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D.3 – Rochas eruptivas mais recentes, ricas em sódio, na região do

Paraná e Santa Catarina: rochas

alcalinas de idade incerta

(cretáceo ?) (sinal = Ki)

No Paraná, as formações mesozóicas terminam, aparentemente, com o arenito Caiuá. Imediatamente sobre a seqüência total dos sedimentos jazem solos de decomposição mais recentes. Porém, em Santa Catarina, após o término das grandes efusões de lençóis básicos, efetuaram-se intrusões mais recentes com efusões vulcânicas de magmas ricos em sódio. Assim, as camadas gonduânicas no planalto de Santa Catarina, aproximadamente 9 km ao nordeste de Lajes, são atravessadas por tinguaitos e fonolitos, – descritos por Glycon de Paiva e Otávio Barbosa (1933) –, formando o

stock do Morro do Tributo (fig. 67).

Acompanhando o stock de fonolito, ocorrem diferenciações em diques e veios, como augitito, limburgito e monchiquito. Outras rochas nefelínicas, chonquinito (shonkinito), ijolito e jacupiranguito-piroxenito, romperam os granitos do complexo cristalino, pouco a oeste de Anitápolis. Provavelmente, as fontes termais (caldas) do litoral catarinense estão relacionadas com os rompimentos destas rochas alcalinas.

No Paraná, além do gabro (“bocaiuvito” segundo GUTMANS, 1943) dos km 12 a 14,8 da estrada da Ribeira, o qual, em virtude da presença do anortoclásio, revela leve tendência alcalina, neste Estado até agora foram verificados apenas dois pequenos afloramentos de rochas alcalinas, a saber o aplito-granito de Santo Ignácio, em Curitiba, descrito por LEINZ (1937) como paisanito, e o sienito alcalino de Tuneiras mencionado por Paulino Franco de Carvalho e J. Menescal Campos (1937).

A idade geológica das rochas alcalinas brasileiras ainda é problemática. Djalma Guimarães (1933, 1943 e 1947) as descreve como produtos de diferenciação do magma- mater gabróide-basáltico dos derrames de trapp do Paraná, indicando como idade o rético. Mesmo concordando com Djalma Guimarães no tocante às suas ótimas explanações sobre a origem e desenvolvimento dos magmas alcalinos chegamos a conclusões diferentes relativamente à sua idade geológica. A idade das rochas alcalinas é menos um problema químico- físico ou petrográfico do que uma questão puramente geológica. Intrusão e efusão dos magmas alcalinos não precisam, necessariamente, ter ocorrido em continuação imediata à formação das rochas do trapp do Paraná. Das pesquisas geológicas ressalta que os magmas gabróides basálticos ascenderam com a formação das fendas de tração. O rompimento dos magmas alcalinos, porém, observa-se relacionado aos efeitos de tensões tectônicas, por falhas, e à formação de chaminés de explosão vulcânica. Portanto, o vulcanismo mais antigo relaciona-se com movimentos tectônico- tangenciais e o mais recente com movimentos tectônico-verticais. Conseqüentemente, encontram-se em primeiro plano de discussão os fenômenos geológicos, aos quais pode estar ligada a ascensão dos magmas foiaítico- teralíticos com suas rochas nefelínicas, melilita- basaltos, limburgitos e alnoitos, etc. A nosso ver, a ascensão dos magmas gabróides e basálticos e as efusões dos lençóis básicos estão ligadas à formação de fendas de tração em conexão com a separação da Terra de Gonduana, originalmente unida, e à formação da fenda atlântica, no início do jurássico. As injeções, rompimentos explosivos e efusões dos magmas alcalinos significam o fim dos gigantescos fenômenos vulcânicos, ocorridos durante o mesozóico, marcando o começo de movimentos

tectônicos mais recentes resultantes de tensões da crosta que, por sua vez, iniciaram a fase eo- andina da orogenia terciária. Em consideração destes fatos, as rochas alcalinas são antes post- jurássico-cretáceas do que triássico-jurássicas. Segundo nossa opinião, as rochas alcalinas de Santa Catarina pertencem à relação das ocorrências vulcânicas que, em Minas Gerais, formaram as chaminés de explosão com as mencionadas rochas alcalinas, altamente básicas, as quais ainda atravessam lençóis de picrito- porfirito, derramados sobre os arenitos triássicos. Os tufos que acompanham estas rochas vulcânicas encontram-se sempre acima do arenito Areiado triássico (= Botucatu), enquanto que os preenchimentos das chaminés ainda contêm fragmentos de augita-porfiritos e rochas nefelínicas. Também na África do Sul, relacionaram-se as chaminés de explosão dos melilita-basaltos, limburgitos e kimberlitos, – correspondentes às rochas eruptivas altamente básicas do oeste de Minas –, com o vulcanismo Stormberg jurássico e com os diabásios de Karru, considerando-os conseqüência imediata destes acontecimentos vulcânicos. Contudo, foi verificado que os kimberlitos do distrito de Heidelberg, na Terra do Cabo, atravessam camadas do cretáceo inferior que, no cretáceo superior, ainda sofreram perturbações tectônicas. Com isto foi constatado um grande espaço de tempo entre o vulcanismo Karru-Stormberg e a formação das chaminés (pipes) de explosões vulcânicas. Daí resulta o fato de que os melilita- basaltos e os kimberlitos ascenderam apenas no fim do mesozóico, ao iniciar-se o eo-terciário (paleoceno). Corresponde isto, a nosso ver, às condições do Brasil Central e Meridional. LAMEGO (1937 e 1945), pelos seus estudos detalhados sobre o maciço de foiaito do Itatiaia e em relação à ocorrência geológica de rochas alcalinas no Estado do Rio, chegou à mesma conclusão.

Incerta ainda é a posição do paisanito de Santo Ignácio em Curitiba. Como rocha alcalina, tratamo-lo, com reservas, neste capítulo. Trata- se de aplito-granito leucocrático de textura porfírica evidente, mostrando fenocristais de ortoclásio sódico-bárico e de quartzo, contendo, além disso, hastingsita e aegirinta.

Sobre a idade geológica e intrusões do sienito de Tuneiras não existem, por enquanto, pesquisas detalhadas. Segundo as descrições de Menescal Campos, que menciona aegirina e arfvedsonita,

parece tratar-se de um sienito alcalino. Como complemento à publicação de Otávio Barbosa (1933) sobre o stock de fonolito do morro do Tributo, mencionamos neste lugar apenas que, nos km 12 e 14, entre Lajes e Índios, não aflora fonolito, como indica o mapa (BARBOSA, 1933). Quanto à rocha cinza-esverdeada escura que ocorre entre Lajes e Índios, na frente sul do morro do Tributo, trata-se de uma rocha efusiva supersaturada, de caráter esferóide-riolítico, com 73,2% de SiO2, e rica em potássio (8,8%). Visto que do morro do Tributo também são mencionados tinguaitos, deve-se notar que quartzo-tinguaito não entra em consideração, pois o teor em sílica é muito elevado e, além disso, são observados fenocristais de quartzo idiomorfos, claros. Segundo Rosenbusch, o quartzo ocorre apenas na massa fundamental dos quartzo-tinguaitos.

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