• Nenhum resultado encontrado

2.2 CONTABILIDADE DE CUSTOS

2.2.3 Métodos de Custeio

2.2.3.2 Custeio Variável

Segundo Rocha e Martins (2015), o método de custeio variável tem como principal característica considerar no valor do custo dos produtos apenas os custos variáveis neles incorridos. Os custos fixos são contabilizados imediatamente no resultado do período.

Partindo do ponto de que os gastos de natureza fixa e indireta não são apropriados no produto, o custeio variável é o único método que presta auxilio na tomada de decisões que envolvam alterações no volume de produção ou nos tipos de produtos (PADOVEZE; TAKAKURA JUNIOR, 2013).

Megliorini (2012) acrescenta que é através do método de custeio variável que é possível obter a margem de contribuição de cada produto e assim, montar uma linha de produtos que deseja-se produzir. Este método fornece ao gestor uma ferramenta que auxilia no processo decisório, como, por exemplo, na identificação dos produtos que mais contribuem para a lucratividade da empresa, nos que precisam ter suas vendas incentivadas ou reduzidas, na decisão entre comprar ou fabricar e até mesmo em determinar o nível mínimo de atividades para que o negócio seja rentável.

Beulke e Bertó (2011) finalizam dizendo que neste sistema de custeio os conceitos de custo total e resultado do produto não existem. O que existe é um custo variável e uma margem de contribuição do produto, mercadoria ou serviço.

2.2.3.2.1 Apuração do custo do produto e a margem de contribuição

Conforme mencionado anteriormente, quando é utilizado o custeio variável, no custo de produção do período considera-se apenas os custos variáveis incorridos nos produtos. Sendo assim, o valor dos estoques e do CPV contém apenas custos variáveis (VEIGA; SANTOS, 2016).

E é através da separação dos gastos entre fixos e variáveis que se obtém a margem de contribuição, que, segundo Alves (2013, p. 64),

é a diferença entre o preço de venda e a soma das despesas e custos variáveis de um produto ou serviço. Em linhas gerais, a margem de contribuição é o ganho que a empresa obtém em cada produto, deduzidos aqueles gastos inerentes a cada um.

Beulke e Bertó (2011) acrescentam que a margem de contribuição é a parcela com que cada produto contribui para a quitação dos custos e despesas fixas da empresa e na formação de seu resultado. Sendo assim, para que a empresa tenha um resultado positivo, a soma da margem de contribuição de todos os produtos precisa ser maior que o custo e a despesa fixa do período.

Ribeiro (2015) exemplifica o custeio variável utilizando como base uma empresa industrial. Esta, por sua vez, apresenta os seguintes dados:

 Receita bruta dos produtos A e B no total de R$ 20.000,00;

 Custos diretos na fabricação de 500 unidades do produto A igual a R$ 2.200,00;

 Custos diretos na fabricação de 500 unidades do produto B igual a R$ 5.400,00;

 Custos e despesas fixas totalizando R$ 4.000,00;

 Despesas variáveis geradas na venda do produto A somam R$ 200,00 e do produto B somam R$ 600,00;

A partir dos dados apresentados e considerando que todos os produtos fabricados no período foram vendidos, a tabela 11 mostra o cálculo do custeio variável desta empresa industrial (RIBEIRO, 2015).

Tabela 11 - Custeio variável da empresa industrial

A B

TOTAL

Unitário Total Unitário Total

Receita Bruta de Venda R$ 20,00 R$ 10.000,00 R$ 20,00 R$ 10.000,00 R$ 20.000,00 Custos Variáveis R$ 4,40 R$ 2.200,00 R$ 10,80 R$ 5.400,00 R$ 7.600,00 Despesas Variáveis R$ 0,40 R$ 200,00 R$ 1,20 R$ 600,00 R$ 800,00 (=) Margem de Contribuição R$ 15,20 R$ 7.600,00 R$ 8,00 R$ 4.000,00 R$ 11.600,00

Custos e Despesas Fixas R$ 4.000,00

(=) Lucro R$ 7.600,00

Fonte: Adaptado de Ribeiro (2015).

Através do custeio variável foi possível concluir que, apesar de os dois produtos gerarem receitas idênticas, o produto A é o mais rentável para empresa, proporcionando uma margem de contribuição total de R$7.600,00, a qual contribuirá para cobrir as despesas e custos fixos. Os custos e despesas variáveis elevadas do produto B fez com que sua margem de contribuição diminuísse em comparação com o produto A (RIBEIRO, 2015).

2.2.3.2.2 Ponto de equilíbrio

A expressão ponto de equilíbrio refere-se ao nível de venda em que a empresa não apresenta nem lucro e nem prejuízo, ou seja, é quando o valor dos custos totais se iguala ao valor das receitas totais (CREPALDI; CREPALDI, 2014).

O cálculo do ponto de equilíbrio é feito a partir da margem de contribuição. Torna-se necessário comparar o valor da contribuição de cada unidade produzida com o total de custos fixos, para, enfim, calcular-se quantas unidades de produtos são necessárias para cobrir totalmente os custos fixos do período (GUERRA, 2014).

Moreira (2013), calcula o ponto de equilíbrio segundo a fórmula:

PE=

Custos e despesas fixas totais Margem de contribuição

Um exemplo de quando uma empresa que produz apenas um produto atinge o ponto de equilíbrio é demonstrado na tabela 12 através da demonstração do resultado do exercício.

Tabela 12 - Demonstração do resultado no ponto de equilíbrio

DRE

Receita de Vendas (R$ 25,00 x 90.000 unidades) R$ 2.250.000,00 Custos Variáveis (R$ 15,00 x 90.000 unidades) R$ 1.350.000,00 Margem de Contribuição R$ 900.000,00

Custos Fixos R$ 900.000,00

Resultado Líquido R$ - Fonte: Adaptado de Guerra (2014).

Quando a empresa produz mais de um tipo de produto e que cada tipo de produto possui uma margem de contribuição diferente, pode-se calcular o ponto de equilíbrio utilizando a fórmula,

PE (mix)=

Custos Fixos PLMi x pi x Qi

pi x Qi

Onde, por PLMi entende-se proporção do lucro marginal por produto, pi como preço de venda unitário por produto e Qi como volume previsto de vendas por produto (SANTOS, 2011).

Santos (2011) utiliza os dados da tabela 13 para exemplificar como pode ser calculado o ponto de equilíbrio em uma empresa que produz duas variedades de produtos.

Tabela 13 - Dados para cálculo do ponto de equilíbrio

Produtos

Total

A B

Preço de venda unitário R$ 2,00 R$ 3,00 Margem de contribuição 40% 50% Volume de vendas previsto 50 unid. 30 unid. 80 unid. Custos fixos do período R$ 60,00 Fonte: Adaptado de Santos (2011).

A partir dos dados apresentados é possível calcular o ponto de equilíbrio da empresa a qual Santos (2011) usa como exemplo.

PE (mix)= R$ 60,00 (0,40 x R$ 2,00 x 50 unid.) + (0,50 x R$ 3,00 x 30 unid.) (R$ 2,00 x 50 unid.) + (R$ 3,00 x 30 unid.) PE (mix)= R$ 60,00 R$ 85,00 R$ 190,00 PE (mix)= R$ 60,00 0,447368 PE (mix)= R$ 134,00

Percebe-se que o ponto de equilíbrio da empresa é quando ela atinge R$ 134,00 em receita de vendas, distribuídos entre os dois produtos conforme mostra a tabela 14.

Tabela 14 - Ponto de equilíbrio em R$ e em unid. Vendas Planejadas Total % Participação Ponto de equilíbrio em R$ Preço de venda unitário Ponto de equilíbrio em unid. A 50 unid. X R$ 2,00 R$ 100,00 52,60% R$ 70,00 R$ 2,00 35 B 30 unid. X R$ 3,00 R$ 90,00 47,40% R$ 64,00 R$ 3,00 21 Totais R$ 190,00 100% R$ 134,00 56 Fonte: Adaptado de Santos (2011).

Diante do exposto, a análise através do ponto de equilíbrio auxilia a gestão a selecionar uma ação quando várias alternativas existirem. Esta análise baseia-se no fato de que os custos variáveis variam conforme o volume de vendas e que os custos fixos permanecem fixos durante as atividades da empresa. Desta maneira, qualquer alteração que ocorrer nos custos variáveis ou nos custos fixos, a equação do ponto de equilíbrio poderá ser usada para o novo cálculo dos resultados (VANDERBECK; NAGY, 2001).

Documentos relacionados