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Curva hipsométrica

2.11. D IMENSIONAMENTO DE UMA REDE DE UDÓGRAFOS

Para o dimensionamento de uma rede udográfica não existe nenhuma fórmula que estabeleça qual a sua dimensão ideal. Para determinar o número de postos de registos a implantar numa determinada região, é necessário ter em conta a ocupação humana, a homogeneidade da distribuição espacial da precipitação na região e o rigor de dados que se pretende. Se o objetivo é apenas a recolha de dados para o conhecimento pluviométrico da região, basta uma rede de postos pouco densa, denominada de rede básica, em que os postos podem ser colocados em pontos específicos de maior interesse. Por outro lado,

se o objetivo é o estudo específico das bacias hidrográficas torna-se necessário uma rede mais condensada. A WMO fornece recomendações para o dimensionamento de uma rede udográfica, com base no clima, no tipo de relevo, acessibilidade dos locais, e na finalidade para que se pretende a rede. A projeção de uma rede udográfica começa pela projeção de uma rede inicial de udógrafos, denominada por rede mínima, a partir da qual após uma análise dos dados recolhidos deve-se passar para a projeção da rede ótima. Entende-se como rede ótima, a rede mais pequena possível de postos de registos que é necessária para obter as medições em toda a área desejada [15].

A rede de Udógrafos do LREC tem como objetivo a monitorização das ribeiras para prevenção de catástrofes, deve por isso ser uma rede udográfica condensada. Também pelas caraterísticas do terreno e das bacias hidrográficas da Ilha, com declives bastantes acentuados e área das bacias muito pequenas, obriga a que as redes sejam mais condensadas, colocando-se por isso udógrafos relativamente próximos uns dos outros. Os udógrafos são colocados desde as cabeceiras das bacias até às regiões mais baixas, com variações de altitude entre udógrafos de 300 m. Da análise a parte da rede udográfica do LREC estudada (com 8 postos udográficos referentes as 3 principais bacias hidrográficas do Funchal), observa- se que a rede encontra-se bem dimensionada. É uma rede condensada, devido à envergadura das aluviões ocorridas na ilha, carece de conhecimento específico de diversas regiões. A rede está dimensionada desde a cabeceira das ribeiras até altitudes mais baixas.

2.11.1. R

ECOMENDAÇÕES PARA A ESCOLHA DO LOCAL DE COLOCAÇÃO DOS UDÓGRAFOS Deve ser dada especial atenção à escolha do local de colocação dos udógrafos, sobretudo por forma a reduzir erros de medição, e em especial os erros provocados pelo vento. Segundo a WMO em [3] a localização perfeita de postos udográficos, para evitar os erros causados pelo vento, seria aquela em que a velocidade do vento que atinge a superfície recetora do aparelho seja a mínima possível. O que na realidade revela-se muito difícil de conseguir. Pode-se tomar algumas medidas de forma a reduzir alguns dos erros. A WMO em [14] fornece as seguintes recomendações para escolha do local:

 Colocar o equipamento em locais protegidos do vento em todas as direções, de preferência de forma natural, (por árvores, arbustos ou outros obstáculos). Contudo, esta proteção não pode estar muito perto do aparelho a fim de evitar turbulência do vento provocada pela mesma. É recomendado uma distância entre o topo do udógrafo e o topo do obstáculo tal que seja formado um angulo de 30º ou inferior, entre a horizontal e a diagonal formada pela distância entre os topos do udógrafo e do obstáculo, como podemos observar na Figura 2.29, ou por outro lado de

forma mais simplista, pode ser considerado que a distância entre o udógrafo e o obstáculo seja duas vezes superior à altura do obstáculo, como representa a Figura 2.29.

 É aconselhado que a colocação dos udógrafos seja em locais sem declives acentuados, e encostas que estejam viradas na direção predominante do vento;

 O terreno em redor do posto deve ser coberto com relva, ou por cascalho;

 Deve ser colocado um perímetro vedado em torno do aparelho de forma a protegê-lo de animais ou vandalizações. A rede não deve ter uma altura superior à altura a que esteja colocado o udógrafo, para não interferir em demasia com o vento. A rede é colocada em torno do udógrafo perfazendo uma área de segurança com 2.5 a 3 m de comprimento em cada lado;

 Os aparelhos devem ser colocados em locais de fácil acesso e em uma zona que não venha a ser utilizada para outras finalidades futuras que possam perturbar o bom funcionamento do posto ou até implicar mudança do local do mesmo, uma vez que os udógrafos têm como objetivo recolher dados durante largas dezenas de anos.

Figura 2.29 – Distância recomendada pela WMO entre udógrafos e obstáculos [37].

De salientar que estas recomendações são de fácil aplicação para os udógrafos colocados nas cabeceiras das ribeiras. No entanto, nas regiões mais baixas, e onde existe maior ocupação humana, torna a escolha do local para a colocação dos equipamentos uma tarefa mais complicada, levando em alguns casos à impossibilidade de colocar os postos respeitando todas as recomendações anteriormente referidas.

Capítulo 3

3.TRATAMENTO DE DADOS

“Sob o ponto de vista estatístico, pode-se dizer que o objetivo de uma caracterização é descrever as caraterísticas inerentes a uma população. Em outras palavras, hipóteses levantadas sobre uma dada população são confirmadas (ou negadas) por meio de um espaço amostral. Analogamente, em termos de caracterização climática, é desejado que as inferências realizadas sobre uma amostra (relativa, por exemplo, aos anos de 1961 a 1990) sejam válidas para um período futuro (1991 a 2020, por exemplo). Não há, entretanto, indicações exatas que determinem se as inferências realizadas com base em um período amostral, devem ser vistas apenas como caraterísticas da amostra, ou podem ser extrapoladas para períodos futuros. Com isso, torna-se evidente a importância do estudo das variações paramétricas observadas em diferentes períodos amostrais” [45].

Segundo Blain et al em [45], o comportamento dos fenómenos naturais, nomeadamente os fenómenos hidrológicos podem apenas ser interpretados de forma aproximada pelo padrão da variabilidade obtido através das amostras ou séries, recorrendo a métodos estatísticos, pois existem incertezas que as impedem de ser determinadas. Estas incertezas devem-se sobretudo a duas razões: Em primeiro lugar, deve-se à aleatoriedade natural da ocorrência destes fenómenos, uma vez que as ações dos fenómenos são para já pouco conhecidas. Em segundo lugar, deve-se às imperfeições dos equipamentos de medição que introduzem alterações que não podem ser previstas com exatidão.