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A NBR-12721:2006 considerou o CUB como o resultado de custos de projetos com mão de obra, material e despesas administrativas, sendo determinado por metro quadrado (CUB/m²). Calculado mensalmente pelo SINDUSCON (Sindicato das Indústrias da Construção Civil), devendo levar em consideração a região a ser analisada, para assim, obter seu real valor. Para que este custo seja abrangente a diversos exemplos de construção utilizou- se variados projetos-padrão, tipologias e padrões de acabamento. Para Hochheim (2013), a busca pelos preços dos materiais, insumos e mão de obra na região de operação devem-se averiguadas pela maioria de fornecedores disponíveis. Antes de calcular as médias, avalia-se os preços e recomenda-se que a amostra seja contida por pelo menos 20 informações. Segundo SINDUSCON, a alteração do percentual mensal do CUB permite auxiliar no reajuste de valores em contratos de aquisição em construções, sintetizando o avanço de preços correlacionados a produtos e serviços indispensáveis à atividade, influenciando na precificação do imóvel.

3 METODOLOGIA

Esta pesquisa é caracterizada como um estudo qualitativo de método exploratório, descritivo e explicativo já que mostrará os benefícios fundamentais do desenvolvimento das fachadas, informando sua importância de eficiência energética e sustentável na construção civil.

A escolha do tema se deu ao ver a necessidade de mais informações sobre a fachada ventilada, para então dar início através de pesquisas bibliográficas que apontam os diversos métodos e materiais utilizados junto aos benefícios energéticos que a fachada ventilada gera ao ser implantada na obra.

Após feita esta pesquisa bibliográfica foi necessário realizar um comparativo de dados de custos entre a fachada convencional e a fachada ventilada, podendo demonstrar qual as diferenças e vantagens ao utilizar o novo sistema de fachada ventilada.

Para este comparativo, foi utilizada como referência a planilha de valores da Caixa Econômica Federal para Construção Civil de 2019 (CAIXA) e os valores do Sindicato da Construção Civil (SIDUSCON) utilizando o Custo Básico Unitário (CUB).

Por fim, são feitas análises da fachada ventilada permitindo verificar que além de funções estéticas este sistema também vem tornando-se uma solução para os problemas de conforto térmico e acústico nas edificações, assim como o prazo de construção que se torna bem mais curto.

Para melhor entendimento e visualização, foi utilizado um projeto de um edifício de 1000 m² de fachada localizado no bairro Bela Vista em São José- SC.

4 ESTUDO DE CASO

O estudo de caso deu-se ao comparar a fachada ventilada com a fachada convencional, analisando um edifício com a possibilidade em implantação de 16 apartamentos ou 35 salas comerciais, apresentando uma fachada com 1000m². Conforme as figuras 32 e 33, apresenta- se o terreno onde o edifício será implantado, que se encontra na Rua Doralice Ramos Pinho, no bairro Bela Vista em São José-SC. Este estudo mostrará qual a melhor alternativa de fachada a ser utilizada levando em conta custos durante a construção, manutenção, gastos energéticos e transmitância acústica. Pode-se observar na figura 34 o projeto utilizado para o estudo do comparativo feito entre as fachadas.

Figura 32: Mapa de localização

Figura 33: Mapa de localização:

Fonte: Google Maps

Figura 34: Projeto da fachada

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 MÉTODO CONSTRUTIVO

O processo construtivo da fachada convencional neste trabalho será apresentado em reboco pintado ou pastilha cerâmica. Na utilização de reboco pintado, o método inicia-se ao rebocar a parede da fachada contendo uma espessura de 1 a 5 centímetros de argamassa deixando a superfície lisa para selagem, textura e pintura. O início do processo com pastilha cerâmica é mesmo citado anterior com o reboco, porém no lugar da pintura, se coloca a pastilha.

Na fachada ventilada, o sistema é constituído por uma base suporte de fixação, uma camada de material isolante, outra camada de câmara de ar, uma estrutura para fixar o material e por fim, conforme citado por Dutra (2010), o revestimento externo com a junta entre as placas. Conforme descrito na Tabela 1 do processo construtivo das fachadas, foi utilizado como referência o valor do CUB do mês de outubro de 2019, ver Figura 35.

Figura 35: Tabela do CUB da região da grande Florianópolis

Tabela 1: Processos Construtivos: Comparativo de custos (Material + Mão de Obra) utilizando o valor de referência do CUB para execução da Fachada Convencional e da Fachada Ventilada

Fonte: Dos autores

Após analisar a tabela 1, percebe-se que o custo do processo construtivo da fachada ventilada é de aproximadamente 80% mais alto que o reboco pintado e 55% que a pastilha cerâmica. Inicialmente os métodos de reboco pintado e pastilha cerâmica aparentam ser a melhor opção pelo fato do custo do método construtivo ser inferior ao da fachada ventilada, porém ao analisar a quantidade de resíduos na obra observa-se o excesso do mesmo na fachada convencional o que gera preocupação pela falta de manejo e destinação ambientalmente correta. Tendo em vista a busca por novas estratégias na construção civil, a fachada ventilada vem se destacando devido à ausência de resíduos gerados na obra, vantagem essa que supera valores econômicos e agrega valores sustentáveis.

5.2 TEMPO DE EXECUÇÃO

Para a execução de 1000m² de fachada, foi considerado 4 (quatro) trabalhadores trabalhando em média 8 horas por dia nas diferentes fachadas, sendo verificados quantos dias cada sistema irá levar para ser finalizado, utilizando o valor do CUB para conversão, como pode ser observado na tabela abaixo:

Execução UND. M² Valor do m² em CUB TOTAL em CUB Execução UND. M² Valor do m² em CUB TOTAL em CUB Reboco de 1 a 5 cm de

espessura m² 1000 0,021 20,857

Reboco de 1 a 5 cm de

espessura m² 1000 0,021 20,857

Acabamento Grafiato m² 1000 0,018 18,250 Pastilha Cerâmica m² 1000 0,070 70,393

TOTAL 0,039 39,107 TOTAL 0,091 91,250

Execução UND. M² Valor do m² em CUB TOTAL em CUB Fachada ventilada em

porcelanato m² 1000 0,182 182,500

Isolamento térmico com

lã de rocha 50mm m² 1000 0,018 18,250

TOTAL 0,201 200,750

FACHADA CONVENCIONAL

Porcelanato + Isolamento com Lã de rocha FACHADA VENTILADA

Tabela 2: Tempo de Execução: Comparativo de custos (Material + Mão de Obra) utilizando o valor de referência do CUB para execução da Fachada Convencional e da Fachada Ventilada

Fonte: Dos autores

Constatou-se que a fachada convencional leva um tempo maior a ser executada que a fachada ventilada, mesmo sendo comparados dois métodos diferentes utilizados na fachada convencional. O reboco pintado levou 65 dias para ser finalizado, já a pastilha cerâmica levou 25 dias a mais. No caso da fachada ventilada foram apenas 28 dias de execução, o que gera uma agilidade no tempo de obra e reduções de custos.

A fachada ventilada tem um diferencial na instalação pois não há necessidade de utilizar chapisco, emboço, reboco, requadro e juntas de dilatação, pois de acordo com Gonçalves (2019), ela possui seus próprios painéis de vedação, o que acarreta a diminuição do tempo de execução e do custo de mão de obra.

Outros fatores resultantes do adiantamento da obra são a redução de funcionários, do tempo de transporte de materiais, de fatores externos, do custo com limpeza e do uso de equipamentos na construção, o que ocasiona menores despesas durante a obra.

A otimização do tempo pode garantir vantagens imensuráveis, uma vez que a antecipação da entrega da obra permite que ela seja usufruída o quanto antes e, consequentemente, comece a cumprir seu objetivo, podendo ter grandes benefícios econômicos como antecipação de venda ou aluguel do imóvel.

5.3 MANUTENÇÃO

Nesta situação referente a manutenção da obra, foi feito uma análise em um período de 10 anos para ser observados quantas manutenções seriam necessárias em cada sistema e os gastos que cada uma teria. Como toda construção requer manutenções periódicas ao longo de sua vida útil, ao implantar o sistema de fachada convencional utilizando o método de reboco +

Execução UND. M² M²/DIA TOTAL DIAS Execução UND. M² M²/DIA TOTAL DIAS

Reboco m² 1000 40 25 Reboco m² 1000 40 25

Tempo de reboco 25 Tempo de reboco 25

Pintura m² 1000 66 15 Pastilha cerâmica m² 1000 25 40

65 90

Custo fixo/ dia de obra em CUB Custo fixo/ dia de obra em CUB

Execução UND. M² M²/DIA TOTAL DIAS

Fachada ventilada m² 1000 40 25

Tempo de reboco 0

Lã de rocha 50mm m² 1000 300 3

28 Custo fixo/ dia de obra em CUB

FACHADA CONVENCIONAL

Reboco Pintado Pastilha cerâmica

0,313 28,157

FACHADA VENTILADA Porcelanato + Isolamento com Lã de rocha

0,313 20,336

pintura são necessárias manutenções na estrutura com a sua lavação a cada 2 anos e a repintura a cada 5 anos com a execução dos reparos nas fissuras de mapeamentos e de dilatações térmicas.

As fachadas compostas por pastilhas cerâmicas, devem ser lavadas a cada 2 anos e se necessário ocorre a substituição das pastilhas soltas a cada 5 anos, conforme Figueiredo (2017).

No uso do porcelanato na fachada ventilada há a necessidade apenas da lavagem a cada 5 anos, pois segundo Campos (2018), a alta resistência ao impacto, a cargas de ventos, ataques químicos e a ação ultravioletas evita a degradação dos revestimentos aplicados na parte externa e danos estruturais. Aplicou-se novamente a conversão dos valores pelo CUB, como consta na tabela abaixo:

Tabela 3: Manutenção: Comparativo de custos (Material + Mão de Obra) utilizando o valor de referência do CUB para execução da Fachada Convencional e da Fachada Ventilada

Fonte: Dos autores

O gasto e a facilidade com a manutenção da fachada ventilada são notáveis ao comparar com a convencional, uma vez que esta não requer mão de obra especializada e nem gastos com materiais, podendo ser feita a um longo período após a conclusão da obra.

No comparativo, percebe-se que há um maior custo com manutenções nas fachadas convencionais em razão da rápida deterioração e má imagem do edifício causadas pelas dilatações térmicas e de intempéries. Essas complicações podem provocar a fissura do reboco e o descolamento das pastilhas, gerando patologias através da entrada de água e riscos decorrentes à queda de materiais em espaços públicos.

O fato da fachada ventilada não necessitar grandes manutenções devido sua proteção as condições climáticas, garante maior longevidade ao edifício. Por possuir um acabamento nobre assegura-se um maior período de boas condições a estrutura, além de evitar problemas com a umidade através da existência da câmara de ar, onde o ar circula constantemente.

Execução QTE.NECESSÁRIAS M² Valor do m² em CUB TOTAL em CUB Execução QTE.NECESSÁRIAS M² Valor do m² em CUB TOTAL em CUB

Lavagem 5 1000 0,003 2,607 Lavagem 5 1000 0,003 2,607

Pintura 2 1000 0,021 41,714 Retirada das pastilhas soltas 2 1000 0,021 41,714

Reparo nas fissuras 2 1000 0,005 10,429 Reboco 2 1000 0,016 31,286

TOTAL 54,750 Pastilha cerâmica nova 2 1000 0,070 140,786

TOTAL 216,393

Execução QTE.NECESSÁRIAS M² Valor do m² em CUB TOTAL em CUB

Lavagem 2 1000 0,003 5,214

TOTAL 5,214

FACHADA VENTILADA Porcelanato + Isolamento com Lã de rocha

FACHADA CONVENCIONAL

5.4 GASTOS ENERGÉTICOS

5.4.1 1º caso: 16 apartamentos residenciais em 5 anos

Inicialmente ao observar os gastos energéticos que são gerados num edifício, será analisado 16 apartamentos residenciais em um período de 5 anos, tendo em média um custo mensal de R$150,00 com gastos energéticos considerando o uso de climatizadores, eletrodomésticos e eletroeletrônicos.

Tabela 4: Comparativo de gastos energéticos em 16 apartamentos em um período de 5 anos:

Fonte: Dos autores

Não há nenhum tipo de economia de energia ao utilizar o reboco pintado, pois ele permite maior passagem de calor. Quando utilizado as pastilhas cerâmicas que inibem um pouco desta transmitância térmica consegue-se uma economia de 4,14% em relação ao gasto mensal citado. Ao implantar a fachada ventilada usando porcelanato, obtém-se um resultado significativo com uma economia de 45% de gastos energéticos.

5.4.2 2º Caso: 35 salas comerciais em 5 anos

No segundo caso, verificou-se os gastos energéticos de 35 salas comerciais no mesmo período de 5 anos em que produzem um gasto mensal de R$250,00 com energia, devido o ar condicionado permanecer ligado normalmente num período de oito horas, além de computadores e demais eletrônicos.

Tabela 5: Comparativo de gastos energéticos em 35 salas comerciais em um período de 5 anos:

Repercussão UND. R$/mês Total de meses TOTAL R$ Repercussão UND. R$/mês Total de meses TOTAL R$

Apto com 91m² 16 150 72 R$ 172.800,00 Apto com 91m² 16 R$143,79 72 R$ 165.646,08

TOTAL R$ 172.800,00

TOTAL R$ 165.646,08

Repercussão UND. R$/mês Total de meses TOTAL R$

Apto com 91m² 16 R$82,50 72 R$ 95.040,00

TOTAL R$ 95.040,00

FACHADA CONVENCIONAL

Reboco Pintado Pastilha Cerâmica

FACHADA VENTILADA Porcelanato + Isolamento com Lã de rocha

Fonte: Dos autores

Ao analisar os gastos de energia nas salas comerciais ao utilizar a fachada ventilada, obtém-se um resultado de redução em quase 50% do valor mensal em relação a fachada convencional.

Observando os comparativos residenciais e comerciais citados acima, é notório que na fachada ventilada há uma economia de energia maior que na fachada convencional, evitando grande parte do uso de climatizadores. No verão, período em que os ar-condicionado são mais utilizados, a fachada ventilada evita a acumulação de calor devido a troca de ar pelas placas, mantendo-a fresca. Já no inverno, a fachada atua como um acumulador de calor, ajudando a caixa de ar a se manter com a estabilidade térmica do sistema, não havendo necessidade de aquecedores.

A baixa condutividade térmica dos painéis das fachadas ventiladas contribui para economia de energia, uma vez que possui um isolamento térmico com a lã de rocha que minimiza as pontes térmicas graças as características semirrígidas do painel.

Além da economia com energia, a fachada ventilada é uma opção sustentável que proporciona um melhor conforto térmico, evita problemas com umidade e infiltrações. O fato de o sistema garantir este conforto agrega muitos valores tanto em edifícios residenciais como comerciais, pois acaba tornando o ambiente mais agradável e produtivo.

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