• Nenhum resultado encontrado

P. Editoria Colunas

3 Arte e Cultura

Pra ver e ler – publicação de histórias, quadrinhos e poemas de autoria dos alunos; comentários de livros, músicas e filmes preferidos

Agenda cultural/Vai acontecer – eventos culturais que podem ser de interesse dos alunos

Nossa arte/A charge do mês – a melhor charge de cada edição Nosso som – a música preferida dos alunos a cada mês

Desenho e texto – textos ilustrados sobre os projetos trabalhados e as datas comemorativas

4

Cidadão Legal

Nossos direitos/Tô de olho/Tô ligado – direitos e deveres do cidadão Serviços públicos/O público é nosso – informações sobre os serviços públicos da cidade, do bairro

Classificados Classificados De Cara com o Mundo que podem ser vendidos pela/na comunidade escolar – anúncios de produtos e serviços Expediente Informação sobre nome e função dos componentes que coordenaram

a produção do jornal Prestação de

Contas Prestação de contas das receitas e despesas realizadas em cada edição do jornal

Ao apresentar as sugestões de editorias acima, ressaltei o fato de que elas se baseavam tanto na constatação das conquistas já alcançadas pelo jornal De Cara

com o Mundo, quanto na compreensão e confiança de que ainda havia muito a

avançar, sobretudo no sentido de fazer dele uma atividade de linguagem e de mediação pedagógica a serviço de uma concepção interacionista de leitura e produção textual. Dessa forma, foram previstas editorias com objetivo de dar maior visibilidade aos projetos que a escola já desenvolvia (Nossa Escola), preservar práticas já estabelecidas no jornal e consideradas muito importantes na escola

(Religião), proporcionar mais possibilidades de expressão da criatividade e dos interesses dos alunos (Arte e Cultura), bem como criar espaços de exercício de cidadania (Cidadão Legal). Observei que o jornal então produzido não dispunha de espaço para tantas editorias e/ou colunas propostas e, portanto, foram apresentadas como sugestões, para que tivéssemos mais alternativas de escolha, inclusive em relação aos nomes, que, em alguns casos, contavam com duas ou três opções. Desta forma, previa a participação ativa de todos os envolvidos na definição final do perfil editorial do jornal.

Visando deixar claro como esta proposta foi recebida, cito parte das interlocuções com os professores presentes. Acredito que a extensão da citação se justifica pela possibilidade de evidenciar aspectos relevantes da perspectiva assumida pelos presentes ao se posicionaram sobre a proposta em foco.

Dorivaldo – Na primeira página do jornal (...) a gente quer fazer um jornal cada vez mais parecido com um jornal de verdade.

André – Que ótimo!

Dorivaldo – O exemplo da gente é um jornal que circula na

sociedade, no dia-a-dia, tá? Então a gente quer que tenha, chamadas (...).

André – Um evento, um acontecimento na escola.

Dorivaldo – (...) aconteceu a inauguração da quadra da escola.

Coisa dessa natureza, tá entendendo?

André – A manchete, né? /.../

Dorivaldo – (...) teríamos uma editoria chamada Nossa Escola (...). Que seria um espaço reservado para a divulgação de eventos promovidos pela direção da escola e apresentação de projetos pedagógicos de destaque. Essas coisas que vocês fazem que criam um “boom” na escola, que geram uma animação maior.

Helani – Alguma experiência de sala de aula, né, realizada por algum professor.

Hozana ((uma professora que participará da intervenção)) – Como a experiência de ontem, né?

Dorivaldo – Teria também um espaço de religião, porque o jornal

tradicionalmente tem um espaço onde se publica uma matéria de religião...

André – Ecumenismo, né, tal.

Dorivaldo – É, me disseram que era muito importante preservar

esse espaço, então ele continua preservado aí. (...)

Pode ter uma coluna de esportes. (...) nessa coluna seria noticiado os eventos esportivos realizados pela escola. (...)

André – A curiosidade do esporte, né? A regra, o comentário de uma

regra ((inaudível)).

Dorivaldo – Isso! Tudo isso pode entrar aí, tá? É, além dessa, (...)

Tome Nota, que é a divulgação de resultados de competições esportivas. Eu imaginei que nesse caso aí a gente podia trazer no jornal uma tabela, por exemplo, de como é que anda o campeonato brasileiro. (...).

/.../

Hozana – Então seria muito bom.

Dorivaldo – (...) porque a idéia é a gente estabelecer um vínculo

cada vez mais próximo...

André – do próprio jornal.

Dorivaldo – (...) do jornal e com os alunos. Que o jornal possa ser

um objeto de identificação dos alunos.

André – Com certeza.

Dorivaldo – Que eles possam se interessar por ele.

A Agenda do Esporte, (...) vai acontecer (...) uma partida entre a escola...

Professores não identificados (simultaneamente) – [(torneio da escola)]

/.../

Dorivaldo – Pode ter uma editoria de Arte e Cultura (...) que teria publicação de histórias, quadrinhos, poemas dos alunos, né?. Comentários de livros, músicas e filmes preferidos, coisas dessa natureza.

André – Esse espaço é legal porque aqui na nossa escola a gente

percebe que o alunado tem uma aptidão muito grande com a charge, né? Pra questão do desenho.

Dorivaldo – Pois é. Foi exatamente...

André – ((inaudível)) dá uma sacudida legal.

Dorivaldo – Hum rum. O pessoal falou exatamente isso...

André – Falam muito: "Meu desenho não foi publicado, por quê?"

Como se nós fôssemos o fiel da balança, que fizesse a análise do desenho X ou do desenho Y.

Dorivaldo – (...). Eu acho que a criação de um sistema de editorias,

que aparentemente pode ser excludente (...) pode ser, mais tarde, uma coisa que vai gerar muito mais possibilidade de produção, de publicação das matérias.

André – De qualidade, né, ([Doninha]).

Dorivaldo – Bem, é essa a intenção. É por isso que (...) Helani dizia

assim: quando terminar a gente volta pro normal. Ou não, né, Helani, se tiver alguma coisa boa...

Dorivaldo – /.../ Essa editoria Cidadão Legal, eu acho que é um

espaço interessante também porque seria o espaço onde os meninos falariam dos direitos. É, por exemplo...

André – Dos deveres não? Dorivaldo – Também ((risos)). Helani – Também.

/.../

André – Exato. Porque, principalmente, a criançada, 5ª e 6ª série, eu acho que a gente tem que bater muito nessa tecla. Porque é sabido que os direitos ficam mais fixados na mente, né?. Agora os deveres, colega, é complicado.

/.../

Dorivaldo – Às vezes existe serviço público que a gente não tem

consciência, não sabe que existe. Numa reunião que a gente já fez, já citaram a associação de moradores do bairro (...) coisas desse tipo assim...

André – A rádio comunitária tá funcionando? Não está? Precisa, né?

Dorivaldo – (...) pois é, tudo isso são coisas que podem animar o jornal, esquentar o jornal, como se diz.

Acho que pode ter uma coluna de Classificados – os meninos querem vender os patins, querem vender sei lá o quê...

André – Trocar uma bicicleta... /.../

Helani – Até mesmo, por exemplo, a questão de carência de professores, estamos precisando de professores, ((inaudível)) porque às vezes os alunos levam as dificuldades [(de sala)]

André – E é espaço para o paizinho, não é? Prestação de serviço para o pai.

Dorivaldo – Exatamente, porque a idéia é essa, aproximar o jornal/

(...) o jornal ser da comunidade escolar.

André – Beleza.

Dorivaldo – É, entendido a comunidade escolar como pais,

professores, alunos.

André – A idéia é legal.

Como podemos constatar com base nos dados acima, demonstrada a pertinência e a coerência da proposta, os professores, em geral, manifestaram simpatia pelo projeto ou, ao menos, não fizeram objeções. Os docentes que trabalharam diretamente comigo na implementação da nova metodologia e já haviam manifestado sua concordância em participar da pesquisa lembraram a necessidade de receber orientações específicas para este fim. Ressaltei para todos os presentes que as alterações propostas seriam discutidas com a equipe gestora, como os

professores e alunos, a começar pela escolha dos temas a serem publicados, que seriam decididos em uma reunião de pauta.

7

7..11 AA DDeeffiinniiççããoo ddeeuumm PPeerrffiill EEddiittoorriiaallppaarraa oo JJoorrnnaall:: aarreeuunniiããoo ddeeppaauuttaa

Depois dessa exposição coletiva para os professores do turno da manhã, me reuni em separado com as quatro professoras que trabalharam comigo para apresentar o material produzido como subsídio para a 1ª edição a ser publicada na fase de intervenção. Nessa ocasião levantamos o máximo possível de informações que pudessem ser usadas para a produção de matérias (notícia, resenha, reportagem, anúncio, classificados, etc.), tomando por base as sugestões de editorias. Dessa forma, esta atividade se constituiu em uma reunião de pauta, na qual foram sugeridos temas que poderiam ser publicados na edição seguinte.

As possibilidades elencadas foram apresentadas aos alunos para que eles pudessem manifestar seu interesse ou desaprovação. A observação desse aspecto da proposta era muito importante porque dele dependeria boa parte da aceitação do jornal pelos leitores-alunos. Assim, observei que mesmo que um tema parecesse muito interessante para nós, professores e equipe de coordenação do jornal, não deveria ser trabalhado para publicação se não despertasse a atenção e o interesse dos alunos, que são principal público do jornal. Concordamos que a decisão sobre os temas e a forma de publicação deveria ser tomada coletivamente, por professores e alunos.

Ressaltei que o cuidado com a participação dos alunos não deveria, no entanto, fazer com que os professores ficassem esperando que os discentes decidissem sozinhos o que poderiam ou não publicar. O professor, no seu papel de mediador do trabalho escolar, deveria saber propor temas e atividades interessantes e desafiadoras, porque espera-se que ele não só conheça os alunos como os ajude a se apropriar das melhores estratégias e técnicas para produção das matérias. Para que isso acontecesse, era preciso que o jornal fosse bem estruturado, tivesse claramente definidas suas editorias, colunas, etc. Um exemplo seria um jornal que tem uma editoria de esportes, onde se publica a agenda dos eventos esportivos da escola ou do bairro, que noticia o resultado de competições já realizadas, etc. Se os

alunos e os professores têm conhecimento desta organização, isto é, se sabem que a cada edição o jornal conta com um espaço reservado para este fim, podem decidir mais facilmente quais assuntos publicar e como. Por isso, é muito importante ter previamente definidas as editorias e/ou colunas do jornal.

Esta concepção de jornal foi apresentada ainda em uma terceira instância: a sala de aula. A explicação – especialmente para os alunos que ainda não tinham conhecimento de como seria essa fase da pesquisa – do trabalho que eu faria em colaboração com a professora de cada classe incluiu uma exposição sumária dos mesmos pontos que já haviam sido expostos aos professores.

7

7..22 AA AAttiivviiddaaddee ddeePPrroodduuççããoo ddooJJoorrnnaall DDeeCCaarraa ccoomm oo MMuunnddoo DDuurraanntteeaa I

Inntteerrvveennççããoo

Nesta seção descrevo a estrutura da atividade de produção do jornal De Cara

com o Mundo conforme a metodologia empregada durante a intervenção

pedagógica, destacando os objetivos e motivos relacionados às ações e às operações que a constituem, conforme o modelo da Teoria da Atividade (LEONTIEV, 1978; 1988; s/d) empregado anteriormente para analisar a produção do jornal antes da intervenção. A repetição de dados sobre as editorias, citados acima, se justifica pelo fato de que, neste caso, trata-se das interações com os alunos na sala de aula, como parte das ações de produção do jornal.

A

Aççããoo11::AApprreesseennttaarr eeeexxpplliiccaarroossiisstteemmaaddeeeeddiittoorriiaassaaooss aalluunnooss

Como a organização do jornal em editorias era uma novidade na escola, foi necessário não só fazer uma apresentação desse sistema como levantar as possíveis sugestões dos alunos. A meta fundamental dessa ação era fazer que eles compreendessem o que seriam e como funcionariam as editorias, assim como registrar propostas de substituição ou criação de outras, além de recolher sugestões de temas que poderiam ser tratados em cada uma delas.

A seguir descrevo como esta ação foi realizada pela primeira vez em uma das quatro salas de aula e como os alunos participaram da mesma. Convém observar

que nas duas edições seguintes esta ação se repetiu com base nos exemplos anteriores, o que facilitou a compreensão da noção de editoria não apenas como um espaço físico no jornal, mas como um sistema de organização do trabalho de uma equipe ou classe. Para efeito de descrição e análise da estrutura da atividade durante a intervenção, considerei desnecessário apresentar as particularidades sobre como cada ação foi desenvolvida nas três edições que coordenei. Assim, os dados apresentados como exemplo podem se referir a qualquer uma delas. A apresentação desta ação envolveu as seguintes operações:

Operação 1: Explicar a concepção e as possibilidades de trabalho com editorias

Para que os alunos pudessem participar da explicação do que seriam as editorias, cada um recebeu uma folha contendo sua descrição e que serviu de base para a exposição exemplificada abaixo. No quadro com as propostas de editoria que os alunos tinham em mãos, podiam ler46:

P. Editoria Colunas

Documentos relacionados