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3.1 PARTICIPANTES

3.1.2 CRITÉRIOS PARA A SELEÇÃO DOS PARTICIPANTES

A aplicação do Inventário de Estilo Parental Materno foi responsável pela seleção da amostra de risco e não risco para problemas de comportamento do adolescente deste trabalho, isto é, diferenciou as mães que apresentaram práticas de risco das mães que apresentaram práticas de não risco para problemas de comportamento do adolescente.

Para comparação entre os grupos dos resultados obtidos pela aplicação do IEP, foram calculadas as médias da frequência de cada prática educativa materna e as médias da

frequência do índice de estilo materno. Para verificar as diferenças estatísticas entre os grupos foi aplicado o teste Mann-Whitney, como pode ser visto na Tabela a seguir:

Tabela 11 - Médias das frequências das práticas maternas e do índice de estilo materno avaliados pelo IEP e aplicação do teste Mann-Whitney para comparação entre os grupos de risco e não risco para problemas de comportamento do adolescente.

IEP Grupo risco Grupo não risco Valor

Médias (desvio padrão) Médias (desvio padrão) P

Monitoria positiva materna 6,93 (1,73) 11,4 (0,70) 0,000

Comportamento moral materno 6,29 (3,00) 11 (1,25) 0,000

Punição inconsistente materna 5,71 (2,20) 1,5 (1,43) 0,000

Negligência materna 5,29 (2,81) 0,30 (0,48) 0,000

Disciplina relaxada materna 4,93 (2,76) 1,20 (1,23) 0,000

Monitoria negativa materna 8,00 (2,39) 4,20 (1,23) 0,001

Abuso físico materno 4,64 ( ,27) 0,40 (0,52) 0,000

Índice de estilo materno (IEP) -15,29 (6,47) 14,80 (2,53) 0,000

A partir da Tabela 11, nota-se a existência de diferenças estatísticas significativas (” 0,05) para todas as práticas maternas avaliadas pelo IEP na comparação entre os grupos de risco e não risco, inclusive para o índice de estilo materno. Esses dados apontam que os grupos apresentam diferenças significativas em relação à frequência de práticas positivas e negativas, bem como diferença do índice de estilo materno, variável que promoveu a classificação dos grupos em risco e não risco para problemas de comportamento do adolescente.

Em relação ao índice de estilo materno, as mães do grupo de risco apresentam maior incidência de estilos negativos (média iep risco = -15,29/ média iep não risco = 14,8 e p =0,00), sendo que quanto mais negativo, maior a incidência de práticas de risco para problemas de comportamento do filho. No que diz respeito às práticas educativas, de forma geral, observa-se que as mães do grupo de risco apresentam maior frequência de todas as práticas negativas e menor de todas as positivas, bem como no grupo de mães de não risco há maior incidência de práticas positivas e menor de práticas negativas.

Quanto às práticas positivas, a monitoria positiva apresenta maiores índices de frequência no grupo de não risco (média risco = 6,9/ média não risco = 11,4), com diferença estatística significativa (p = 0,00), em relação ao grupo de risco. O comportamento moral também é mais frequente no grupo de não risco (média risco = 6,2 / média não risco = 11) que no grupo de risco, com diferença estatística relevante (p=0,00).

Todas as práticas negativas são mais frequentes no grupo de risco para problemas de comportamento do adolescente, com diferenças estatísticas significantes entre os grupos. A prática de punição inconsistente apresenta maior frequência no grupo de risco (média = 5,71)

que no de não risco (média = 1,5), com diferença estatística significante (p=0,00). A prática de negligência apresenta média de 5,29 no grupo de risco e 0,3 no de não risco, havendo diferença estatística significativa (p=0,00). A disciplina relaxada apresenta frequência média no grupo de risco de 4,93 e 1,2 no grupo de não risco, apresentando diferença estatística significativa (p=0,00). A monitoria negativa obteve média 8 no grupo de risco e 4,2 no grupo de não risco, com diferença estatística relevante (p=0,01). O abuso físico apresenta média de 4,64 no grupo de risco e média 0,4 no grupo de não risco, sendo uma diferença estatística significante entre os grupos (p=0,00).

A busca de correlações entre as variáveis do IEP foi realizada através da aplicação do teste Spearman, o qual possibilita verificar se há diferenças entre a frequência de práticas maternas dentro de cada grupo. A Tabela 12 apresenta os resultados dessa análise para todas as práticas educativas maternas, bem como para o índice de estilo materno, no grupo de risco para problemas de comportamento do adolescente.

Tabela 12 - Correlação Spearman das práticas educativas maternas e do índice de estilo materno, obtidos através do IEP, no grupo de risco para problemas de comportamento do adolescente.

Correlação Spearman Monitoria positiva Comportamento moral Punição inconsistente Negligência Disciplina relaxada Monitoria negativa Abuso físico IEP Materno Monitoria positiva - - - - - Comportamento moral - - - - - Punição inconsistente - - - - - ,598* Negligência - - - - - ,593* Disciplina relaxada - - - - - Monitoria negativa - - - - - Abuso físico - - - - - Índice de estilo materno (IEP) - - -,598* -,593* - - - -

Legenda: Os números com asterisco representam os valores que apontam para correlações, os demais itens não apresentaram correlações.

Os resultados da Correlação Spearman obtidos com o grupo de risco para problemas de comportamento do adolescente, apresentados na Tabela 12, mostram que o Índice de estilo materno (IEP) obteve correlações negativas com a punição inconsistente e com a negligência. Isto é, quanto maior a frequência de práticas negativas como a punição inconsistente e a negligência, menores os índices de estilo materno. O que faz sentido visto que quanto maior a

incidência de práticas negativas, menor é o índice de estilo materno, e quanto mais negativo é o IEP, maior o risco para problemas de comportamento do filho.

As correlações entre as práticas do grupo de não risco para problemas de comportamento do adolescente foram obtidas através da aplicação do mesmo teste. A Tabela 13 apresenta os resultados da correlação Spearman para todas as práticas educativas maternas, bem como para o índice de estilo materno, no grupo de não risco para problemas de comportamento do adolescente.

Tabela 13 - Correlação Spearman das práticas educativas maternas e do índice de estilo materno, obtidos através do IEP, no grupo de não risco para problemas de comportamento do adolescente.

Correlação

Spearman

Monitoria

positiva Comportamento moral Punição inconsistente Negligência Disciplina relaxada Monitoria negativa Abuso físico IEP Materno

Monitoria positiva - - - - - Comportamento moral - - - - ,638* ,639* - - Punição inconsistente - - - - - -,762* Negligência - - - - - Disciplina relaxada - ,638* - - - ,820** - -,656* Monitoria neg. - ,639* - - ,820** 1,000 - -,635* Abuso físico - - - - - Índice de estilo materno (IEP) - - -,762* - -,656* -,635* - -

Legenda: Os números com asterisco representam os valores que apontam para correlações, os demais itens não apresentaram correlações.

As correlações obtidas com o grupo de não risco, apresentadas na Tabela 13, apontam para o índice de estilo materno (IEP) correlacionado negativamente às práticas negativas de punição inconsistente, disciplina relaxada e monitoria negativa. O que permite dizer que quanto maior o índice de estilo materno, menor a frequência das práticas negativas de punição inconsistente, disciplina relaxada e monitoria negativa. Sobre as práticas maternas são apontadas correlações negativas entre a prática positiva de comportamento moral e as práticas negativas disciplina relaxada e monitoria negativa. O que significa que as mães que transmitem valores através do comportamento moral, com pouca frequência utilizam da disciplina relaxada e da monitoria negativa. Correlação negativa foi encontrada entre as práticas negativas disciplina relaxada e monitoria negativa. O que permite afirmar que no grupo de não risco, as mães que utilizam da disciplina relaxada, isto é, colocam regras e não

as cumprem, não fazem uso da monitoria estressante caracterizada pelo excesso de fiscalizações.

De forma geral, os dados obtidos pelo IEP mostraram que houve maior frequência de práticas positivas no grupo de não risco e pouca freqüência de práticas negativas no mesmo grupo. Entre as mães do grupo de risco houve maior freqüência de práticas negativas e pouca frequência de práticas positivas. As correlações mostraram que as ações das mães do grupo de não risco são mais consistentes que as das mães do grupo de risco.

As análises acima descritas evidenciam as características que diferenciam os grupos e que permitem classificá-los como de risco e de não risco, o que norteará todas as análises subseqüentes para responder as perguntas do presente estudo.