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Os principais objetivos de quantificar monetariamente as perdas (diretas e indiretas) com acidentes de trânsito são de definir e justificar o valor a ser aplicado em determinadas alterações no sistema viário a serem realizadas. Com esta finalidade, devem-se estimar os custos unitários dos acidentes de trânsito, variando com o tipo e gravidade dos mesmos. Para definir custos de acidentes de tráfego, é necessário identificar todos os elementos que compõem esses custos e, em função dos dados disponíveis, definir os critérios metodológicos a serem empregados e, então, proceder as correspondentes quantificações (CARDOSO, 1999).

Dentre os valores materiais diretos, estão contidos os custos com medicamentos, internações, consultas médicas, consertos nos veículos, reparação nos equipamentos imobiliários e viários, danos às cargas transportadas, administração de seguros, serviços de advocacia, judiciários e funerais, entre outros. Algumas perdas

obrigações familiares e de terceiros, podem ser citadas. Além dessas perdas, os acidentes de trânsito ainda provocam ferimentos de gravidade variada, seqüelas físicas e traumas psicológicos para o resto da vida das vítimas. O sofrimento, a dor e a aflição são alguns dos fatores classificados como perdas emocionais.

Atribuir um valor monetário para uma perda de vida humana ou para as conseqüências geradas pelos acidentes de trânsito, permanentes ou temporárias, é uma tarefa particularmente difícil, pois é imensurável o valor do sofrimento e das mudanças ocorridas na vida da vítima e em sua família. Hobbs, citado por CARDOSO (1999), relata que um dos métodos mais usuais é baseado na razão média da renda nacional, com objetivo de avaliar as perdas financeiras. Segundo Porto Velho, citado por CARDOSO (1999), geralmente, o capital humano aproximado é usado para estimar a perda da capacidade produtiva devido à fatalidade no tráfego, em que o custo aproximado do que se está disposto a pagar é usado para estimar a perda da qualidade de vida.

Um outro modo de mensurar as perdas humanas é o de contabilizar os anos potenciais de vida perdidos, já que, de acordo com CARVALHO NETO (1996), os grupos etários mais jovens situam-se como os maiores alvos da mortalidade por acidentes de trânsito. A esperança estimada de vida ao nascer em 2002, é de aproximadamente 73 anos para as mulheres, e de 65 anos para os homens. Assim, obtém-se a média é de 69 anos. Com esses valores pode-se estimar os anos de vidas perdidos em mortes por causas externas (IBGE, 2002).

Um estudo realizado pela Companhia de Engenharia de Tráfego – CET, estima o custo dos acidentes no Brasil em 1995. As cifras alcançam US$ 9,6 bilhões, sendo US$ 6,6 bilhões, para acidentes com vítima e US$ 3 bilhões, para acidentes sem vítimas. Estes valores são referentes a aproximadamente 210 mil acidentes de tráfego ocorridos na zona rural e 862 mil acidentes na zona urbana (GOLD, 1998).

Uma outra estimativa muito semelhante, também divulgada por Philip Gold, através do Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID, em 1999, aponta custos de R$ 10 bilhões por ano (ABDETRAN, 2001a). No entanto, FERRAZ et al.

(1999), estima que o custo anual dos acidentes de trânsito no Brasil seja de U$ 5 bilhões, considerando neste montante: despesas materiais, médico-hospitalares, perda de dias de trabalho, aposentadorias precoces, custos policiais e judiciários. Por sua vez, a estimativa divulgada pela a ANTP (1999) é mais otimista, e diz que o custo global dos acidentes de trânsito pode ser estimado em mais de US$ 3 bilhões por ano.

De acordo com IPEA e ANTP (2003), no Brasil, no ano de 2001, os acidentes de trânsito geraram custos da ordem de R$ 5,3 bilhões para a área urbana de forma geral e de R$ 3,6 bilhões para as aglomerações, “a preços de abril de 2003”. Dentre estes últimos, 43% foram decorridos a custos por perda de produção; 30%, por danos a veículos, propriedades e sinalização de trânsito; 16%, por tratamentos médico- hospitalares. O custo médio dos acidentes foi de R$ 8,8 mil, analisando todas as severidades, mas considerando apenas os acidentes com vítimas, o valor médio foi de R$ 35,1 mil. Os custos médios de atendimento hospitalar por tipo de paciente, internado e não internado, foram de R$ 47,6 mil e R$ 645, respectivamente. Segundo ALVES JR (2002), no Brasil, o custo de um tratamento médico hospitalar de uma vítima de acidentes de trânsito se aproxima de 2.500 dólares americanos.

A ineficiência, ou a falta, de gestão adequada de dados de acidentes de trânsito poderia explicar essa variação de custos gerados pelos acidentes. Sendo assim, no Brasil, é inegável a necessidade da existência de pesquisas precisas ligadas ao assunto como aquelas que são promovidas em muitos países desenvolvidos.

O custo dos acidentes, sobretudo o dos fatais, tem um grande impacto na análise econômica dos danos gerados pelos acidentes (STEPHENS, 1993). De acordo com Blincoe, citado por NHTSA (1996), baseado em um estudo realizado pelo Departamento de Transportes dos Estados Unidos, o custo dos acidentes de trânsito em rodovias naquele país, em 1994, foi de U$150 bilhões. O custo médico-hospitalar, perdas de salários, atraso em viagens e consertos de veículos são compartilhados entre empregadores/empresários, seguradoras e governo americano. O sofrimento e toda perda de qualidade de vida das vítimas de acidentes de trânsito e de seus familiares não

Para NHTSA (1996), uma das alternativas de reduzir, significativamente, os custos de acidentes de trânsito é preveni-los através de programas para a segurança do tráfego.

4 BANCO DE DADOS E SISTEMA DE INFORMAÇÕES

GEOGRÁFICAS

Organizações governamentais, tais como prefeituras, em alguns casos, podem ser comparados a empresas que visam ao bem estar e saúde dos habitantes de sua região. De acordo com o Customer Relationship Management — CRM, ferramenta de marketing, para conhecer seus clientes, no caso, sua população, deve-se saber seus problemas, insatisfações, preocupações e antecipar seus anseios e necessidades. Um dos modos de execução desta tarefa é a utilização de levantamento e armazenamento de registros em banco de dados (BD).

Com uso de tecnologia de banco de dados, armazenam-se registros de qualquer natureza, de forma organizada, para que seja possível a geração de informações úteis de suporte a decisões inteligentes por parte dos gerenciadores. Esta nova forma de abordagem empresarial é conhecida como Business Intelligence (BI), ou Inteligência nos Negócios. O uso adequado da tecnologia deve atender e adaptar-se às reais necessidades específicas do tipo de negócio, e para isso, há a necessidade de identificar os dados capazes de gerar informações inteligentes para o suporte a decisões gerenciais. De acordo com BRAY (1993), é importante para assegurar a viabilidade do sistema de gerenciamento de segurança viária o desenvolvimento e a manutenção de um banco de dados integrado, que localize os acidentes, que os divida em categorias e fatores contribuintes e que os relacione com os tipos de vias e dados de tráfego.

Para melhorar a qualidade, os indicadores de segurança de trânsito, IPEA e ANTP (2003), propõem ao DENATRAN: i) definir um conjunto mínimo de dados sobre a ocorrência de acidentes de trânsito a serem levantadas pelos órgãos de trânsito ou policiais; ii) definir procedimentos homogêneos a serem utilizados pelos órgãos de trânsito e policias para coleta, registro e tratamento dos dados de acidentes de trânsito; iii) apoiar a implantação de sistemas de informação de acidentes de trânsito nos órgãos de trânsito municipais; iv) organizar o sistema nacional de dados de acidentes de

reflitam os padrões de segurança de trânsito existentes e sua evolução; v) estabelecer mecanismo de aferição de qualidade dos dados registrados, com controle estatístico, através de pesquisas amostrais periódicas.

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