útil para a formação de um banco de dados de princípios de solução naturais, aplicáveis na técnica. (Figura 40) (BOMBARDELLI, 1985)

Figura 40 – Esquema do processo correspondente ao Método 1 – CRIED.

Fonte: Elaborado pela autora, adaptado de (BOMBARDELLI, 1985).

• Método 2: O ponto de partida são os problemas gerados por um projeto, e através do estudo do objeto natural, busca-se a compreensão de como a natureza resolve problemas semelhantes. Entretanto, a condição aleatória na investigação do elemento natural torna este método muito seletivo na fase inicial, e isto gera a perda de informações valiosas de outros seres vivos que não estão sendo investigados. Uma análise completa precisa de uma grande dispêndio de energia e tempo, o que torna o processo caro e raramente aplicável em um contexto de produção. (BOMBARDELLI, 1985) (Figura 41)

Figura 41 – Esquema do processo correspondente ao Método 2 – CRIED.

Fonte: Elaborado pela autora, adaptado de (BOMBARDELLI, 1985).

Método 3: Analisando sistemas naturais, ou até mesmo artificiais, se pode intuir os princípios do problema de projeto, mas os resultados desse processo mental não são controláveis. Entretanto, a intuição pode ser estimulada por informações, já que é baseada em fatos e informações registradas e aprendidas anteriormente. Assim, o processo pode ser incentivado pela aquisição de conhecimentos sobre um assunto, que irão alimentar o sistema cognitivo do projetista com a matéria prima necessária para a produção de inferências que permitem a geração de novas idéias. Se tiver disponível dados biônicos já selecionados e organizados, certamente isto será mais produtivo, por isto é interessanre obter informações de outros especialistas como biólogos, botânicos, etc. (Figura 42) (BOMBARDELLI, 1985)

• Figura 42 – Esquema do processo correspondente ao Método 3 – CRIED.

Fonte: Elaborado pela autora, adaptado de (BOMBARDELLI, 1985).

• Método 4: A definição de um argumento projetual, por exemplo, "carcaças funcionais para produtos" pode levar à realização de uma pesquisa biônica de grandes proporções, por exemplo: "exoesqueletos

de invertebrados". A grande quantidade de informações coletadas garante a definição de múltiplos problemas de projeto. No entanto, existem dificuldades operacionais neste método, não é possível ter informação suficiente para lidar com cada tipo de problema projetual. Se o objetivo é a formação de material documental biônico para uso posterior, este método pode ser interessante, um argumento biônico é o foco da coleta de dados, por exemplo, o estudo de bivalves marinhos, por causa da sua função de proteção, estrutura, resistência mecânica, uso eficiente de materiais e espaço, sistemas e mecanismos de abertura, fechamento e segurança; pode ser base documental para futuros trabalhos relacionados com carcaças. (Figura 43) (BOMBARDELLI, 1985)

Figura 43 – Esquema do processo correspondente ao Método 4 – CRIED.

Fonte: Elaborado pela autora, adaptado de (BOMBARDELLI, 1985).

• Método 5: Este método apresenta um processo de design convencional em que se vão integrando os resultados da pesquisa biônica nos diferentes estágios de desenvolvimento, estes resultados podem ser conhecidos de pesquisas anteriores ou ser parte específica do projeto em questão. Na parte da pesquisa biônica, observa-se que a melhor condição de trabalho está na união entre os tipos de pesquisadores: os biônicos analistas com os designers biônicos; e os pesquisadores da biônica analítica com os da biônica aplicada. O objetivo é recolher os resultados da pesquisa analítica de temas naturais e comunicar sistematicamente através de elaborados textos, gráficos, modelos e fotografias. No momento da apresentação de um problema de

planejamento de qualquer tipo, o designer terá, assim, o material biônico necessário para posteriormente individualizar, acessando-o diretamente na literatura biônica. Pode-se dizer que esta metodologia combina a conceituação e aplicabilidade da biônica na metodologia do design, como um suporte em um processo convencional criativo. (BOMBARDELLI, 1985) (Figura 44)

Figura 44 – Esquema do processo correspondente ao Método 5 – CRIED.

Fonte: Elaborado pela autora, adaptado de (BOMBARDELLI, 1985).

Lozano (1994) fala que as pesquisas das estruturas naturais no laboratório de Biônica do CRIED tiveram 3 objetivos distintos: o primeiro, era o de gerar hipóteses para possíveis projetos; o segundo, era o de estudar as aplicações e testar as metodologias desenvolvidas, e o terceiro, era o de encontrar respostas na realidade produtiva para as hipóteses projetuais levantadas. Neste último, comenta do estudo da musculatura da tromba do elefante e da espinha dorsal de peixes, que utilizou a quinta metodologia de Bombardelli para incorporar flexibilidade e agilidade a um braço biônico robotizado. Foi construído um protótipo em que o sistema de movimento era composto por 2 séries de ligas conectadas em dois níveis diferentes do braço, acionados por um propulsor pneumático. (Figura 45)

Figura 45 – Trabalhos do Centro de Pesquisa de Estruturas Naturais – CRIED.

Fonte: Elaborado pela autora, com imagens compiladas de (ARRUDA, 2002).

O trabalho de investigação sobre as características funcionais e morfológicas do ouriço do mar de Amilton Arruda, que na época era pesquisador do centro e aluno de pós-graduação no CRIED, também é citado por Lozano (1994). Na Figura 46 é possível observar a utilização de imagens tridimensionais renderizadas para este estudo, um recurso de difícil acesso para os demais centros de pesquisa da época.

Figura 46 – Imagens do estudo do Ouriço do Mar de Amilton – CRIED.

Fonte: Elaborado pela autora, com imagens compiladas de (LOZANO, 1994).

Na Figura 47 a seguir, serão apresentados outros resultados de trabalhos do Centro de Pesquisa de Estruturas Naturais no CRIED sob orientação dos professores Di Bartolo e Bombardelli.

Figura 47 – Trabalhos do Centro de Pesquisa de Estruturas Naturais – CRIED.