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4 OS MÉTODOS DE VALORAÇÃO AMBIENTAL

4.4 Criticas a valoração ambiental

As grandes questões envolvendo a valoração econômica ambiental são resultado do instrumental analítico das técnicas utilizadas. Assim, cada um dos métodos apresenta vantagens e deficiências. Mas, não há consenso quanto à eficiência de um método em relação ao outro, então, essa comparação não pode ser feita pela impossibilidade de comprovar o verdadeiro valor de um bem ou serviço ambiental. Ou seja, não há como comparar a eficiência de cada método, já que seria impossível estimar o verdadeiro valor do meio ambiente. Portanto, a opção por determinado método vai depender das especificidades de cada uma das situações.

Embora estes métodos de valoração apresentem resultados muitas vezes divergentes, todos partem do mesmo princípio da racionalidade econômica. As pessoas realizam suas escolhas a partir do que observam, procurando maximizar o bem estar limitadas pelas restrições orçamentárias. (Maia et al., 2004)

Segundo Nogueira e Medeiros (1998),

Uma série de questionamentos aflora imediatamente: será que o simplismo teórico do MCR e do MDR é compensado pela qualidade da estimativa obtida através de suas aplicações? São essas estimativas capazes de refletir a correta DAP ou DAC do usuário do bem ou serviço ambiental? Quais as conseqüências sobre a confiabilidade de estimativas de preferências individuais obtidas indiretamente, através de mercados de bens substitutos ou complementares? Com que grau de certeza pode-se simular um mercado para um bem ou um serviço ambiental através da aplicação de questionário? Será que as respostas obtidas desse questionário podem efetivamente fornecer uma estimativa adequada do comportamento efetivo do respondente? Essa e muitas outras questões desafiam estudiosos de valoração econômica do meio ambiente há várias décadas. Para algumas, as respostas já foram obtidas e elas têm tido um elevado grau de aceitação. Outras questões ainda motivam debates acalorados.

O questionamento sobre os métodos de valoração econômica ambiental sempre existiu. Um dos métodos mais criticados, polêmicos e de maior aplicação na avaliação dos bens e serviços ambientais é, sem sombra de duvidas, o MVC. Segundo Riera (1992), os debates se iniciaram com a comparação entre os métodos de valoração. Mas, não se pode discutir sobre qual método será utilizado quando se pretende estimar valores de existência. Nesse caso, o MVC é o único capaz de obter valores de não-uso para bens e serviços ambientais.

Em seguida, as discussões caminharam no sentido de identificação e superação de vieses. Nesse contexto, as maiores críticas eram referentes aos vieses que poderiam existir da aplicação do MVC. Como mostrado anteriormente, a existência dos vieses estava atrelada ao não cumprimento de uma série de recomendações que o NOAA panel apresentou no seu relatório, em 1993. Os procedimentos deveriam ser seguidos para que suas aplicações, na avaliação de danos ambientais, fossem confiáveis e amplamente aceitas. Segundo Carson, Flores e Meade (1998), um cuidadoso planejamento e criteriosa aplicação do MVC podem resolver muitos desses problemas.

O debate sobre identificação e superação de vieses prosseguiu até o NOAA panel. A partir daí, a mudança foi na direção da utilidade prática do MVC. Nesse momento entra em discussão a capacidade do método em captar valores de existência através de entrevistas. Inclusive um dos objetivos do NOAA panel foi o de demonstrar que MVC seria capaz de estimar valores de existência. Segundo o relatório NOAA:

A técnica de VC é o assunto de maior controvérsia. Seus difamadores argumentam que os entrevistados dão respostas que são inconsistentes com a doutrina das escolhas racionais, pois eles não entendem o que esta sendo pedido para avaliarem (...) que os entrevistados fracassam em levar questões de VC a sério porque os resultados das pesquisas não são coerentes, assim como levantam outras objeções. (Arrow et al. 1993)

Maia et al. (2004) destacam que uma boa parte das criticas do MVC contesta o cálculo do valor de existência. A outra parte é em relação ao caráter hipotético da pesquisa. As divergências teóricas relativas a estimativas empíricas são pelo fato de que estas levariam a dúvida quanto à consistência e coerência das preferências dos usuários por bens e serviços ambientais. As pessoas podem revelar suas preferências sim, no entanto, isso não garante que elas fizeram a melhor escolha. Além disso, como saber se os resultados são verdadeiros se não há uma base real para comparação dos dados e, consequentemente, da validação dos resultados. Mesmo assim, apesar das controvérsias o MVC foi muito aplicado e continua de alguma forma sendo estudado até hoje.

Alem das críticas decorrentes dos problemas inerentes à própria aplicação do MVC (dos vieses), outras abordagens, como da economia ecológica defendem a necessidade de uma maior integração entre a economia e a ecologia no processo valorativo de ecossistemas. Como os ecossistemas encontram-se ameaçados por um grande número de atividades humanas, o passo inicial na tentativa de

sobre a natureza. Mas, não se pode dar ao luxo de descartar os esforços envolvidos na tentativa de melhorar as técnicas de valoração existentes. O desafio da economia ecológica é na tentativa de integrar os valores obtidos, por métodos tradicionais de valoração ambiental, em análises mais amplas, mais integradas, com uma nova visão pré-analítica, com uma nova visão de mundo, através de ferramentas que ainda não foram nem desenvolvidas (Costanza, 2000, 2001).

Devido às dificuldades e incertezas inerentes a determinação de valores, a economia ecológica reconhece diversas abordagens independentes. Não há um consenso a respeito de qual abordagem seja certa ou errada – todas elas têm algo a dizer – mas há concordância sobre o fato de que uma avaliação melhor dos serviços do ecossistema é um objetivo importante para a economia ecológica. (Costanza, 1994).

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