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Da Escola de Aprendizes Artífices ao Instituto Federal do Espírito Santo

3 PROCEDIMENTOS TEÓRICOS METODOLÓGICOS

3.1 O LUGAR DA INVESTIGAÇÃO

3.1.1 Da Escola de Aprendizes Artífices ao Instituto Federal do Espírito Santo

Prestes a completar um século de vida, em 2009, foi registrado no livro A Trajetória

de 100 anos dos eternos titãs. Da escola de aprendizes artífices ao Instituto Federal,

obra escrita por José Cândido Sueth, José Carlos Mello, Mariluza Sartori Deorce e Reginaldo Flexa Nunes, a história gloriosa dessa instituição e os marcos da sua existência.

Nessa obra, os autores contam a história da criação dessa instituição, as ações políticas para sua implantação, assim como a trajetória de transformações vividas durante esses 100 anos que marcaram a história da educação profissional no Brasil e, principalmente, no estado do Espírito Santo.

13 Proeja – Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na modalidade Educação de Jovens e Adultos. Criado em 2005 pelo Decreto Proeja n.º 5.478, de 24 de junho de 2005, substituído pelo Decreto n.º 5.840, de 13 de julho de 2006. Disponível em: www.portal.mec.gov.br/proeja. Acesso em: 19 out. 2016.

14 Pronatec – Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego. Criado pelo governo federal em 2011, para ampliar a oferta de cursos técnicos. Disponível em: www.portal.mec.gov.br/pronatec. Acesso em: 19 out. 2016.

Segundo os autores, era o ano de 1909, quando a trajetória dessa instituição começou a ser escrita pelo então presidente, Nilo Peçanha, que, ao assinar o Decreto n.º 7.566, de 23 de setembro de 1909, criou 19 Escolas de Aprendizes Artífices nas capitais de todas as capitais brasileiras e incluiu uma em sua cidade natal, Campos dos Goytacazes-RJ (SUETH et al., 2009).

Ao assinar o decreto, Nilo Peçanha indica suas intenções com relação ao ensino industrial, que visava ao atendimento principalmente da classe proletária, considerada por ele a população menos favorecida das cidades. A intenção era habilitar essa classe com um preparo técnico e intelectual, para que ela pudesse vencer as dificuldades e afastá-la da ociosidade.

As Escolas de Aprendizes Artífices (EAAs) se destinavam ao ensino profissional primário gratuito, com o objetivo de ensinar a ler, escrever e contar, além de oferecer um curso de desenho. “A meta era formar operários e contramestres, ministrando-se o ensino prático e conhecimentos técnicos necessários aos menores que desejassem aprender um ofício [...]” (SUETH et al., 2009, p. 38).

Os cursos tinham a duração de quatro anos entre aulas práticas e teóricas e englobavam as disciplinas Português, Aritmética, Geometria Prática, Lições de Coisas, Desenho e Trabalhos Manuais, Caligrafia, História do Brasil, Elementos de Álgebra, Noções de Trigonometria, Instrução Moral e Cívica, Rudimentos de Física e Química, Desenho Industrial, Ginástica e Canto Coral.

A Escola de Artífices começou modestamente com 133 alunos matriculados e oferecia quatro pequenos cursos de Carpintaria e Marcenaria, Alfaiataria, Ferraria e Fundição, Eletricidade. Era uma época em que o Estado tinha no café a base da sua economia, mas já sonhava com o futuro previsto pelas indústrias que surgiam no Brasil.

Em 1937, a Escola passou a se chamar Liceu Industrial de Vitória e logo depois, em 1942, transformava-se em Escola Técnica Federal de Vitória, passando a funcionar

numa nova sede, num espaço com 4.600 metros quadrados, em Jucutuquara, onde se localiza até a atualidade o Ifes campus Vitória.

Os investimentos para a construção vieram do governo federal. Foram construídas dependências para secretaria, diretoria, gabinete médico e odontológico, inspetoria, salas de aula, sala de desenho, biblioteca, oficinas cozinha, refeitório, banheiros e dormitório. Naquela época, a escola funcionava em regime de externato e internato.

O aumento da produção das indústrias siderúrgica, a instalação e a ampliação de plantas complexas que iam caracterizar o Estado Novo demandavam o emprego de técnicos em razão das necessidades tecnológicas que deveriam ser empregadas muito especialmente com a criação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) em 1941 e da Fábrica Nacional de Motores (FNM) em 1942 (SUETH et al., 2009).

Com a criação da Lei Orgânica do Ensino Industrial, Decreto-Lei n.º 4.073, de 30 de janeiro de 1942, dava-se início a uma nova etapa na caracterização do ensino profissionalizante no Brasil, mudando o foco do tipo de ofício ministrado das Escolas de Aprendizes Artífices. Passou-se a enfatizar menos o ensino do artesanato local e mudou-se o foco para “[...] os ofícios propriamente industriais influenciados pelo modelo taylorista-fordista que, no século XX, caracterizou a produção em massa dos países industrializados” (SUETH et al., 2009, p. 73).

As transformações continuaram acontecendo, principalmente pelo sucesso do ensino oferecido pela instituição. Em 1965, mediante uma portaria ministerial, a Escola Técnica de Vitória passou a ser chamar Escola Técnica Federal do Espírito Santo (ETFES).

Com o intuito de expandir o atendimento à população, nessa época já contando com a participação da classe média, e não somente dos “desfavorecidos”, levando o ensino técnico de qualidade às demais regiões do Estado, iniciou-se um processo de reprodução de suas unidades de ensino. Surgem planos para a implantação de Unidades Descentralizadas (UNEDs) em Colatina, Serra, Cachoeiro de Itapemirim e Linhares. Em março de 1993, a Unidade de Colatina foi a primeira a ser inaugurada.

A partir desse período, foram inauguradas as demais unidades previstas e outras que tornaram a instituição ainda mais forte e reconhecida no cenário da educação capixaba e brasileira.

A Unidade da Serra foi inaugurada em 2001, seguida da inauguração da Unidade de Cachoeiro de Itapemirim em 2005, depois São Mateus e Cariacica em 2006, e, em 2008, as Unidades de Aracruz, Linhares e Nova Venécia.

Como Centro Federal de Educação Tecnológica, além da oferta dos cursos técnicos, a instituição passou a oferecer cursos superiores em larga escala.

No Estado, atuando também na formação profissional mediante o programa de ensino agrícola de grau elementar e médio, instituído pela Lei Orgânica do Ensino Agrícola, Decreto-Lei n.º 9.613, de 20 de agosto de 1946, havia as Escolas Agrotécnicas Federais de Alegre, Colatina e Santa Teresa. Essas unidades ofereciam cursos de formação técnica na área agrícola.

No fim de 2008, por decreto presidencial, sancionando a Lei n.º 11.89215, que criou 38 Institutos Federais por todo o Brasil, além de instituições de ensino que optaram a não aderir aos institutos, mas que também funcionam como autarquias, entre as quais a Universidade Tecnológica do Paraná, os Centros Federais de Educação Tecnológica do Rio de Janeiro (CEFET-RJ) e de Minas Gerais (CEFET-MG) e as escolas técnicas vinculadas às universidades federais.

O Cefetes e as Escolas Agrotécnicas do Espírito Santo foram unificados em uma só instituição e formaram o Instituto Federal do Espírito Santo. Dessa forma, as unidades dos Cefetes de Colatina, Linhares, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Cariacica, Vitória e Cachoeiro de Itapemirim e as Escolas Agrotécnicas de Alegre, Colatina16 e Santa Teresa passaram a ser campi do Instituto Federal do Espírito Santo.

15 Lei n.º 11.892, de 29 de dezembro de 2008, institui a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica e cria os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia.

Com a expansão da rede por todo o país, o Espírito Santo foi um dos estados mais contemplados com a criação de campi. Em 2010, foram inaugurados os campi de Guarapari, Ibatiba, Piúma, Venda Nova do Imigrante e Vila Velha; em 2013, os

campi de Barra de São Francisco e Montanha; e, em 2015, o campus Centro-

Serrano e o campus Viana.

3.1.2 O Estado do Espírito Santo e o Ifes: a expansão da rede pelas