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4. DELIMITAÇÃO DO CONTROLE DO TRIBUNAL DE CONTAS DO

4.1 Da composição do Tribunal de Contas do Estado do Ceará

Em decorrência do princípio da simetria, disposto no art.75 da CF/88, as normas estabelecidas em seus arts. 70 a 74 são aplicáveis às Cortes de Contas estaduais, do Distrito Federal, bem como aos Tribunais de Contas dos Municípios, autorizando todos os entes federativos instituir tribunal com a finalidade de exercer as funções opinativa, fiscalizadora, corretiva e jurisdicional conferidas ao Tribunal de Contas da União.

Ressalve-se, todavia, que nos termos do art. 31, parágrafo 4° da CF/88, ficou vedada a criação de novos Conselhos e Tribunais de Contas Municipais, restando aos Tribunais de Contas Estaduais a missão de promover o assessoramento às Câmaras na tomada de contas desses entes federativos.

No Brasil, existem, além do Tribunal de Contas da União (TCU), 27 tribunais de contas dos estados, incluindo o Tribunal de Contas do Distrito Federal, quatro tribunais de contas dos municípios (nos Estados do Ceará, Bahia, Pará e em Goiás), e ainda tribunais de contas específicos para os municípios do Rio de Janeiro e de São Paulo.

As cortes são compostas por nove Ministros, no caso do Tribunal de Contas da União, indicados e nomeados na forma do art. 73, §§ 1° e 2° da CF/88; e por sete Conselheiros, nos Tribunais de Contas dos Estados e Municípios, cuja nomeação segue o modelo traçado na esfera federal. Contudo, a simetria não é perfeita.

A Constituição estabeleceu que dois terços das vagas do TCU seriam de escolha dos Poder Legislativo e um terço da escolha do Poder Executivo. Nos estados, pelo fato de o número de Conselheiros não ser divisível por três, restou prejudicada essa proporcionalidade. O STF resolveu que dentre os sete conselheiros do Tribunal de Contas estadual quatro devem ser escolhidos pela Assembléia Legislativa e três pelo Chefe do Poder Executivo estadual, cabendo a este indicar um dentre os auditores e outro dentre os membros do Ministério Público Especial, e um terceiro à sua livre escolha.80

80 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula n° 653. Disponível em: <htttp://www.stf.gov.br.> Acesso em: 30

Aos Ministros e Conselheiros ficaram asseguradas, por equiparação, as mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens dos membros do Judiciário.

No caso específico do Tribunal de Contas do Estado do Ceará, as sessões do Tribunal Pleno, constituído pela totalidade dos Conselheiros, são dirigidas pelo Presidente e, nas suas ausências ou impedimentos, sucessivamente, pelo Vice-Presidente - que exercerá as funções de Corregedor - e pelo Conselheiro mais antigo. Competindo ao Pleno, de acordo com o Regimento Interno deliberar originariamente sobre a realização de inspeções e auditorias e a adoção de medidas cautelares, dentre outras.

Mediante deliberação da maioria absoluta dos seus Conselheiros titulares, o Tribunal do de Contas do Estado poderá dividir-se em Câmaras. As Câmaras terão composição e quorum de três membros, a primeira presidida pelo Vice-Presidente do Tribunal e a segunda Câmara, pelo mais antigo Conselheiro desimpedido. Dentre outras atribuições conferidas, cumpre-lhe deliberar sobre representações das unidades de controle externo cujo valor não exceda a R$ 40.000.000,00 (quarenta milhões de reais).

Por imposição do art. 73 , inciso II, da Constituição Federal de 1988, instituiu-se um Ministério Público Especial Junto aos Tribunais de Contas, que possui a função de custos legis no exame da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência, legitimidade e economicidade dos atos do Poder Público. Esse órgão não exerce in totum as atribuições listadas no art. 129 da Carta e não é pertencente ao rol do art. 128, atuando de forma independente do Ministério Público da União e dos Estados.

Helio Saul Mileski tenta esclarecer de forma definitiva o papel e a situação do MP junto aos Tribunais de Contas:

No entanto, embora o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas seja especial, aplicando-se-lhe princípios constitucionais próprios da atividade – unidade, indivisibilidade e independência funcional –, a sua estrutura integra a intimidade do Tribunal de Contas, por isso não possui autonomia administrativa e financeira, nem quanto à escolha, nomeação e destituição de seu titular, não tendo, por conseqüência, a iniciativa de sua lei de organização, conforme orientação mantida em sólida jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.81

Os membros do Ministério Público Especial junto ao TCE/CE possuem as mesmas garantias constitucionais previstas para os integrantes do Ministério Público Estadual, carreira própria e a investidura no cargo após concurso público de provas e títulos.

As atividades do parquet junto à Corte de Contas estadual estão definidas na Lei Orgânica, na Lei n° 13.720/05, e no Regimento Interno do Tribunal, cumprindo-lhe

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basicamente promover a defesa da ordem jurídica, requerendo, perante o Tribunal de Contas do Estado, as medidas de interesse da Justiça, da Administração e do erário; comparecer às sessões do Tribunal e dizer de direito, verbalmente ou por escrito, em todos os assuntos sujeitos à decisão do Tribunal, sendo obrigatória sua audiência nos processos de tomada ou prestação de contas e nos concernentes a interesses de menores, ausentes, alienados mentais e de recursos impetrados pelas partes interessadas, e interpor os recursos legais.

Existe a figura do Auditor, que no TCE/CE, a exemplo do TCU, são em número de três, aprovados por concurso público de provas e títulos, nomeados pelo Governador do Estado e cuja atribuição é substituir os Conselheiros nas ausências e impedimentos, por motivo de licença, férias ou outro afastamento legal.

Além dos agentes públicos já mencionados, o TCE/CE possui um quadro de servidores composto de analistas e técnicos, responsáveis pela instrução dos processos (tomadas e prestações de contas, representações, denúncias) e elaboração de relatórios de auditoria para posterior julgamento, bem como servidores que exercem atribuições de natureza administrativa, lotados em seus diversos setores.

O Tribunal de Contas do Estado do Ceará dispõe de uma Secretaria de Controle Externo. No âmbito dessa Secretaria, as atividades de controle externo são exercidas pela Coordenadoria Técnica e pelas Inspetorias de Controle Externo.

Objetivando readequar sua estrutura funcional, o Tribunal aprovou em 2007, por meio da Resolução nº 03162/200782, publicada no D.O.E. de 20/12/2007, a reestruturação de

suas unidades técnicas responsáveis pelo desenvolvimento da atividade de controle externo, denominadas inspetorias, deixando a cargo da 7ª Inspetoria de Controle Externo (7ª ICE):

Art.24. [...] a realização de instrução processual, inspeções, auditorias e representa- ções relacionadas a licitações, contratos, convênios ou outros instrumentos congêne- res celebrados pelo Poder Público estadual.

Parágrafo único. A competência referida neste artigo é restrita aos processos inicia- dos mediante denúncias ou representações e aos relacionados às solicitações de in- formações e de auditorias oriundas da Assembléia Legislativa.

82 BRASIL. Resolução n° 3163/2007, de 19 de dezembro de 2007. Dispõe sobre a organização dos serviços au-

xiliares do Tribunal de Contas do Estado. Disponível em: < www.tce.ce.gov.br/sitetce/ >. Acesso em 17 abr.

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