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4. INSPEÇÃO DE EDIFÍCIOS TRABALHO DE CAMPO

4.3. AMOSTRA DE E DIFÍCIOS

4.3.1. D EFINIÇÃO E R ECOLHA DA A MOSTRA

Parece consensual que cada edifício tem as suas particularidades e consequentemente um comportamento diferente ao longo da sua vida útil. Como já foi referido, a degradação do sistema de revestimento cerâmico aderente depende de inúmeros fatores. No entanto, neste trabalho procurou recolher-se uma amostra de Edifícios o mais homogénea possível, tendo em vista uma avaliação mais coesa e coerente da informação relativa à degradação do revestimento cerâmico nas fachadas, a fim de prever a vida útil do RCA.

A ideia inicial de amostra passava um pouco pela seleção de edifícios públicos, no entanto, percebeu-se no decorrer do trabalho que, na principal área de estudo, a cidade do Porto, não era possível encontrar um número significativo de edifícios desta tipologia com fachadas revestidas a cerâmico, aliás surgiu apenas a ideia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

Figura 4.2 - Faculdade de letras da Universidade do Porto

No entanto, uma visita a este edifício permitiu perceber que não eram visíveis anomalias significativas nas fachadas e de acordo com alguma informação histórica as mesmas foram intervencionadas recentemente.

Foi nesta conjuntura que se percebeu que o trabalho teria de incidir sobre a inspeção de edifícios privados. No contexto da inspeção destes edifícios, a definição de toda a amostra de edifícios acabou por ser definida a partir de um processo iterativo, em função da possibilidade de obtenção de informação acerca dos edifícios.

Numa fase inicial os critérios de seleção de edifícios começaram por ser a tipologia construtiva, isto é, procurou-se edifícios com características bastante semelhantes do ponto de vista arquitetónico e consequentemente com o mesmo tipo de revestimento cerâmico de fachada. Outro dos princípios selecionados foi a qualidade apresentada por algumas fachadas em revestimento cerâmico, mais propriamente o seu bom aspeto visual face à sua idade aparente, ou seja, as que aparentavam “grosso modo” uma durabilidade apreciável.

Partindo destes princípios, constatou-se que existia, em determinadas zonas da cidade do Porto, um conjunto significativo de edifícios com um revestimento cerâmico do tipo “pastilha”. Posto isto, afigurou-se interessante estudar o seu comportamento. Contudo, a fim de ter um meio comparativo era importante recolher outro tipo de revestimentos cerâmicos, preferencialmente com características iguais. De acordo com o exposto adiante, na caracterização da amostra final, foi possível, de uma forma geral, atender a estes planos inicias.

Definidos os critérios e averiguados os edifícios que apresentavam os revestimentos cerâmicos pretendidos, iniciou-se o processo de recolha da amostra. Esta caracteriza-se, desde já, como a fase mais emotiva de todo o trabalho de campo.

A primeira etapa começou com a deslocação aos edifícios idealizados, de acordo com os critérios acima descritos, a fim de conseguir estabelecer contacto com a administração de condomínio para expor a situação e perceber a sua recetividade em colaborar com este estudo. Este processo de interação apresentava algum grau de dificuldade, uma vez que era necessário num curto período, perceber, ajustar e definir a melhor estratégia de abordagem aos responsáveis pela administração dos edifícios. As primeiras abordagens passaram por contactar um habitante do respetivo edifício e solicitar-lhe alguma informação que permitisse o contacto com a administração de condomínio, isto é, a pessoa responsável ou eventualmente a empresa de administração, se fosse o caso. A informação solicitada inicialmente foi a seguinte:

Data do fim da Construção;

Registo histórico de algum tipo de intervenção na envolvente exterior; (ex.: mudança da cobertura; substituição das caixilharias; etc.)

Existência de alguma intervenção na Fachada ao nível do revestimento cerâmico (“azulejo”);

Existência de algum tipo de manutenção na Fachada (ex.: limpeza periódica, substituição dos silicones, etc.)

A verdade é que as primeiras experiências não foram bem-sucedidas e desta forma foi necessário repensar a estratégia de abordagem. Entendeu-se que a informação solicitada possivelmente tinha de ser mais simplificada e objetiva. Estipulou-se assim que a informação recolhida junto dos administradores tinha de ser somente direcionada para o principal objetivo do trabalho, a avaliação da vida útil do revestimento cerâmico. Deste modo, optou-se por suprimir no inquérito a informação relativa às eventuais intervenções decorridas na envolvente exterior para além do sistema de revestimento cerâmico.

Identificadas as correções realizadas ao nível da informação requerida, foi percetível, através das experiências adquiridas, que quando a administração do edifício era realizada pelos habitantes do condomínio, o contacto com o responsável era mais dificultado, uma vez que era necessário conseguir

estabelecer o contacto com determinada pessoa. Posto isto, procurou-se que a amostra de edifícios a recolher fosse administrada por empresas gestoras do condomínio, uma vez que se verificou, em campo, que existia uma maior facilidade de entrar em contacto e em obter os dados necessários para o estudo. O modelo de definição da amostra, aperfeiçoado com o decorrer do trabalho, consistiu numa primeira fase, na recolha da informação de contacto das empresas gestoras dos edifícios selecionados. Após a recolha do contacto da empresa era estabelecida a comunicação e solicitada a informação necessária ao estudo, quer por via telefónica, e-mail ou mesmo presencial.

Reteve-se no decorrer do processo, que a forma mais eficaz de contacto era um “cara a cara” na empresa, isto é, explicar o estudo e solicitar a informação presencialmente e de preferência evitar adiar o processo de recolha da informação necessária para outra ocasião.

Por conseguinte, ao longo de todo este processo de recolha, evolutivo e de melhoria continua, estabeleceu-se contacto com 10 empresas de administração e 2 responsáveis pela administração de condómino, sendo que 9 deles foram realizados presencialmente. Apesar dos 12 contactos estabelecidos, apenas 7 deles disponibilizaram os dados solicitados dos edifícios. Junto dos mesmos foi possível obter dados relativos a uma amostra de 26 edifícios.

Do contacto das empresas, constatou-se que uma parte significativa administrava os edifícios à pouco tempo, e como tal, a informação relativa a intervenções nas fachadas foi de difícil obtenção. Ainda assim procurou-se contactar alguns moradores, afim obter informação da data da reparação e uma breve caracterização da mesma.

Definida a amostra de edifícios e recolhida a informação mais relevante para o presente estudo, estava- se em condições de iniciar em campo a Inspeção Visual aos edifícios.

A amostra final dos 26 edifícios distribui-se pelas 11 zonas sombreadas, identificadas no mapa abaixo.

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