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4 O CURRÍCULO E A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL ENFERMEIRO DA

4.2 Currículo da Escola de enfermagem Madre Justina Inês

A legislação sobre o ensino de enfermagem desde a criação da Escola Ana Nery, compreendendo os currículos de 1923, 1949, 1962 e 1972, denota a formação do profissional enfermeiro centrada no polo indivíduo/doença/cura e na assistência hospitalar.

O ensino de enfermagem no Brasil passou por vários momentos e modificações ao longo dos anos, tendo como reflexo em cada mudança o contexto histórico da enfermagem e da sociedade brasileira. Consequentemente, o perfil dos enfermeiros formados foi gerado e apresentado em decorrência das transformações no quadro político, econômico e social da educação e da saúde no Brasil e no mundo.

Em cada época, houve a necessidade de mudança no ensino de enfermagem, devido às exigências encontradas. Dentre os principais fatores determinantes para a construção do ensino de enfermagem e a formação de profissionais estão as mudanças ocorridas na sociedade e nas políticas de saúde, pois, conforme Popkewitz, o currículo é um conhecimento particular e, como tal, ocorrem

esforços para organizar o conhecimento escolar como currículo, constituem formas de regulação social, produzidas através de estilos privilegiados de raciocínio. Aquilo que está inscrito no currículo não é apenas informação – a organização do conhecimento corporifica formas particulares de agir, sentir, falar e “ver” o mundo e o “eu”. (1994, p. 174, grifos do autor).

Grundy (1987) assegura que o currículo é uma construção cultural e não simplesmente um conceito a ser seguido ou algum tipo de existência fora e previamente à experiência humana; é, antes de tudo, uma maneira de organizar uma série de práticas educativas. Para Paviani (2007, p. 41), “os currículos são meios, condições que devem facilitar aprendizagem. Precisam ser articulados dentro de princípios como o da flexibilidade, da não-especialização e da interdisciplinaridade.”

Vale ressaltar que o currículo vai além das disciplinas e do que está prescrito na legislação que define a grade curricular dos cursos. O currículo compreende as ações dos docentes, dos discentes, os fatores de contribuem no cenário pedagógico da instituição (a ordem de distribuição das disciplinas e as condições de sua realização) e os fatores presentes nas relações estabelecidas durante o processo de ensino e aprendizagem. Os autores Ferretti et al. (1999) corroboram que a dimensão do currículo é independente do nível de ensino e que está permeado pelo movimento entre a educação e outras práticas sociais – a formação profissional assume, portanto, centralidade nessa concepção de currículo.

Em todas as mudanças curriculares ocorridas no período estudado, no ensino de Graduação em Enfermagem, fica nítida a predominância do modelo médico/hospitalar. Na realidade, a enfermagem brasileira surgiu atrelada ao modelo hospitalar e à ação curativa e não à saúde pública. Carvalho (1972) enfatiza que, embora o propósito do ensino sistematizado da enfermagem moderna seja o de formar profissionais para atuarem em saúde pública devido à ameaça de doenças epidêmicas, pode ser verificado nos currículos que esse não foi efetivado.

Os conteúdos programáticos que compõem o currículo determinam que parte da cultura será recortada e que tipo de sujeito se pretende formar. No ANEXO F, podem ser verificados os conteúdos inicialmente propostos pela Escola de Enfermagem Madre Justina Inês, os valores e as funções que a escola estava difundindo naquele momento histórico e social. São vistos nesse currículo indícios de estímulo para a mudança de comportamentos, atitudes e habilidades, tais como: fazer pensar, sentir, atuar e se expressar perante os pacientes e outros profissionais.

Os processos educativos passam de um estado de desconhecimento para um estado de conhecimento capaz de transformar a realidade. Na educação, no momento da elaboração do currículo, também é necessário considerar o contexto e o meio em que o aluno está inserido.

Conforme o artigo 2º do Relatório de Atividade (1957, p. 14) da Escola de Enfermagem Madre Justina Inês, a formação do profissional de enfermagem era “mediante ensino em cursos ordinários,” nos quais estavam incluídos os “aspectos preventivos e curativos da enfermagem, conforme a moral católica,” contribuindo assim para o reajustamento moral e social dos doentes, assegurando às suas alunas a “formação dos hábitos de disciplina necessários à profissão de enfermeira.”

Em uma abordagem psicopedagógica e conforme Silva (1990), o significado de currículo vai além da proposta de um conteúdo lógico, sequencial, contínuo e pautado em

objetivos educacionais previamente definidos, vivenciados através de experiências vivenciadas pelo professor em seu processo de aprendizagem. Devido a esse conceito, o currículo se identifica com uma visão conservadora; e o autor complementa que, diante dessa a esta perspectiva tecnicista, o currículo tem como pressupostos a previsão, a predeterminação e o planejamento com o objetivo de atingir requisitos de rigor, exatidão e objetividade.

Embora, recentemente, tenha surgido uma nova modalidade de currículo com uma formação voltada à consciência crítica, à emancipação do homem com relação a questões de natureza ética, política, social e não apenas as de ordem técnico-instrumental. Pode ser observado que, no primeiro currículo do curso de enfermagem da Escola de Enfermagem Madre Justina Inês, havia a preocupação com a formação das futuras enfermeiras com base na humanização, no ato de servir, cuidar e acompanhar os serviços médicos. Na época, a qualidade da assistência prestada não estava apenas nos meios tecnológicos, mas sobretudo, nos recursos humanos competentes, capacitados para atuarem como sujeitos e cidadãos, para contribuírem para uma recuperação mais digna dos doentes.

As aulas teóricas, de modo mais direto, são entendidas por Cunha (1997) como um momento para a concretização do ensino, um encontro entre docentes e discentes ou como um processo contínuo de construção coletiva de conhecimentos. As aulas teóricas têm um papel central no processo de formação, pois possibilita o contato com os conteúdos e a explicitação de dificuldades eventuais que possam vir a ocorrer durante o processo de ensino e aprendizagem, e a oportunidade de esclarecê-las durante as aulas.

A escola recebe da sociedade o tributo de ser um dos mais importantes espaços para exercer a função disciplinar. Na sala de aula, o professor pode se utilizar do jogo de poder para produzir corpos dóceis e submissos que, para Foucault, deve ocorrer a substituição da imposição do poder através do sofrimento físico por novos dispositivos como o jogo de olhares. O olhar vigilante do poder, para disciplinar a sociedade, o hospital, os asilos, as prisões, as casas de educação. “Um corpo disciplinado é a base de um gesto eficiente.” (2009, p. 147).

A sala de aula é o locus para a realização dos objetivos escolares. Na Escola de Enfermagem Madre Justina Inês, não foi diferente: as alunas, inicialmente, tiveram acesso à cultura formal e ao conhecimento de conteúdos específicos e necessários de forma direta ou indireta e às atividades profissionais na sala de aula. Pode ser verificado na figura 17, uma sala de aula da Escola de Enfermagem Madre Justina Inês, a qual apresentava meios de aprendizagem para dar suporte pedagógico à aula teórica. À esquerda, visualiza-se, na

imagem, um esqueleto, ao lado do quadro-negro para o estudo da anatomia dos ossos e um mapa atrás da mesa do professor, ilustrando algumas partes da anatomia humana.

O início da jornada pedagógica ocorre, na maior parte das vezes, nos bancos das salas de aula, pois exercem um papel fundamental no processo de ensino e aprendizagem.

Figura 17 – Sala de aula da Escola de Enfermagem Madre Justina Inês Fonte: Brugalli (1995, p. 92).

Na sala de aula, são desenvolvidas as disciplinas que, conforme Maia, podem ser vistas sob dois enfoques: um epistemológico e outro pedagógico, sendo que

no enfoque epistemológico serão conceituadas como cada um dos ramos do conhecimento, ou um saber especializado, ordenado e profundo, que permite ao homem o conhecimento da realidade, a partir de especificidades, ao mesmo tempo em que deixa de levar em consideração o todo que faz parte. Nesse sentido, as disciplinas aproximam-se das ciências. Pedagogicamente, as disciplinas são atividades de ensino em uma determinada área da ciência, conferindo ao processo elementos de ordem e organização. (2004, p. 106).

Dessa maneira, verifica-se que a estrutura disciplinar de um currículo induz a um planejamento baseado em conteúdos e não em objetivos, pois, segundo Maia (2004), o currículo disciplinar é o mais tradicional nos cursos de formação universitária, em particular, nos cursos da área da saúde, onde os saberes aparecem de maneira compartilhada. Assim, “os conteúdos curriculares são agrupados em disciplinas ou módulos, havendo uma tendência à uniformização na formação. A integração entre áreas do conhecimento é geralmente reduzida. A fragmentação disciplinar induz a uma especialização precoce.” (MAIA, 2004, p. 117).

Foucault descreve que

uma disciplina não é a soma de tudo o que pode ser dito de verdadeiro sobre alguma coisa; não é nem mesmo o conjunto de tudo o que pode ser aceito, a propósito de um mesmo dado, em virtude de um princípio de coerência e sistematicidade. A medicina não é constituída de tudo o que se pode dizer de verdadeiro sobre a doença. [...] A medicina, como qualquer outra disciplina, são feitas tanto de erros como de verdades, erros que não são resíduos ou corpos estranhos, mas que têm funções positivas, uma eficácia histórica, um papel muitas vezes indissociável daquele das verdades. (2002, p. 31).

Nos quadros 2, 3 e 4, estão relacionadas às disciplinas cursadas pelas alunas de enfermagem, no primeiro semestre de 1957, ou seja, o primeiro currículo desenvolvido pela escola. Conforme pode ser observado, as disciplinas eram divididas por séries, e essas correspondiam aos anos (1ª série = 1º ano; 2ª série = 2º ano; 3ª série = 3º ano), o que correspondia a três anos a duração do curso de Graduação de Enfermagem na Escola de Enfermagem Madre Justina Inês. Nesses quadros, também estão listados os primeiros docentes que foram contratados para ministrar as disciplinas; alguns professores, conforme indícios, não ministraram a disciplina devido a eventos descritos como particulares. Na última coluna dos quadros, está disposto o número de aulas ministradas por disciplina. Vale ressaltar que as aulas de religião não tinham a quantidade de aulas discriminada nos registros consultados.

1ª série Professores Número de aulas

1. Técnica de Enfermagem Irmã Rosália Theresa Pegoraro (1957) 40 aulas

2. Economia Hospitalar Irmã Rosália Theresa Pegoraro (1957) 10 aulas

3. Drogas e Soluções Irmã Delia Piccoli (1957)

Irmã Rosália Theresa Pegoraro (1958) Irmã Cecília Célice (1959)

20 aulas

4. Ataduras Irmã Olinda Aver (1957)

Irmã Cecília Célice (1959)

20 aulas

5. Higiene Individual Irmã Zulma Guimarães Netto (1957)

Irmã Rosália Theresa Pegoraro (1958)

15 aulas

6. Anatomia e Fisiologia Dr. Virvi Ramos (1957)

Dr. Bruno Serafini (1957)

60 aulas

7. Química Biológica Prof. Germano Pezzi (1957)

Prof. Valério P. Lobato (1958)

40 aulas

8. Microbiologia e Parasitologia Dr. Giovani M. Scavino (1957)

Dr. João Manoel Britto (1958)

40 aulas

9. Psicologia Padre Vitorino Félix Sanson (1957) 20 aulas

10. Nutrição e Dietética Dr. Darvin Gazzana (1957) 30 aulas

11. História da Enfermagem Irmã Zulma Guimarães Netto (1957)

Irmã Rosália Theresa Pegoraro (1958) Irmã Cecília Célice (1959)

20 aulas

12. Saneamento Dr. Darcy Mário Pezzi (1957)

Dr. Benno Winkler (1959)

15 aulas

13. Patologia Geral Dr. Darcy Mário Pezzi (1957)

14. Farmacologia e Terapêutica Dr. José Carlos Belardinelli (1958) 30 aulas

15. Clínica Médica Dr. Carlos Felipe Spinato (1957)

Dr. Ivo Kröef (1959)

16. Enfermagem em Clínica Médica Irmã Olinda Aver (1957)

50 aulas

17. Clínica Cirúrgica Dr. Renato Metsavath (1957)

Dr. José Brugger Filho (1958) 18. Enfermagem em Clínica Cirúrgica Irmã Délia Piccoli (1957)

Irmã Maria de Lourdes Pomatti (1958)

40 aulas

19. Dietoterapia Dr. Darvin Gazzana (1957) 15 aulas

20. Física Dr. Benno Luiz Winkler (1957) 20 aulas

21. Ética Irmã Rosália Theresa Pegoraro (1957) 20 aulas

22. Religião Padre Vitorino Félix Sanson (1957)

Padre Plínio Bartelle (1958)

Quadro 2 – Grade de disciplinas, professores e número de aulas da 1ª série do primeiro currículo da Escola de

Enfermagem Madre Justina Inês (período: 1957-1967)

2ª série Professores Número de aulas

1. Técnica de Sala de Operações Irmã Delia Piccoli (1957)

Irmã Maria de Lourdes Pomatti (1958)

20 aulas 2. Doenças Transmissíveis e Tropicais Dr. Natalino Francisco Oliva (1957)

3. Enfermagem e Doenças Transmissíveis e Tropicais

Irmã Zulma Guimarães Netto (1957) Irmã Pierina Maria Mezzomo (1958)

40 aulas

4. Tisiologia Dr. Giovani M. Scavino (1957)

5. Enfermagem em Tisiologia Imã Rosália Theresa Pegoraro (1957)

Irmã Zulma Guimarães Netto (1958)

30 aulas 6. Enfermagem em Doenças

Dermatológicas, Sifiligráficas e Venéreas

Irmã Rosália Theresa Pegoraro (1957) 7. Doenças Dermatológicas Sifiligráficas e

Venéreas Dr. Natalino Francisco Oliva (1957) Dr. Mário J. F. da Rocha Netto (1958)

15 aulas

8. Clínica Ortopédica Dr. José Brugger (1957)

9. Enfermagem em Clínica Ortopédica Irmã Olinda Aver (1957)

40 aulas 10. Enfermagem em Clínica Fisioterápica e

Massagem

Irmã Olinda Aver (1957)

Irmã Pierina Maria Mezzomo (1958)

30 aulas

11. Clínica Neurológica e Psiquiátrica Dr. Ivan Barbosa Netto (1957) 30 aulas

12. Enfermagem em Clínica Neurológica e Psiquiátrica

Irmã Zulma Guimarães Netto (1957) Irmã Délia Piccoli (1958)

20 aulas

13. Socorros de Urgência Dr. Emílio Ataliba Finger (1957)

Dr. Benno Luiz Winkler (1958) 14. Enfermagem em Socorros de Urgência Irmã Olinda Aver (1957)

20 aulas 15. Clínica Urológica e Ginecológica Dr. José C. Belardinelli (1957)

Dr. João Manoel Britto (1958) 15 aulas

16. Enfermagem Urológica e Ginecológica Irmã Délia Piccoli (1957) Irmã Carmelina Pinzon (1958)

30 aulas 17. Enfermagem em Clínica Ortopédica Irmã Olinda Aver (1957)

18. Sociologia Profa. Elisa Anna Rigon (1957)

Prof. Nestor José Gollo (1958)

20 aulas

19. Ética Padre Vitorino Félix Sanson (1957)

Padre Plínio Bartelle (1958) 20 aulas

20. Religião Padre Vitorino Félix Sanson (1957)

Padre Plínio Bartelle (1958)

Quadro 3 – Grade de disciplinas, professores e número de aulas da 2ª série do primeiro currículo da Escola de

Enfermagem Madre Justina Inês (período: 1957-1967)

3ª série Professores Número de aulas

1. Enfermagem em Otorrinolaringologia e

Oftalmologia Irmã Délia Piccoli (1957) Irmã Carmelina Pinzon (1958)

Irmã Cecília Célice e Irmã Stellamaris (1959)

2. Clínica Otorrinolaringológica Dr. Gil Horta Barbosa (1957)

30 aulas

3. Clínica Oftalmológica Dr. Rubens Ramos (1957) 30 aulas

4. Clínica Pediátrica Dr. Darvin Gazzana (1957)

5. Enfermagem em Clínica Pediátrica Irmã Rosália Theresa Pegoraro (1957) Irmã Olinda Aver (1958)

30 aulas

Neonatal

7. Enfermagem em Clínica Obstétrica e Puericultura Neonatal

Irmã Pierina Mezzomo (1957)

60 aulas 8. Saúde Pública: Saneamento, Princípios de

Administração Sanitária e Higiene da Criança

Dr. Darcy Mário Pezzi (1957)

9. Enfermagem em Saúde Pública Irmã Zulma Guimarães Netto (1957)

Irmã Rosália Theresa Pegoraro (1958)

30 aulas

10. Epidemiologia e Bioestatística Dr. Emilio Ataliba Finger (1957) 40 aulas

11. Ética Padre Vitorino Félix Sanson (1957)

Padre Plínio Bartelle (1958)

20 aulas

12. Serviço Social Dr. Darcy Mário Pezzi (1957) 10 aulas

13. Religião Padre Vitorino Félix Sanson (1957)

Padre Plínio Bartelle (1958)

Quadro 4 – Grade de disciplinas, professores e número de aulas da 3ª série do primeiro currículo da Escola de

Enfermagem Madre Justina Inês (período: 1957-1967)

Inicialmente pode ser concluído que, na elaboração da primeira grade curricular de disciplinas em 1957, realizada pela direção da Escola de Enfermagem Madre Justina Inês, monitoras (assim designadas as enfermeiras docentes) e por um grupo de médicos, seguiu o artigo 5º do Decreto 27.426/1949, de 14 de novembro de 1949,197 que aprovou o regulamento básico para os cursos de Enfermagem e de Auxiliar de Enfermagem, como também organizou, de forma similar, as escolas de enfermagem do País. Pode-se verificar, em comparação com as disciplinas exigidas pelo decreto, que foram adicionadas somente as aulas de Religião, em todas as séries (anos) e aulas de Física, na 1ª série.

A inclusão da disciplina de Religião no currículo de Enfermagem da Escola em estudo, ocorreu por ser uma escola católica e pela Igreja que, na época, tinha um discurso forte sobre o ensino de religião nas escolas dessa esfera. Os bispos tinham o dever de vigiar as escolas da diocese, para que nada se ensinasse ou fizesse contra a fé católica e os bons costumes e que, por motivos morais e religiosos, deveriam ser removidos da escola livros e

197 Artigo 5º. No curso de enfermagem será ministrado o ensino de:

1ª Série:

I – Técnica de enfermagem, compreendendo: 1) Economia Hospitalar; 2) Drogas e Soluções; 3) Ataduras; 4) Higiene Individual.

II – Anatomia e Fisiologia. III – Química Biológica. IV – Microbiologia e Parasitologia. V – Psicologia. VI – Nutrição e Dietética. VII – História da Enfermagem. VIII – Saneamento. IX – Patologia geral. X – Enfermagem e Clínica Médica. XI – Enfermagem e Clínica Cirúrgica. XII – Farmacologia e Terapêutica. XIII – Dietoterapia. 2ª Série:

I – Técnica de Sala de Operações. II – Enfermagem e Doenças Transmissíveis e Tropicais. III – Enfermagem e Tisiologia. IV – Enfermagem e Doenças Dermatológicas, Sifiligráficas e Venéreas. V – Enfermagem e Clínica Ortopédica, Fisioterápica e Massagem. VI – Enfermagem e Clínica Neurológica e Psiquiátrica. VII – Enfermagem e Socorros de Urgência. VIII – Enfermagem e Clínica Urológica e Ginecológica. IX – Sociologia. X – Ética (ajustamento profissional).

3ª Série:

I – Enfermagem e Clínica Otorrinolaringológica e Oftalmológica. II – Enfermagem e Clínica Obstétrica e Puericultura Neonatal. III – Enfermagem e Clínica Pediátrica, compreendendo Dietética Infantil. IV – Enfermagem de Saúde Pública compreendendo: 1) Epidemiologia e Bioestatística. 2) Saneamento. 3) Higiene da Criança. 4) Princípios de Administração Sanitária. V – Ética (ajustamento profissional) II. VI – Serviço Social. (SANTOS et al., 1997, p. 125-126).

professores que não servissem ao regime. O ensino religioso aplicado na escola é reforçado nas palavras do Bispo Dom Benedito Zorzi:

A Igreja coloca que é dever dos católicos frequentar a escola católica, pela presença de professores de fé sincera, de vida exemplar e de sólida cultura católica, pelo ensino religioso obrigatório em íntima conexão com as outras matérias e com a função educadora da escola ministrada por sacerdotes ou professores capazes, aprovados e controlados pela Autoridade Eclesiástica. Formar harmonicamente a personalidade do aluno, nos seus pensamentos, sentimentos e nas suas ações conforme os princípios religiosos. Colocavam como um patrimônio moral a ser herdado, alunos formados dentro dos princípios da Igreja Católica. (Apud BRANDALISE, 1988, p. 119).

Segundo Vendrame, as pessoas dispostas a cuidar dos doentes devem estar movidas de amor e compaixão: “Quem tem amor vê a necessidade do próximo, dele se aproxima, faz o que o próximo pede na sua situação; no que ele não consegue fazer pede ajuda de outros, para que o doente seja tratado do melhor modo possível.” (2002, p. 85). Esse aprendizado de amor, caridade, compaixão, fé, e do verdadeiro cristianismo para a sociedade minou, entre outros conteúdos, os ministrados nas aulas de Religião, como pode ser conferido no ANEXO F, para a preparação da enfermeira de acordo com a moral católica, como preconizava a escola. A Congregação das Irmãs de São José como se sabe e analisada em capítulo anterior, pregava atitudes de caridade, preocupando-se com o cuidar físico e também com o espiritual, tendo uma visão da pessoa humana de modo completo, não fragmentado. Tendo em vista esse histórico, as religiosas se sentiam no dever de repassar esses ensinamentos religiosos às alunas e educar as futuras enfermeiras para amenizar a dor e o sofrimento do próximo, na preservação da dignidade do doente. Moreschi e Fávero (1998) destacam o valor da instrução religiosa para a formação dos filhos, colocando que a destruição do sentimento religioso pode produzir uma ruptura no sistema mental do adolescente. O cuidado religioso, na época, determinava o cuidado integral das novas gerações.

Vale ressaltar que, mesmo constando nos quadros acima, que o padre era designado para ministrar a disciplina de Religião, nos documentos encontrados existem registros de que as Irmãs enfermeiras também o auxiliavam nas aulas. Outra observação a ser feita é em relação ao artigo 9º do Regulamento Interno da Escola de Enfermagem Madre Justina Inês, que determinava a dispensa das aulas de Religião às alunas, pela diretora da referida escola, que, por algum motivo, tivessem divergências quanto ao credo religioso imposto pela escola.

A disciplina de Física também fez parte do primeiro currículo de Enfermagem, sem ser exigência do Decreto 27.426/1949, de 14 de novembro de 1949. Entretanto, a direção da escola e os docentes verificaram a necessidade de elas terem conhecimento em Física, o que

permitiria e (é claro ainda permite) aos indivíduos compreenderem e explicarem fenômenos naturais presentes ou não no dia a dia, bem como o funcionamento de máquinas e aparelhos elétricos, podendo ser conferido o conteúdo no ANEXO F. Outro fator que induziu ao estudo da Física foi devido ao fato de as alunas, naquela época, auxiliarem nos exames de Raios X, porém, atualmente, os profissionais de enfermagem somente auxiliam no posicionamento do paciente na mesa, pois o exame fica a cargo do técnico em radiologia, e o laudo, do médico radiologista.

A disciplina de Química (conteúdo que pode ser verificado no ANEXO F) também era considerada de extrema importância devido às enfermeiras atuarem em laboratórios de análises clínicas, como pode ser constatado na figura 18. À direita da figura, uma Irmã enfermeira realiza uma análise no microscópio e, à esquerda da imagem, outra Irmã enfermeira examina uma reação química, o que atualmente também se modificou, ficando sob