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consolidada do estado do piauí com os limites impostos pela le

2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Administração Pública

2.5. Dívida Pública

Dívida pública refere-se a dívidas adquiridas pelos entes federados para diversas finalidades, como por exemplo financiar parte de seus gastos, refinanciar a própria dívida além de outras definidas em lei. De acordo com o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG):

Dívida pública é a dívida contraída pelo governo com entidades financeiras ou pessoas da sociedade para financiar parte de seus gastos que não são cobertos com a arrecadação de impostos ou alcançar alguns objetivos de gestão econômica, tais como controlar o nível de atividade, o crédito e o consumo ou, ainda, captar dólares no exterior.

Uma classificação de Dívida Pública é aquela que a divide em duas: dívida ativa e dívida passiva. A diferença básica entre elas é a posição do Estado, isto é, se esse ocupa a posição de credor ou devedor de tal crédito. Quando o Estado está na posição de devedor, a dívida é chamada de dívida passiva, à qual pode ser do tipo consolidada ou flutuante. Já quando o Estado está na posição de credor, tal dívida é chamada de dívida ativa. Essas podem ser de dois tipos, a saber: tributárias, que são aquelas que advêm dos tributos, e não tributárias, que são as demais. Segundo o manual de contabilidade aplicada ao setor público (MCASP):

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“Dívida ativa é o conjunto de créditos tributários e não tributários em favor da Fazenda Pública, não recebidos no prazo para pagamento definido em lei ou em decisão proferida em processo regular, inscrito pelo órgão ou entidade competente, após apuração de certeza e liquidez. [...]. Não se confunde com a dívida pública, uma vez que esta representa as obrigações do ente público com terceiros e é reconhecida contabilmente no passivo.” (MCASP, pág. 311).

2.5.1 Dívida Pública Fundada

Como já citado em alhures, a dívida fundada ou consolidada está contida na dívida passiva, isto é, representa uma obrigação do ente público para com terceiros. O conceito de dívida fundada tem previsão legal, que se encontra lá no artigo 29, inciso III, da LRF, que assim diz:

Dívida pública consolidada ou fundada: montante total, apurado sem duplicidade, das obrigações financeiras do ente da Federação, assumidas em virtude de leis, contratos, convênios ou tratados e da realização de operações de crédito, para amortização em prazo superior a doze meses;

É notória que a característica principal da dívida fundada é que ela surge em virtude de contratos, lei, convênios e tratados, isto é, tem natureza contratual ou legal. Deusvaldo Carvalho assim nos ensina sobre essa dívida (2010, p. 415):

Dívida Fundada é a dívida de longo prazo (acima 12 meses) e sempre necessita de autorização legislativa para sua realização e resgate. É a dívida integrante do passivo não circulante no balanço patrimonial. [...] também integram a dívida pública consolidada as operações de crédito de prazo inferior a doze meses cujas receitas tenham constado do orçamento (LOA)

Como se pode perceber, em regra, fazem parte da dívida consolidada aquelas operações de créditos com resgate de até um ano. A exceção que fica é a operação de crédito cujas receitas constam na LOA. Vale ressaltar que isso foi uma inovação trazida pela LRF em seu artigo 29, parágrafo 3°.

2.5.2 Limites legais da Dívida Pública Fundada

Da leitura dos artigos da LRF, constata-se que não foi ela que definiu os limites para dívida pública consolidada. Conforme o artigo 30, inciso I:

No prazo de noventa dias após a publicação desta Lei Complementar, o Presidente da República submeterá ao Senado Federal proposta de limites globais para o montante da dívida consolidada da União, Estados e Municípios, cumprindo o que estabelece o inciso VI do art. 52 da Constituição, bem como de limites e condições relativos aos incisos VII, VIII e IX do mesmo artigo;

Logo, o que a LRF fez foi apenas impor ao Presidente da República um prazo para que fosse encaminhada ao Senado a proposta de tais limites, de modo que a previsão constitucional fosse efetivada. Com isso, foi publicada no Diário Oficial da União, no dia 20 de dezembro de 2001, a resolução número 40, a qual dispõe sobre os limites globais para o montante da dívida

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pública consolidada e também da dívida pública mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

A resolução de número 40 de 2001 do Senado Federal fixou os limites para a dívida fundada em seu artigo 3°, que assim estabeleceu:

A dívida consolidada líquida dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, ao final do décimo quinto exercício financeiro contado a partir do encerramento do ano de publicação desta Resolução, não poderá exceder, respectivamente, a: [...] no caso dos Estados e do Distrito Federal: 2 (duas) vezes a receita corrente líquida [...] II - no caso dos Municípios: a 1,2 (um inteiro e dois décimos) vezes a receita corrente líquida

Vale ressaltar que na LRF se encontra um dispositivo em que impõe aos tribunais de contas de emitirem um alerta ao poder executivo caso a dívida consolidada fique acima de 90% do limite permitido. Conforme estabelece inciso III do § 1º do art. 59 da LRF:

Os Tribunais de Contas alertarão os Poderes ou órgãos referidos no art. 20 quando constatarem: - que os montantes das dívidas consolidada e mobiliária, das operações de crédito e da concessão de garantia se encontram acima de 90% (noventa por cento) dos respectivos limites;

3 METODOLOGIA

O presente trabalho tem como objetivo compreender a adequação da Dívida Consolidada do Estado do Piauí aos limites impostos pela legislação vigente, além de debater os impactos que a lei provocou no que se refere à transparência e aos gastos públicos. A pesquisa foi produzida por meio de pesquisas, que é definida por Gil (2002, p.17) como um “[...] procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos”.

A pesquisa foi realizada de diversas fontes como artigos, revistas científicas, livros, leis etc. Foi feito também uso das normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e está enquadrada como bibliográfica, a qual é conceituada por Lakatos (2003, p. 183) da seguinte forma:

A pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico etc., até meios de comunicação orais: rádio, gravações em fita magnética e audiovisuais: filmes e televisão.

A finalidade da pesquisa bibliográfica é envolver o pesquisador ao máximo com o objeto de estudo. A pesquisa é tida como descritiva e documental, em que a primeira realiza o estudo, a análise, o registro e a interpretação dos fatos do mundo físico sem a interferência do pesquisador (Barros e Lehfeld, 2007) e a segunda é caracterizada por Lakatos (p. 174, 2003) como “fonte de coleta de dados restrita a documentos, escritos ou não, constituindo o que se denomina de fontes primárias”.

Portanto, esse trabalho visa identificar, a observância da legislação vigente, analisar e registrar o resultado obtido com a adequação do Estado do Piauí ao limite exposto pela legislação Brasileira da Dívida Pública Fundada. Com isso busca verificar se houve uma maior

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transparência e um melhor controle dos gastos públicos, assim como suas benfeitorias para a população por meio de um melhor aproveitamento do erário.

A referida pesquisa é conceituada como uma abordagem qualitativa, ou seja, um meio pelo qual se analisa o objeto de forma subjetiva, explorando suas especificidades e experiências individuais, conforme estabelece Goldenberg, (2004, p. 16).

Os pesquisadores que adotam a abordagem qualitativa opõem-se ao pressuposto que defende um modelo único de pesquisa para todas as ciências [...]Estes pesquisadores se recusam a legitimar seus conhecimentos por processos quantificáveis que venham a se transformar em leis e explicações gerais. [...] os pesquisadores qualitativos recusam o modelo positivista aplicado ao estudo da vida social, uma vez que o pesquisador não pode fazer julgamentos nem permitir que seus preconceitos e crenças contaminem a pesquisa.

Dessa forma, através da metodologia utilizada buscamos entender e explanar o contexto atual que envolve a relação da Dívida Consolidada do Estado do Piauí aos limites impostos pelas leis. Analisando assim de modo crítico os avanços e modificações dessa relação e o seu impacto na gestão de finanças públicas do Estado do Piauí. Nesse sentido, pretende-se com esse estudo contribuir para outros estudos acadêmicos, servindo ainda de apoio para os gestores na tomada de decisão.