3.3 PROCEDIMENTO DE ALOCAÇÃO
3.3.3 CUSTOS DE MANUTENÇÃO DAS LOCOMOTIVAS
O terceiro passo do procedimento proposto diz respeito aos custos de
manutenção associados à alocação de um determinado modelo de locomotiva em um
trem.
As revisões e inspeções de manutenção acontecem periodicamente nas viagens,
mas existem ainda revisões trimestrais, semestrais, anuais, bianuais, trienais e
revisões gerais. Em geral, a necessidade de manutenção das locomotivas se dá pela
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quilometragem total percorrida, pelas horas disponíveis para utilização da operação
de trens ou pela quantidade de óleo diesel consumido no período. Dessa forma,
fatores como tempo de viagem e extensão das rotas percorridas pelos trens, além da
disponibilidade e utilização da frota afetam diretamente na periodicidade em que as
locomotivas vão as oficinas, realizam troca de peças e necessitam de manutenção.
Sendo assim, dependendo de qual trem a locomotiva será alocada, o custo deste
será maior ou menor, visto que os diferentes modelos de locomotivas possuem
diferentes custos de manutenção. Portando, a decisão de direcionar locomotivas de
baixo custo para trens onde os gatilhos de manutenção serão acelerados por
ineficiências como altos tempos de viagem, alto consumo de óleo diesel ou grandes
distâncias percorridas torna-se estratégica do ponto de vista dos custos do transporte.
Para este trabalho, propõe-se a determinação de um custo médio de manutenção
(C_Manut), composto pela razão entre o somatório de todos os custos, dado o
fechamento de um ciclo de manutenção de uma determinada locomotiva, e o
momento de manutenção deste ativo, que neste caso será a tonelada bruta
transportada pelo trem multiplicada pela distância percorrida (TKB) neste período. Por
exemplo, um determinado modelo possui manutenções disparadas por uma
determinada TKB transportada e inspeções quinzenais, revisões trimestrais,
semestrais, anuais e revisão geral bianual, fechando assim um ciclo de manutenção
em dois anos. Desta forma o custo médio de manutenção é dado pelo valor gasto
nestes dois anos com peças e serviços dividido por toda a TKB transportada pela
locomotiva também neste mesmo período. A Equação 1 apresenta o cálculo do custo
de manutenção. Como cada trem possui uma rota e um peso, é possível determinar
o custo de manutenção, em R$/TKB, associado à locomotiva alocada ao trem.
𝐶_𝑀𝑎𝑛𝑢𝑡 =𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑚𝑎𝑛𝑢𝑡𝑒𝑛çã𝑜 𝑑𝑢𝑟𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑜 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜
𝑇𝐾𝐵 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑡𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑑𝑜 𝑑𝑢𝑟𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑜 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜
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3.3.4 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DAS LOCOMOTIVAS E CUSTO DE
COMBUSTÍVEL
A quarta etapa do procedimento consiste na determinação da eficiência
energética resultante da alocação de um determinado modelo de locomotiva a um
trem, bem como do custo de combustível associado a essa alocação.
No Brasil, o óleo diesel é a principal fonte de energia do transporte ferroviário de
cargas [Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT), 2012]. Atualmente, a
maior parte das locomotivas possui motor diesel-elétrico, ou seja, o motor a diesel
gera energia mecânica a um gerador elétrico, que por sua vez transmite energia para
a tração e o funcionamento da locomotiva.
Segundo Salum (2005), a eficiência energética diz respeito a utilizar a energia de
forma a obter o máximo benefício com o menor consumo, evitando os desperdícios
ou o uso inadequado, sem diminuir a qualidade de vida ou produtividade. Do ponto de
vista do setor ferroviário, Pereira (2009) define que o índice de eficiência energética é
a equação do consumo de combustível de uma locomotiva em relação à quantidade
de carga tracionada por uma determinada distância. O mesmo autor afirma que uma
locomotiva apresenta bom resultado em eficiência energética caso economize no
consumo de combustível e/ou aumente a carga bruta tracionada do trem. A Equação
2 apresenta uma forma de medição da eficiência energética adotada mundialmente
pelas ferrovias, na qual quanto menor o número obtido, melhor é a eficiência
energética da ferrovia.
𝐸𝐸 = 𝐿
𝑇𝑘𝑏. 10
−3