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Cronologia da artroplastia da anca e do desenvolvimento de materiais para a

2.4 Materiais Biomédicos para Prótese da Anca

2.4.2 Cronologia da artroplastia da anca e do desenvolvimento de materiais para a

O desenvolvimento de materiais para as próteses da anca, é um dos maiores desafios dos dias de hoje, no âmbito da tecnologia de concepção de próteses.

Diversos investigadores têm vindo ao logo dos anos a estudar e desenvolver materiais para esta utilização. O material utilizado na primeira artroplastia da anca, pelo cirurgião Carnochan em 1840, foi um bloco de madeira, colocado entre as extremidades danificadas da articulação. Posteriormente, foram sendo testados outros materiais biológicos e “estranhos”, incluindo a pele, a bexiga de porco, o músculo e até folha de ouro. Infelizmente os resultados destas cirurgias conduziam a resultados imprevisíveis, dolorosos e ineficazes (Pramanik et al, 2005). É apresentado na Tabela 4 um resumo das principais datas que marcam etapas importantes no desenvolvimento e aplicação de novos materiais em próteses da anca, com base nos dados coligidos por Pramanik et al (2005) e complementados pela revisão histórica apresentada por Kulkarni (2006).

Tabela 4 – Cronologia das principais etapas do desenvolvimento e aplicação de novos materiais em próteses da anca

Ano Tipo de artroplastia e materiais utilizados

1840 Artroplastia interposicional da anca. Carnochan utilizou um bloco de madeira para separar as extremidades danificadas da articulação.

1890 Hemi-artroplastia (componente femural). Gluck introduziu a haste femural, com a cabeça do fémur em marfim.

1919 Hemi-artroplastia (componente femural). O cirurgião francês Delbet utilizou borracha reforçada no lugar da cabeça femural.

1925 Artroplastia interposicional da anca.

Smith-Petersen utilizou pela primeira vez um componente hemisférico de vidro, em forma de sino, para cobrir a cabeça do fémur e assim permitir uma movimentação suave da articulação, promovendo ao mesmo tempo a regeneração da cartilagem. Apesar da sua biocompatibilidade, a fraca resistência às tensões criadas pela deambulação levou à sua rápida falência.

Deixou no entanto lugar à experimentação de outros materiais, como o Viscaloid, um derivado celulósico.

1926 Hemi-artroplastia (componente femural). Grooves utilizou uma capa de marfim para substituir a superfície articular da cabeça do fémur.

1933 Artroplastia interposicional da anca. Material utilizado: Pyrex.

1936 Artroplastia interposicional da anca. Foi utilizada uma liga de Cobalto-Crómio, denominada Vitallium. Este material demonstrou ser inerte e durável para o tipo de cirurgia e apresentar uma elevada resistência à corrosão. Ainda hoje é utilizado.

1938 THR. Philip Wiles, de Londres, efectuou provavelmente a primeira artroplastia total da anca.

Era do tipo MOM (Metal on Metal), sendo ambos os componentes fabricados em aço inoxidável.

1939 Artroplastia interposicional da anca. Material utilizado: Bakelite.

Hemi-artroplastia (componente femural).

Bohlman e Austin T. Moore, colaboraram no fabrico e implantação da primeira prótese femural em Vitallium, com uma haste de 12 polegadas de comprimento (aproximadamente 30 cm), num paciente com um tumor celular gigante recorrente. Sendo uma intervenção com algum sucesso, influenciou o desenvolvimento de próteses femurais com haste longa.

1938-46 Hemi-artroplastia (componente femural). Jean Judet e o irmão Robert Judet, de Paris, tentaram utilizar um material acrílico (PMMA) para substituir as superfícies artríticas da articulação, mas soltava-se após a implantação. Em 1946, desenvolveram então as primeiras próteses de haste curta, em PMMA.

1950s Hemi-artroplastia (componente femural). F. R. Thompson e Austin T. Moore, desenvolveram as mais populares próteses femurais de haste longa.

1950 THR. Sven Kiaer introduziu a utilização de cimento acrílico na área ortopédica. No mesmo ano, a ideia dos irmãos Judet de utilizarem o acrílico como material para as próteses da anca (1946), inspirou Edward J. Haboush, do Hospital para as Doenças da Articulação, de Nova Iorque, para a utilização do “acrílico dental de fixação rápida” na colagem da prótese ao osso.

1951 THR. McKee e Watson-Farrar introduzem a prótese total da anca composta por um componente femural tipo Thompson e um componente acetabular em liga de Cobalto-Crómio. Ambas as próteses eram fixas ao osso através da cimentação com cimento acrílico.

Em 1960, foi desenvolvida a chamada “McKee’s Ring Prosthesis”, que era fixa através de parafusos.

1952 Cúpula acetabular: Utilizada por Gaenslen. 1955 Cúpula acetabular: Utilizada por McBride 1957 Cúpula acetabular: Utilizada por Urist.

1958 Cúpula acetabular: Em Inglaterra, um muito inovador cirurgião, Sir John Charnley, iniciou o desenvolvimento da técnica de artroplastia de baixo atrito, com a utilização de Teflon (PTFE). A utilização deste material acabou por ser abandonada, pela sua baixa resistência ao desgaste.

1961 Cúpula acetabular: Sir John Charnley procurou soluções alternativas de baixo atrito. Iniciou então a utilização do

polietileno de ultra alto peso molecular (UHMWPE), que

apresentava características de resistência ao desgaste 500 a 1000 vezes superiores ao Teflon.

1970 THR: Pierre Boutin procedeu ao primeiro implante COC (Ceramic on Ceramic), utilizando próteses cerâmicas à base de Alumina.

1973-76 THR. McKee e Watson-Farrar utilizam próteses da anca cimentadas, de uma liga metálica de Cobalto-Crómio-Molibdénio (CoCrMo).

1977 THR. Willert iniciou a aplicação de próteses da anca e do joelho.

1980s THR. Depois de generalizada a aplicação de próteses da anca e do joelho nos anos 70, começou nos anos 80 a ser dada alguma atenção ao comportamento tribológico dos materiais utilizados. 1990s THR. Desenvolvimento de novas próteses cerâmicas, utilizando além da Alumina, a Zircónia.

1992 THR. Sedel iniciou a utilização de pares articulares do tipo COC, em Alumina.

1994 THR. Fisher reduziu o desgaste, as partículas de desgaste e as reacções biológicas típicas. 1995 THR. Muller iniciou a utilização de pares articulares MOM em liga de Cobalto-Crómio. 2000s THR. Aumenta o interesse na Hidroxiapatite (HAP), como

revestimento da superfície externa das próteses da anca, para encorajar o crescimento ósseo e a fixação biológica das mesmas.