• Nenhum resultado encontrado

Introdução

Este capítulo tem como primeiro objetivo descrever o processo de escolha das variáveis que compõem a base de dados que será utilizada no próprio capítulo e também no capítulo 4. Apresenta também os resultados da replicação dos exercícios estatísticos de Reinhart e Rogoff (2010) e HAP (2013) a fim de verificar possíveis impactos nos argumentos recorrentemente defendidos pelos primeiros e que são tratados aqui como expoentes do paradigma que tem o controle fiscal como condição sine qua non ao crescimento econômico.

Como relatado no capítulo anterior, parte do sucesso dos trabalhos recentes de Reinhart e Rogoff e, particularmente o Livro de 2009 "This Time is Different: Eight

48Segundo Hudson, “an important exception to this is the FMI’s work modeling and calling for a global

stimulus (Spilimbergo et.at.,2008). However, this also takes us back to the first point about the focus being almost exclusively on fiscal stimulus”.

59

Centuries of Financial Folly" está associado à compilação de dados fiscais até então

esparsamente disponíveis. Esses trabalhos beneficiaram também da então nova base de dados do FMI estruturada no Special Data Dissemination Standard. A junção desses elementos permitiu aos autores, e a uma série de trabalhos posteriores, a realização de comparações internacionais, até então inviáveis, de diversas variáveis fiscais por um período de aproximadamente 200 anos.

Apesar de reconhecer tal mérito, o presente trabalho opta por não utilizar a mesma base de dados utilizada por Reinhart e Rogoff - que basicamente é composta por 3 variáveis: participação da dívida pública no PIB, crescimento real do PIB e taxa de inflação - por entender que os referidos autores adotam procedimentos questionáveis quando da construção, não apenas da variável dependente (dívida/PIB) mas, também da variável ´taxa de crescimento do PIB´, que configuram duas variáveis-chave na literatura de finanças públicas.

A fim de justificar tal escolha e estimar o impacto desta nos resultados internacionalmente conhecidos e consolidados na literatura, obtidos a partir das metodologias dos trabalhos de Reinhart e Rogoff (2010) e de HAP (2013), este capítulo está estruturado em quatro seções, além desta introdução e da conclusão.

Tendo em conta as 3 variáveis indicadas acima, a primeira seção aborda o que o presente trabalho considera como inconsistências de algumas das escolhas e manipulações dos dados originais de Reinhart e Rogoff quando da obtenção das séries finais. Isso é importante porque tais séries foram utilizadas não apenas nos trabalhos de Reinhart e Rogoff mas também em trabalhos posteriores como o de HAP (2013). Esta seção apresenta ainda as séries originais coletadas para os 3 indicadores bem como os procedimentos utilizados aqui na montagem das séries finais de "participação da dívida no PIB" e de "taxa de crescimento do PIB". Já as segunda e terceira seções apresentam, respectivamente, as metodologias de pesos de Reinhart e Rogoff (2010) e de HAP (2013) e as comparações dos resultados destes com os obtidos nos respectivos exercícios realizados no presente trabalho a partir da base de dados aqui considerada. Por fim, a seção quatro expande, de forma inédita, as duas metodologias para variáveis que, na literatura, estão associadas às diferentes abordagens sobre os canais de transmissão da dívida, quais sejam: taxa de juros, gastos com juros da dívida, superávit primário, formação bruta de capital fixo, preferência pela liquidez dos bancos, volatilidade cambial e participação dos não residentes na dívida pública.

60

3.1- A Escolha das Variáveis

A base de dados na qual está pautada o presente trabalho foi construída a partir de diferentes fontes. De acordo com a disponibilidade dos dados, privilegiou-se os dados provenientes do International Financial Statistics (IFS) do Fundo Monetário Internacional. Quando estes não estavam disponíveis, ou o estavam mas não em uma abrangência (número de observações/período) significativamente suficiente, adotou-se como fonte planilhas de trabalho, preferencialmente de publicações e artigos do próprio FMI e, secundariamente, de outras instituições. No caso específico do indicador de preferência pela liquidez bancária, que será abordado na seção 3.4, dada sua não disponibilidade na literatura, parte do esforço desse trabalho, é a proposição e aplicação de uma metodologia para seu cálculo49.

Cabe destacar que, embora Reinhart e Rogoff refiram-se recorrentemente em seus trabalhos ao IFS/FMI como a fonte principal de seus dados, faz-se importante destacar que esta é, na verdade, a fonte dos dados originais, mas não das séries de ‘participação da dívida no PIB’ e de ‘taxa de crescimento do PIB’ de fato utilizadas tanto em suas análises, como nas de HAP (2013). Diante disso, parte do presente trabalho se dedica a apontar as fragilidades dos procedimentos utilizados pelos primeiros e aceitos pelos segundos, quando do cálculo dos referidos indicadores, embora parta igualmente, de dados originais coletados, preferencialmente, na plataforma do IFS/FMI.

3.1.1- Os indicadores de Reinhart e Rogoff

O presente trabalho considera que os indicadores dos recentes trabalhos de Reinhart e Rogoff e, consequentemente, de HAP (2013) apresentam dois tipos de problemas: i) escolha seletiva de séries originais quando da junção destas em uma única série de endividamento público; e ii) recurso a métodos questionáveis quando da utilização dos dados originais no cálculo das séries finais, particularmente do indicador 'Dívida/PIB', mas também da 'taxa de crescimento do PIB'. Para chegar a essa conclusão, o presente estudo comparou as planilhas de trabalho (working spreadsheets)

49 Para maiores detalhes dos critérios de escolha das fontes de dados na montagem da base utilizada nesse trabalho, ver a ‘Árvore de Decisão’ e o ‘Critério de Escolha das Variáveis’ apresentados respectivamente, nos anexos I e II.

61 de Reinhart e Rogoff (2010d e 2013), Reinhart, Reinhart e Rogoff (2012) e HAP (2013)50.

É importante reconhecer que a ocorrência desses problemas está, ao menos em parte, associada ao objetivo de Reinhart e Rogoff de construírem a mais diversificada e longa base de dados possível. Como reflexo disso, optaram nos trabalhos de 2009 e 2010, por exemplo, em privilegiar dados de endividamento do governo central que, historicamente, têm maior disponibilidade, particularmente para países desenvolvidos. A série de endividamento público (numerador da relação 'Dívida/PIB") que consta na planilha de trabalho dos referidos estudos, mescla dados de diferentes instâncias do governo (central e geral)51 e, embora esta seja uma prática recorrente na literatura fiscal - pela própria natureza e disponibilidade dos dados - é notório como, mesmo em anos recentes, quando os dados de endividamento geral estão amplamente disponíveis, Reinhart e Rogoff, privilegiam, sem uma justificativa explícita, os dados de endividamento central.

Este problema de seletividade traz, por sua vez, um viés de endividamento maior nas economias emergentes - dada a maior abrangência de governo considerada - que, de certa forma, é negligenciado na literatura. Este é um elemento importante a ser

50 A planilha de trabalho de Reinhart e Rogoff (2010d e 2013) nomeada "41_data" (disponível apenas em Excel) que pode ser encontrada em http://scholar.harvard.edu/rogoff/publications/growth-time-debt já incorpora as correções de erros em resposta ao trabalho de HAP (2013). Tal planilha apresenta as séries temporais das 3 variáveis abrangidas em seus trabalhos (participação da dívida no PIB, taxa de crescimento do PIB e taxa de inflação) mas o faz apenas para países desenvolvidos e não traz os dados originais de endividamento e PIB provenientes do IFS/FMI, referidos no artigo. Similarmente, a planilha de trabalho de Reinhart, Reinhart e Rogoff (2012) nomeada "JEP_version_Debt_overhang_9_11" (também disponível apenas em Excel) que pode ser encontrada em https://www.aeaweb.org/articles.php?doi=10.1257/jep.26.3.69 também traz dados exclusivamente pós cálculos dos indicadores (exceto taxa de inflação que não consta neste arquivo). Em resposta ao nosso questionamento sobre a não inclusão das economias emergentes no exercício metodológico a que se refere a planilha "41_data", em mensagem de setembro de 2014, Kenneth Rogoff refere-se ao trabalho de 2012 e sua respectiva planilha como a de referência para seus trabalhos. De fato esta última planilha traz, de forma inédita, dados de ´participação da dívida no PIB´ das economias emergentes - embora estes tenham sido objeto de estudo já do trabalho de 2010d (ver tabela 2, página 15) - e dados de diferentes indicadores de "taxa de juros". Apesar disso, embora essa planilha de 2012 indique que a série refira-se a "Emerging Economies Public Debt/GDP" os dados referem-se, na verdade ao endividamento externo que é o objeto do estudo de 2012. Mais do que isso, tal planilha, como em todas as demais de Reinhart e Rogoff, não traz as séries originais mas apenas as séries dos indicadores (no caso dívida/pib) por eles calculados. Por fim, a planilha de trabalho de HAP (2013) disponível em http://www.peri.umass.edu/236/hash/31e2ff374b6377b2ddec04deaa6388b1/publication/566/, traz o arquivo (disponível somente em Stata) com dados nominais originais e do indicador de endividamento público (exclusivamente de países desenvolvidos) e taxa de crescimento do PIB que, segundo Ash - em troca de mensagens realizada conosco em setembro de 2014 - foram disponibilizados, sob solicitação, diretamente por Reinhart e Rogoff. É com base nessa planilha de HAP, mais completa, que este trabalho está embasado.

51 Tal série inclui ainda, para economias emergentes, dados exclusivamente de endividamento externo, como consta na planilha de Reinhart, Rogoff e Rogoff (2012).

62 ponderado nas avaliações comparativas de endividamento entre países desenvolvidos e economias emergentes, particularmente para séries temporais mais antigas onde a incidência exclusiva de dados do governo central é maior. Embora esta distorção venha sendo corrigida à medida que as séries de tempo alongam-se, ela é algo particularmente significativo nos trabalhos de Reinhart e Rogoff, que abordam períodos iniciados no fim do século XVIII. Ademais, ainda que de forma limitada, este problema pode ocorrer no presente trabalho já que os dados de aproximadamente metade do período em análise - 1948/2012 - estariam sujeitos a distorções desse tipo52.

Já no que se refere ao equívoco dos autores na organização dos dados originais quando do cálculo dos indicadores, o problema recai não apenas sobre o indicador 'dívida/PIB' mas também sobre a 'taxa de crescimento do PIB'. Esses aspectos são apresentados a seguir bem como as respectivas descrições dos procedimentos alternativos aqui adotados.

3.1.2- As séries escolhidas

Tendo em conta os argumentos acima, apresentam-se a seguir as descrições das séries originais dos dados utilizadas, suas características e os critérios/procedimentos utilizados no processamento destas a fim de se obter os indicadores representativos das 3 variáveis chave do estudo.

3.1.2.1- Taxa de Crescimento do PIB

Para o cálculo da taxa anual de crescimento do PIB foi montada uma série temporal com os dados de PIB de duas fontes amplamente utilizadas na literatura: as bases de dados de Maddison (2013) e a Total Economy Database (TED)53. Embora a segunda incorpore a primeira, aqui a série de PIB foi montada com dados de Maddison

52 Apesar desse risco potencial, esse não parece ser um problema importante no presente trabalho dado que a série de 'Dívida/PIB' aqui utilizada mostra, em geral, patamares de endividamento superiores às séries utilizadas em Reinhart e Rogoff (2010d e 2012), particularmente para a primeira metade das observações quando espera-se que os dados de governo central estejam, relativamente, mais presentes. Isso sugere, que a base de dados aqui utilizada, apresentaria de forma muito limitada esse tipo de distorção. Já para economias emergentes, comparação equivalente é inviável pela indisponibilidade de dados, para esse grupo de países, nas planilhas de trabalho de Reinhart e Rogoff, e de HAP.

53 A base de dados de Maddison está disponível em http://www.ggdc.net/MADDISON/oriindex.htm ("horizontal-file_02_2010" e "vertical-file_02_2010"). Já a TED está disponível em http://graduateinsti tute.ch/home/study/academicdepartments/international-economics/md4stata/datasets/ totecon.html.

63 no período 1947 a 2008 e a partir de 2009 com dados da TED, permitindo o cálculo da série temporal da "taxa de crescimento do PIB" para o período entre 1948 e 201254.

Ambas as fontes apresentam dados a dólares internacionais de 1990 de Geary-Khamis e, portanto, resultam em taxas reais de variação do PIB.

Os trabalhos de Reinhart e Rogoff (2009, 2010d e 2013), de Reinhart, Reinhart e Rogoff (2012) e de HAP (2013), por referirem-se a períodos que finalizam em 2008 apontam terem utilizado exclusivamente dados de Maddison. Apesar disso, é notório nas planilhas de trabalho dos estudos de 2010 e 2012, e portanto também no de HAP (2013), como os dados utilizados por vezes são muito distintos das fontes indicadas55.

Importante notar que o IFS/FMI também dispõe de uma série de variação real do PIB nomeada "99BPXZF GDP Vol % Change" que também não é idêntica à série de variação do PIB calculada aqui a partir das séries de PIB real de Maddison/TED. Na verdade, estas séries apresentam taxas muito próximas para a maior parte dos anos/países mas, significativamente diferentes em alguns outros56.

Nesse contexto, embora o critério de escolha das fontes de dados, adotado no presente trabalho, privilegie dados provenientes do IFS/FMI, optou-se pelo cálculo próprio da taxa real de variação de PIB a partir dos dados de Maddison/TED uma vez que a montagem da base e escolha das séries teve como critério primordial a maior disponibilidade de observações para os mesmos 20 países desenvolvidos e 24 economias emergentes conforme Reinhart e Rogoff (2010d e 2013)57.

54 Procedeu-se dessa forma já que a TED tem dados disponíveis apenas a partir de 1950. A série final recebeu o nome de "Var PIB Maddison completada com VAR PIB TED" e pode ser encontrada no arquivo, disponível sob solicitação, "Séries finais para Stata", para os dois conjuntos de países.

55 Isso pode ser visto no arquivo "Séries Finais para Stata", planilhas “Cálculos” para Desenvolvidos e para Emergentes. As comparações das séries "VAR PIB RR 2009 Maddison cálculo próprio", que traz o cálculo próprio da variação dos dados de Maddison (que constam na série "PIB RR 2009 Maddison"), com as séries "REAL GDP GROWTH 2010" e "REAL GDP GROWTH 2012" que trazem, respectivamente, as séries utilizadas nos trabalhos de Reinhart e Rogoff e de Reinhart, Reinhart e Rogoff revelam que os dados que constam nas planilhas de trabalho dos referidos estudos apresentam-se, na verdade, significativamente diferentes, para um número considerável de observações, da série de variação calculada a partir dos dados originalmente disponibilizados por Maddison. Mais do que isso, mesmo entre os trabalhos de 2010 e de 2012 discrepâncias são encontradas. Por fim, cabe dizer, que tais análises referem-se exclusivamente aos países desenvolvidos uma vez que, conforme indicado anteriormente, a planilha de trabalho de 2010d omite as séries relativas aos países em desenvolvimento.

56 Ver família de séries 99B do IFS/FMI compilados no arquivo "Séries Finais para Stata", planilhas

“Cálculos” para Desenvolvidos e para Emergentes, que são as planilhas de trabalho do presente estudo.

Procurou-se também calcular de forma própria a variação real do PIB a partir dos dados nominais existentes no IFS/FMI. Mas o fato desses dados nominais estarem disponíveis apenas esparsamente em ao menos 10 diferentes séries - tendo em conta disponibilidades distintas entre os países de interesse em termos de moedas, períodos, ajuste sazonal e unidades de conta - inviabilizou esse esforço.

57 O uso de dados de PIB do IFS/FMI talvez seria uma opção factível caso o presente trabalho estivesse estruturado na escolha de um painel próprio. Similarmente, a série de variação real do PIB presente na planilha de trabalho do Working Paper n. 13/05 do FMI nomeada "rgc" embora disponível para o período

64

3.1.2.2- Participação da Dívida no PIB

A série dessa variável - que no presente estudo é a variável dependente - provêm majoritariamente de Mauro, Romeu, Binder e Zaman (IMF/WP/n.13/05) que apenas não dispõe de dados para o ano 2012 e para as seguintes economias em desenvolvimento: Equador, El Salvador, Singapura, Sri Lanka, Kênia, Malasia e Nigéria . Nesses casos a série foi completada da seguinte forma: para os 7 referidos países foram utilizados dados de Reinhart, Reinhart e Rogoff (2012) sendo para os 4 primeiros de 1948 a 2009 e para os 3 últimos de 1948 a 200558. Para os demais anos, nos países indicados acima, e para o ano de 2012 para todos os países desenvolvidos e para 16 economias em desenvolvimento, recorreu-se aos dados que, embora não disponíveis na plataforma do IFS/FMI, o estão no Fiscal Monitor (FMI, 2014/October)59.

Conforme indicado no item acima, a maneira como os dados de PIB nominal estão dispostos na plataforma do FMI impedem o seu uso no presente estudo, tendo em conta a inflexibilidade quanto à escolha dos países (e o período de análise) a serem analisados a fim de garantir maior comparabilidade dos nossos resultados aos obtidos por Reinhart e Rogoff (2010d e 2013). Soma-se a isso a incompatibilidade - em termos de países, moedas, períodos e ajustes sazonais - não apenas na tentativa de montagem de uma série de PIB mas também, e especialmente, na tentativa de montagem de uma série da relação entre dívida pública e PIB que exigiria esse tipo de compatibilidade, simultaneamente para essas duas variáveis.

1948-2011 não dispõe de dados para Equador, El Salvador, Kenya, Malasya, Nigéria e Sri Lanka o que comprometeria seriamente a análise para o conjunto de países em desenvolvimento.

58 No caso das Filipinas, adicionalmente, foram incorporados dados de Reinhart e Rogoff (2010) disponíveis para o período 1948-1953. E para a Turquia, entre 1951 e 1953. Importante notar que antes da incorporação desses dados foi feita uma crítica visual dos mesmos e notou-se que este procedimento não resultou em nenhuma mudança abrupta nas séries. Isso porque, embora como ressaltado anteriormente, as séries tenham comportamentos significativamente distintos para o período 1948-2012, o mesmo não ocorre para os anos mais recentes, particularmente na última década. Além disso, como será discutido nas seções 3.2 e 3.3 e em parte do capítulo 4, eventuais problemas associados ao uso de diferentes fontes é minimizado, no caso específico da variável dependente, pelo fato das análises considerarem faixas de endividamento. Assim, apenas para o caso de Noruega, que muda de faixa de endividamento exatamente no ano (no caso 2011 para 2012) que há mudança da fonte de dado, é que algum efeito pode ocorrer. Certamente esse eventual efeito adverso na análise é superado pelo acréscimo de informação permitido com a incorporação desses dados.

59 As 16 economias em desenvolvimento com dados disponíveis para 2012 são as seguintes: Argentina, Bolívia, Brazil, Chile, Colômbia, Ghana, India, Indonésia, México, Peru, Filipinas, África do Sul, Tailândia, Turquia, Uruguai e Venezuela. Por fim, cabe ressaltar que algumas observações embora não constem na série temporal do Fiscal Monitor (2014) aparecem nas tabelas 4 (Singapura) e tabela 8 (Kenya, Malásia e Nigéria) e por isso, foram consideradas aqui.

65 Conforme apontado anteriormente, Reinhart e Rogoff (2010d e 2013) não apresentam em suas planilhas de trabalho as séries de PIB, e sim apenas o indicador final "participação da dívida no PIB". Já HAP (2013) o faz em uma versão de sua planilha de trabalho. Nela constam 2 séries de PIB que - por incorporarem o esforço de Reinhart e Rogoff de compilarem observações de fontes alternativas, inclusive históricas - têm boa abrangência tanto em termos de período como de países, embora sejam exclusivamente referentes a países desenvolvidos60. Essa disponibilidade limitada - considerando tanto as planilhas de trabalho dos referidos estudos, como a plataforma do IFS, a série temporal do Fiscal Monitor e também o working paper n.13/05 do FMI - das séries primárias de PIB e Dívida que dão origem aos indicadores de "participação da dívida no PIB" e "taxa de crescimento do PIB" resulta, na visão do presente trabalho, na dificuldade de avaliar dentre as diferentes fontes qual apresenta a série de "participação da dívida no PIB" mais fidedigna à realidade.

Como parte do esforço de embasar essa escolha, o presente trabalho procedeu à análise tanto da rotina em "R" - na qual HAP (2013) replicam o exercício de Reinhart e Rogoff (2010d) - como da base de dados (em Stata), com as séries de PIB que não constam na planilha de trabalho disponibilizada pelos autores do artigo de 2010. É evidente como os comandos utilizados resultam na construção da série "dívida/PIB" tendo como denominador duas diferentes séries de PIB. Interessante notar que, embora Reinhart e Rogoff e HAP remetam ao IFS como fonte dos dados - e de fato o é para as séries originais mas não para os indicadores - nossa avaliação é de que as duas séries de PIB da planilha de trabalho de HAP trazem dados indiscriminadamente com e sem ajuste sazonal e em diferentes moedas, sem qualquer referência a isso. Logo, ambas as séries, não permitem a junção em uma só. Isso não seria um problema se as séries de dívida (numerador do indicador dívida/PIB) tivessem disponibilidades compatíveis às respectivas séries de PIB o que, de fato, não é o caso uma vez que o IFS não distingue

Documentos relacionados