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A orizicultura, assim como qualquer outra atividade econômica, deve ser viável também sob o ponto de vista social, econômico e ambiental. “A informação precisa sobre o custo de produção de uma atividade agrícola é uma variável de fundamental importância para a tomada de decisão do empresário rural” (ARROZ IRRIGADO, 2005, p.151).

O custo de produção é uma ferramenta gerencial e, portanto, sob controle do produtor rural. Para compreender o custo total de uma produção de arroz foi realizado no dia 20 de março de 2011 uma entrevista com o produtor rural Adair Ross, que forneceu registros das despesas de sua propriedade agrícola, observe Figura 40. Através dos dados e informações obtidas com o agricultor foi elaborada uma planilha com o objetivo de avaliar os resultados da atividade de orizicultura.

Figura 39: Planilha Custo de Produção de Arroz Irrigado.

Fonte: Elaboração: Heleno Simão Ramos.

Para Arroz Irrigado (2005, p.152) “ao computar o custo total da atividade agrícola, deve-se ter em conta os ativos fixos da empresa representada pelo seu capital patrimonial [...]”. A propriedade agrícola analisada está localizada no município de Maracajá. Esta propriedade possui 20 hectares de área própria com sistema de plantio pré-germinado e não arrenda terra. O produtor rural possui maquinário próprio adquiridos com empréstimo financiado pelo banco. O agricultor não possui a máquina agrícola (ceifadeira) por ter um elevado custo, este aluga no momento da realização da colheita do arroz, conforme planilha o custo do aluguel da máquina é avaliado em 10% da produção total, sendo assim, utilizou-se valores ajustados em reais.

O custo total da produção de uma lavoura de arroz corresponde ao valor dos custos fixos acrescido dos custos variáveis. Para Arroz Irrigado (2005, p.151) “custos fixos são aqueles cujos valores permanecem inalterados, independente dos volumes produzidos [...]”. Entre os custos fixos do agricultor entrevistados podemos destacar a mão de obra fixa e a prestação da compra do trator. A compra do trator foi realizada em financiamento com o Governo Federal que oferece um preço reduzido e com juros baixos, o valor total do trator é de R$: 75.000,00 (setenta e cinco mil reais). O modo de pagamento foi acordado em 10 anos, com dois anos de carência, a partir do terceiro ano começa uma prestação anual. (Informações obtidas em entrevista com Agricultor Adair Ross).

De acordo com Arroz Irrigado (2005, p.151) “os custos variáveis são aqueles cujos valores se alteram em função do volume de produção, tais como aquisição e aplicação de insumos, manutenção de máquinas e implementos, entre outros”.

A classificação do arroz, realizada no engenho, depende da qualidade do arroz, sendo descontado o arroz falhado, além das impurezas, estes itens variam de produtor para produtor sendo que os dados de 4% utilizados foram fornecidos pelo produtor entrevistado.

A média feita para os gastos com serviços mecânicos, foi um valor atribuído pelo produtor entrevistado, sendo que este varia de ano para ano, e de agricultor para agricultor e depende muito das condições dos tratores e implementos agrícolas que possui.

Para Arroz Irrigado (2005, p.152) “o custo de produção total dividido pela produção obtida fornece o valor unitário do custo de produção, que comparado ao preço do mercado do arroz, fornece um critério para avaliar a atividade”.

O valor do preço pago ao saco de 50 quilos de arroz não é estável. Atualmente o preço do saco de arroz de 50 quilos vem

apresentando uma queda de preço. Os valores em reais foram decrescente, resultado da oferta do arroz, influenciada, por sua vez, pelas condições climáticas, produção do MERCOSUL e demais países exportadores, consumo doméstico e estoques. As alterações no cenário da oferta global passaram a impulsionar o comércio internacional de arroz. “O excesso de arroz no mercado brasileiro está achatando os preços pagos aos rizicultores. Ainda há estoques relativamente elevados nos armazéns do governo e do setor privado” (SEM CENSURA, 2011).

De acordo com o Jornal Sem Censura (2011):

A importação de um milhão de toneladas de arroz dos países do MERCOSUL estaria agravando este quadro de super oferta. Como reflexo desta situação, o mercado esta pagando de R$: 20,00 a R$: 23,00 a saca de arroz, valor abaixo do preço mínimo fixado pelo governo, de R$: 25,80 reais (SEM CENSURA, 2011).

Os países do MERCOSUL, principalmente Uruguai e Argentina, passaram a direcionar grandes volumes de arroz para terceiros mercados em razão dos preços serem muito mais atrativos que o mercado brasileiro. Para o agricultor Adair Ross “o excesso de produção no mercado brasileiro e a entrada de arroz da Argentina e Uruguai com preço de R$: 18,00 o saco de 50 quilos faz com que ocorra a desvalorização da produção nacional” (informação verbal)34.

Desta forma, os agricultores do vale do Araranguá na safra de 2010/2011 sofrem com o excesso de produção e o preço baixo pago ao produto. Muitos agricultores que não possuem maquinário ou arrendam terra sofrem as conseqüências do elevado custo de produção, excesso de produção de grãos e a desvalorização do preço pago ao produtor são as principais reclamações dos agricultores. De acordo como o Jornal Sem Censura (2011) “84% dos produtores rurais do Vale do Araranguá estão com um endividamento na média de R$: 300.000 mil cada”.

Muitos agricultores fazem dívidas para iniciar a produção, não possuem terra e maquinário próprio e o preço pago pela saca não é o suficiente para suprir as contas e no ano seguinte à situação se repete, ocasionando endividamento dos produtores rurais. Entre as principais preocupações dos agricultores do Sul do Estado de Santa Catarina está o elevado custo da produção rural e a desvalorização do preço pago ao saco de 50 quilos em razão da oferta nacional de grãos. Busca-se junto

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aos centros de pesquisa e assistência técnica, alternativas para reduzir o custo de produção nas lavouras arrozeiras e políticas públicas atuantes com relação à entrada de grãos de outros países.

Sendo assim, na agricultura, o principal meio de produção é a terra, e a mesma não é suscetível de reprodução ao livre arbítrio do homem, como outros meios de reprodução e instrumento de trabalho. O sistema capitalista no campo revolucionou as formas de propriedade e posse da terra, a terra tem valores e condições de pagamento bastante variáveis. Diante disto, muitos agricultores são desprovidos de seus meios de produção; a estes, resta, “vender” sua força de trabalho (SAMPAIO et AL; 2005).

A exploração no sistema capitalista é realizada de diversas maneiras, em que o produtor rural desapropriado de seus meios de produção é submetido a pagar pelo uso da terra um determinado valor. Nas lavouras de arroz na Microrregião de Araranguá, esta forma de exploração é realizada através do arrendamento de terra, ou seja, o proprietário da terra aluga por um determinado tempo e preço a terra. O agricultor realiza o pagamento em dinheiro, sacos de arroz, percentuais sobre a produção ou outras formas de pagamentos, acertadas previamente com o proprietário da terra. Outra forma de exploração da terra é realizada através da parceria a pessoa que, através de um contrato, recebe uma propriedade rural a fim de ser cultivada, repartindo-se os frutos na proporção que estipularem. A forma mais comum de parceria no caso do arroz é a meiação (metade) da produção.

Assim, aos produtores rurais desprovidos de terra e equipamentos de trabalho e que exercem a atividade de rizicultura vem sofrendo sérias crises. Estes agricultores enfrentam dificuldades para desenvolver o cultivo de arroz na área de estudo. O Brasil produz quantidades superiores para o consumo anual de grãos; o país importa o produto da Argentina e Uruguai.

Diante desta situação, o excesso de arroz no Brasil resulta na queda drástica dos preços pagos aos produtores rurais. A baixa cotação do arroz no mercado brasileiro está associada ao excesso de oferta deste cereal. A produção de arroz da Argentina e Uruguai, com um custo de produção abaixo do brasileiro, se transforma em excedente que desequilibra os preços e desvaloriza o grão nacional.

4.2 A PRODUÇÃO DE ARROZ E OS PROBLEMAS AMBIENTAIS