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2 TERRITÓRIO E REGIÃO NO PROCESSO DE TRANSFORMAÇÕES

2.3 Crise da dívida e ascensão da financeirização: valorização da inserção

Após a crise do estado desenvolvimentista brasileiro as décadas seguintes representaram um momento de grandes transformações, as quais não estiveram limitadas ao Brasil, visto as crises internacionais desde o primeiro choque do petróleo. Economicamente a crise dos juros ainda movimentava a pauta, uma vez que praticamente todos os esforços propunham buscar soluções para os seus rebatimentos internos. Em âmbito produtivo, o fordismo não reunia respostas suficientes a partir do enfraquecimento do estado nacional. Politicamente, cresciam os movimentos contrários à ditadura militar e a necessidade de eleições diretas e uma nova constituição.

A proposta nesse subcapítulo é discutir as repercussões territoriais desses movimentos que possibilitaram a reascensão do liberalismo que tratou de modificar a atuação do estado nacional, enfraquecendo-o a medida que fortalecia as escalas global e local. Buscou-se também tratar das discussões teóricas que vieram a fundamentar as políticas em voga no período que privilegiaram determinadas regiões em detrimento de tantas outras.

A crise que se instalou não foi apenas de demanda, mas no próprio sistema de regulação, fato que levou ao fim do Estado desenvolvimentista e do planejamento estatal, abrindo espaço para novo paradigma produtivo, que exigiu transformação social e política. Hobsbawn (2002) afirma que o Estado, principal agente regulador da economia, já não tinha mais mecanismos eficazes para atender as necessidades da economia mundial.

Cabe destacar o delineamento político econômico tomado pelo Brasil na busca por enfrentar a crise da dívida pública que ocorrera em meio ao processo de redemocratização da política nacional após mais de vinte anos de regime militar autoritário. O país abandonou o projeto de industrialização e fortalecimento de um mercado interno para regressar aos caminhos trilhados por vários séculos da

sociedade agrária, primando por investimentos em setores exportadores para obter elevado saldo comercial e obter recursos para pagamento da crescente dívida pública.

A compensação para os baixos níveis de crescimento produtivo encontrado por muitos setores foi de se voltar para o setor financeiro, o qual demandava um continuo ajuste fiscal por parte do governo em decorrência da dívida crescente, assim como aumento da carga tributária, especialmente para as classes menos guarnecidas da pirâmide social brasileira.

Em paralelo a efervescência da retomada de políticas de cunho liberal no Brasil, ocorriam crescentes reinvindicações por demandas sociais que historicamente foram reprimidas no Brasil, especialmente no período autoritário. As possibilidades abertas com a redemocratização e a Constituição de 1988 colocaram em pauta lutas sociais e trabalhistas que eram destoantes do ideário autoritário de anos anteriores.

Em âmbito produtivo mundial, emergia um paradigma produtivo pautado pela flexibilização dos processos que engessavam e limitaram as respostas do fordismo ao período de crise. Novos mercados, produtos e padrões de consumo emergiram, assim como se valorizava a inovação comercial, tecnologia e organizacional, inserindo novas regiões geográficas e transformando a atuação do Estado-nação.

O Estado não desapareceu, porém seu papel intervencionista foi substituído pelo fomento na atração de investimentos e facilitação das exportações, elevação das taxas de juros, preparando as regiões selecionadas para o recebimento de grandes empresas que passaram a transitar pelo mundo em busca de locais favoráveis para a produção que se fragmentava para maximização dos lucros. As empresas globais passaram a agir diretamente no território, aumentando seu poder político e retirando do Estado o poder absoluto do território, privilegiando no período, de acordo com Araújo (2007), as escalas global e local em detrimento do nacional.

As mudanças organizacionais do sistema produtivo, antes rígido quanto a diversificação produtiva e o funcionamento fabril, abriram espaço para sistemas tradicionais novamente prosperarem, baseados na customização de produtos e valorização de peculiaridades. A fabricação em pequenos lotes e a subcontratação superaram a rigidez fordista e atenderam a um maior nicho de mercados. Casos na Europa, em que prosperou basicamente os sistemas de produção tradicional até a segunda guerra mundial, obtiveram êxito e se tornaram referência no período.

Já no continente sul-americano, em especial no Brasil, o longo período de autoritarismo e centralidade estatal foi confrontado com a instabilidade econômica que fez sucumbir o Estado de bem-estar-social. O Estado foi diminuído ao passo que crescia a onda liberal que, somada a crise inflacionária, de acordo com Cargnin (2011), forçou o fechamento de instituições planejadoras e desestruturou seu aparato. As privatizações foram postas em frente às questões de cunho territorial.

As soluções encontradas pelos países periféricos - em especial o Brasil - para a sua parca capacidade de investimento e ingresso voluntário de recursos externos passou por definições apresentadas por organismos multilaterais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (BM). Essas instituições definiam que os países endividados deveriam centrar seus esforços, políticos e financeiros, em conter a demanda interna, havendo condições favoráveis para a oferta de exportação. Esse fato, além de demonstrar certa perca de autonomia, fortaleciam os ideários norte-americanos, principais beneficiados da flexibilização da produção e reabertura dos países periféricos para seus produtos.

A centralização dos investimentos para exportação, de acordo com Pochmann (2010), limitou a capacidade de retomada da expansão de um mercado interno, visto as rígidas metas de investimentos definidas pelos organismos multilaterais. Tais metas, com forte apelo liberal, esvaziaram os esforços até então realizados para expansão econômica por bases nacionais, uma vez que se flexibilizou tarifas de importação, dificultando a concorrência da indústria nacional com os produtos estrangeiros.

O abandono das prerrogativas de planejamento do território nacional, assim como do fortalecimento de seu mercado interno, levando o país a ingressar de forma subordinada – novamente – na nova ordem mundial, agora de globalização financeira, trouxe consequências marcantes, reafirmando tendências anteriores e dilacerando conquistas alcançadas, como por exemplo a deterioração da infraestrutura, visto o desvio de investimentos para setores exportadores, regionalmente concentrados.

Ocorre no período certa estagnação social, com pouca ascensão como foi percebido nas décadas anteriores. Também uma alta da inflação e descontrole dos recursos públicos. Esses fatos vieram a somar na situação herdada de desigualdade social e regional no país, especialmente no meio urbano onde cresceram os índices de desemprego – principalmente na indústria – gerando massas de excedente de

trabalhadores que passaram a somar na parcela da sociedade vulnerável e conivente com subcontratações e arrocho salarial.

O pressuposto teórico que esteve por trás dos mecanismos utilizados no período dialoga com o desenvolvimento dependente-associado trazido por Fernando Henrique Cardoso (FHC) ainda antes de tornar-se presidente e orientou boa parte da sua política macroeconômica, especialmente o caráter de inserção externa. A discussão que surge como alternativa crítica às outras duas interpretações da economia brasileira – e latino-americana - a teoria cepalina e a teorias do imperialismo.

Segundo a proposta analítica discutida por Teixeira e Pinto (2012), a questão da dependência não necessita ser compreendida em uma perspectiva externa. Percebe-la a partir das relações entre as classes sociais de uma mesma nação dependente expõe o paradigma econômico, ao passo que a burguesia nacional se associa ao capital estrangeiro, sendo que esse último domina os setores mais dinâmicos e a nossa indústria permanece com os ramos tradicionais.

O tipo de desenvolvimento “dependente-associado” possui, segundo os autores debatendo com FHC, quatro elementos: a) internacionalização do mercado interno com transferência de plantas industriais dos países centrais para os periféricos; b) dependência de investimentos e da tecnologia externos; c) a burguesia doméstica é transformada em sócia menor dos interesses do capital estrangeiro no país; e d) rompimento com as ideias de oposição entre dependência e desenvolvimento, pois as empresas estrangeiras exerciam um papel cada vez mais importante na industrialização da periferia.

As reflexões de FHC antes de tornar-se presidente, advogando pelo desenvolvimento capitalista a partir da pertinência da penetração do capital industrial e financeiro em alguns países da periferia – como o Brasil – acelera a produção de mais valia e viriam a pautar as suas ações após 1994, dialogando com as prerrogativas neoliberais.

Há duas áreas de afinidade entre o neoliberalismo e a teoria da dependência- associada. A primeira é a crença no progresso trazido pelo desenvolvimento capitalista da periferia. A segunda é a ideia de que o desenvolvimento capitalista da periferia só será trazido por meio da abertura do mercado interno ao capital estrangeiro.

A conjuntura histórica também auxiliou no processo de inserção das propostas neoliberais atreladas a dependência-associada. Assistia-se no período o fim do regime socialista na URSS, ao passo que na América Latina, sobretudo no Brasil, se esgotava o processo de substituição de importações devido a questões anteriormente trazidas.

As direções tomadas pelos oito anos de governo FHC como presidente seguiram o receituário do Consenso de Washington - abertura comercial e financeira, as privatizações e as reformas pró-mercado – e não obtiveram as respostas esperadas no que tange o desenvolvimento.

Segundo Teixeira e Pinto (2012), parte da não resposta positiva permeou a incompreensão por parte da teoria da dependência associada da transformação no padrão de acumulação da economia capitalista pós-crises da década de 1970 quando passou a atuar no cenário econômico mundial o setor financeiro, no qual o Brasil teve uma inserção subordinada. Entre as décadas de 1990 e 2000 os países periféricos passam não mais a ser vistos como possibilidades para investimentos produtivos, mas como meios para valorização financeira.

Entra em cena outro setor até então ausente na arena de poder da economia mundial e nacional, o capital financeiro. Esse passa a deter hegemonia no interior do que os autores estão denominando bloco no poder, ao passo que sua influência a nível nacional se materializa por intermédio de um dos principais centros de poder no Estado, o Banco Central.

Sobre a participação subordinada do Brasil no contexto mundial, Pochmann (2010) relata a perca da participação do país na produção mundial no período pós- crise da dívida e ascensão do ideário liberal, período que a política exportadora trouxe resultados positivos apenas para segmentos exportadores (especialmente de commodities), uma vez que investimentos estruturantes pouco foram percebidos. Assistiu-se ao ingresso do Brasil novamente de forma subordinada na divisão internacional do trabalho, pois houve especialização na exportação de bens primários e desestruturou os segmentos tecnológicos no território nacional que vieram perder importância relativa.

O crescimento da desigualdade e crise da dívida que impulsionou a política do país para as ariscadas propostas do liberalismo trouxeram a tona a busca para uma transição democrática que estava forçadamente abafada em tempos de autoritarismo militar. Sem dúvida, a crise auxiliou no discurso e na busca por maior

representatividade social na política nacional. O movimento das diretas já iniciado ainda em 1983 e reivindicava a eleição direta para presidente da república é um dos exemplos. A reivindicação que teve início pontual se espalhou pelos distintos extratos sociais, especialmente de trabalhadores assalariados e estudantes, no auge da crise financeira e posterior a recente mitigação dos movimentos sociais ocorridos no regime militar.

A Assembleia Constituinte, que culminou na aprovação do documento em 1988, é outro resultado das lutas sociais que emergiram na época. O debate pela redemocratização, descentralização administrativa e direitos sociais e trabalhistas estavam em pauta após período autoritário. Esses temas, entre outros, estiveram no centro das discussões da nova constituição federal, criando mecanismos de maior participação social e a possibilidade de criação de entes regionalizados de interesse público.

Os mecanismos criados na Constituição de 1988 trouxeram para debate as reformas estruturantes que constantemente foram adiadas no decorrer da história de formação brasileira. A oportunidade fez avançar políticas sociais, principalmente guarnecendo o trabalhador de direitos trabalhistas, no meio urbano e rural. As demandas populares buscavam a instauração do verdadeiro Estado de bem estar social que, sob as reges liberais, não obtivera sucesso, ao contrário, ouve regresso nos gastos sociais durante a década de 1990.

O planejamento do Estado, pautado pelas novas concepções liberais, retoma a preocupação territorial, porém por caminhos distintos dos anteriores. O novo planejamento deve perceber e direcionar as ações para o mercado, criando as melhores condições em regiões/locais selecionados para o recebimento das grandes empresas e os investimentos de privatização.

Na política do governo Fernando Henrique Cardoso, essas concepções estavam presentes no Programa Comunidade Ativa, no qual a estratégia de desenvolvimento local era apresentada pela proposta de Desenvolvimento Local Integrado e Sustentável – DLIS – em que ações de desenvolvimento eram planejadas e decididas no local, caracterizando um empoderamento dessa escala sem uma articulação de projeto nacional de desenvolvimento.

Em linhas gerais, o programa tinha como perspectiva de desenvolvimento a expansão das liberdades reais das pessoas, fato que se faz no local, sendo esse onde se processa a dinâmica do desenvolvimento, essencialmente o crescimento

econômico, ao passo que se busca articulação dos atores que integram o mesmo local, diminuindo os entraves para o desenvolvimento e ampliando a sua competitividade.

Nessas concepções fica evidenciada a prerrogativa territorial do período, com amplo empoeiramento da escala do local, subtraindo da política inúmeros outros fatores para além do local que influenciam na possibilidade de desenvolvimento que superam a garantia de ampliação da liberdade individual.

O planejamento, que demanda diagnóstico, reflexão técnica e política, estudo de viabilidade, entre outras etapas que exigem tempo não apenas para construção das estratégias e projetos, mas também para sua execução, foram, portanto, substituídos no período pelo apelo do curto prazo propiciado pela lógica financeira. Foram supridas no período as ações de longo prazo, as instituições nacionais e regionais que possuíam esse foco, por ações pontuais de interligação direta entre as concepções liberais em voga da escala mundial, com as regiões/locais de materialização dos investimentos.

A lógica de transferência dos esforços públicos para compensar a tendência de queda das taxas de lucros do setor produtivo privado acabou por fortalecer o mercado financeiro que absorvia o endividamento público, não obstante, poucos segmentos, em especial os rentistas, foram beneficiados no período.

No âmbito da constituinte de 1988, formas de descentralização vieram a favorecer a tendência de interligação direta entre os investidores globais e as realidades locais privilegiadas. Após mais de vinte anos de centralidade autoritária no Brasil, era pauta recorrente a necessidade de descentralização da administração pública e dos seus recursos. É a partir da constituição de 1988 que foram partilhadas as responsabilidades entre os entes da federação, com maior participação dos municípios que, a medida que eram expandidos os investimentos estrangeiros em locais providos para reprodução de seus lucros, passaram a entrar em disputas fiscais, deixando em segundo plano um esforço nacional de desenvolvimento. Nos dias mais recentes, a discussão sobre a descentralização encontra outros rumos, uma vez que se repartiram as responsabilidades, porém os recursos permaneceram centrados na União. Os caminhos discutidos atualmente são da tutela da União para temas estratégicos, como educação básica, ou maior participação dos municípios e estados nos recursos públicos.

Não se nega os níveis de crescimento de emprego e renda nas regiões atendidas pelas beneficies do Estado e das grande empresas. Entretanto, foram aprofundadas as lacunas territoriais historicamente constituídas nos países periféricos, em especial no Brasil, criando eixos de investimentos industriais, em detrimento de regiões a margem do processo. A crise do fordismo alinhada com a ascensão da acumulação flexível possibilitou perceber alguns poucos espaços subnacionais inseridos no mercado e tantos outros a margem.

Ao passo da substituição do projeto nacional de planejamento em troca do favorecimento de determinadas regiões para aporte da grande empresa, se passou a conceber a ocorrência de ‘regiões ganhadoras’, como afirma Cargnin (2011). Interliga-se diretamente a escala global e local/regional, gerando práticas políticas corriqueiras no cenário brasileiro, como as guerras fiscais e o sucateamento e descrédito do planejamento a longo prazo e para macrorregiões.

Auxiliou para a assimilação sem haver a devida consideração crítica exemplos ocorridos na Europa e Estados Unidos que obtiveram interessantes resultados, ao passo que a economia mundial ainda estava em crise e em transição para o novo paradigma produtivo. Destacam-se os clássicos casos do Vale do Silício nos Estados Unidos e da Terceira Itália, situações que a inter-relação global/local evidenciaram a potencialidade do novo paradigma, facilitando a massificação e aderência pelo meio político em diversos países e órgãos internacionais, como o BM e a ONU (Organização das Nações Unidas).

No ambiente político internacional, o presidente norte-americano Ronald Reagan (1981-1989) e a primeira ministra do Reino Unido, Margaret Thatcher (1979 – 1990), foram ícone da transição do Estado intervencionais para o conservador. Ambos pautaram seus mandatos por diminuição dos recursos visando o bem estar da sociedade, diminuíram o salario real e travaram fortes embates com o poder sindical. Suas maiores intervenções estiveram vinculadas ao apoio a grande empresa e utilização da reserva federal para saldar dívidas e apoiar o sistema financeiro que crescia em importância desde a crise do fordismo.

No Brasil, a reestruturação da política econômica para responder a crise instaurada com o aumento dos juros – diante do questionamento entre renegociar ou realizar uma auditoria para identificar a decisão sobre o aumento dos juros – teve diversas consequências, entre estas três merecem atenção. Primeiro foi a preocupação desde então – e até os dias atuais – da geração de divisas para

pagamento dos altos valores renegociados da dívida externa. Vinculado a este fato esteve o aumento da dívida interna, uma vez que a emissão de títulos da dívida pública foi uma das propostas emergenciais para diminuição do saldo operacional negativo entre dívida externa, importações e exportações. Por fim, uma longa década de 1980 com parcas perspectivas de investimento e alteração da situação de crise econômica e, sobretudo, em âmbito social, uma vez que todos os esforços eram destinados à busca por soluções para a divida externa, renegando as ações de cunho social a planos secundários, aumentando cada vez mais desigualdades, desassistindo a sociedade brasileira da possibilidade de uma ação democratizante das políticas públicas. Todas essas medidas acompanhadas de privatizações das atividades produtivas nacionais sob justificativa da possibilidade de obtenção de recursos para aplicação em demandas sociais, fato que não confirmado.

Não obstante em seus resultados perante a sociedade civil e a manutenção da inserção do capital financeiro internacional no Brasil, o Plano Real, instaurado em 1994 sobre prerrogativas de combate a inflação que afligia a economia, o poder de compra e a possibilidade de planejamento no país, acabou por levar sem grande esforço Fernando Henrique Cardoso, então Ministro da Fazenda de Itamar Franco, a Presidência da República.

Passado o período inicial de alinhamento de preços relativos, o Real foi instalado a partir de julho de 1994, sendo observada uma queda na taxa de inflação lentamente devido ao declínio dos bens não comercializáveis terem sido lentos, uma vez que os comercializáveis caíram muito rápido. A rapidez com que ocorre essa estabilização depende da mudança de preços relativos em relação ao programa de estabilização, sendo essa mudança condicionada essencialmente à participação dos bens comercializáveis em paralelo aos não comercializáveis na oferta doméstica. Dessa forma, nota-se a importância da abertura comercial para a estabilização dos preços.

As transformações da economia brasileira no período, especialmente a abertura comercial e as privatizações foram as duas principais razões para as mudanças dos preços relativos observados na economia do país. Dois padrões foram observados: a) o declínio dos preços de bens industrializados; e b) aumento dos preços dos serviços públicos. O declínio dos preços dos industrializados está ligado ao aumento das importações enquanto o encarecimento dos serviços públicos as privatizações.

Em relação aos juros, houve razões internas para sua manutenção elevada, acima do definido. Em um primeiro momento fora justificado pela necessidade de constituição de reservas internacionais expressiva, posteriormente para sustentação de uma taxa de câmbio apreciada num contexto restritivo de financiamento externo.