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A unidade em análise é a queda acidental que inclui as quedas sofridas pelos ocupantes dos espaços, de forma não intencional. Os acidentes mais comuns envolvem barreiras como as escadas, desníveis do chão, rampas, vãos de portas e janelas e pavimentos húmidos ou com pouca aderência.

Com vista a aproximar o trabalho em estudo com a actual realidade, pretende-se desenvolver uma metodologia direccionada para esta abordagem na tentativa de minimizar os actuais dados estatísticos relativos às quedas fatais e internamentos.

Para isso, foram então considerados quatro perigos distintos, relacionados com quedas, que muitas vezes resultam em acidentes, nomeadamente:

a) escorregamento - normalmente são quedas associadas a superfícies húmidas ou quando o coeficiente de atrito dos revestimentos de piso não é suficiente (ISS, 2007);

b) tropeçamento – desvios de planeza geral e local dos revestimentos de piso, pátios ou acessos, onde a mudança de nível é inferior a 300mm; ausência ou indicação da existência de obstáculos (ex.: degraus isolados) (ISS, 2007);

c) desamparo – inclinação de escadas e de rampas de acesso e/ou inexistência de dispositivos de protecção contra quedas (ex.: corrimãos) (ISS, 2007);

d) quedas de locais sobrelevados – queda de pessoas em desníveis com altura superior a 2,0 m (ex.: quedas entre níveis, janelas e/ou varandas).

A construção, resistência ao deslizamento e manutenção do pavimento ou superfície das habitações, são factores que afectam a probabilidade de uma ocorrência e a gravidade do resultado. Os revestimentos de piso devem satisfazer as condições de segurança à circulação dos ocupantes, não devendo por isso ser escorregadios, especialmente nas comunicações horizontais e verticais, átrios de entrada e locais húmidos (cozinhas e instalações sanitárias). Quanto aos pisos interiores, é aconselhável que estes não apresentem desvios de horizontalidade que prejudiquem a circulação dos utilizadores (ISS, 2007).

Capítulo 4 – Proposta de metodologia de avaliação das condições de segurança

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No que diz respeito às rampas e aos acabamentos dos lanços, patamares e patins das escadas, estes devem permitir a circulação segura de todos os utilizadores, oferecendo condições satisfatórias. Para os cobertores dos degraus das escadas é aconselhável o uso de faixas antiderrapantes e se possível, de cor contrastante (ISS, 2007). De um modo geral, todos os espaços de circulação devem dispor de um nível de iluminação suficiente, seja natural ou artificial, que possibilite a circulação de todos os utilizadores de forma segura.

As habitações devem proporcionar a protecção dos seus ocupantes contra situações que envolvam episódios acidentais, no uso normal dos espaços e equipamentos que os constituem. Para tal apresenta-se uma lista de dez elementos de avaliação que auferem segurança e boas condições de habitabilidade aos utilizadores. Segundo (Pedro, 2000), “Os elementos de avaliação propostos foram

obtidos com base numa síntese das especificações apresentadas no ponto 2.2.1 da ITA/LNEC n.º5 (Pedro, 1999b)”. Estes serão tidos em conta aquando a avaliação de imóveis, e por isso servirão de

apoio à análise do risco para a categoria das quedas:

1) “Existe um estendal que permite o acesso seguro porque não se projecta da fachada (ex., localiza-se num espaço exterior privado ou numa marquise);

2) As guardas de protecção de espaços exteriores elevados (varandas, terraços) não têm aberturas que permitam a passagem de uma esfera rígida com diâmetro superior a 0,10m; 3) As guardas de protecção de espaços exteriores elevados (varandas, terraços) não têm uma

altura inferior a 0,90m quando situados até 9m de altura, e inferior a 1,10m quando situados acima de 9m de altura;

4) As guardas de protecção de espaços exteriores (varandas, terraços) não têm elementos horizontais que possibilitem a subida de crianças;

5) Não existem degraus isolados ou escadas em locais inesperados (ex., imediatamente após uma porta);

6) Nas escadas os degraus de base ou topo não estão sobrepostos ao espaço destinado a outros percursos de circulação;

7) As escadas entre pisos têm degraus com espelho; 8) As escadas entre pisos têm corrimãos;

9) As escadas e outros desníveis com altura superior a 0,50 têm guardas;

10) As guardas interiores não têm aberturas que permitam a passagem de uma esfera rígida com

diâmetro superior a 0,15m”.

À semelhança dos critérios gerais que se aplicam para a generalidade dos perigos, serão descritos na Tabela 4.9, alguns exemplos de critérios relativos a situações de articulação entre equipamentos e vãos que, mais frequentemente originam acidentes no decorrer do uso normal. Estes critérios serão aplicados para um nível de risco de ocorrência de acidentes Elevado e Muito elevado, que estão relacionados com as anomalias dimensionais (devem ser adoptados como critérios o disposto na regulamentação geral aplicável – secção 2.2 e Anexo I).

A segurança ao uso normal na decisão de intervenção em parques edificados

69 Tabela 4.9 - Critérios de avaliação do risco de quedas e respectivo valor atribuído

Risco de

ocorrência Descrição

Valor atribuído

Elevado

- Não está satisfeito um nível mínimo absoluto para as dimensões das escadas, guardas e/ou rampas, de acordo com as regulamentações (vd. Anexo I), o que compromete as condições de saúde e de segurança dos ocupantes;

-Corrimãos num estado muito degradado ou ausência destes;

- Os revestimentos de piso apresentam ressaltos ou rebaixos em superfície corrente;

- Soleiras de portas de patamar e de vãos que abrem para varandas excedem os 0,05m (existência de degraus isolados).

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Muito Elevado

- Não está satisfeito um nível mínimo absoluto para as dimensões das escadas, guardas e/ou rampas, de acordo com as regulamentações (vd. Anexo I), comprometendo severamente as condições de saúde e de segurança das pessoas;

- Ausência de guardas;

- Os revestimentos de piso apresentam ressaltos ou rebaixos significativos em superfície corrente;

- Soleiras de portas de patamar e de vãos que abrem para varandas excedem os 0,1m (existência de degraus isolados).

1

Na Tabela 4.10, são apresentados alguns exemplos de consequências para este perigo específico.

Tabela 4.10 - Exemplos de acidentes em cada nível de severidade

Leve Moderado Grave Extremo

- Arranhões ou nódoas

negras - Pernas ou dedos partidos - Coma por diversos dias - Coma permanente - Ligeiros cortes na face ou

no corpo - Desconforto permanente - Perda de um membro - Tetraplegia

- Pequenos traumas - Fracturas graves - Morte

- Desconforto ocasional

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