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5 CARACTERIZAÇÃO DOS SUJEITO, RESULTADOS E ANÁLISE DA

5.1 Critérios de seleção e caracterização dos sujeitos

Os sujeitos da pesquisa foram 17 alunos matriculados no ano de 2012, em uma turma de EJA da Escola de Ensino Fundamental 25 de Maio II, localizada na Vila do Quieto, assentamento 25 de Maio, além da professora responsável pela turma de EJA e da Coordenadora de EJA da rede municipal de ensino de Madalena. O critério principal escolhido para a definição dos sujeitos é que esses estavam diretamente relacionados ao objeto de estudo proposto.

A EJA é uma modalidade de ensino que tem um público de diferentes faixas etárias, em geral são pessoas provenientes das camadas populares que historicamente tiveram seus direitos de acesso e permanência na escola negados. Assim, os sujeitos que participaram desta pesquisa são mulheres e homens trabalhadores (as) rurais, cujas histórias de vida são marcadas pelas diversas tentativas de superação do estigma do analfabetismo.

As entrevistas semiestruturadas permitiram conhecer as especificidades desses sujeitos; o que pensam sobre a EJA; os motivos que os levaram a permanecerem ou a evadirem do curso; o que achavam da escola onde estudavam e da pratica pedagógica exercida, entre outros questionamentos importantes para desvendar o fenômeno da permanência escolar. Desse modo foi possível fazer uma caracterização dos sujeitos da pesquisa.

O quadro a seguir mostra como as entrevistas foram organizadas e aplicadas.

Quadro 1. Organização e aplicação das entrevistas.

Entrevistas Nº de

entrevistas

Sujeitos participantes Média de tempo das

entrevistas Coletiva 01 03 alunos concludentes 45 minutos

Individual 09 06 alunos evadidos 01 aluno concludente 01 professora de EJA 01 coordenadora de EJA

15 minutos

Os 10 alunos entrevistados estavam na faixa etária entre 28 e 60 anos de idade, 05 eram do sexo masculino e 05 do sexo feminino. 04 desses sujeitos eram provenientes do município de Madalena os demais vieram de cidades próximas como Tauá, Mombaça e Quixeramobim. A luta por Reforma Agrária e a participação como militantes do MST os motivaram a vir morar na cidade de Madalena e a construírem uma nova vida no projeto de assentamento rural 25 de Maio.

Quanto à atividade que exercem e a fonte de renda, todos os participantes responderam que vivem da agricultura e pecuária, 07 com renda familiar abaixo de um salário mínimo e 03 com renda de um salário mínimo. Devido ao longo período de estiagem sofrido durante o ano de 2012, 04 dos sujeitos entrevistados afirmaram que complementavam a renda familiar e o custeio dos animais com o beneficio advindo da aposentadoria, do trabalho extra como Moto Taxi e da costura de roupas. O quadro seguinte mostra um panorama geral dos alunos entrevistados.

Quadro 2. Caracterização dos alunos entrevistados Cód. aluno Sexo/ Idade Estado Civil Renda familiar Grau de escolaridade Pretensão de retornar aos estudos AE1* Masc. 37 anos Solteiro < R$ 678,00 3ª série E.F Não AE2 Fem. 37 anos Casada < R$ 678,00 1ª série E.F Sim AE3 Masc. 43 anos Casado < R$ 678,00 4ª série E.F Não AE4 Masc. 28 anos Solteiro < R$ 678,00 5ª série E.F Não AE5 Masc. 39 anos Solteiro < R$ 678,00 1ª série E.F Não AE6 Masc. 40 anos Casado < R$ 678,00 1ª série E.F Sim AC1** Fem. 52 anos Casada = R$ 678,00 7ª série E.F Não AC2 Fem. 60 anos Casada = R$ 678,00 7ª série E.F Sim AC3 Fem. 50 anos Casada = R$ 678,00 1ª série E.F Sim AC4 Fem. 30 anos Casada < R$ 678,00 7ª série E.F Sim Fonte: da própria autora (2013)

* AE = Aluno Evadido **AC = Aluno Concludente

Quanto ao grau de escolaridade descrito no quadro acima é possível perceber que dos 10 sujeitos entrevistados, 04 haviam cursado até a 1ª série do ensino fundamental (E.F), 03 cursaram até a 7ª série do E.F, os outros 03 cursaram respectivamente as 3ª, 4ª e 5ª séries

do E.F. Observe que os alunos desistentes tinham o nível de escolarização abaixo da 5ª série do E.F, sendo que a oferta de EJA para esses alunos correspondia aos níveis de 6ª e 7ª séries do E.F.

Todos os alunos pesquisados já haviam frequentado anteriormente a escola, mas por motivos como o trabalho no campo, os afazeres domésticos, ou problemas de saúde, haviam deixado de estudar.

A professora de EJA entrevistada, 51 anos, natural do estado do Piauí, é formada pelo curso Pedagogia da Terra da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Está no magistério há 19 anos, há 04 anos trabalha com turmas de EJA. Como os demais alunos entrevistados, essa professora também mora na Vila do Quieto próximo a escola 25 de Maio. A mesma foi selecionada pelo MST para ministrar aulas no assentamento porque atendia aos critérios referentes à formação profissional, a experiência em Educação do Campo, e envolvimento em atividades do assentamento.

Além de ministrar aulas para a turma de EJA, Helena, nome fictício designado para a professora entrevistada, também trabalha na sala de multimeios da Escola do Campo João Sem Terra. Antes de ser professora de jovens e adultos, Helena passou por um curso de formação para professores de EJA. O curso foi ministrado no ano de 2008 por técnicos e especialistas da educação que trabalhavam na Secretaria Municipal de Educação de Madalena.

Quanto a Coordenadora Municipal de EJA de Madalena, senhora Maria de Jesus, 54 anos, natural de Quxeramobim-CE, a mesma é graduada em Pedagogia, Especialista em Metodologia do Ensino Fundamental e Médio e Especialista em Gestão Escolar. Durante 04 anos foi diretora de uma escola de ensino fundamental da rede municipal de ensino de Madalena. Estava na coordenação municipal de EJA há pouco mais de 04 meses, não tendo nenhuma experiência anterior com o público de EJA.Foi nomeada a Coordenadora Municipal de EJA por indicação política.

A principal função da Coordenadora municipal de EJA de Madalena é fazer, em parceria com as escolas da rede municipal de ensino do respectivo município, o acompanhamento periódico de todas as turmas de EJA, detectar problemas e mostrar soluções. No caso das turmas que funcionam em áreas rurais, como no assentamento 25 de Maio, esse acompanhamento é feito uma vez por mês, haja vista, as dificuldades de deslocamento da cede urbana deste município para a zona rural.

Os sujeitos participantes dessa pesquisa: alunos, professora e Coordenadora Pedagógica, foram importantes para desvendar o fenômeno da permanência escolar na EJA do campo, pois apresentaram informações que ajudaram a entender a dinâmica da EJA no campo, seus desafios e avanços.

Lembro que após a coleta de materiais em campo fiz a transcrição das entrevistas gravadas, em seguida um agrupamento das diferentes opiniões e discursos das falas dos sujeitos participantes da pesquisa – alunos e ex-alunos de EJA, professora e a Coordenadora de EJA. Após o agrupamento dos dados foi possível identificar as categorias de análise. Utilizei a técnica de análise de conteúdo, que segundo Triviños (1987, p. 160) permite estudar as comunicações entre os homens, colocando ênfase no conteúdo das mensagens.

Como o material trabalhado nessa etapa se enquadrava muito bem nas descrições acima, não tive dúvida em adotar a análise de conteúdo como metodologia de pesquisa.

Seguindo a ordem cronológica de caracterização, discussão e análise dos resultados, a seguir apresento a análise dos achados da pesquisa.

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