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2. FINANÇAS E CUSTOS EM HOSPITAIS PÚBLICOS UNIVERSITÁRIOS

2.3. Custos na área de Saúde no Serviço Público

2.3.2. Custos na área da saúde: problematização

Os hospitais encaram diversos problemas relacionados a sua manutenção financeira. Tal fato ocorre desde a criação dos mesmos, onde os gestores não se preocupavam com os custos e ainda hoje o estabelecimento de sistemas de custeio é visto por muitos de maneira negativa. Além disso outros fatores prejudicam a implantação de mecanismos de acurácia dos custos: caráter social e eventualmente religioso da entidade; presença da figura médica como

administrador, mesmo este não tendo competência técnica para tal função; questões legais, já que toda a população tem direito ao acesso gratuito assegurado por lei (JERICÓ; CASTILHO, 2010). Negra e Negra (2001), acrescentam outros fatores além destes, a saber: complexidade em compreender o vocabulário médico e ausência de disposição dos funcionários na busca de conhecer a realidade econômica da instituição.

Negra e Negra (2001), destacam várias vantagens na implantação de sistemas de custos hospitalares: possibilidade de identificar se o custo dos procedimentos realizados é maior ou menor que o repasse do governo, apresentação da descrição temporal da evolução dos custos, permite diferenciar custo fixo de custo variável, uniformiza o conhecimento a respeito da vida financeira hospitalar, aponta para procedimentos que apresentam custos mais elevados e precisam ser acompanhados mais de perto.

A preocupação com a eficiência da gestão hospitalar tem aumentado. Pereira e Schutz (2012) reforçam a necessidade da implantação de ferramentas de custeio, já que a gestão hospitalar é limitada devido à falta de conhecimentos acerca dos atendimentos prestados, dos materiais e medicamentos utilizados e ainda do custo real dessa assistência.

O gerenciamento de custos é uma ferramenta administrativa indispensável em qualquer empresa, seja ela pública ou privada. Essa ferramenta possibilita o manejo do capital, conhecimento real dos custos, oportunizando planejamentos mais funcionais (OLIVEIRA et al.,2012). Propicia a construção de um orçamento com veracidade e ainda, serve de subsidio para questionar o estado quanto aos valores repassados aos hospitais públicos (MADEIRA, TEXEIRA, 2004).

Uma grande inquietação dos administradores públicos é a busca por melhoria da gestão hospitalar, a partir disso tem-se buscado uma adequação do controle dos gastos, que tem seu aumento justificado pelo crescimento da demanda por atendimentos de alta tecnologia e pela constante queda dos recursos públicos (BONACIM; ARAÚJO, 2010).

Os hospitais públicos têm apresentado um aumento da preocupação em relação à eficiência. E um diferencial para se alcançar esse propósito é a qualidade dos insumos adquiridos por essas instituições. Para se conseguir atingir a eficiência é preciso comprar produtos de qualidade, em quantia apropriada e valor aceitável (LUIZA; CASTRO; NUNES, 1999).

Kara-Junior et al. (2010) destacam que um dos princípios básicos de economia em saúde pública é o de adotar medidas racionalizadas, que propiciem redução de custos, sem aumentar os riscos à saúde. Consoante Weiller e Mendes (2016), a política de saúde, com vistas a um processo de mudança e melhora das condições de vida da população, deve vir sempre

acompanhada de um contexto que apresente um modo de gestão dessa ação pública e seus respectivos monitoramento e avaliação.

O levantamento dos custos em hospitais públicos é uma atividade multifacetada devido à variedade dos atendimentos fornecidos. Para que esse levantamento seja fidedigno é necessário o uso de um sistema de informações eficaz e que sejam delimitadas centrais de custo. A partir de uma apuração de custos eficiente podem ser implementadas diversas ações /gestoras: determinação saldos por atendimento, orientação das atividades, reconhecimento de áreas inoperantes gerando um crescimento dos serviços prestados à população (BONACIM; ARAÚJO, 2010).

As constantes crises dos hospitais públicos, as modificações globais e a fragilidade financeira tornam o gerenciamento de custos um instrumento obrigatório de gestão. O uso de uma ferramenta que identifique os gastos hospitalares proporciona o conhecimento destes, possibilitando a melhoria do atendimento prestado, a aquisição de inovações tecnológicas, o planejamento mais eficiente e coordenado das ações administrativas. Além de implantar um sistema de custos é também necessário que os gestores tenham um comportamento mais atuante e que os funcionários públicos mudem os seus conceitos, para que sejam conduzidos a perceber a importância em registrar e apresentar as atividades desempenhadas (OLIVEIRA et al., 2012). Em todo o mundo é consenso que a gestão hospitalar é uma situação problemática, devido a heterogeneidade da atividade prestada, que inclui a grandiosidade e a relevância de se cuidar de vidas e ainda, por contar com equipe pluridisciplinar, que tem independência para definir a assistência mais adequada ao paciente. Além disso, o hospital conta com diversas atividades em sua estrutura (centro cirúrgico, lavanderia, farmácia, entre outros) o que o torna mais complexo (ALEMÃO; GONÇALVES; DRUMOND, 2013).

Para a sociedade brasileira é unânime a opinião de que a vida financeira dos hospitais públicos vive em desalinho. Fato que pode ser explicado pela falta de identificação dos custos, pelo não uso de métodos de custeio, o que dificulta a elaboração de ferramentas de gestão, impossibilitando o melhor uso do dinheiro público (ALEMÃO; GONÇALVES; DRUMOND, 2013).

Oliveira et al. (2014) concordam que é preciso mudar a cultura do servidor, e ainda completam que é necessário que as instituições hospitalares apurem os custos ocorridos, divulguem esses dados, disponibilizem treinamentos que explicitem maneiras de reduzir custos e diminuir os desperdícios. E ainda, que os trabalhadores de hospitais escola devem atuar como disseminadores da importância do gerenciamento dos custos.

É consenso entre os autores referenciados que os hospitais públicos sempre enfrentaram crises financeiras, devido à sua dificuldade de gestão e ao capital recebido sempre abaixo do necessário, tornando inadiável o conhecimento das finanças destas instituições, sendo recomendado que essa percepção comece pelos custos. Dada a importância de tal assunto, o próximo conteúdo deste estudo mostra a busca por pesquisas empíricas que tratem do tema custos e hospital universitário.